Plano para
assassinar Lula repercutiu na imprensa europeia
As
detenções de quatro militares e um policial federal acusados de planejar o
assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2022, ainda antes da
posse dele, foram noticiadas também pela imprensa europeia.
Os
sites de alguns dos principais jornais e revistas do continente destacaram
ainda que os planos incluíam um golpe de Estado e que um dos militares detidos
trabalhou no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Os
planos visavam também o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro do STF
Alexandre de Moraes, acrescentaram.
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Frankfurter Allgemeine Zeitung (Alemanha) – Soldados teriam planejado
assassinato de Lula
"Quatro
soldados e um policial teriam planejado o assassinato do presidente Lula em
2022. Eles já foram presos. O vice-presidente e um juiz de alto escalão também
eram alvos dos planos de assassinato."
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Spiegel Online (Alemanha) – Soldados de elite brasileiros são presos por
planejar um golpe de Estado
"Eles
teriam planejado assassinar o presidente e instalar um governo militar: Quatro
soldados foram presos no Brasil. Um dos suspeitos era membro do governo do
ex-presidente Bolsonaro."
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Der Tagesspiegel (Alemanha) – Plano de assassinato de Lula: forças de segurança
brasileiras são presas por supostos planos de golpe
"Após
a vitória eleitoral sobre Bolsonaro em 2022, vários soldados e um policial
teriam planejado assassinar Lula. Não está claro por que eles não concretizaram
seus planos."
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Le Monde (França) – No Brasil, prisão de vários militares suspeitos de complô
para assassinar o presidente Lula
"O
policial e os quatro oficiais do Exército presos na terça-feira são suspeitos
de planejar o assassinato de Lula, vencedor da eleição presidencial de outubro
de 2022 contra o então presidente de extrema direita, Jair Bolsonaro, a fim de
impedi-lo de tomar posse em 1º de janeiro de 2023."
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The Guardian (Reino Unido) – Polícia brasileira prende cinco por plano para
assassinar Lula após vitória nas eleições de 2022
"Quatro
militares e um policial foram detidos sob suspeita de plano para impedir a
posse do presidente."
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El País (Espanha) – Brasil prende ex-alto funcionário de Bolsonaro e outros
quatro acusados de tentar assassinar Lula em 2022
"Os
suspeitos, todos agentes da segurança pública, são acusados de planejar
envenenar o então presidente eleito como parte de um golpe de Estado."
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Público (Portugal) – Polícia brasileira detém general e militares suspeitos de
planearem morte de Lula da Silva
"Detenções
fazem parte da operação para investigar alegada organização criminosa que terá
planeado golpe de Estado para impedir a posse do Presidente pós as eleições
presidenciais de 2022."
• 'Vamos
partir pra guerra': golpistas pediam 'orientação' a general próximo de
Bolsonaro
Peça
central na nova fase da investigação sobre golpe de Estado supostamente gestado
no governo Jair Bolsonaro, o general de brigada Mário Fernandes,
ex-secretário-executivo do Palácio do Planalto, atuava como orientador do
'pessoal do agro', caminhoneiros e bolsonaristas alojados no acampamento
montado em frente ao QG do Exército em Brasília após as eleições de 2022. A
Polícia Federal identificou mensagens por WhatsApp que mostram Mário Fernandes
orientando golpistas. Os investigadores rastrearam também solicitações dos
radicais ao general.
No
âmbito da Operação Contragolpe, que nesta terça, 19, prendeu o general, a PF
quer investigar se suas orientações também chegaram aos golpistas que tentaram
invadir a sede da Polícia Federal em Brasília na noite de 12 de dezembro de
2022.
Em
relatório de 221 páginas que embasa a Operação Contragolpe, a PF cita três
interlocutores de Mário - além dele, outros três militares e um policial
federal foram presos sob suspeita de tramarem o Plano 'Punhal Verde e Amarelo'
para eliminação do presidente Lula, do vice Geraldo Alckmin e do ministro
Alexandre de Moraes.
