Personalidades
fazem movimento por expulsão de militares golpistas
Nas
últimas semanas, a sociedade brasileira assistiu, estarrecida, às revelações
trazidas a público pela Operação Contragolpe, da Polícia Federal, que mostrou
oficiais militares de alta patente envolvidos no plano de assassinato do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente eleito, Geraldo
Alckmin e do ministro presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Alexandre de
Moraes.
Após
a operação, 25 oficiais das Forças Armadas foram indiciados pela PF pelo plano
de execução criminosa de um golpe e de abolição violenta do Estado Democrático
de Direito. Devido a todo esse cenário, personalidades se juntaram em um
movimento para pedir a expulsão dos militares envolvidos na trama golpista.
"Militares
que juraram defender a Pátria, ao contrário disso tramaram contra a Nação e
chegaram a um passo da extinção do Estado Democrático de Direito por meio de
assassinatos, terrorismo e sedição. Mais do que a ignomínia de enlamearem suas
fardas e as Forças Armadas, traíram a confiança de quem lhes custeou carreira e
casa, assistência e formação, amparo e armas. Em síntese, os “mocinhos” eram os
bandidos", afirmam as pessoas que assinam o manifesto.
Elas
ainda acrescentam que "a horrorosa trama revelada é, no entanto, uma
oportunidade única para a República afirmar na prática os princípios e
fundamentos estampados em sua Constituição, com a punição exemplar desses
vilões disfarçados de soldados".
Desse
modo, o grupo afirma que deve-se combater a impunidade com medidas urgentes e
exige algumas ações, como:
• Abertura imediata de
processos administrativos disciplinares sancionatórios, contra todos os
militares mencionados nos inquéritos da Polícia Federal como responsáveis por
atentados contra o Estado Democrático de Direito;
• Suspensão subsequente
dos soldos, proventos e demais regalias de todos os militares da ativa ou da
reserva envolvidos nas conspirações antidemocráticas, incluídos serviços de
financiamento e de saúde e quaisquer outros benefícios;
• Cancelamento e
recolhimento em seguida de todas as insígnias, galardões e comendas associadas
ao exercício da função militar, pertencentes ou outorgadas aos agentes
envolvidos nos atos investigados pela Polícia Federal que resultaram em
indiciamentos criminais dirigidos ao exame da Procuradoria Geral da República;
• Extinção da organização
terrorista em que, na prática, se tornou o Batalhão de Forças Especiais, sem
que disso resulte qualquer direito remanescente aos seus integrantes,
determinando-se sua reconfiguração funcional e doutrinária;
• Que tais oficiais das
Forças Armadas sejam integralmente responsabilizados pela Advocacia Geral da
União nas ações de ressarcimento dos danos causados ao erário como consequência
dos atos golpistas por eles fomentados.
"Tais
medidas são essenciais para a consolidação do regime democrático e de forças
armadas com ele compatíveis, profissionalizadas e capacitadas à defesa do país
contra ameaças externas", finalizam.
Veja
abaixo a lista completa das pessoas que assinam o manifesto
Wilson
Ramos Filho
Mauro
Menezes
Normando
Rodrigues
Luiz Gonzaga Belluzzo
José Eymard Loguércio
Antonio
Carlos Porto Júnior
Nilo
Beiro
Delubio
Soares
Marcelo
Auler
Denis
Einloft
Nasser Ahmad Allan
Nuredin Ahmad Allan
Cristina
Suemi Kaway Stamato
Espedito
Fonseca
Cristiane
Pereira
Eusébio
de Oliveira Carvalho Filho
Bruno
Duarte Amazonas Pedroso
Rubens
Soares Vellinho
Tatiana
Oliveira
Thiago
Oliveira Agustinho
Anderson
Preres da Silva
Humberto
Marcial Fonseca
Kleber
Alves de Carvalho
Ricardo
Nunes de Mendonça
Meirivone
Ferreira de Aragão
Jane
Salvador
Guilherme
Zagallo
Antonio
de Jesus Leitão Nunes
Eduardo
Surian Matias
Fernando
José Hirsch
Luciana
Lucena Baptista Barretto
Vítor
Terra de Carvalho
Valentina
de Bastos Cury
Bárbara
Luiza Pinho Muniz
Raquel
Caldas Nunes
Lara
Machado Luedemann
Nathalia
Marbly Miranda Santos
Gisa
Nara Maciel Machado da Silva
Maiara
Leher
Bruno
Moreno Carneiro Freitas
Julia
Alexim
Luiz
Leonardo de Saboya Alfonso
Geraldo
Marcos
Cristiane
Brandão
Magda
Barros Biavaschi
Marcelo
Uchôa
Inocêncio
Uchôa
Carlos
Eduardo Pimenta
Narciso
Pires
Jéssica
Caliman
José
Carlos Moreira da Silva Filho
Mauro
José Auache
Rodrigo
Camargo
Marília
Guimarães
Luasses
Gonçalves dos Santos
Francisco
Proner Ramos
Mirian
Gonçalves
Raquel
Rodrigues Braga
• Indiciados acusam
Bolsonaro de traição em estratégia de defesa sobre golpe: 'tudo tem sido feito
para livrar a cabeça de dele'
Interlocutores
dos militares e civis indiciados pela Polícia Federal (PF) na investigação que
apura a tentativa de golpe de Estado têm se mostrado incomodados com a
estratégia de defesa adotada por Jair Bolsonaro (PL). Segundo a CNN Brasil,
aliados do ex-mandatário têm interpretado suas ações como sinais de que ele
estaria colocando seu projeto político à frente das lealdades, gerando
desconforto entre os antigos aliados que o acompanharam até o fim de seu
governo.
