quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Gilmar Mendes rebate Flávio Bolsonaro e diz que 'foi plano de execução, e não mera cogitação'

Em meio à operação Contragolpe da Polícia Federal (PT) que revelou um plano para assinar o então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), além do vice Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do STF Alexandre de Moraes, o senador Flávio Bolsonaro (PL) afirmou que conspiração "não é crime".

O filho do ex-presidente Jair Bolsonaro ainda declarou que "por mais que seja repugnante pensar em matar alguém, isso não é crise". Já o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, rebateu a fala em entrevista à Globo News e afirmou que as investigações mostram que foi um "plano de preparação e execução".

"A mera cogitação, em princípio, não é punível. Atos preparatórios, por muitas vezes, se confundem com a execução. Em se tratando de crimes contra segurança do Estado ou nacional, a legislação muitas vezes é mais severa quanto a isso. De modo que não se pode banalizar, não se trata de mera 'cogitacium' [do latim, cogitar], nós estamos já num plano de preparação e execução", declarou Medes.

Ao todo, já foram presas cinco pessoas acusadas de terem planejado o golpe de Estado para impedir a posse do presidente Lula após vencer as eleições em outubro de 2022. Entre os detidos, estão o tenente coronel Hélio Ferreira Lima, que estava à frente da 3ª Companhia de Forças Especiais em Manaus até fevereiro deste ano, o general e ex-ministro interino da Secretária-Geral no governo Bolsonaro, Mário Fernandes, além do major major das Forças Especiais do Exército Rafael Martins de Oliveira, o policial federal Wladimir Matos Soares e major Rodrigo Bezerra de Azedo. Entre os detidos, dois faziam a segurança de autoridades durante a cúpula do G20 no Rio de Janeiro.

Mendes comentou ainda que há possibilidade de envolvimento de mais militares de alta patente e condenou qualquer possibilidade de anistia dos crimes. "Devo dizer que me enganei na minha análise. Cheguei a dizer que, após as eleições, tudo transcorreu dentro de uma normalidade, não tivemos ninguém questionando urna eletrônica. Ninguém imputou falta à urna eletrônica. Eu achava que a gente estava, pelo menos do ponto de vista político, retornando a uma normalidade. Vejo que me enganei", acrescentou.

Já o jornal O Globo revelou ainda que o general Mário Fernandes se reuniu com o então presidente Bolsonaro em 8 de dezembro de 2022, um mês após o início do planejamento do plano de assassinato contra Lula, Alckmin e Moraes. O material, nomeado como Punhal Verde Amarelo, chegou a ser impresso e o ex-ajudante de ordens Mauro Cid enviou um áudio em que confirmava que Bolsonaro teria aceitado o "assessoramento" do grupo.

<><> Gabinete de crise após assassinatos

O núcleo militar do então governo Bolsonaro ainda teria sugerido criar um gabinete institucional de crise que seria liderado pelos generais Augusto Heleno, ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI), e Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil e candidato a vice na chapa à reeleição. Já o arcabouço jurídico da situação ficaria a cargo do Superior Tribunal Militar.

"As ações demonstram um detalhado plano de atuação que envolve técnicas de anonimização, monitoramento clandestino e emprego ilícito de recursos públicos. Para a corporação, os dados obtidos pela investigação justificam a adoção das medidas cautelares executadas na manhã desta terça por meio da Operação Contragolpe", relata documento enviado pelo ministro Alexandre de Moraes à PF.

Plano para matar Lula só não ocorreu por detalhe, diz ministro

O ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Paulo Pimenta, comentou a investigação da PF e as informações sobre o plano para matar Lula, Alckmin e Moraes. Segundo ele, a iniciativa "só não ocorreu por detalhe".

"Estamos falando de uma ação concreta, objetiva, que traz elementos novos, extremamente graves, sobre a participação de pessoas do núcleo de poder do governo Bolsonaro no golpe que tentaram executar no Brasil, impedindo a posse do presidente e do vice-presidente eleitos", disse, em entrevista coletiva realizada em meio à programação do G20, no Rio de Janeiro.

Pimenta lembrou ainda de acontecimentos que antecederam o 8 de janeiro de 2023, sugerindo que há relações entre os eventos.