Os
interlocutores do general, segundo a PF, eram Rodrigo Yassuo Faria Ikezili,
marido de Klio Damião Hirano, apontada como uma manifestante radical presa na
Operação Nero por participação nos atos de 12 de dezembro; Lucas Rotilli Durlo,
o 'Lucão', caminhoneiro que estava no QG do Exército, apontado como um dos
líderes do movimento; e Hélio Osório de Coelho, que se dizia militar e cujo
contato estava salvo no celular do general como 'comunidade evangélica'.
Mário
Fernandes é tido como um dos militares mais radicais do governo Bolsonaro. A PF
diz que há 'fortes indícios' de que ele 'promoveu ações de planejamento,
coordenação e execução de atos antidemocráticos, inclusive com registros de
frequência' ao acampamento golpista e relação direta com manifestantes radicais
que atuaram no período pós-eleições de 2022.
Segundo
a PF, o general participou de atos bolsonaristas depois que o então presidente
foi derrotado por Lula no pleito de 2022. Na ocasião, ele ainda ocupava o cargo
de chefe-substituto da Secretaria-Geral da Presidência, e tinha 'estreita
proximidade' com Bolsonaro.
Os
investigadores encontraram mensagens de Mário com civis e militares. Com os
colegas de farda, ele externava 'ideais golpistas', diz a PF. Já as mensagens
trocadas com caminhoneiros e acampados levaram a PF a classificar o general
como o 'ponto focal' do governo Bolsonaro com os manifestantes.
"Além
de receber informações, também servia como provedor material, financeiro e
orientador dos manifestantes antidemocráticos instalados nas adjacências do
QG-Ex em Brasília, que teve papel fundamental na tentativa de golpe de Estado
perpetrada no dia 8 de janeiro de 2023", afirma a PF, estabelecendo uma
relação entre o general e golpistas e os atos que devastaram a praça dos Três
Poderes na alvorada do governo Lula.
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Orientação a marido de golpista presa por atos de 12 de dezembro
Rodrigo
Yassuo Faria Ikezili, marido de Klio Damião Hirano, buscou a ajuda de Mário
Fernandes entre 9 e 13 de dezembro de 2022, por meio de diversos áudios
enviados ao general. Em um deles, ele pediu apoio do militar para viabilizar a
entrada de uma tenda no acampamento montado em frente o QG do Exército.
Em
outra mensagem, ele narrou que estava se deslocando para a Esplanada dos
Ministérios, possivelmente para participação em alguma manifestação, e afirmou:
"Bom dia, general. A gente tá indo lá pra Esplanada, pra manifestação da
Esplanada, ok? É... E eu preciso falar urgente com o senhor, sobre aquela...
Aquele churrasco. É... se conseguiu alguma orientação aí. Tá bom?
Gratidão."
No
dia 11 de dezembro, Rodrigo Ikezili enviou a Mário Fernandes uma mensagem
pedindo informações sobre o dia seguinte, "possivelmente se referindo a
algum ato que seria realizado no Palácio do Planalto", segundo a PF.
"General,
consegue confirmar isso, se é verdade, se tem uma agenda assim, porque eu fico
com medo por causa que amanhã aí é 12 e...é... amanhã no Palácio do Planalto, é
a questão pra gente ter a segurança. Consegue ver pra mim, por favor? Brasil.",
afirmou, às 22h do dia 11.
No
dia 13 de dezembro, Rodrigo voltou a acionar o militar. "Boa noite,
general. Rodrigo. O senhor está em Brasília? O senhor está acompanhando? Peço
uma orientação, por favor, Brasil.", escreveu, às 18hs.
A
mensagem chamou a atenção dos investigadores, que apontam 'fortes indícios' de
que o pedido esteja relacionado aos eventos de 12 de dezembro - quando
golpistas tentaram invadir a sede da PF em Brasília, depredaram patrimônio
público e atearam fogo em ônibus.
O
inquérito dá ênfase ao fato de Rodrigo ser o marido de Klio Hirano, apontada
como uma radical ativa no acampamento do QG, com "perfil de forte
engajamento em conceitos e ideários golpistas".
Segundo
a Polícia Federal, o fato de um acampado como Rodrigo ter contato direto com
Mário Fernandes "evidencia que o referido militar possuía influência sobre
pessoas radicais acampadas no QG-Ex, inclusive com indicativos de que passava
orientações de como proceder e, ainda fornecia suporte material e/ou financeiro
para os turbadores antidemocráticos".
