terça-feira, 26 de novembro de 2024

Jair de Souza: As justificativas de antes e as de agora sobre o sionismo

O sionismo é uma ideologia burguesa gestada na Europa por europeus e para europeus, sem nenhuma vinculação com as comunidades hebraicas da Antiguidade

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Por volta dos anos 40 do século passado, estava em curso em pleno coração da Europa um dos mais tenebrosos episódios já vivenciados pela humanidade ao longo do tempo. Naquela região onde suas classes dominantes se vangloriavam de haver erguido a mais elevada civilização humana, as cenas mais horripilantes imagináveis estavam sendo praticadas.

Enquanto centenas de milhares, ou mesmo milhões, de pessoas eram submetidas a atos de crueldade e perversidade inauditos, a imensa maioria dos que viviam ali bem pertinho parecia não se sentir incomodada pelo terror que estava assolando a tantos outros. É claro que tampouco se podia notar muito alvoroço com relação a isto no restante do mundo.

Como não deve haver nenhuma dúvida para quem vinha lendo desde o começo, estamos nos referindo à Alemanha do tempo do nazismo hitlerista. Foi um tempo em que a perseguição, a prisão, a tortura, a detenção em campos de concentração e a morte foram aplicadas em grande escala contra aqueles considerados indesejáveis pelos nazistas.

Entre os alvos prioritários da sanha nazi-hitlerista estavam os comunistas, os ciganos, as pessoas com deficiências físicas, os judeus, os eslavos e outros. Em conseqüência, todos esses grupos humanos tiveram milhões de seus integrantes exterminados com os máximos requintes de monstruosidade. Porém, cabe-nos perguntar, por que, até bem próximo ao final da II Guerra Mundial, todas aquelas atrocidades não estavam provocando forte indignação e repúdio entre os cidadãos alemães e europeus comuns e correntes?

Uma das possíveis respostas para esta indagação tem a ver com o fato de que, embora aqueles crimes horripilantes estivessem sendo cometidos em tão elevada quantidade, sua difusão não tinha equivalente amplitude. Em outras palavras, mesmo que os horrores estivessem ocorrendo com tanta intensidade, a maioria daqueles que não estavam nos exatos locais onde as práticas se consumavam não chegava a tomar conhecimento dos mesmos. É evidente que essa gente também não demonstrava estar muito interessada em se perguntar quais eram as razões para que, por exemplo, vários de seus vizinhos tivessem desaparecido repentinamente.

Foi apenas com a conclusão da guerra e a respectiva derrota das forças nazistas que fotos e filmagens dos campos de concentração com os sofrimentos impingidos aos perseguidos começaram a ser expostas ao público em geral. Assim, posteriormente, para boa parte dos alemães e europeus que eram consultados a respeito do assunto, uma das alegações utilizadas para justificar sua até então indiferença era sua completa ignorância sobre o que andava de fato acontecendo. Talvez, esta fosse uma desculpa injustificável, mas era algo dentro da lógica.

Entretanto, passados mais de oitenta anos daquela ignominiosa fase da humanidade representada pelo nazismo hitlerista, eis que nos deparamos novamente com a prática de similares desumanidades. A diferença mais significativa entre aquela que os nazistas levaram a cabo em seu momento e a que está em pleno curso na atualidade é o nível de exposição pública que caracteriza esta última.

Evidentemente, estamos nos referindo ao sórdido genocídio que as forças sionistas do Estado de Israel estão consumando contra o indefeso e desamparado povo palestino. As atrocidades cometidas pelos sionistas israelenses não ficam a dever nada quando comparadas com as de seus pares hitleristas: são dezenas de crianças e mulheres trucidadas da maneira mais vil imaginável; é a destruição completa de todos os hospitais, escolas e moradias do povo palestino na Faixa de Gaza; e a privação de milhões de seres humanos de água e alimentação como forma de exterminá-los também pela fome e pela sede; ou seja, são horrores para causar inveja no mais empedernido dos nazistas.