"Vocês lembram que nesse período houve a tentativa de explosão do caminhão próximo ao aeroporto [de Brasília]. Tudo isso acabou culminando no 8 de Janeiro. São fatos que se relacionam entre si, os personagens são os mesmos, os mesmos personagens que financiaram a presença dos acampados em frente aos quartéis estão envolvidos também nesses episódios."

<><> Envenenamento e tiro entre opções

De acordo com informações do portal UOL, a PF encontrou em um HD externo apreendido com o general Mario Fernandes um documento que lista várias opções para assassinar Lula, Alckmin e Moraes.

Em trechos do documento golpista, havia tópicos de armas específicas que poderiam ser usadas para alvejar Moraes e sua equipe. Entre as opções estava a metralhadora M249, um lança-granadas e um lança-misseis AT4.

O documento também trazia detalhes sobre a execução de Alckmin e Lula, considerando inclusive a opção de envenenamento para atentar contra a vida do então presidente eleito.

•                                    'Não é crime', afirma Flávio Bolsonaro após prisão de militares que conspiravam para assassinar Lula

A Polícia Federal (PF) executou nesta terça-feira (19) a operação Contragolpe. Foram presos quatro militares e um agente da PF que, em 2022, planejaram o assassinato do então eleito presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu vice, Geraldo Alckmin, e o juiz Alexandre de Moraes. A notícia repercutiu com gravidade por Brasília.

Dentre os presos, três dos quatro militares eram da ativa: os tenentes-coronéis do Exército Hélio Ferreira Lima, Rafael Martins de Oliveira e Rodrigo Bezerra de Azevedo, integrantes dos chamados "kids pretos" — unidade de elite especializada em operações sigilosas como sabotagem, contraguerrilha e contraterrorismo.

O quarto militar, da reserva, é o general de Brigada Mario Fernandes, ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência durante a gestão de Jair Bolsonaro e, também, integrante dos kids pretos.

Já o policial federal preso é Wladimir Matos Soares, que, de acordo com o processo, teria repassado informações da escolta de Lula aos golpistas.

Segundo o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que autorizou as prisões, Mario Fernandes e seus cúmplices conspiraram para desenhar um plano chamado "Punhal Verde e Amarelo", com o intuito de derrubar a chapa eleita em 2022, além do próprio ministro do STF. Os assassinatos estavam planejados para ocorrer em 15 de dezembro de 2022.

Segundo as investigações da PF, um gabinete de crise comandado pelos generais Braga Netto e Augusto Heleno seria instalado após a morte de Lula, Alckmin e Moraes. Os generais, na época, ocupavam o cargo de candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro e ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) no governo.

O plano, aponta o inquérito, foi discutido na casa de Braga Netto em 12 de novembro daquele ano. À época, a casa do general se tornou ponto de encontro de muitos opositores, militares e políticos da chapa eleita para questionar o resultado das eleições. A movimentação da residência era tão grande que foi apelidada pela mídia de "QG do Golpe".

<><> Repercussões políticas

A notícia das prisões repercutiu por Brasília. O presidente do Senado e do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou ser "extremamente preocupante" a existência de um plano desse tipo.

"Não há espaço no Brasil para ações que atentam contra o regime democrático e, menos ainda, para quem planeja tirar a vida de quem quer que seja. Que a investigação alcance todos os envolvidos para que sejam julgados sob o rigor da lei."

Já o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, descreveu que o plano Punhal Verde e Amarelo, o atentado cometido por Tiu França na semana passada e os "crimes do 8 de Janeiro" fazem parte do estímulo de uma corrente da extrema-direita à violência e aos ataques à democracia.

"Não vamos titubear em apurar e punir seus autores. Sem anistia!"

O líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (PT-AP), repetiu o lema "Sem anistia!" de Padilha, afirmando ainda que "o antídoto ao ódio é o Estado Democrático". O mesmo foi feito pela presidente do Partido dos Trabalhadores, Gleisi Hoffmann (PT-PR), que acrescentou:

"Lembrem que os cinco são servidores públicos, com o conhecimento técnico-militar que aprenderam através do Estado, atentando contra a democracia e a vida. Esse foi o tamanho da nossa vitória em 2022."

