Lira e
Pacheco devem travar debate sobre isenção do IR
Os
presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco
(PSD-MG), reafirmaram o compromisso com a votação rápida das medidas de
contenção de gastos enviadas pelo governo, priorizando o ajuste fiscal, mas sem
incluir a ampliação da isenção do Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$
5.000, tema que deve ficar para 2025, informou o UOL nesta sexta-feira (29).
Lira
destacou a necessidade de responsabilidade fiscal e Pacheco condicionou a
discussão do IR ao crescimento econômico e sustentabilidade das contas
públicas, segundo a reportagem.
Segundo
agentes do mercado financeiro citados pela Reuters, o anúncio das medidas
fiscais junto da reforma do IR levanta "dúvidas" sobre o compromisso
do governo com o equilíbrio das contas.
No
entanto, segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a compensação para o
aumento da faixa de isenção do IR, uma promessa de campanha do presidente Lula,
virá pelo aumento da taxação para quem ganha acima de 50 mil reais por mês e
pela limitação da isenção por razões de saúde a quem ganha até 20 mil reais. O
pacote fiscal prevê economizar R$ 70 bilhões até 2026.
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Pacheco diz que isenção de IR para quem ganha até R$ 5 mil não é prioridade
O
presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), disse nesta sexta-feira que sua
posição em relação ao pacote de corte de gastos anunciado nesta semana pelo
governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é de "apoio com restrições
e possibilidade de incremento".
Em
entrevista à CNN Brasil, Pacheco afirmou que a proposta também apresentada pelo
governo de isentar de imposto de renda quem ganha até 5 mil reais mensais será
analisada "mais à frente" e sob condição de haver espaço fiscal para
adoção da medida.
O
ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirma que a isenção será fiscalmente
neutra, pois será compensada com a taxação daqueles que tem renda mensal
superior a 50 mil reais e outras medidas.
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Lira promete celeridade da Câmara para aprovar medidas de corte de gastos, mas
não para reforma do IR
O
presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta
sexta-feira (29) que a Casa dará "todo esforço, celeridade e boa
vontade" para aprovar as medidas de corte de gastos propostas pelo governo
federal. Em uma publicação nas redes sociais, Lira reafirmou o compromisso da
Câmara com o arcabouço fiscal, garantindo que a Casa estará disposta a
contribuir para o ajuste das contas públicas, com a devida celeridade.
"Reafirmo
o compromisso inabalável da Câmara dos Deputados com o arcabouço fiscal. Toda
medida de corte de gastos que se faça necessária para o ajuste das contas
públicas contará com todo esforço, celeridade e boa vontade da Casa, que está
disposta a contribuir e aprimorar", escreveu Lira.
Contudo,
o presidente da Câmara fez uma ressalva importante em relação a outra proposta
do governo: a reforma da tabela do Imposto de Renda. O governo anunciou um
aumento da faixa de isenção do tributo para R$ 5 mil, o que foi criticado por
Lira, que indicou que qualquer iniciativa que implique renúncia de receitas só
será discutida no ano que vem, após uma análise cuidadosa das fontes de
financiamento e seu impacto nas contas públicas.
"Qualquer outra iniciativa governamental
que implique em renúncia de receitas será enfrentada apenas no ano que vem, e
após análise cuidadosa e sobretudo realista de suas fontes de financiamento e
efetivo impacto nas contas públicas. Uma coisa de cada vez. Responsabilidade
fiscal é inegociável", postou.
O
pacote de ajuste fiscal, anunciado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad,
na quinta-feira (28), inclui medidas como a limitação do ganho real do salário
mínimo, revisão do abono salarial, corte de supersalários, e alterações nas
aposentadorias dos militares, além de uma revisão do Benefício de Prestação
Continuada (BPC). As medidas devem chegar ao Congresso em breve por meio de uma
Proposta de Emenda à Constituição (PEC) e um projeto de lei complementar (PLP).
