Trump
forma gabinete na Casa Branca com objetivo de frear 'influência da China' na
América Latina
Com
a inclusão de figuras como Elon Musk, Marco Rubio, Tulsi Gabbard e Pete Hegseth
em sua equipe, Donald Trump parece montar um gabinete que combina experiência
militar, midiática e política para enfrentar os desafios de seu retorno à Casa
Branca.
Em
entrevista à Sputnik, Jesús Ricardo Mieres Vitanza, especialista em relações
internacionais e gestão de conflitos, analisa como essas nomeações representam
uma nova estratégia nas guerras híbridas que os Estados Unidos travam
globalmente.
Segundo
o especialista, a estratégia norte-americana evoluiu significativamente desde a
Guerra Fria, quando o foco era conter o comunismo e consolidar sua influência
comercial na América Latina e na Europa. Esse esquema mudou radicalmente após
os ataques de 11 de setembro de 2001.
"Na
América Latina, podemos identificar rastros de como os EUA utilizam formas não
convencionais de guerra em cada país do continente. Não apenas ao imporem mais
de 900 sanções a uma nação soberana, mas também ao sabotarem novas formas de
relacionamento entre países, proibirem aproximações a nações desalinhadas com
as políticas norte-americanas, como China e Rússia, ao buscarem fortalecer a
dependência tecnológica dos EUA, entre outras ações", aponta Mieres
Vitanza.
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Trump e as nomeações 'pouco convencionais'
As
nomeações de Trump, que incluem Marco Rubio como figura central, Pete Hegseth
na Defesa, e Tulsi Gabbard, ex-democrata e agora republicana, foram
interpretadas como pouco convencionais. No entanto, Mieres Vitanza discorda.
"Minha
opinião é que esse gabinete é muito ortodoxo. A maioria dos indicados está
vinculada à ala radical da direita norte-americana e possui ampla experiência
em temas de defesa", afirmou.
Para
o analista, o foco da equipe de Trump é priorizar a contenção da China e romper
alianças estratégicas na América Latina. "O objetivo desse time é frear a
influência de Pequim na região e enfraquecer blocos como o BRICS ou a Aliança
do Pacífico", assegurou.
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Pressão sob a Ucrânia para negociar fim do conflito
O
especialista também destacou que uma possível negociação no conflito ucraniano
poderia liberar recursos para uma agenda mais voltada à revitalização da
indústria norte-americana e à redução da inflação.
"Essas
prioridades internas também afetarão as dinâmicas globais, particularmente em
economias emergentes como as da América Latina", acrescentou.
Um
componente crucial das guerras híbridas é a dimensão cognitiva, na qual as
redes sociais desempenham um papel central. Para Mieres Vitanza, essas
plataformas não são apenas ferramentas de comunicação, mas também instrumentos
de controle e manipulação.
"Minha
percepção é que essas redes sociais buscam criar um padrão de pensamento que
elimina a presença do Estado. Em determinado momento, isso parecia um plano da
elite digital de Silicon Valley, com redes sociais. [...] mas com o surgimento
do TikTok, que não foi criado por esses círculos, boa parte da elite política
dos EUA se alarmou", detalhou Mieres Vitanza.
Para
o especialista, as redes sociais "são fundamentais na fabricação de um
senso comum que molda nossa compreensão da realidade". Ele destacou como
essas plataformas uniformizaram padrões de pensamento e comportamento
globalmente. "Criam novos conceitos, novas formas de nos comunicarmos,
novas maneiras de entender a realidade", observou.
A
aquisição do Twitter por Elon Musk foi interpretada pelo especialista como uma
manobra estratégica e parte dessa guerra cognitiva que contribuiu para levar
Trump à presidência. Nesse sentido, Mieres Vitanza não acredita que o papel de
Musk se limite a tornar a estrutura governamental mais eficiente.
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Xi em Brasília: visita
visa promover sinergia nas estratégias de desenvolvimento dos 2 países
O
presidente da China, Xi Jinping, chegou a Brasília ainda na terça-feira (19)
para uma visita de Estado ao Brasil após participar da 19ª Cúpula dos Líderes
do G20 no Rio de Janeiro, com objetivo de ampliar a colaboração em diversas
áreas de interesse mútuo para promover o desenvolvimento no âmbito da
Iniciativa Cinturão e Rota.
O
presidente chinês já havia expressado seu interesse em ter um diálogo
aprofundado com o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva sobre o
aprimoramento das relações China-Brasil. Em um artigo publicado na Folha de
S.Paulo, Xi afirmou que pretendia inaugurar os novos "50 anos
dourados" das relações bilaterais entre Pequim e Brasília.
O
Brasil foi o primeiro país da América Latina a estabelecer uma parceria
estratégica com a China, tendo sido caracterizado por Xi como "um
precursor nas relações entre a China e outras nações em desenvolvimento".
Durante esses 50 anos, os países resistiram a profundas mudanças no cenário
geopolítico e seguem sendo parceiros estratégicos em diversos setores.