A
análise que circula nos bastidores é a de que, após o indiciamento, Bolsonaro
tem feito movimentos para "livrar a cabeça" e se desvincular da
tentativa de golpe, deixando de lado a lealdade que sempre foi demonstrada por
civis e militares próximos. “Tudo tem sido feito para livrar a cabeça de
Bolsonaro”, comentou uma das fontes, de acordo com a reportagem.
Essa
leitura ganha força especialmente pela divulgação de áudios da Operação
Contragolpe, em que a defesa de Bolsonaro busca se fortalecer com a tese de
que, embora muitos de seus aliados quisessem o golpe, o ex-mandatário teria
sido o único a se opor.
Essa
postura tem sido vista como uma falta de gratidão, particularmente para aqueles
que não o abandonaram após sua derrota para Luiz Inácio Lula da Silva nas
eleições de 2022. A situação é descrita por aliados de Bolsonaro como similar à
defesa adotada por Lula em momentos de crise. “Está igual ao Lula nos
inquéritos da Lava Jato”, comentou um dos membros do grupo.
Além
da omissão, o uso de áudios que indicam falta de ação de Bolsonaro também é
visto com desconfiança. Um exemplo citado é um áudio em que um coronel fala com
o general Mario Fernandes, sugerindo que Bolsonaro teria “coragem moral” para
se declarar contra as ações em curso. O comentário gerou ainda mais incômodo,
visto que muitos acreditam que ele poderia ter agido de forma mais direta,
impedindo as manifestações nas portas dos quartéis.
A
estratégia de defesa de Bolsonaro tem fragilizado a posição de seus antigos
aliados, como os generais Augusto Heleno, Braga Netto, Paulo Sérgio, e o
almirante Almir Garnier, além de ex-assessores como Marcelo Câmara e Filipe
Martins. O grupo desses aliados sente-se agora em uma situação delicada, pois,
ao tentar justificar suas ações com base em medidas constitucionais, como a
decretação de Estado de Defesa, Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e o uso do
artigo 142 da Constituição, vêem sua posição sendo enfraquecida pela postura
passiva de Bolsonaro. A linha de defesa sugere que Bolsonaro, ao buscar por
fraudes nas urnas após a vitória de Lula, algo que nenhuma auditoria conseguiu
comprovar, nunca teve a intenção de promover um golpe.
Esse cenário gerou ainda mais tensão, com os
antigos aliados lembrando de sugestões, planos e comunicações que circulavam
naquele período, incluindo mensagens de WhatsApp e minutas de possíveis ações,
sempre com o aval do ex-mandatário. Em suas conversas, esses aliados afirmam
que suas intenções eram jurídicas e constitucionais, mas a versão de Bolsonaro,
de que ele não estava envolvido diretamente nos planos, tem gerado divisões
internas e um sentimento crescente de traição entre aqueles que estiveram ao seu
lado.
A
defesa de Jair Bolsonaro não se posicionou sobre o caso.
• Advogado refuta
envolvimento de 'kid preto' em plano para matar Lula e diz que 'ele é bode
expiatório'
O
advogado do tenente-coronel Rodrigo Bezerra Azevedo, Jeffrey Chiquini, se
manifestou nesta sexta-feira (29) em entrevista ao UOL, refutando as acusações
de que seu cliente estaria envolvido no plano Punhal Verde e Amarelo,
orquestrado para matar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o
vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do Supremo Tribunal Federal
(STF), Alexandre de Moraes. Segundo o advogado, Azevedo foi preso pela Polícia
Federal de forma injusta, sendo considerado um "bode expiatório" para
implicar as Forças Especiais (FE) do Exército, os chamados “kids pretos”,
unidade de elite da qual fazia parte.
