José
Reinaldo Carvalho: O povo palestino vencerá!
29
de novembro, é o Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino,
instituído pela Organização das Nações Unidas. A celebração desta data é um
momento para reiterar o compromisso com os valores da paz, da justiça e da
solidariedade internacional e homenagear a resistência, a coragem e o heroísmo
do povo palestino. Em todo o mundo realizam-se ações dedicadas a esse povo
irmão, inclusive pelas Nações Unidas, para além dos movimentos
internacionalistas de solidariedade.
Em
29 de novembro de 1947, a Assembleia Geral da ONU aprovou o Plano de Partilha
da Palestina. Em tese, seriam criados o Estado israelense e o Estado palestino.
Tal não ocorreu. Na verdade, ali se iniciava o martírio dos palestinos.
O
Plano de Partilha da Palestina foi injusto. Acarretou a expulsão de cerca de
800 mil palestinos dos seus lares. Estabeleceu a entrega à minoria colonialista
judaica, proveniente em sua esmagadora maioria de países centro-europeus, de
mais da metade da Palestina e as terras mais férteis. Como se não bastasse, o
Estado sionista desde então expandiu incessantemente o seu território, ocupando
hoje 82% da Palestina original. E o fez mediante guerras, a expulsão
sistemática dos palestinos das suas terras, operações de cerco e aniquilamento
e um novo tipo de apartheid, com o muro de separação entre Jerusalém e a
Cisjordânia, onde cresce o número de colônias declaradas ilegais pela própria
ONU.
A
região do Oriente Médio e especialmente a Palestina tornou-se cenário da
implantação de um movimento expansionista e colonialista de origem europeia,
que se concretizou pela imposição do Estado sionista e suas políticas
agressivas. Desde sua criação até os dias de hoje, esse Estado, que se comporta
como pária no concerto internacional, expande-se por meio da guerra, da
repressão e da ocupação, martirizando a população palestina, mediante a limpeza
étnica. Um genocídio continuado.
Ao
longo do tempo, o sofrimento palestino apenas se aprofundou. A ocupação militar
iniciada em 1967, após a Guerra dos Seis Dias, consolidou o controle israelense
sobre a Cisjordânia, Gaza e Jerusalém Oriental. A continuação de uma política
de colonização sistemática tem desafiado reiteradamente o direito
internacional, desconsiderando resoluções como a 242, que exige a retirada
israelense dos territórios ocupados, e a 338, que reforça o apelo por
negociações de paz baseadas na coexistência pacífica de dois Estados.
A
propaganda israelense esforça-se por negar o caráter colonialista e
imperialista do empreendimento sionista porque se trata de uma história
incômoda, de causar horripilantes sobressaltos. Afinal, como confessar crimes
de lesa-humanidade e violações do direito internacional quando se pretende
posar de campeões do humanismo e da democracia? Por óbvio, a aceitação da tese
imperialista e colonialista conduz automaticamente a confessar esses crimes,
para os quais no fundo sabem que não há remissão.
Nos
dias atuais, a situação alcançou um patamar alarmante. Ataques incessantes,
bloqueios e violações dos direitos humanos configuram um genocídio em curso. Em
Gaza, uma das regiões mais densamente povoadas do mundo, civis sofrem as
consequências devastadoras de ofensivas militares, enquanto um cruel bloqueio à
ajuda humanitária é a expressão horrenda do uso da fome e a imposição de
condições inumanas à população como arma de guerra e extermínio. Durante o
genocídio em curso, o estado agressor israelense matou com seus bombardeios
cerca de 50 mil pessoas, sendo um terço destas mulheres e crianças. Há um
número não contabilizado de pessoas desaparecidas sob escombros e mais de uma
centena de milhar de feridos. Em sua sanha assassina, os agressores liquidaram
a infraestrutura urbana de Gaza, destruíram hospitais, escolas, mesquitas,
igrejas, centros culturais, instalações de comunicação, escritórios da ONU e de
suas agências humanitárias. Assassinaram jornalistas, professores, diplomatas,
médicos e demais trabalhadores do sistema de saúde.
A
propaganda sionista acusa os seus opositores de pretenderem “remover Israel do
mapa”. Recorrem ao velho método nazista, apropriado pelo aparato ideológico
sionista, de amaldiçoar seus adversários como antissemitas. Neste afã, para
além de exibir seus preconceitos, explicita o alinhamento, ao analisar a
geopolítica do Oriente Médio, com os países imperialistas e seus partidários na
região.
Partindo
de premissas falsas, a entidade estatal sionista, sendo indubitavelmente uma
ameaça à paz e à soberania dos povos e países da região e recorrente na prática
da limpeza étnica, é simultaneamente um obstáculo a qualquer solução política
para a questão palestina. O argumento dos agressores é a primazia da
“segurança” de Israel, concebida como a negação do direito à existência do povo
palestino e à conquista do seu Estado livre, independente e soberano.