China
e Brasil são dois dos principais países em desenvolvimento do mundo e, segundo
o líder chinês, "devem trabalhar juntos com outros no Sul Global para
garantir resolutamente os interesses comuns das nações em desenvolvimento,
abordar os desafios globais por meio da cooperação e promover um sistema de
governança global que seja mais justo e equitativo".
A
visita de Estado de Xi fortalece a profunda parceria de ambos os países diante
das mudanças climáticas, redução da pobreza, comércio justo, sistemas
financeiros e ajuda ao desenvolvimento.
De
acordo com o embaixador Eduardo Saboia, secretário de Ásia e Pacífico do
Ministério das Relações Exteriores, Brasil e China já assinaram 15 atos
governamentais e anunciaram 32 acordos empresariais, em áreas como energias
renováveis, indústria automotiva, agronegócio, linhas de crédito verde,
tecnologia da informação, saúde e infraestrutura, entre outras iniciativas no
combate às mudanças climáticas.
Saboia
afirmou ainda na semana passada (13) que desta vez, o foco da visita chinesa
será em finanças, infraestrutura, desenvolvimento de cadeias produtivas,
transformação ecológica e tecnologia — o que poderia beneficiar o Novo PAC do
governo, o Plano de Transição Ecológica e as Rotas de Integração Sul-Americana.
De
acordo com a apuração do Estadão, uma fonte diplomática brasileira sob
condições de anonimato afirmou que o resultado prático mais aguardado da visita
é a participação do Brasil no projeto chinês Iniciativa Cinturão e Rota — que
já mobilizou US$ 1 trilhão (cerca de R$ 5,7 trilhões) em investimentos
externos, conectando Ásia, África, Europa, Oriente Médio e América Latina —
"mas com as suas condições, seus projetos e interesses, sem assinar um
contrato de adesão".
Atualmente,
a China é o principal parceiro comercial do Brasil. Segundo dados do Governo
Federal, de janeiro a outubro de 2024, o intercâmbio entre os países foi de US$
136,3 bilhões (cerca de R$ 787,2 bilhões). As exportações brasileiras
alcançaram US$ 83,4 bilhões (aproximadamente R$ 481,8 bilhões) e as
importações, US$ 52,9 bilhões (mais de R$ 305,6 bilhões), um superávit de US$
30,4 bilhões (cerca de R$ 175,6 bilhões).
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Fórum de diálogo entre
Índia, Brasil e África do Sul reforça aliança do Sul Global após G20 no Rio
Em
meio ao encerramento da Cúpula do G20 no Rio de Janeiro, o Fórum de Diálogo
entre Índia, Brasil e África do Sul (IBAS, na sigla em inglês) realizou o
encontro dos líderes dos três países na capital fluminense e reforçou a
necessidade de ampliar a cooperação entre países do Sul Global.
A
declaração do encontro foi divulgada também nesta terça-feira (19) pelo
Ministério das Relações Exteriores do Brasil. Criado há mais de 20 anos, o IBAS
tem o objetivo de ampliar a cooperação trilateral entre Brasil, Índia e África
do Sul com foco em multilateralismo, democracia e promoção do direito
humanitário internacional, entre outros.
O
texto confirmou, ainda, a realização de uma cúpula do IBAS na África do Sul em
2025, país que também vai receber o G20. O grupo reafirmou a preocupação com a
escalada de tensões globais e os diversos conflitos em várias partes do mundo.
"Sublinhamos
a urgência de valorizar o diálogo e a diplomacia como instrumentos primordiais
para a resolução pacífica de conflitos. Reiteramos o nosso compromisso com o
multilateralismo e com os princípios da Carta das Nações Unidas e apelamos à
defesa do direito internacional, incluindo o direito humanitário internacional.
Apelamos ao reforço do controle global de armas, do desarmamento e da não
proliferação, incluindo esforços no âmbito da Conferência sobre
Desarmamento", pontua.
Ademais,
o documento pede uma ordem internacional mais justa, equilibrada e "atenta
aos anseios dos países em desenvolvimento", que só podem ser garantidos
com uma reforma urgente da governança global e instituições ligadas à
Organização das Nações Unidas (ONU).
"Reiteramos
nosso compromisso com o aprimoramento da governança global por meio da promoção
de um sistema multilateral internacional mais ágil, eficaz, efetivo, eficiente,
responsivo, representativo, legítimo, democrático e responsável. Apelamos a que
seja assegurada uma participação maior e mais significativa de mercados
emergentes e países em desenvolvimento e de países de menor desenvolvimento
relativo, em especial na África, na América Latina e no Caribe, nos processos e
nas estruturas de tomada de decisão, tornando-os mais ajustados às questões
contemporâneas", acrescenta.
