quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Estudo vê relação entre higiene bucal e saúde do cérebro

Pesquisadores japoneses apontam que doenças dentárias podem estar associadas a uma diminuição do volume do hipocampo, região do cérebro essencial para a memória.

Uma rotina constante de higiene bucal pode ser importante não só para manter dentes e gengivas saudáveis, mas também o cérebro. Foi o que apontou um estudo recente conduzido por pesquisadores japoneses.

A pesquisa estabeleceu uma correlação entre a saúde bucal e uma diminuição do volume do hipocampo, região do cérebro essencial para a memória e que tende a degenerar em pessoas com a doença de Alzheimer.

Publicado na revista Neurology (afiliada à Academia Americana de Neurologia), o estudo foi realizado em uma região específica do Japão e contou com a participação de 172 indivíduos, com idade média de 67 anos e sem problemas de memória no início das pesquisas. Os participantes foram submetidos a exames dentários, testes de memória e varreduras cerebrais no começo do estudo e também quatro anos depois.

Os pesquisadores avaliaram o número de dentes de cada participante e a presença de doença gengival usando medições de profundidade de sondagem periodontal.

Ao final dos estudo, menos dentes e mais doenças periodontais foram associados a um encolhimento mais rápido do hipocampo esquerdo. Essa relação se manifestou em ambos os casos de doença periodontal leve e grave, sugerindo que o gerenciamento e o tratamento dessas condições podem ter um impacto positivo na saúde do cérebro.

"Os resultados sugerem que a retenção de dentes com doença gengival grave está associada a uma atrofia cerebral", afirma o dentista geriátrico Satoshi Yamaguchi, da Universidade Tohoku em Sendai, no Japão.

"É crucial controlar a progressão da doença gengival por meio de visitas regulares ao dentista, e dentes com doença gengival grave podem precisar ser extraídos e substituídos por próteses adequadas."

•                                    Perda dos dentes seria benéfica em alguns casos

Surpreendentemente, os resultados levantaram a possibilidade de que, em certos casos, pode ser benéfico perder os dentes afetados por doenças que ameaçam a saúde bucal, de forma a proteger tanto a integridade das gengivas como o cérebro.

Mesmo assim, os pesquisadores ressaltam que o estudo não estabelece uma relação direta entre doenças periodontais ou perdas dentárias e o desenvolvimento do Alzheimer, ainda que tenha identificado uma associação entre eles.

"Esses resultados destacam a importância de zelar pela saúde dos dentes e não apenas preservá-los", diz Yamaguchi. "A perda de dentes e a doença gengival, que é a inflamação do tecido ao redor dos dentes e que pode causar retração gengival e afrouxamento dos dentes, são muito comuns. Analisar, portanto, uma possível ligação com a demência é incrivelmente importante."

Estudos anteriores também mostraram que a inflamação periférica crônica pode aumentar o risco de demência e progredir para atrofia do hipocampo, resultando em encolhimento do cérebro, observou o dentista à revista Newsweek.

 

•                                    Aparelho auditivo pode ajudar a prevenir demência

Pesquisadores do Reino Unido podem ter descoberto uma maneira relativamente simples e barata de prevenir a demência: aparelhos auditivos.

De acordo com um estudo publicado na revista científica The Lancet no início deste mês, pessoas com deficiência auditiva que não usam aparelho têm um risco maior de desenvolver demência do que pessoas com audição normal.

Tanto o risco de demência quanto a perda auditiva aumentam com a idade. Segundo a publicação, até 2050, estima-se que 150 milhões de pessoas em todo o mundo serão afetadas pela demência.

<><> Perda auditiva, um importante fator de risco para demência

A perda auditiva está associada a 8% dos casos globais de demência, tornando-se o maior fator de risco modificável para demência, de acordo com um estudo publicado no periódico médico JAMA Network.

Os autores do novo artigo publicado na The Lancet concordam, descrevendo os aparelhos auditivos como um tratamento minimamente invasivo e econômico para reduzir o risco de demência.

Para o estudo, os cientistas analisaram dados de quase 440 mil pessoas do UK Biobank, um banco de dados do Reino Unido que contém informações biomédicas de cerca de meio milhão de pessoas. Cerca de um quarto dessas pessoas apresentava deficiência auditiva, mas apenas 11,4% delas usavam aparelho auditivo.

Os usuários de aparelhos auditivos não tiveram maior risco de nenhum tipo de demência, incluindo a doença de Alzheimer, em comparação com aqueles com audição normal. No entanto, o risco de demência aumentou 42% para aqueles com deficiência auditiva que não usavam o aparelho.

Os pesquisadores também examinaram se fatores como solidão, isolamento social ou sintomas depressivos poderiam ter um impacto na correlação entre perda auditiva e demência. Eventuais melhorias nas situações psicológicas e sociais dos indivíduos tiveram, no entanto, pouco efeito na conexão entre demência e perda auditiva, razão pela qual os pesquisadores suspeitam que deva ser o próprio aparelho auditivo que oferece alguma forma de proteção.