Em entrevista à GloboNews, o atual ministro da Secretaria-Geral da presidência, Márcio Macêdo, destacou que é preciso ser "rigoroso com esses bandidos".

"Agentes de Estado que agem contra a democracia é coisa de bandido, de delinquente; […] têm que ser tomadas as providências no rigor da lei. Não tem tolerância para aqueles que atentam contra o Estado Democrático de Direito."

Paulo Teixeira, ministro do Desenvolvimento Agrário, ligou os atentados ao ex-presidente Jair Bolsonaro. "É preciso chegar em quem estava no topo desse absurdo. Ainda falta um: Jair Bolsonaro."

Jorge Messias, ministro da Advocacia-Geral da União, elogiou a ação da PF, afirmando que "o competente trabalho da nossa Polícia Judiciária coloca no centro da cena golpista o entorno mais próximo do ex-mandatário."

"O 8 de Janeiro, como já disse, não foi um passeio dominical. Foi resultado de uma ação meticulosamente planejada por quem odeia a democracia e buscou dar um golpe contra o Estado de Direito. Vou repetir Ulysses Guimarães: 'Temos ódio e nojo à ditadura.' Não passarão."

<><> Oposição alega perseguição política

Bia Kicis (PL-DF), líder da minoria na Câmara dos Deputados, e Carla Zambelli (PL-SP) afirmaram que as prisões são ilegais. Para Kicis, estão perseguindo os militares por crimes cometidos pelo próprios integrantes do governo. Já Zambelli afirmou que o governo "não segue a lei faz tempo".

"E pior é quererem ver a montagem de cortinas de fumaça para tentar ligar isso ao nosso presidente [Jair Bolsonaro]. É repugnante."

Filho do ex-presidente e senador pelo Rio de Janeiro, Flávio Bolsonaro declarou que, "por mais que seja repugnante pensar em matar alguém, isso não é crime".

"Para haver uma tentativa, é preciso que sua execução seja interrompida por alguma situação alheia à vontade dos agentes, o que não parece ter ocorrido."

Flávio Bolsonaro lembrou que ele é autor de um projeto de lei que criminaliza o ato preparatório de crime que implique a lesão ou morte de três ou mais pessoas. "Pois hoje isso simplesmente não é crime. Decisões judiciais sem amparo legal são repugnantes e antidemocráticas."

 

¨      PF investiga se Dino também era alvo do plano assassino de militares golpistas bolsonaristas

jornalista Mônica Bergamo revelou que a Polícia Federal (PF) está aprofundando as investigações sobre um plano macabro que envolvia militares com o intuito de assassinar autoridades e impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Além de Lula, o então vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, estavam entre os alvos. Agora, as investigações se voltam para determinar se Flávio Dino, na época senador eleito e indicado para comandar o Ministério da Justiça, também figurava como um dos objetivos da conspiração, segundo sua coluna na Folha de S. Paulo.

Apelidado de "Juca" em documentos apreendidos, Dino, hoje ministro do STF, pode ter sido considerado uma peça-chave a ser "neutralizada" pela operação. A PF encontrou um detalhamento com três páginas que mencionava os alvos sob codinomes e que teria sido impresso no Palácio do Planalto em novembro de 2022. A suspeita é de que o material, posteriormente, foi levado ao Palácio da Alvorada, onde residia o então presidente Jair Bolsonaro (PL).

O plano atribuía a Lula o codinome "Jeca", sugerindo um possível envenenamento ou colapso orgânico devido à vulnerabilidade de sua saúde na época. A morte de Lula, segundo os envolvidos, abalaria a chapa vencedora e causaria um forte impacto político. Alckmin, por sua vez, foi identificado como "Joca", com menção à extinção da chapa e a impossibilidade de um substituto automático que pudesse assumir a presidência.

<><> A ameaça à democracia e a resposta da justiça

Alexandre de Moraes, relator do caso no STF, revelou em uma decisão tornada pública que a PF havia solicitado a prisão preventiva de cinco suspeitos, incluindo um general da reserva, como parte das investigações sobre o planejamento do golpe. A Procuradoria-Geral da República (PGR) também deu seu aval, reforçando as evidências de um plano bem articulado e com ameaças concretas ao Estado Democrático de Direito.