A
conquista da paz na Palestina e em todo o Oriente Médio pressupõe o cumprimento
das resoluções da ONU e a proclamação do Estado Palestino, livre e soberano,
tendo Jerusalém Oriental como capital, e com as fronteiras existentes em 4 de
junho de 1967, fronteiras estas reconhecidas internacionalmente. Não haverá paz
na Palestina, em Israel e em todo o Oriente Médio enquanto não se estabelecer
plenamente um Estado palestino.
Isto
requer ainda a retirada de todos os colonos, verdadeiros usurpadores, dos
territórios palestinos ocupados e a derrubada do muro de separação. Igualmente
é necessário e urgente libertar os prisioneiros políticos palestinos detidos em
prisões israelenses e implementar uma solução justa ao problema dos refugiados,
de acordo com a resolução 194 da ONU.
Diante
desse contexto, é dever dos movimentos internacionalistas de solidariedade, das
forças democráticas e progressistas e dos governos que se empenham pela paz e a
justiça no plano internacional exigir o fim imediato do martírio do povo
palestino e apelar por um cessar-fogo imediato e permanente que ponha fim ao
massacre dos sionistas contra o povo palestino. É necessário defender a
implementação urgente de soluções baseadas nas resoluções da ONU e nos
princípios do direito internacional, que reconheçam o direito do povo palestino
a um Estado independente, soberano e viável, com base nas fronteiras de 1967 e
com Jerusalém Oriental como sua capital.
Ao
mesmo tempo, é necessário denunciar e condenar as forças que perpetuam a
opressão - o regime sionista e o imperialismo estadunidense que lhe dá
sistemático apoio econômico, militar e político. O apoio irrestrito do
imperialismo estadunidense ao regime sionista é um obstáculo à paz, que só
poderá ser removido com resistência e luta.
É
decisivo nesse esforço a resistência do povo palestino, por todos os meios que
estiverem ao seu alcance. A resistência é um testemunho da resiliência e da
determinação de um povo que se recusa a desaparecer. É dever dos movimentos de
solidariedade em todo o mundo amplificar suas vozes e apoiar a legítima causa
da libertação da Palestina.
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Israel e Líbano trocam
acusações de violações do cessar-fogo
Forças
israelenses e o grupo islamista Hezbollah se acusaram mutuamente nesta quinta-feira (28/11) de
violações do cessar-fogo iniciado no dia anterior, após 14 meses de violentos confrontos ao
longo da fronteira entre Israel e Líbano.
Autoridades
libanesas relataram incidentes esparsos no sul do país com ataques de morteiros
e bombardeios. Tiros disparados por soldados israelenses feriram duas pessoas
que tentavam retornar ao sul do Líbano.
A
imprensa estatal libanesa disse que os feridos eram civis, enquanto o Exército
de Israel os descreveu como pessoas suspeitas de violar os termos do
cessar-fogo. A mídia local relatou que disparos realizados por tanques
israelenses atingiram vilarejos e fazendas no sul do país, sem causar vítimas.
Os
episódios de violência refletem a fragilidade do cessar-fogo que, ainda assim,
pareceu se manter durante esta quinta-feira, enquanto tropas libanesas
começavam a se posicionar em partes do sul do país, no leste do Vale do Bekaa e
nos subúrbios ao sul de Beirute.
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Obstáculos ao retorno dos civis
O
Exército libanês informou a montagem de postos de controle temporários e ações
para explodir munições não detonadas na esperança de ajudar os civis
desabrigados a retornarem para suas casas.
Cerca
de 1,2 milhão de pessoas deixaram seus locais de residência no Líbano desde o
início do conflito. Após a implementação do cessar-fogo, milhares de pessoas começaram retornar para suas casas nas regiões devastadas pela guerra.
Ainda
assim, essa movimentação enfrenta algumas limitações. Os militares
libaneses e israelenses ordenaram que os civis de comunidades próximas à
fronteira entre os dois países se mantivessem afastados das áreas onde tropas
israelenses ainda estão posicionadas.
O
Exército libanês acusou Israel de romper o cessar-fogo diversas vezes nesta
quinta-feira ao conduzir ataques e patrulhar o espaço aéreo do país com drones
e caças. Os militares libaneses disseram que acompanharam as violações "em
coordenação com as autoridades relevantes", sem fornecer maiores
informações.
O
Hezbollah não mencionou diretamente o cessar-fogo, mas destacou em nota
divulgada na noite de quarta-feira que seus combatentes "permanecem
totalmente equipados para lidar com as aspirações e ataques do inimigo
israelense".
O
parlamentar do grupo xiita Hassan Fadlallah reconheceu os incidentes desta
quinta-feira."O inimigo israelense está atacando os que retornam às
comunidades da fronteira", disse Fadlallah. "Há violações de Israel
hoje por toda parte."
Ao
ser perguntado sobre como o Hezbollah reagiria, ele demonstrou cautela e
lembrou que o grupo tem direito à autodefesa, mas, ao mesmo tempo, não
deseja "apressar as coisas".