<><> Outros possíveis fatores

Como este é um estudo puramente observacional, os pesquisadores desconhecem os potenciais mecanismos neurológicos subjacentes que poderiam explicar a ligação entre perda auditiva e demência.

Também é possível que a conexão possa ser explicada por outros fatores. Por exemplo: talvez as pessoas que usam um aparelho auditivo prestem mais atenção à sua saúde em geral, garantindo assim um menor risco de demência por muitas razões não necessariamente associadas ao seu aparelho auditivo.

Por outro lado, esse não é o primeiro estudo a encontrar uma ligação entre o uso de aparelhos auditivos e um risco reduzido de demência.

Independentemente disso, uma coisa parece clara: provavelmente usar um aparelho auditivo mal não faz.

 

•                                    Limpar nariz com o dedo eleva probabilidade de Alzheimer

"Tira esse dedo do nariz!", é uma advertência que todo mundo já escutou bem cedo na vida. Extrair meleca é um passatempo a que as crianças se dedicam com frequência e sem cerimônias.

Para elas, é parecido com chupar o dedo, algo que se faz quando o tédio bate. Ou por espírito exploratório, a fim de descobrir o que há nos escuros túneis além das narinas, e o que dá para extrair de lá. Na verdade, é uma atividade perfeitamente natural – mas que também tem seus perigos.

A retirada de muco nasal ressecado – na linguagem familiar: meleca, ranho, monco ou burrié – tem sido objeto intermitente de pesquisas. Num estudo publicado em outubro de 2022 na plataforma Nature, cientistas australianos constataram em camundongos que a exploração dos canais nasais pode levar a bactéria Chlamydia pneumoniae até o cérebro, através dos nervos olfativos.

Além disso, comprovaram uma correlação entre a infecção do sistema nervoso central com esse patógeno e a doença de Alzheimer, pois quando a C. pneumoniae circula pelo organismo, as células cerebrais reagem produzindo a proteína beta amiloide, que em determinadas concentrações é um indicador da enfermidade neurodegenerativa.

<><> Um delicado órgão de defesa

Nesse ínterim, porém, a futucação excessiva do nariz vem sendo associada também com outras outras doenças. Numerosas bactérias habitam as mãos humanas, e praticamente ninguém desinfeta o dedo antes de enfiá-lo na narina  Se a imunidade está debilitada e a mucosa, danificada, os micróbios podem ir parar no cérebro, provocando uma meningite bacteriana. Os sintomas típicos são febre, dor de cabeça, rigidez do pescoço, sensibilidade à luz e confusão mental.

Essa forma de meningite pode, ainda, gerar complicações como danos cerebrais, infarto, convulsões e perda da audição. Em geral, o tratamento médico é com antibióticos ministrados por via venosa.

Na cavidade nasal superior humana encontra-se uma estrutura em filigrana, formada por 5 milhões a 10 milhões de células olfativas. O muco filtra patógenos e substâncias danosas do ar, como pólen ou poeira, antes que cheguem aos órgãos respiratórios, protegendo de infecções.

Além disso, o muco umidece o ar respirado, evitando que se resseque. Bactérias e vírus ficam presos na mucosa nasal, para serem mais tarde transportados para fora do nariz através dos pelos nasais.

Futucar o nariz de forma excessivamente profunda, longa ou agressiva pode danificar a delicada mucosa, causando lesões resultando não só em sangramentos, mas até no rompimento do septo nasal. A consequência é um estreitamento dos canais do nariz, comprometendo a respiração. Dependendo da extensão do dano, é necessário solução cirúrgica, na forma de uma septoplastia.

<><> Homens são mais melequentos

Em casos raros, a exploração digital das narinas pode se transformar no transtorno obsessivo-compulsivo que os psicólogos denominam rinotilexomania. O (mau) hábito passa a ser incontrolável, manifestando-se sobretudo em situações de nervosismo ou insegurança. Portanto, ficar tirando meleca o tempo todo pode também ser um indício de problemas psíquicos.

Via de regra, adultos enfiam o dedo no nariz quando não estão sendo observados. Além das quatro paredes do lar, um local do crime muito apreciado é o próprio automóvel. Enquanto esperam o semáforo ficar verde, muitos/as motoristas aproveitam para executar essa discutível higiene nasal.

Mas aqui há uma diferença entre os gêneros: os homens tiram meleca com bem mais frequência (62%) do que as mulheres (51%). Esse foi pelo menos o resultado de uma consulta realizada pelo autor Christoph Drösser para seu livro Wie wir Deutschen ticken (Como nós, alemães, funcionamos).

Entretanto, a cifra oculta é possivelmente bem mais alta: afinal, que adulto admite sem problemas que, de vez em quando, um antissocial dedo mínimo ou indicador se perde pelo nariz adentro?

 

Fonte: DW Brasil

 

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