Entre os investigados estão militares do Exército com formação em Forças Especiais e um agente da Polícia Federal. O plano, codinome "Copa 2022", incluía ações como vigilância e possível detenção ou eliminação de figuras estratégicas do novo governo. Conversas obtidas de dispositivos do ex-ajudante de ordens da Presidência, Mauro Cid, apontam para a preparação meticulosa das ações, envolvendo também o coronel Marcelo Câmara.

Os detidos, incluindo Hélio Ferreira Lima, Rafael Martins de Oliveira, Rodrigo Bezerra Azevedo, Mário Fernandes e Wladimir Matos Soares, foram alvo de medidas que vão desde a busca e apreensão de dispositivos eletrônicos até a suspensão de funções públicas e a entrega de passaportes. Moraes destacou que essas ações são "necessárias e adequadas" para garantir a investigação completa e proteger a democracia.

A operação revela uma tentativa audaciosa e altamente organizada de subversão, evidenciando como a ameaça ao sistema democrático foi mais profunda e calculada do que se supunha inicialmente.

 

¨      Braga Netto e Heleno devem ser os próximos alvos da Polícia Federal

Os generais reformados Braga Netto e Augusto Heleno, ex-integrantes do governo Jair Bolsonaro, estão sob os holofotes das investigações da Polícia Federal e são apontados como os próximos possíveis alvos das autoridades. De acordo com reportagem assinada pela jornalista Monica Gugliano, do jornal O Estado de S. Paulo, ambos aparecem em depoimentos como os grandes articuladores de um golpe de Estado que teria sido planejado por um grupo de militares.

A operação que desencadeou essas expectativas ocorreu nesta terça-feira, com a prisão de um general reformado, três integrantes das Forças Especiais – conhecidos como "kids pretos" – e um policial federal. Os suspeitos são acusados de planejar um golpe de Estado e o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes. A decisão judicial que autorizou as prisões se baseou em um robusto inquérito da Polícia Federal, com mais de 200 páginas detalhando nomes, codinomes, diálogos interceptados e até armamentos que seriam usados no ataque.

<><> Investigação expõe alto escalão

Nos depoimentos mais recentes, o tenente-coronel Mauro Cid destacou o papel de Braga Netto e Heleno como coordenadores do plano golpista, embora o movimento tenha sido frustrado pelo Alto Comando do Exército, que, em sua maioria, rejeitou a conspiração. O general Mário Fernandes, ex-secretário-executivo da Presidência durante o governo Bolsonaro, também está implicado. Segundo a investigação, Fernandes chegou a imprimir documentos detalhando o plano dentro do Palácio do Planalto.

O inquérito revelou ainda o uso de celulares descartáveis, diálogos minuciosamente interceptados e a posse de armamentos pesados, como metralhadoras e uma espécie de lança-rojão. A gravidade das acusações reforça a possibilidade de medidas mais duras contra Heleno e Braga Netto.

<><> Movimentações suspeitas e silêncio

Enquanto o cerco se fecha, Braga Netto permanece recluso, limitando-se a movimentações pontuais, como sua recente candidatura a vereador. Já o general Heleno optou por um comportamento ainda mais discreto, praticamente desaparecendo dos holofotes e mantendo-se em casa.

O caso também trouxe à tona relatos de comportamentos aparentemente desconectados de figuras próximas ao núcleo investigado. O general Luiz Eduardo Ramos, que ocupava cargo no alto escalão durante o governo Bolsonaro, teria se mantido alheio às atividades suspeitas de Fernandes, aproveitando viagens pela Europa com a esposa, como mostrado em suas redes sociais.

<><> Contexto político e implicações

A operação da Polícia Federal reflete um novo capítulo de tensões envolvendo a política brasileira e o papel de militares no governo Bolsonaro. A decisão do ministro Alexandre de Moraes expõe uma tentativa de preservar a estabilidade democrática e combater movimentos que visam desestabilizar instituições. Enquanto isso, a cúpula militar observa com apreensão o desdobramento das investigações, reconhecendo que figuras como Heleno e Braga Netto podem ser formalmente responsabilizadas nos próximos passos do processo.

 

Fonte: Sputnik Brasil/Brasil 247

 

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