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Inclusão de novos membros permanentes no Conselho de Segurança da ONU
Outra
pauta defendida pelo IBAS é a reforma do Conselho de Segurança da ONU, com a
participação efetiva dos países em desenvolvimento da África, Ásia e América
Latina. Para o grupo, a medida é crucial para enfrentar as realidades globais
contemporâneas. "Apoiamos a aspiração legítima dos países africanos de
terem uma presença permanente no Conselho de Segurança da ONU e apoiamos os
esforços do Brasil e da Índia para ocuparem assentos permanentes no Conselho de
Segurança".
O
fórum trilateral também ressaltou o apoio à presidência brasileira rotativa no
BRICS, em 2025, que terá como lema "Aprimorando a Cooperação Global do Sul
para uma Governança Mais Inclusiva e Sustentável". Além disso, reforçou o
apoio à declaração final dos líderes do G20 no Rio de Janeiro.
"Saudamos
o sucesso do Brasil em sediar a Cúpula dos Líderes do G20 no Rio de Janeiro, em
novembro de 2024, e reafirmamos nossa disposição de coordenar nossas posições
para aumentar a inclusão e ampliar a voz do Sul Global e integrar ainda mais
suas prioridades na agenda do G20, por meio das consecutivas presidências do
G20 dos estados-membros do IBAS — Índia, Brasil e África do Sul — de 2023 a
2025. Nesse sentido, reafirmamos o nosso apoio à organização bem-sucedida da
África do Sul na presidência do G20 em 2025", finaliza.
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Arábia Saudita pode
ser o 'freio de mão' para a gestão Trump em relação ao Oriente Médio, diz mídia
Após
as nomeações pró-Israel de Donald Trump para sua próxima gestão à frente da
Casa Branca, os Estados árabes apostam na Arábia Saudita para evitar
articulações israelenses para anexar a Cisjordânia ocupada, ocupar Gaza ou
aumentar as tensões com Teerã.
Os
Estados árabes apostam no relacionamento do príncipe herdeiro Mohammed bin
Salman com Donald Trump para moderar as políticas do novo governo de Washington
na região, alavancando o apetite do presidente eleito por acordos financeiros e
seu desejo de fechar um "grande acordo" que levaria a Arábia Saudita
e Israel a normalizar as relações, segundo o Financial Times.
Segundo
a apuração, o príncipe Mohammed seria "chave" para influenciar as
políticas de Trump para acabar com a guerra de Israel contra o Hamas em Gaza.
Durante
a gestão Trump (2017-2021), a Arábia Saudita adotou um estilo transacional e
uma campanha de "pressão máxima" contra o Irã. Trump apoiou o
príncipe Mohammed quando outros líderes ocidentais o ignoraram, especialmente
depois do assassinato do jornalista Jamal Khashoggi em 2018, por agentes
sauditas.
Esta
intermediação com o Reino foi usada por Trump na região. O líder
norte-americano chegou a se proclamar um intermediário final para um acordo que
desse fim ao conflito entre Israel e a Palestina.
Embora
sua investida diplomática tenha fracassado, ele intermediou os chamados Acordos
de Abraão, nos quais os Emirados Árabes Unidos e três outros Estados árabes
normalizaram as relações com Israel, e é nisso que a região se apoia para usar
sua influência sobre Trump a seu favor no atual cenário de conflito.
No
mês de outubro, Trump disse ao canal saudita Al Arabiya, que as relações entre
os EUA e a Arábia Saudita durante sua presidência foram "ótimas, com
letras maiúsculas, Ó.T.I.M.A.S".
Mesmo
após a posse de Joe Biden, Riad manteve laços com Trump, apesar de suas
políticas regionais durante a gestão democrata terem sido recalibradas quando
restaurou as relações diplomáticas com o Irã em 2023 — recentemente suspensas
em razão do conflito entre Hamas e Israel, desde 7 de outubro do mesmo ano.
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Visita de Putin à
Índia expõe o fracasso das tentativas do Ocidente de isolar a Rússia, diz
agência
A
visita planejada do presidente russo Vladimir Putin à Índia é mais uma
evidência de que os esforços do Ocidente para isolar o líder russo não estão
tendo sucesso, relata a Bloomberg.
Ontem
(19), o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que Moscou espera em breve
chegar a um acordo sobre as datas da visita de Putin à Índia. "O
presidente russo Vladimir Putin planeja visitar a Índia [...] que é outro sinal
de que os esforços liderados pelos EUA para isolá-lo na arena mundial estão
fracassando", diz o artigo.
Enquanto
as datas ainda estão para ser definidas para a viagem de Putin para se
encontrar com o premiê indiano Narendra Modi, "estamos aguardando
ansiosamente" por isso, disse Peskov em comentários à agência de notícias
ANI na terça-feira (19).
"Depois
de duas visitas do primeiro-ministro Modi à Rússia, agora temos uma visita do
presidente Putin à Índia", disse Peskov. "Atribuímos uma grande
importância a estes contatos."
Anteriormente,
o chanceler russo Sergei Lavrov afirmou que os resultados da recente cúpula do
BRICS em Kazan mostraram que as tentativas do Ocidente de isolar a Rússia na
arena internacional fracassaram.
Fonte:
Sputnik Brasil
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