Haddad
expressou a expectativa de que essas propostas sejam analisadas e aprovadas
ainda em 2024, antes do recesso parlamentar, que começa em 23 de dezembro, para
que as novas regras já possam ser aplicadas ao orçamento de 2025.
• Câmara e Senado devem
votar corte de gastos antes do recesso, diz Pacheco
O
pacote de corte de gastos proposto pelo Poder Executivo deve ser votado pelas
duas casas do Congresso Nacional antes do recesso parlamentar, previsto para 22
de dezembro. A expectativa é do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, que
coordenou uma reunião entre os líderes partidários e os ministros da Fazenda,
Fernando Haddad, e da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha,
nesta quinta-feira (28).
“Pude
externar ao ministro Haddad a minha particular boa impressão em relação às
medidas. Nosso compromisso é que, tão logo a Câmara dos Deputados aprecie, o
Senado submeta diretamente ao Plenário. Para que até o final do ano, antes do
recesso, possamos ver apreciadas essas medidas da equipe econômica”, disse
Pacheco após o encontro.
O
pacote de corte de gastos foi anunciado na noite de quarta-feira (27) por
Fernando Haddad, durante um pronunciamento em rede nacional. Segundo o
ministro, as medidas devem gerar uma economia de R$ 70 bilhões nos próximos
dois anos (leia mais abaixo).
A
expectativa é de que o pacote seja encaminhado ao Congresso Nacional em uma
proposta de emenda à Constituição e um projeto de lei complementar, que começam
a tramitar na Câmara dos Deputados. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco,
disse que as próximas três semanas vão exigir “trabalho muito intenso” dos
parlamentares.
“Temos
pouco tempo e um grande desafio. São 24 dias de trabalho. Fiz um apelo aos
líderes para termos um esforço concentrado e fazermos as entregas necessárias.
Estimo que a Câmara dos “Deputados possa fazer essa apreciação nas próximas
duas semanas. E talvez se reserve a última semana útil antes do recesso para
que o Senado possa apreciar”, afirmou.
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Marco fiscal
Após
a reunião com os líderes partidários na Presidência do Senado, o ministro da
Fazenda, Fernando Haddad, disse ter sentido “um clima muito receptivo” ao
pacote de corte de gastos.
“Senti
uma grande boa vontade daqueles que se manifestaram nesta reunião. A reação foi
bastante favorável, um espírito de abertura muito grande para o diálogo. Saímos
daqui com a esperança de que vamos construir um bom arranjo até o final do ano
para termos um Orçamento de execução mais tranquilo no ano que vem”, afirmou.
O
ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha,
também demonstrou otimismo.
“Raríssimas
vezes senti um grau de compromisso tão grande e uma disposição tão grande de se
conseguir a aprovação de uma proposta anunciada pelo governo. O centro da
proposta, que vamos trabalhar para concluir a aprovação ainda este ano, é a
consolidação do marco fiscal aprovado pelo Congresso Nacional”, disse,
referindo-se ao novo arcabouço fiscal (Lei Complementar 200, de 2023).
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Pacote
Segundo
Fernando Haddad, o pacote deve gerar uma economia de R$ 70 bilhões nos próximos
dois anos. Seriam R$ 30 bilhões em 2025 e R$ 40 bilhões em 2026. O plano prevê,
entre outras, as seguintes medidas:
• O salário-mínimo
continua tendo um ganho real acima da inflação, mas o crescimento fica limitado
ao novo arcabouço fiscal: entre 0,6% e 2,5% a ano.
• O abono salarial fica
mantido para quem recebe até R$ 2.640 por mês, o equivalente a dois
salários-mínimos. Mas o Poder Executivo quer limitar a correção do benefício à
inflação. Como o salário-mínimo deve crescer acima do Índice Nacional de Preços
ao Consumidor Amplo (IPCA), o novo sistema de correção do abono deve ser
mantido até que o benefício atinja o valor de um salário-mínimo e meio.
• O Benefício de Prestação
Continuada (BPC) também deve passar por mudanças. Segundo Fernando Haddad, o
objetivo é evitar uma “indústria de liminares” que assegura o repasse do
dinheiro a pessoas que não teriam direito ao BCP.