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General pediu a Mauro Cid que mostrasse a Bolsonaro 'emoção' de caminhoneiro do
QG do Exército
Ainda
de acordo com a Operação Contragolpe, Mário Fernandes conversou com Lucas
Rotilli Durlo, o 'Lucão', caminhoneiro que estava no QG. Ele é apontado como um
dos líderes do movimento. No dia 6 de dezembro, 'Lucão' se mostrou frustrado
com a "demora para a consumação do golpe de Estado".
Segundo
a PF, o contato com o golpista mostra que Mário Fernandes tinha contato com
manifestantes de acampamentos antidemocráticos em outros Estados, como São
Paulo.
No
dia 9 de dezembro, Mário enviou mensagem ao tenente-coronel Mauro Cid,
ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, comemorando que o então presidente 'aceitou
nosso assessoramento'. No texto, o general pediu a Cid que transmitisse ao
presidente uma mensagem de como seu pronunciamento 'reverberou entre os
manifestantes', citando o exemplo de 'Lucão'.
"Força,
Cid. Meu amigo, muito bacana o presidente ter ido lá à frente ali do Alvorada e
ter se pronunciado, cara. Que bacana que ele aceitou aí o nosso assessoramento.
Porra, deu a cara pro público dele, pra galera que confia, acredita nele até a
morte. Foi muito bacana mesmo, cara. Todo mundo vibrando. Transmite isso prá
ele. E vou te colocar aqui abaixo um texto que eu recebi do Lucão, que é o
Duílio, que é um caminhoneiro famoso aí pra caramba, que tá lá no QG já há mais
de 30 dias. E aí, porra, ele se emocionou, tava com a família aí, e assistiu
hoje lá in loco, presencialmente, as palavras do presidente, cara. Olha aqui o
texto abaixo que ele mandou. Se tu avaliar que é coerente, mostra pro
presidente também, cara. Força!"
No
entanto, no dia 15, a frustração bateu até em Mário Fernandes, que enviou
áudios para o general Ramos, então ministro da Secretaria-Geral da Presidência,
pedindo a ele que 'blindasse o presidente contra qualquer desestímulo, qualquer
assessoramento diferente'.
Segundo
a PF, em fins de dezembro de 2022, Mário Fernandes estava 'frustrado com as
Forças Armadas, que estariam aguardando uma decisão política para atuar'.
O
general encaminhou um áudio a colegas. "Cara, porra, o presidente tem que
decidir e assinar esta merda, porra". Ouviu de um deles: "Kid Preto,
cinco não querem, três querem muito e os outros, zona de conforto. É isso.
Infelizmente", lamentando o fato de a decisão do golpe por parte do Alto
Comando depender de uma atuação colegiada unânime.
General
insuflou militar da 'comunidade evangélica' que defendeu 'vale tudo' e disse
que pastores estavam com Bolsonaro
Em
um diálogo mais antigo identificado pela PF, Mário trocou mensagens com Hélio
Osório de Coelho, cujo contato estava salvo no celular do general como
'comunidade evangélica', no dia 4 de novembro de 2022 - data em que o argentino
Fernando Cerimedo, marqueteiro estrategista do presidente Javier Milei,
"disseminou material falso vinculado aos resultados das eleições
presidenciais no Brasil".
Na
mensagem, Hélio diz que é "capaz de morrer pelo país, pelo meu presidente
a ter que viver sob julgo de bandidos criminosos".
"Eu
prefiro ir pra guerra. Eu prefiro ir pro campo de batalha, entendeu? Viver a
pátria livre ou morrer pelo Brasil, entendeu? Aprendi isso na caserna. Honrar a
minha bandeira. Honrar o meu presidente. Então, eu tô pedindo a Deus prá que o
presidente tome uma ação enérgica e vamos sim pro vale tudo. E eu tô pronto a
morrer por isso."
Hélio
diz ainda que está indo para uma reunião com 'pastores, líderes da direita da
cidade' - Itajaí (SC), no caso - para conversar sobre uma manifestação do
presidente. "Então, a gente aqui não está parando não, general, a gente
aqui, estamos 24 horas no ar, em apoio aí ao nosso presidente e à nossa nação.
