Agência da
UE aprova novo tratamento contra o Alzheimer
A
busca por um tratamento eficaz contra o Alzheimer tem ocupado pesquisadores há
décadas, mas os avanços até agora têm sido tímidos. E embora a cura ainda
esteja longe, uma nova droga promete retardar a evolução da doença em seu
estágio inicial: o Lecanemab, um anticorpo monoclonal.
O
medicamento atua se ligando aos amiloides, reduzindo a formação de placas da
proteína anormal no cérebro de pacientes com Alzheimer.
Nos
Estados Unidos, o tratamento foi aprovado em 2023 pelo órgão regulador
responsável, a FDA. Na União Europeia, foi primeiro barrado em julho de 2024
pela EMA, que alegou alto risco de efeitos colaterais graves, mas acabou
liberado nesta quinta-feira (14/11) após reavaliação – embora somente para
pacientes com risco menor.
Segundo
reportagem publicada pelo jornal americano New York Times, o medicamento,
vendido sob o nome Leqembi, tem benefício limitado: desacelera o declínio
cognitivo em pacientes por cerca de cinco meses. Ao mesmo tempo, pode causar
inchaços e hemorragias cerebrais graves.
Especialistas
ouvidos pelo NYT também disseram temer que os riscos associados ao uso desse
tipo de droga anti-amiloide ainda não sejam totalmente compreendidos.
A
comercialização do Leqembi na UE ainda depende do aval da Comissão Europeia.
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Por que o tratamento contra o Alzheimer ainda patina?
Cerca
de 55 milhões de pessoas no mundo sofrem alguma forma de demência, categoria
que inclui o Alzheimer. Destas, dois terços vivem em países em desenvolvimento.
Com o envelhecimento da população, espera-se que esse número chegue a 139
milhões até 2050, com crescimento particularmente significativo na China,
Índia, América do Sul e na África Subsaariana.
O
desenvolvimento de medicamentos eficazes é desafiador porque muitos processos
cerebrais relacionados ao Alzheimer ainda não são totalmente compreendidos,
incluindo a razão pela qual as células cerebrais morrem em pessoas com a
doença.
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Cientistas conseguiram evitar morte de células no cérebro
Pessoas
com Alzheimer têm um acúmulo de proteínas anormais no cérebro – conhecidas como
amiloide e tau. Mas até recentemente não se sabia qual era a relação direta
entre essas proteínas.
Pesquisadores
belgas e britânicos acreditam ter desvendado esse mistério. Um estudo publicado
na revista científica Science aponta um elo direto entre proteínas anormais que
se acumulam no cérebro e a necroptose, um tipo de morte celular.
A
necroptose normalmente atua em processos de defesa imunológica ou
inflamatórios, eliminando células indesejadas para permitir a formação de novas
células.
Quando
o fornecimento de nutrientes é interrompido, as células incham e suas membranas
plasmáticas se rompem, o que leva à inflamação e morte dessas células.
Segundo
o estudo, pacientes com Alzheimer têm células cerebrais inflamadas por causa do
acúmulo de amiloides anormais entre os neurônios, que alteram sua química
interna.
Esses
amiloides formam "placas", enquanto a proteína tau se acumula em
feixes fibrosos, ou "emaranhados". Isso leva as células cerebrais a
produzir uma molécula chamada MEG3 – que, ao ser bloqueada pelos pesquisadores,
salvou os neurônios da morte.
O
experimento utilizou células cerebrais humanas transplantadas para o cérebro de
camundongos, que haviam sido geneticamente modificados para produzir grandes
quantidades de amiloide anormal.
"É
a primeira vez que temos uma pista sobre como e por que os neurônios morrem na
doença de Alzheimer. Faz 30, 40 anos que se especula muito, mas ninguém
conseguiu identificar os mecanismos exatos", afirmou Bart De Strooper, um
dos autores do estudo e professor do Dementia Research Institute do University
College London.
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Esperança para novos medicamentos
Os
pesquisadores da KU Leuven, na Bélgica, e do Dementia Research Institute
britânico esperam que essas descobertas possam abrir novos caminhos para o
desenvolvimento de medicamentos contra o Alzheimer.
