Matheus
Dias: Como a “austeridade” golpeou a União Europeia
Desde
sua criação, a União Europeia (UE) vive uma eterna obsessão por regras fiscais.
A introdução de um novo regime de austeridade é sempre tido como a solução
definitiva para qualquer crise. Foi assim no pós-crise financeira global e
agora se repete no pós-crise pandêmica. Entretanto, as décadas de austeridade
acabaram com a capacidade de inovação da economia europeia, a tornando cada ano
menos competitiva frente à rivalidade sino-americana.
O
envolvimento da UE com as regras fiscais começa desde o nascimento do Euro por
meio do Tratado de Maastricht de 1992. Para que a união monetária fosse
possível, seria necessária a convergência das condições macroeconômicas dos
países membros. Os candidatos deveriam estabilizar suas taxas de câmbio,
inflação e déficits do setor público a um patamar comum. No caso dos déficits,
a meta prevista era de 3% anual e de dívida pública 60% em relação ao PIB. Após
a convergência dos indicadores, a nova moeda entraria em circulação e o Banco
Central Europeu (BCE) seria responsável pela estabilidade monetária. Essa
estabilidade seria adquirida por meio de um regime de meta de inflação, abaixo
dos 2%, como sua prioridade.
O
que se seguiu na UE após o Tratado foi o surgimento de diversas regras fiscais
tanto nacionais quanto supranacionais. A obsessão pela contração fiscal na UE,
no entanto, não remonta apenas à criação do Euro, mas também a importantes
mudanças históricas e institucionais ocorridas a partir da década de 1970. Com
o fim do crescimento econômico do pós-guerra, as economias ricas da Europa
começaram a experienciar um crescente aumento nos gastos públicos face a uma
estagnação das receitas tributárias. A estagnação das receitas foi uma
consequência direta da internacionalização e financeirização da economia,
potencializando a mobilidade do capital e, assim, a evasão fiscal.
A
teoria da economia do gotejamento, ou trickle down economics,
pavimentada nos EUA na administração Reagan e na Inglaterra durante os anos
Thatcher, também contribuiu para a erosão da base tributária. Essa teoria
política e econômica argumenta que os benefícios advindos de cortes tributários
para os ricos e as grandes empresas acabariam por “transbordar” para toda a
economia. No Brasil, a teoria da economia do gotejamento se traduziu para o que
Delfim Netto, ministro da Fazenda durante a ditadura, cunhou de “fazer o bolo
crescer, para depois dividi-lo”. Na prática, a perda estrutural de receita
tributária se traduz em pressão permanente sobre a despesa pública.
No
lado dos gastos, o envelhecimento da população, juntamente com a maturação do
Estado de bem-estar social e o crescimento das despesas obrigatórias,
contribuíram para gastos cada vez maiores. Essas mudanças catalisaram o que o
sociólogo Wolfgang Streeck chamou de Estado de Consolidação. Frente ao
crescente aumento da dívida pública e dos gastos obrigatórios, o corte de
investimento público se tornou a principal via de ajustes orçamentários.
A
crise financeira global de 2007 marca a primeira crise do modelo de regras
fiscais da União Europeia. Quando a crise chega aos bancos europeus, sobretudo
britânicos, alemães e franceses, os países-membros da UE injetaram trilhões de
euros no sistema financeiro a fim de evitar o colapso do setor bancário e,
consequentemente, da economia. A fragilização do setor bancário resultou em uma
“seca” no crédito. Essa escassez de crédito contribuiu para a queda da
produção, aumento do desemprego e, consequentemente, uma diminuição nas
receitas governamentais. Como se não bastasse, os chamados estabilizadores
automáticos, isto é, pagamentos de transferência que aumentam em recessões,
como o seguro-desemprego, também contribuíram para o aumento do déficit. Essa
resposta levou ao crescimento exorbitante da dívida pública nos países-membros,
que combinada com endividamento externo nos países da periferia da Zona Euro,
colocou países como Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha em risco de
falência.
Apesar
da crise ser essencialmente financeira, a dívida pública dos países do sul caiu
na mira das lideranças da UE, que apontavam a irresponsabilidade fiscal desses
países como causa da crise. Diante deste cenário, a chamada troika, articulação
entre a Comissão Europeia, o BCE e o Fundo Monetário Internacional, impuseram a
austeridade e a desvalorização interna (cortes de salários e aposentadorias)
como única saída para o problema do endividamento público e externo. As regras
fiscais foram reformuladas para serem mais punitivas e severas, com a inscrição
inédita de muitas delas na Constituição de vários países europeus, nomeadamente
da Alemanha
Agora,
após a “gastança” feita durante a pandemia, as instituições da UE clamam
novamente por cortes de gastos e redução de déficits. As novas regras,
aprovadas este ano, assim como todas anteriores, clamam ser amigáveis ao
investimento e ao desenvolvimento econômico. Na realidade, de acordo com o
Instituto Bruegel1, as novas regras
fiscais irão impor elevados cortes orçamentários. Apenas quatro países-membros
não deverão passar por ajuste fiscal de curto prazo. O nível médio de ajustes
fiscais para os países da zona do euro é de 1.9% do PIB entre o período de 2025-20282.