• Os cadastros dos
programas sociais devem passar por biometria. O Poder Executivo também quer
reduzir os prazos de recadastramento para evitar fraudes.
• Um conjunto de medidas
alcança as Forças Armadas. O governo quer acabar com a chamada “morte ficta”,
quando a remuneração de um militar condenado por crime ou expulso do serviço é
repassada à família em forma de pensão.
• Outras medidas ligadas
às Forças Armadas são o estabelecimento de uma idade mínima de passagem para a
reserva e uma contribuição de 3,5% dos militares para os respectivos fundos de
saúde.
• O Poder Executivo quer
retomar o debate sobre o Projeto de Lei (PL) 2.721/2021, que restringe o
pagamento de supersalários a agentes públicos. A matéria foi aprovada pela
Câmara dos Deputados e aguarda deliberação do Senado.
• Outra medida será a de
expandir a implantação de escolas em tempo integral. O Poder Executivo quer
destinar a essa finalidade 20% do aporte da União ao Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da
Educação (Fundeb).
• O programa Pé de Meia,
hoje mantido com recursos do Fundo Garantidor de Operações (FGO), passa a ser
financiado pelo orçamento da Educação em 2026.
• O pagamento de subsídios
e subvenções — como o Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro)
— passa a depender de previsão orçamentária.
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Repercussão
O
pacote de corte de gastos dividiu a opinião de parlamentares governistas e da
oposição. O senador Rogério Carvalho (PT-SE) defendeu as medidas. Para ele, o
pacote “orienta o gasto atual para ser mais eficiente e melhora a vida das
pessoas”.
“São
medidas muito racionais de contensão e qualificação do gasto público. Temos um
arcabouço fiscal que precisa ser consolidado como o limite de gastos do
governo, e isso tudo sem romper com o aumento real do salário-mínimo acima da
inflação e com a vinculação do gasto da saúde e da educação”, afirmou,
relembrando que o governo Lula retomou a política de aumento real do salário
mínimo.
Para
o senador Wellington Fagundes (PL-MT), as medidas anunciadas pelo Poder
Executivo vão prejudicar os mais pobres.
“Em
relação ao salário-mínimo, o governo quer segurar. Portanto, quem ganha menos
vai ter mais dificuldade. E o mais importante: a inflação está aí batendo. E a
inflação é a mais perniciosa, principalmente para quem ganha menos. A proposta
do governo é aumentar impostos e continuar a gastança”, criticou.
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Imposto de Renda
Após
a reunião de líderes, Fernando Haddad comentou outra proposta anunciada durante
o pronunciamento em rede nacional: a isenção de Imposto de Renda (IR) para quem
ganha até R$ 5 mil por mês. Segundo o ministro da Fazenda, a medida deve
resultar em uma renúncia de R$ 35 bilhões, que seria neutralizada por uma
taxação maior para quem tem rendimentos acima de R$ 50 mil mensais.
A
expectativa do Poder Executivo é de que a reforma tributária sobre a renda seja
votada pelo Congresso Nacional apenas em 2025.
“É
uma matéria que precisa contar com debate da opinião pública. Não é um assunto
que vai ser resolvido em três semanas. Como não vamos ter eleições no ano que
vem, vamos ter tempo para discutir, abrir os números e fazer com que as pessoas
se defrontem com a realidade tributária do Brasil e tomem a melhor decisão”,
disse Fernando Haddad.
O
presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, também confirmou que as mudanças nas
regras do IR não serão votadas neste ano.
“Isso
será objeto de uma ampla discussão ao longo de 2025, como foi a reforma
tributária do consumo. Isso não é para hoje”, afirmou.
O
líder do governo em exercício, senador Otto Alencar (PSD-BA), elogiou a
proposta de isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil.