A grande diferença que podemos constatar entre essas duas etapas mais indecorosas já vividas pela humanidade está em sua visibilidade. Se no tempo do morticínio causado pelos nazistas, muita gente podia amparar a justificativa de sua inação em seu completo desconhecimento das maldades que estavam sendo levadas adiante, no caso atual, isto já não é possível. As cenas do genocídio do povo palestino chegam a todos e a cada um de nós em fotos e vídeos quase no mesmo instante em que estão tendo lugar. O desconhecimento já não pode servir de desculpa para a indiferença e falta de ação e protesto. Agora, como dizia o saudoso líder evangélico sul-africano Desmond Tutu, a indiferença é sinal de cumplicidade.

A bem da verdade, esta cumplicidade com o genocídio do povo palestino não se dá nem mesmo na Europa ou nos Estados Unidos. Nas capitais e principais cidades européias e estadunidenses, o que tem sido uma constante é a presença de milhões de pessoas nas ruas expressando sua indignação contra todas as aberrações monstruosas que o sionismo israelense está efetivando. A indiferença e a cumplicidade só vêm sendo observadas por parte das autoridades que comandam os aparelhos de Estado na União Européia e nos Estados Unidos, não por seus povos.

Nem mesmo os cidadãos de ascendência judaica ao redor do mundo estão em sua totalidade acumpliciados com o genocídio do povo palestino pelo sionismo israelense. Tanto assim que, em vários lugares, algumas das vozes mais potentes na luta para pôr fim aos crimes do nazismo do século XXI, ou seja, do sionismo, provêm de membros da comunidade judaica. São eles quem, melhor do que ninguém, deixam perfeitamente evidente para o mundo que judaísmo e sionismo são coisas inteiramente diferentes.

O sionismo é uma ideologia burguesa gestada na Europa por europeus e para europeus, sem nenhuma vinculação com as comunidades hebraicas da Antiguidade.  O sionismo está para os judeus assim como o nazismo estava para os alemães. Com a fragorosa derrota do nazismo, o povo alemão readquiriu sua grandeza e voltou a ocupar uma posição de respeito no mundo. Algo equivalente deve ocorrer agora: a derrota inapelável do sionismo vai trazer de volta os judeus e o judaísmo para o valoroso papel que devem desempenhar a bem da humanidade.

 

¨      Tribunal Penal Internacional emite mandado de prisão para Netanyahu e líder do Hamas por crimes de guerra

Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu nesta quinta-feira (21) um mandado de prisão internacional para o primeiro-ministro de IsraelBenjamin Netanyahu, por crimes de guerra.

O TPI também expediu mandados para Mohammed Deif, líder do Hamas que Israel diz já ter matado, e para o ex-ministro da Defesa de Israel Yoav Gallant, demitido há duas semanas por Netanyahu.

O TPI disse ter evidências suficientes de que todos condenados cometeram crimes de guerra por deliberadamente atacarem alvos civis, de um lado e de outro. As condenações também incluem os crimes de "indução à fome como método de guerra", pelo lado de Israel, e "exterminação de povo", pelo lado do Hamas.

Os mandados de prisão foram emitidos para todos os 124 países signatários do TPI — inclusive o Brasil — e significa que os governos desses países se compromentem a cumprir a sentença e prender qualquer um dos condenados caso eles entrem em territórios nacionais. EUA e Rússia não são signatários.

O governo israelense chegou a apresentar recurso ao TPI questionando a jurisdição do tribunal para julgar o caso. Nesta quinta, os juízes também rejeitaram o recurso por unanimidade e também emitiram os mandados a Netanyahu e Gallant por crimes de guerra e contra a humanidade.

"O tribunal encontrou motivos razoáveis ​​para acreditar que o senhor Netanyahu e o senhor Gallant têm responsabilidade criminal pelos crimes de guerra de fome como método de guerra; e os crimes contra a humanidade de assassinato, perseguição e outros atos desumanos", diz a sentença.

Gallant foi demitido por Netanyahu no início de novembro. Os dois já vinham discordando em diversos pontos da Defesa do país.

A sentença acatou um pedido da Procuradoria do tribunal feito em maio, o primeiro trâmite da Justiça internacional contra Netanyahu. Originalmente, a Procuradoria do TPI havia pedido prisão para três ex-líderes do Hamas, mas, após o pedido, eles foram mortos em ataques de Israel.

Dos três, o Hamas ainda não confirmou a morte de Mohammed Deif e, por isso, o TPI diz ter optado por expedir uma ordem de prisão para ele também.