A
princípio, a volta das regras lembra muito o ocorrido no pós-crise financeira.
No entanto, as similaridades acabam por aí. Uma das diferenças notáveis é a
mudança de posição entre os países-membros no que toca ao crescimento
econômico. Os países do sul, como Portugal ou Espanha, se beneficiaram pela
recuperação internacional do turismo pós-pandemia. Por ser um setor intensivo
em trabalho, estes países atualmente registram baixo desemprego e mostram
resultados fiscais surpreendentes. Por outro lado, as maiores economias do
bloco, ao norte do continente, não tiveram a mesma sorte, vítimas da crise que
assolou os seus setores industriais. No mês passado, o rendimento do título
público de 10 anos do governo francês ultrapassou o seu homólogo espanhol pela
primeira vez desde 2008. Para os investidores, investir na dívida francesa se
tornou mais arriscado do que na espanhola.
A
Alemanha é o exemplo paradigmático para a atual situação econômica da UE. A
maior potência do bloco, cuja economia se sustenta nas exportações, vem
consistentemente perdendo espaço no mercado internacional. Esse fenômeno ocorre
principalmente na indústria química por conta do aumento do preço da energia
após a guerra na Ucrânia, e na automobilística, devido à ascensão das
montadoras chinesas. Como consequência, a Volkswagen, maior grupo industrial do
país e símbolo do slogan “Made in Germany”, planeja fechar três plantas no
país, deixando dezenas de milhares de trabalhadores desempregados. No campo
orçamentário as coisas também não vão bem. Por mais que o ajuste orçamentário
requerido por conta das novas regras seja relativamente menor que para os
demais, o país passa por problemas no que tange à possibilidade gastos para
investimento. No ano passado, a suprema corte do país julgou inconstitucional o
plano do governo de se utilizar de fundos emergenciais da covid para financiar
o projeto de modernização da indústria nacional.
As
décadas de cortes no investimento europeu resultaram em uma economia cada vez
menos competitiva e dinâmica. Diante desse cenário, não é surpresa que no mês
passado, Mario Draghi, ex-presidente do BCE e ex-premier italiano, tenha
entregue um relatório ameaçador à presidente da Comissão Europeia. Conforme o
relatório, a estagnação econômica que o bloco experienciou nas últimas décadas
frente aos EUA, China e demais potências configura um “desafio existencial”
para o futuro da UE. Tão longo quanto os líderes europeus continuarem a
enxergar o orçamento público como um estorvo e não uma ferramenta para sair da
crise, o bloco continuará estagnado.
¨
A revolução liberal.
Por Ademar Bogo
Há
diversas posições políticas em circulação; todas elas procuram dar conta da
situação criada pela correlação de forças favoráveis à classe dominante no
período pós-eleitoral. Teses como “massa de direita” ou “pobres de direita”,
têm invadido os debates, quando, na verdade, são apenas expressões que revelam
o imobilismo e misturam certos preconceitos com as incapacidades políticas de
perceber os estrangulamentos que estão situados em causas um pouco mais
profundas.
Para
início de conversa, voltemos um pouco o nosso olhar para o que defenderam Marx
e Engels, em 1850, na mensagem à direção da Liga dos Comunistas: “Enquanto os
pequeno-burgueses democratas querem concluir a revolução o mais rapidamente
possível, depois de terem obtido, no máximo, os reclamos supramencionados, os
nossos interesses e as nossas tarefas consistem em tornar a revolução
permanente até que seja eliminada a dominação das classes mais ou menos
possuidoras, até que o proletariado conquiste o poder do Estado, até que a
associação dos proletários se desenvolva, não só num país, mas em todos os
países predominantes do mundo, em proporções tais que cesse a competição entre
os proletários desses países, e até que pelo menos as forças produtivas decisivas
estejam concentradas nas mãos do proletariado”.
Quando
as críticas visualizam apenas o tempo presente, devido ao péssimo resultado da
tática eleitoral, deixam elas de perceber que, o antes e o depois sempre são
tempos imensamente maiores do assombro momentâneo. Por outro lado, para quem
formou as suas concepções baseadas num suposto determinismo histórico, ao
deparar-se com situações adversas, como as atuais, não vendo os resultados
esperados, passa a culpar os deserdados por não acreditarem no paraíso.