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Israel bombardeia depósito de mísseis
Ao
mesmo tempo, as forças israelenses também acusaram o Hezbollah de violar
diversas vezes a trégua. Soldados israelenses teriam sido mobilizados nas
últimas horas para impedir que membros da milícia avançassem para o sul do
Líbano.
Israel
confirmou a realização de seu primeiro ataque aéreo desde o início da trégua.
Seus aviões bombardearam uma instalação do Hezbollah no sul do Líbano onde
teriam sido identificadas "atividades terroristas para armazenar mísseis
de médio alcance", em violação ao acordo.
O
Exército israelense relatou que suas tropas abriram fogo contra "vários
suspeitos" que chegaram em veículos a determinadas áreas no sul do Líbano
em supostas violações à trégua.
Os
israelenses impuseram um toque de recolher noturno para moradores libaneses ao
sul do rio Litani, proibindo qualquer movimentação entre as 17h desta
quinta-feira até as 7h de sexta-feira, no horário local.
Anunciada
na terça-feira à noite, o acordo entre Israel e o Hezbollah, apoiado pelo Irã e
intermediado pelos Estados Unidos e França, estabelece um cessar-fogo inicial
de dois meses segundo o qual os militantes devem se retirar para o norte do Rio
Litani – a cerca de 30 quilômetros da fronteira – e as forças israelenses devem
retornar ao seu território.
A
zona neutra próxima à fronteira no sul do Líbano é patrulhada por tropas
libanesas e forças de paz da ONU. As autoridades em Beirute alertaram os
moradores da região a não retornarem a suas casas antes da retirada total dos
soldados israelenses da região.
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14 meses de conflito
Desde
o início das hostilidades entre Israel e o Hezbollah em 8 de outubro de 2023 –
dia seguinte aos ataques mortais do Hamas contra Israel, que desencadearam
a guerra na Faixa de Gaza –, o
saldo no Líbano é de mais de 3.800 mortos e 15,8 mil feridos por ofensivas
israelenses.
Cerca
de 3.100 dessas mortes ocorreram após 23 de setembro, com o início da campanha
de bombardeios em ampla escala por Israel, que atingiu sobretudo comunidades no
sul e leste libaneses, bem como o subúrbio muçulmano de Dahieh, no sul de Beirute.
A
violência obrigou mais de 1,2 milhão de cidadãos a abandonarem suas casas, dos
quais mais da metade migrou para a Síria, segundo o governo libanês. Em Israel,
por outro lado, as hostilidades dos últimos 14 meses matou 78, entre os quais
47 civis, e forçou 60 mil a abandonarem seus lares.
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Netanyahu: se trégua
for rompida, Israel está de prontidão para guerra de larga escala no Líbano
Israel
está de prontidão para uma guerra de grandes proporções no Líbano se o
movimento xiita Hezbollah frustrar o atual cessar-fogo.
É o
que disse, nesta quinta-feira (28), o primeiro-ministro israelense Benjamin
Netanyahu, acrescentando que o Exército já está ciente desse status.
"Usaremos
o cessar-fogo. Não falei sobre o fim da guerra, falei sobre o cessar-fogo […].
Pode ser curto […]. Estamos usando a força. […] dei uma ordem às Forças de
Defesa de Israel [FDI] para iniciar uma guerra em larga escala em caso de
violação grave desse esquema de cessar-fogo", disse Netanyahu à emissora
israelense Channel 14.
Segundo
o primeiro-ministro israelense, o cessar-fogo será usado para rearmamento e
repor forças.
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Desenvolvimento da crise no Oriente Médio
Em
7 de outubro de 2023, Israel foi alvo de um ataque de foguetes sem precedentes
a partir da Faixa de Gaza.
Depois
disso, combatentes do movimento palestino Hamas se infiltraram nas áreas de
fronteira, abriram fogo contra militares e civis e fizeram mais de 200 reféns.
De
acordo com as autoridades, cerca de 1,2 mil pessoas foram mortas nessa ocasião.
As
FDI lançaram, em resposta, a operação Espadas de Ferro na Faixa de Gaza,
incluindo ataques a alvos civis.
Israel
anunciou um bloqueio completo do enclave: o fornecimento de água, eletricidade,
combustível, alimentos e medicamentos foi interrompido.
Dezenas
de milhares de pessoas foram mortas e muito mais ficaram feridas.
O
movimento político armado do Líbano Hezbollah, que de fato tem suas próprias
Forças Armadas, iniciou bombardeios contra posições do Exército israelense no
norte de Israel em solidariedade ao povo palestino.
Em
17 e 18 de setembro de 2024, equipamentos pessoais de comunicação pertencentes
ao Hezbollah, primeiro pagers e depois walkie-talkies, explodiram
simultaneamente em diferentes partes do Líbano.
Desde
o final de setembro, Israel começou a bombardear sistematicamente posições do
Hezbollah no Líbano, inclusive áreas civis na capital do país, Beirute.
Como
resultado das hostilidades na região, centenas de milhares de pessoas tiveram
que deixar suas casas, foram mortas ou ficaram feridas.
Fonte:
Brasil 247/DW Brasil/Sputnik Brasil
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