E nós vamos vencer, eu tenho certeza disso."
Mário
insufla o suposto líder religioso. "Hélio, essa live dos argentinos, quem
diria que o apoio, a solução do nosso problema viesse de los hermanos
argentinos. Mas pô, essa live aí mostrou que é muito mais do que batom na
cueca. Porra, é foda. Foi fraudado com certeza. Um abraço, meu amigo, uma boa
reunião aí. Prossigamos essa batalha pelo Brasil acima de tudo. Força!"
Hélio
respondeu que 'nosso capitão' arrebentou lá no Nordeste" e que a fraude
(eleição de Lula) "está comprovada". "Então, o momento é esse, o
momento é esse, a gente não pode deixar passar, temos que reagir e o presidente
não pode entregar o poder na mão desses caras, não. Vamos partir pra guerra,
vamos pro vale tudo, entendeu? Eu estou disposto, entendeu, a lutar pelo meu
país. [...] Não consigo enxergar os meus amigos, seus filhos, meus parentes,
sob o julgo desses comunistas, né? Nós, como militares, a gente não consegue
enxergar isso. Então, estamos aí, o que o presidente decidir, o meu grupo aqui
já falou, o meu grupo aqui de pastores, que são os líderes, já falou, o que o
presidente decidir, a gente vai abraçar a causa, a gente vai abraçar. O presidente
tem o nosso total e irrestrito apoio."
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Entendido, Temer
compara atos do 8/1 a protestos contra reforma da Previdência e minimiza
participação de militares em plano de golpe
O
ex-presidente Michel Temer (MDB) comparou os atos golpistas de 8 de janeiro do
ano passado com as manifestações contra a reforma da Previdência, organizadas
por centrais sindicais durante sua gestão. As declarações foram feitas nesta
segunda-feira (25), durante um evento promovido pela CNC (Confederação Nacional
do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), em São Paulo.
Segundo a Folha de S. Paulo, Temer classificou a situação atual do Brasil como marcada por
uma "radicalização" e, ao falar sobre o episódio mais recente,
associou-o a protestos ocorridos em seu governo. "Invadiram prédios agora
em 8 de janeiro. Mas vocês se lembram que no meu governo, quando nós cuidávamos
da reforma da Previdência, as centrais sindicais mandaram 1.600 ônibus lá, que
incendiaram ministérios, tentaram invadir o Congresso, viraram carros,
queimaram carros", disse o ex-presidente.
Ele
relembrou que, à época, foi sugerida uma ação das Forças Armadas para conter os
atos, mas o cenário foi pacificado em poucas horas. "Seis horas [da tarde]
terminou tudo. Houve noticiário à noite e no dia seguinte de manhã. Mas, quando
deu meio-dia, a imprensa me entrevistou, e eu disse: se o episódio é de ontem,
ontem é passado. Eu não falo do passado, vou falar do futuro", afirmou
Temer, destacando a decisão de focar na pacificação em vez de alimentar
conflitos.
Durante
o evento, Temer apontou diferenças entre a prática democrática no Brasil e no
Reino Unido, sugerindo que no Brasil há um clima de confronto após as eleições.
"Aqui é o seguinte, se eu perder a eleição, o meu dever é destruir aqueles
que ganharam. Isso prejudica a governabilidade e prejudica, portanto, o
povo", analisou.
Ele
também lamentou a falta de uma cultura de soluções pacíficas para controvérsias
no país, argumentando que a polarização tem intensificado os conflitos.
Questionado
por jornalistas sobre o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e
sobre os planos revelados de atentados contra o presidente Luiz Inácio Lula da
Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do STF
Alexandre de Moraes, Temer minimizou os riscos de abalos à democracia.
"Embora
haja tentativas, o fato é que não vão adiante. Não vão adiante porque não há
clima no país. E, convenhamos, golpe para valer, você só tem quando as Forças
Armadas estão dispostas a fazer", declarou.
Ele
também relativizou a participação de militares nos planos golpistas, afirmando
que se tratava de "alguns militares", e não de uma ação
institucional. "Seja Exército, Marinha, Aeronáutica, não participaram
disso como instituição. Participaram figuras", concluiu.
Fonte:
DW Brasil/Agencia Estado/Brasil 247
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