Na
mensagem acima, defensora da continuidade da revolução liberal, até o ponto de
inverter o comando do poder político e, as forças produtivas passarem ao
controle dos trabalhadores, não há nenhuma previsão de tempo de conclusão, por
isso, aquele processo, pode ter se convertido, nesse longo período, em
permanente revolução liberal.
Qual
é a explicação que podemos dar para a situação política atual? A mais certa
seria considerarmos que a revolução liberal à qual se referem Marx e Engels, em
1850, não foi ainda concluída totalmente, por dois motivos: o primeiro, diz
respeito à existência da classe dominante, tendo, a seu favor, o avanço
constante das forças produtivas, da ciência e da tecnologia e, se hoje
consideramos existir o neoliberalismo, significa confirmar, ainda com maior
vigor, a validade e a renovação daqueles princípios liberais.
O
segundo motivo decorre do primeiro, sendo que a revolução liberal se prolongou
até os nossos dias, veio para muito mais além do que queriam os pequenos
burgueses, pois, a dinâmica tecnológica recolocou as forças produtivas em
outros patamares de exploração e, as relações de produção liberais influenciam
também nas formas de pensar e de fazer política.
O
caminho aberto para o proletariado e para as massas populares, dentro dessa
permanente revolução liberal, foi mudar periodicamente de táticas; grosso modo,
configuradas como: (a) Revoluções e insurreições proletárias e populares. As
que foram vitoriosas implantaram o socialismo por algumas décadas, em alguns
países; (b) Estratégia das resistências armadas. Frente ao endurecimento dos
regimes, diversas formas de organizações guerrilheiras e exércitos
revolucionários, foram estruturadas, porém, dissociadas das insurreições, não
lograram êxito e desapareceram.
(c)
A busca da via pacífica eleitoral. Com o intuito de ir ganhando espaço dentro
da permanente revolução liberal até chegar ao poder, a via institucional
mostrou-se a mais adequada, principalmente nos últimos quarenta anos. Isso tudo
mostra porque esse último fenômeno da decadência das forças de esquerda é
mundial e não um simples erro de um ou outro partido. A aceleração da revolução
tecnológica provocou esse fenômeno de esgotamento das tentativas de superação
do capitalismo. Para continuar há que abrir uma nova forma de ofensiva.
Se
de algum modo os três períodos acima representam, mesmo parcialmente o que
aconteceu, deveremos concordar que, desde 1848, as gerações se sucederam e
enfrentaram sempre as mesmas forças comandadas pelo capital que soube conduzir
a permanente revolução liberal. As vitórias que fizeram o poder passar para as
mãos das forças socialistas, ocorreram parcialmente em tempos de crises
extremadas, que chegaram a produzir as guerras mundiais.
Fora
disso, o capital, seja ele produtivo, financeiro ou especulativo, com suas leis
tendenciais da: produção, exploração, acumulação, circulação, expansão e
especulação, de maneira mais acelerada, ou um pouco mais lenta, seguiu, até os
nossos dias, respondendo às necessidades de sua própria reprodução, dando-se o
“luxo” de, em certas situações, fazer experimentos de extermínios
populacionais, como foi, para citar alguns, o nazismo, o fascismo e, está sendo
o sionismo.
Isso
não abala o domínio das forças produtivas decisivas, nem afeta mortalmente,
apesar das crises, o processo de acumulação. Mesmo em decadência em alguns
setores o capitalismo continua reafirmando-se e dando respostas aos problemas
que ele mesmo cria.
Se
observarmos com maior atenção, veremos ainda que, embora as forças de dominação
se embasem na economia, os inimigos simbólicos para as massas populares, sempre
estiveram identificados com a política e encastelados na estrutura do Estado.
Nesse sentido, se, em certos momentos, enormes esforços foram empenhados para
defender-se das forças de repressão, em outros, mesmo a repressão estando
presente, valeram mais as táticas reivindicatórias, no sentido de pressionar os
capitalistas e os governantes, para, simplesmente garantir ordeiramente alguns
direitos e não para tomar-lhes o poder.
Nesse
sentido, os partidos políticos de esquerda e as organizações populares e
sindicais, aliadas desses partidos, nas últimas décadas, lutaram contra a
classe dominante, até quando os governantes passaram a ser os próprios
representantes dos trabalhadores. Logo, o comodismo universal que levou e
impede a reação contra a revolução liberal, são, pelo menos três: (i) a
histórica educação moral cristã e constitucional, voltada para o respeito ao
direito sagrado e intocável da propriedade privada; (ii) as lutas ordeiras,
pacifistas, de caráter reivindicatório, desferidas contra o capital, sem a
mínima intenção de tomá-lo e controlá-lo (iii) a visão do inimigo político,
simbolizada pelos governantes ruins que poderiam ser substituídos por
governantes bons, criando expectativas de que eles fariam tudo por nós e, a
cada mandato renovariam os propósitos para todo o sempre.