Azevedo,
que se encontra detido desde a semana passada no Rio de Janeiro, é acusado pela
PF de ter participado do plano junto com outros indivíduos, como o policial
federal Wladimir Matos Soares, o general da reserva Mario Fernandes e os
tenentes-coronéis Hélio Ferreira Lima e Rafael Martins de Oliveira. O suposto
objetivo do grupo seria "impedir a posse do governo legitimamente
eleito" e restringir o funcionamento da democracia e do Poder Judiciário
brasileiro, conforme as investigações.
Na
entrevista, o advogado de Azevedo, no entanto, negou qualquer envolvimento do
tenente-coronel e das Forças Especiais no plano. "Ele não participou e não
tinha conhecimento", afirmou Chiquini, destacando que, caso houvesse tal
plano, as Forças Especiais não teriam envolvimento.
As
FE, também conhecidas como "kids pretos", são especializadas em
operações de alto risco e foram associadas pela PF à execução do plano, que
teria sido articulado por militares aliados de Jair Bolsonaro (PL).
O
único vínculo que a Polícia Federal aponta entre Azevedo e o plano seria o uso
de seu celular, que, segundo o advogado, se tornou a "única ponta" a
vincular as Forças Especiais à trama. "Acusam ele por causa de um celular
que estão tentando incluir [na investigação]. Por isso, ele é o bode
expiatório", afirmou Jeffrey Chiquini.
De
acordo com a PF, Azevedo teria atuado na operação "Copa 2022", parte
do Punhal Verde e Amarelo, com o objetivo de matar o ministro Alexandre de
Moraes. Durante o planejamento dessa operação, Azevedo usava o codinome
"Brasil", e sua comunicação era feita por meio do aplicativo Signal,
que garante segurança e criptografia. Para dificultar a identificação, o
tenente-coronel teria utilizado linhas telefônicas registradas em nome de
terceiros e trocado frequentemente de chips e aparelhos.
O
celular usado na operação "Copa 2022" teria o número de identificação
Imei 866876054007113, e após a operação, Azevedo passou a utilizar um novo
aparelho associado a uma linha telefônica em seu nome, conforme a investigação.
O militar prestou um depoimento de quatro horas à PF nesta quinta-feira (28),
onde negou qualquer participação no plano e declarou que não pretende firmar um
acordo de delação premiada, como afirmou seu advogado: "Nada de delação,
que é coisa de culpado."
Rodrigo
Bezerra Azevedo foi preso preventivamente durante a operação Contragolpe, em 19
de novembro, mas, apesar da detenção, não figura entre os 37 indiciados pela PF
por crimes como golpe de Estado e organização criminosa. Ainda segundo a
reportagem, Chiquini convocou uma coletiva de imprensa para detalhar as
circunstâncias que levaram a PF a associar o celular de Azevedo às Forças
Especiais do Exército.
• Grupo golpista discutiu
instalação de 'campo de prisioneiros de guerra' e fez referência a Auschwitz
Em
uma conversa do grupo de Whatsapp organizado pelo tenente-coronel Mauro Cid
para tratar sobre a tentativa de golpe de Estado no Brasil, militares
discutiram a instalação de um campo de prisioneiros de guerra, informa O Globo.
Os diálogos estão no relatório final apresentado pela Polícia Federal sobre
inquérito do golpe, divulgado na última terça-feira (26).
No
dia 19 de novembro de 2022, um major perguntou ao grupo sobre a instalação de
um “CPG”, que segundo a PF significa “Campos de Prisioneiros de Guerra”.
“Alguém tem algum planejamento ou viu em algum momento a condução de um cpg sem
aparelhos? Caso sim, chamar no privado”, questionou. Em resposta, o
tenente-coronel Rafael Martins de Oliveira, que foi um dos indiciados,
escreveu: “Auschwitz!!”.
"Auschwitz
é o nome do mais mortal e famoso campo de concentração nazista onde foram
assassinadas um milhão de pessoas23 (a grande maioria formada por cidadãos
judeus)", diz o relatório da PF.
O
grupo, intitulado “Dosssss!!!”, era formado por militares “kids pretos” que
tramaram a prisão e o assassinato do presidente Lula (PT), do vice-presidente
Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal
Federal (STF). Em outro momento do mesmo dia, o major que perguntou sobre o
campo de prisioneiros fez um comentário com referências pejorativas usadas para
atacar Moraes. “Vai ter careca arrastado por blindado em Brasília?”, escreveu.
O major que fez os comentários não foi indiciado pela PF.
Fonte:
Fórum/Brasil 247
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