"O Tribunal encontrou motivos razoáveis ​​para acreditar que o senhor Deif (...) é responsável pelos crimes contra a humanidade de assassinato; extermínio; tortura; estupro e outras formas de violência sexual, bem como pelos crimes de guerra de assassinato; tratamento cruel; tortura; tomada de reféns; ultrajes à dignidade pessoal; e estupro e outras formas de violência sexual", diz a sentença.

O Tribunal Penal Internacional foi criado em 2002 como o tribunal permanente de última instância para julgar indivíduos responsáveis pelas atrocidades mais hediondas do mundo, como crimes de guerra e contra a humanidade.

O TPI não faz parte das Nações Unidas e se reporta aos países que ratificaram (ou seja, adotaram internamente como lei) esse documento.

Entre os países que não são membros do estatuto do tribunal estão a Rússia (que assinou, mas não ratificou o documento), os Estados Unidos (que assinou o estatuto, mas retirou a assinatura posteriormente) e a China (não assinou).

<><> Repercussões

Entre os signatários do TPI, apenas a Holanda já havia se manifestado até a última atualização desta reportagem. O chanceler holandês disse que acatará a ordem e prenderá Netanyahu caso ele entre em seu país.

O gabinete de Benjamin Netanyahu chamou a sentença de "antissemita". Disse que "rejeita categoricamente" o mandado de prisão e acusou o TPI de "mentiras absurdas".

O líder da oposição, Yair Lapid, chamou o mandado de prisão a Netanyahu de "uma recompensa ao terorrismo". O ex-primeiro-ministro israelense Naftali Benett, também criticou a decisão.

<><> Pedido da Procuradoria

O pedido original de prisão de Netanyahu, Gallant foi feito em maio deste ano pelo procurador do TPI, Karim Khan, que também pediu a prisão emitida contra o presidente russo, Vladimir Putin. Na ocasião, Khan também pediu a prisão dos então três principais chefes do Hamas. Israel diz já ter matado os três, mas o Hamas só confirmou a morte de dois deles:

Segundo o procurador, do lado do Hamas, os seguintes crimes foram cometidos:

  • Exterminação de povo;
  • Assassinato de civis;
  • Sequestrar e fazer civis reféns;
  • Tortura;
  • Estupro e atos de violência sexual;
  • Tratamento cruel e desumano

Já do lado de Israel, Kham disse ter identificado os seguintes crimes:

  • Indução à fome como método de guerra;
  • Sofrimento deliberado na população civil;
  • Assassinato de civis;
  • Ataques deliberados a civis;
  • Exterminação de povo;
  • Perseguição e tratamento desumano.

"Agora, mais do que nunca, precisamos demonstrar coletivamente que o direito internacional humanitário, a base fundamental para a conduta humana durante o conflito, se aplica a todos os indivíduos e se aplica igualmente a todas as situações abordadas pelo meu escritório e pelo tribunal", disse Khan.

<><> Limitações do TPI

As decisões feitas pelo TPI devem ser cumpridas por todos os 124 países signatários do acordo que criou a Corte -- o Brasil é um deles.

No entanto, o tribunal não tem uma força policial que cumpra os mandados de prisão, e depende do comprometimento de cada Estado para prender um condenado que entre em seu território.

<><> Reações

O movimento militante palestino Hamas declarou nesta quinta-feira (21) que acolhe com satisfação o mandado de prisão emitido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) contra o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e o ex-ministro da Defesa israelense Yoav Gallant, considerando-o um importante precedente histórico, informou a Sputnik

Mais cedo, o TPI emitiu mandados de prisão contra Netanyahu e Gallant por supostos crimes de guerra em Gaza. Posteriormente, o gabinete de Netanyahu acusou o TPI de isolar Israel e apoiar o antissemitismo e o terrorismo contra o país.

"Recebemos no Hamas a emissão de mandados de prisão pelo TPI contra Benjamin Netanyahu e Yoav Gallant por crimes de guerra e crimes contra a humanidade. Este passo [...] estabelece um importante precedente histórico", declarou o Hamas em comunicado, acrescentando que a organização pede que todos os países colaborem com o TPI para levar Netanyahu e Gallant à justiça.

O mandado de prisão do TPI está no interesse da Palestina e da causa palestina, afirmou um integrante do Hamas.