Esses
três fatores sempre envolveram as massas pobres e fizeram-nas acompanhar os
chamados, não por terem consciência, mas, por causa do abandono secular,
projetado pelas elites brancas ou por necessidades materiais. Identificadas com
a linguagem agressiva, vinda de líderes corajosos capazes de expressarem
palavras que batiam contra a fome real, a falta de moradia, as péssimas
condições de educação, os descalabros no atendimento à saúde, a carestia, a
corrupção etc., lutaram bravamente sempre como forças aliadas.
Ao
assumirem os governos e ocuparem o lugar dos inimigos políticos, os
representantes de esquerda passaram a falar palavras amenas e a dar supostas
soluções insuficientes, como as que davam os seus antecessores de direita,
contra os quais as massas protestavam. As mudanças de lugar das forças
políticas, no posto governamental elevou a esquerda à condição de situação.
Nesses processos liberais, compreendendo contra quem as massas direcionam os
seus protestos, podemos concluir que, mesmo cooptadas, a tendência é elas serem
de oposição e lutarem contra os políticos vistos como ruins, mansos e
hipócritas.
Se
quisermos debater como sair da defensiva para a ofensiva, precisamos entender
que estamos vivendo, mesmo com diversas crises, uma acelerada ascensão
destrutiva da permanente revolução liberal capitalista, para enfrentá-la é
preciso pensar a revolução dentro dessa revolução que, provavelmente dar-se-á
com o retorno à estratégia das insurreições, enraizadas, mais proximamente, na
desobediência civil.
Para
isso é preciso atacar as três domesticações: (a) das ideias que impõe o
comportamento moral de respeito à propriedade (b) das reivindicações pacíficas
invertendo-as para a apropriação do capital e dos meios de produção e, (c) do
ilusionismo político eleitoral, demonstrando que a democracia não pode ser
representativa, mas participativa e distributiva da riqueza.
As
massas não são de direita nem de esquerda, mas, mobilizadas, podem vir a ser
contrarrevolucionárias ou revolucionárias. Tudo depende de quem estiver com
elas.
¨
No vale tudo pelo
ajuste fiscal, Faria Lima e mídia agem como partidos políticos. Por Bepe
Damasco
A
operação sabotagem segue a pleno vapor: a moeda nacional é alvo de crescente
movimento especulativo por parte da Faria Lima, jogando o valor do dólar para
as alturas e criando um ambiente político propício para colocar o governo Lula
na defensiva.
O
objetivo é tentar obrigá-lo a aceitar um modelo de ajuste fiscal com base no
sacrifício dos mais pobres, tesourando o Benefício de Prestação Continuada
(BPC), o seguro-desemprego e a política de valorização do salário mínimo.
Enquanto
Lula resiste, os sanguessugas do mercado junto com a imprensa comercial, sua
sócia na empreitada, aumentam a artilharia. Uma dia desses um comentarista
econômico de televisão teve a desfaçatez de dizer que "o mercado perdeu a
paciência e resolveu dar uma basta no governo", ou "é bom que o
governo saiba que não é qualquer ajuste que vai satisfazer ao mercado".
Afinal,
quem essa gente pensa que é? Se é demais pedir respeito pela soberania popular
para quem a vida só faz sentido com o ganho fácil do dinheiro, que pelo menos
os bancos, fundos de investimento e as corretoras saibam que não lhes cabem
perder ou manter a paciência com governos.
Mercado
não é partido político, para apoiar ou fazer oposição a governantes eleitos.
Outro
objetivo nítido da alta artificial da moeda norte-americana é impactar
negativamente os preços, o que acaba elevando os índices inflacionários,
trazendo desgaste para o governo.
Tudo
indica que os primeiros esboços de ajustes apresentados pelo ministro Haddad
não agradaram a Lula. Daí os seguidos adiamentos do anúncio do ajuste fiscal.
Aliás,
Lula faz muito bem em cobrar que o Legislativo e o Judiciário participem do
esforço de ajuste das contas públicas.
Neste
domingo, movimentos sociais, sindicatos e partidos de esquerda, como PT, PSOL,
PDT e PCdoB, lançaram um manifesto com críticas às possíveis medidas do ajuste
fiscal, chamando a atenção de que elas prejudicarão aposentados e
trabalhadores, além de reduzir os recursos destinados à educação, à saúde e ao
investimento produtivo.
O
manifesto vai na linha justa de tentar impedir cortes que afetarão os mais
vulneráveis socialmente.
Hoje,
a imprensa noticia que Lula já aceita limitar algumas despesas obrigatórias.
Vamos ver.
Confio
no senso de justiça do presidente Lula e no seu compromisso histórico com os
direitos da classe trabalhadora e dos aposentados.
Fonte:
Outras Palavras/A Terra é Redonda/Brasil 247
Nenhum comentário:
Postar um comentário