“É
uma coisa muito justa. Quem ganha mais paga mais, e quem ganha menos não paga
até R$ 5 mil mensais. O governo tem que tomar decisões sintonizadas com aquilo
que é importante para o conjunto do povo brasileiro. O mercado se restringe a
duas ou três avenidas no Brasil. O mercado precisa se acalmar, até porque
nenhum gestor vai apresentar projetos para atender ou obedecer ao que o mercado
quer. O governo fez aquilo que é correto fazer”, disse.
A
oposição criticou a proposta. Para o senador Marcos Rogério (PL-RO), a medida é
“uma cortina de fumaça”.
“O
governo tenta oferecer uma medida que vai na direção de corte de gastos, mas
representa um rombo nas contas públicas superior a R$ 90 bilhões. Porque o
mercado age de forma desconfiada, desconfortável e negativa? Porque o governo
tira com uma mão e dá com a outra. É um governo que não tem compromisso com a
agenda fiscal e com a pauta do controle de gastos”, disse.
• Pacheco sai em defesa de
Haddad e critica 'reação exagerada' do mercado ao pacote fiscal
O
presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), saiu em defesa do governo do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do ministro da Fazenda, Fernando
Haddad, após o anúncio do pacote de corte de gastos federais nesta quinta-feira
(28). Pacheco criticou a reação negativa do mercado, considerando-a exagerada e
precipitada.
"O
ministro Haddad fez um esforço danado, propôs reduções de despesas importantes,
que não foram enfrentadas pelos últimos governos. E o mercado não reconhece
isso", afirmou Pacheco, de acordo com a coluna do jornalista Valdo Cruz,
do g1.
O
presidente do Senado sugeriu que, em vez de criticar as medidas de imediato, o
mercado deveria analisar melhor as propostas e contribuir com sugestões
construtivas. "Agora, é importante que o mercado ajude o governo a aprovar
as medidas ainda neste ano. Sem isso, o cenário será péssimo", alertou.
Pacheco
também garantiu que o Congresso dará sua contribuição para a aprovação das
medidas, com os dois projetos de cortes já prontos para tramitar na Câmara dos
Deputados. Segundo ele, será necessário um esforço conjunto de todos os
setores, incluindo o privado, para garantir que a votação seja priorizada.
O
líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (PT-AP), seguiu a mesma
linha, afirmando que a reação do mercado foi exagerada e que o governo está
aberto a ajustes nas medidas durante a tramitação.
"Ninguém
quis esperar a divulgação das medidas, já especulou apenas com o vazamento da
isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil", disse Randolfe.
Ele
lembrou ainda que o governo adotará compensações para mitigar o impacto da
isenção, que tem um custo de R$ 35 bilhões por ano, e anunciou a criação de um
imposto mínimo para quem ganha mais de R$ 50 mil mensais, a fim de garantir a
neutralidade fiscal das medidas.
• Problema fiscal precisa
ser enfrentado por todos os Poderes, diz Haddad
O
ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta sexta-feira (29) que o pacote
fiscal detalhado pelo governo na véspera não é o "gran finale" do
esforço do governo para o ajuste das contas públicas.
Em
evento anual da Febraban, ele afirmou que, caso haja desconforto em tono do
cálculo do impacto das medidas, "vamos voltar para mesa de
discussão", acrescentando que não há a intenção de "vender
fantasia" e que o governo está comprometido em derrubar o déficit e
reestruturar as finanças públicas.
"Caixa
de ferramentas é infinita", afirmou, segundo a Reuters.
Questionado
se ele precisa convencer o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a
importância dos esforços dessa agenda, o ministro disse que em certos momentos
sim, ponderando que, como presidente da República, Lula é sensível a vários
temas, e frisando que a relação dos dois é "transparente, tranquila e
informal".
Haddad
reiterou que o problema fiscal é questão que precisa ser enfrentada por todos
os Poderes, e citou manifestações de apoio às medidas pelos presidentes da
Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), destacando
o bom alinhamento com o governo.
Lira
e Pacheco reafirmaram o compromisso com a votação rápida das medidas de
contenção de gastos enviadas pelo governo, priorizando o ajuste fiscal, mas sem
incluir a ampliação da isenção do Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$
5.000.
Fonte:
Brasil 247/Reuters
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