Mais cedo o Hamas havia dito em comunicado, que o pedido de Khan "iguala a vítima ao carrasco" e disseram querer que a Procuradoria anule a solicitação de prisão para seus líderes.

Já o governo de Israel criticou a decisão do procurador do TPI.

Netanyahu criticou o pedido:

“Eu rejeito essa comparação nojenta do procurador em Haia entre a democracia de Israel e os assassinos em massa do Hamas. Que audácia você compara o Hamas, que matou, queimou, fatiou, decapitou, estuprou e sequestrou nossos irmãos e irmãs e os soldados das Forças de Defesa de Israel, que lutam uma guerra justa”.

O gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, acusou o Tribunal Penal Internacional (TPI) de isolar Israel e apoiar o terrorismo contra o Estado judeu, disse o conselheiro de Netanyahu, Dmitri Gendelman, nesta quinta-feira (21). A afirmação foi feita pouco após o TPI emitir mandados de prisão para Netanyahu e para o ex-ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, por supostos crimes de guerra contra a população palestina em Gaza.

"Hoje, o TPI decidiu ignorar as provas e argumentos apresentados por Israel, tomando na verdade o lado da guerra regional desencadeada pelo regime iraniano contra Israel. O TPI decidiu apoiar uma campanha de desinformação total com conotações anti-semitas, cujo propósito é isolar Israel de seus aliados e facilitar ataques terroristas contra nosso país", afirmou Gendelman no Telegram, de acordo com a Sputnik.

As acusações do TPI contra Netanyahu e Gallant referem-se a alegados crimes de guerra cometidos durante operações militares em Gaza. O tribunal alega ter evidências suficientes de que ambos cometeram crimes de guerra por deliberadamente atacarem alvos civis, incluindo "indução à fome como método de guerra" e "exterminação de povo" ao atacar alvos civis. 

¨      Petro exige que EUA e Europa cumpram mandado de prisão do TPI contra Netanyahu

O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, pediu nesta quinta-feira (21) aos Estados Unidos e à Europa Ocidental que implementem os mandados de prisão emitidos pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) contra o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e o ex-ministro da Defesa Yoav Gallant, descrevendo a medida como "lógica", informou a Sputnik

Mais cedo, o TPI emitiu mandados de prisão contra Netanyahu e Gallant, acusando-os de crimes de guerra relacionados às ações militares em andamento na Faixa de Gaza. O tribunal rejeitou a contestação de Israel sobre sua jurisdição em relação aos mandados, bem como sua autoridade para examinar a situação mais ampla na Palestina.

"A decisão do TPI é totalmente lógica. Netanyahu representa genocídio, conforme declarado pelo tribunal internacional. Se o presidente [dos EUA] [Joe] Biden ignorar isso, ele empurrará o mundo para a barbárie. A Europa Ocidental deve restaurar sua independência na política internacional e seguir a decisão do tribunal", disse Petro no X.

Em maio, o promotor-chefe do TPI, Karim Khan, anunciou que estava solicitando mandados de prisão contra os dois oficiais israelenses, citando sua responsabilidade por crimes de guerra e crimes contra a humanidade durante as operações militares de Israel em Gaza, iniciadas em outubro de 2023.

O gabinete do primeiro-ministro israelense criticou o TPI, acusando-o de parcialidade e antissemitismo, e defendeu a operação em Gaza como uma resposta legítima ao ataque de 7 de outubro, descrito por Israel como "o maior massacre do povo judeu desde o Holocausto".

Em 7 de outubro de 2023, Israel foi alvo de um ataque de foguetes sem precedentes vindo da Faixa de Gaza. Além disso, combatentes do movimento palestino Hamas infiltraram-se nas áreas fronteiriças, abriram fogo contra militares e civis e fizeram reféns. As autoridades israelenses afirmam que cerca de 1.200 pessoas foram mortas durante o ataque. Em resposta, as Forças de Defesa de Israel lançaram a Operação Espadas de Ferro na Faixa de Gaza e anunciaram um bloqueio completo do enclave. Segundo autoridades de saúde locais, o número de mortos devido aos ataques israelenses ultrapassou 44.000 na Faixa de Gaza.

 

Fonte: Brasil 247/g1

 

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