Essa
esperança é reforçada pelos avanços recentes, como o medicamento Lecanemab, que
atua especificamente contra a proteína amiloide. Se medicamentos futuros
conseguirem bloquear a molécula MEG3, poderá ser possível interromper o
processo de morte celular no cérebro.
• Perda de
audição aumenta o risco de Alzheimer? Entenda
Nos
últimos anos, diversos estudos estabeleceram uma ligação entre a perda auditiva
e demências como o mal de Alzheimer. Os mecanismos dessa associação ainda não
são tão claros, mas algumas hipóteses são consideradas por estudos.
"Por
exemplo, uma possibilidade levantada pelas pesquisas é que os indivíduos com
perda auditiva, por necessitarem de mais atenção para absorverem as
informações, têm uma sobrecarga cognitiva, e, portanto, podem esgotar mais
facilmente sua reserva cognitiva", diz Nathália Prudêncio, médica
otorrinolaringologista e especialista em tontura e zumbido. "Além disso,
estudos demonstraram que indivíduos com perda auditiva dedicam mais recursos
neurais para facilitar o processamento auditivo em detrimento de outros
processos cognitivos, como a memória de trabalho."
Existem
ainda outros fatores de rotina também podem contribuir para esse fenômeno,
segundo a especialista.
"Outra
hipótese considerada por estudos é que a perda auditiva pode induzir mudanças
detectáveis na estrutura cerebral, o que pode, por sua vez, aumentar o risco de
demência", detalha a otoneurologista.
Ela
acrescenta que o isolamento social, causado pela perda auditiva, também é um
fator de risco para a demência. "A perda auditiva impõe ao paciente
dificuldades na sua comunicação, principalmente em ambientes com um maior
número de pessoas. É difícil para o paciente absorver e processar a informação
auditiva. Por várias vezes, ele precisará pedir que as pessoas repitam o que
falaram ou então vai fazer parecer que entendeu a informação para não
incomodar. Por não conseguir interagir, o paciente passa a evitar esse tipo de
situação. E alguns estudos demonstram que redes sociais precárias, apoio social
reduzido e solidão aumentam o risco de demência", completa ela.
• Tratamentos
Quando
se fala em tratamentos para a perda auditiva, logo se imagina a necessidade do
uso de aparelhos auditivos, mas, segundo Nathália, essa adoção deve ocorrer com
base na necessidade de cada paciente.
"Não
existe uma regra exata de quando se deve iniciar o uso de aparelho auditivo,
mas hoje já sabemos que quanto antes adaptarmos o paciente ao aparelho auditivo
mais fácil será esse ajuste e adaptação. Portanto, mesmo diante de perdas leves
e moderadas já podemos considerar o uso de aparelhos auditivos, principalmente
se o paciente já nota alguma dificuldade em ouvir ou algum outro sintoma da
perda auditiva, como zumbido", pontua.
Essa
tecnologia pode ser um ponto crucial para diminuir o risco de demência.
"Os aparelhos são capazes de amplificar frequências auditivas que o
paciente já não ouve bem, devolvendo os sons de forma adequada ao ouvido do
paciente", declara a especialista.
"Alguns
estudos observacionais sugeriram que os aparelhos auditivos podem atenuar o
início da demência, possivelmente por meio da diminuição da carga cognitiva ou
da correção da privação sensorial em pessoas com perda auditiva."
De
forma geral, Nathália Prudencio ressalta a necessidade de prestar atenção aos
sinais da perda auditiva, como forma de prevenir, ou tratar, muitas outras
questões subjacentes que podem ter relação, como a demência.
"Por
isso, é tão importante que os pacientes estejam atentos aos sinais, que
incluem: dificuldade de entendimento da fala, necessidade de aumento do volume
de aparelhos eletrônicos, zumbido e dificuldade em acompanhar uma conversa em
ambientes com ruídos ou com várias pessoas conversando ao mesmo tempo",
finaliza.
Fonte:
DW Brasil/Homework
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