Branko
Marcetic: Trump está montando um governo de, por e para os ricos
Após
uma derrota eleitoral desmoralizante, o Partido Democrata está mergulhado em
debates e acusações enquanto tenta descobrir o que realmente quer ser nos
próximos anos: um partido de trabalhadores ou de CEOs e bilionários. O lado de
Donald Trump, enquanto isso, já decidiu: vai com os CEOs e bilionários. Tudo o
que estamos vendo sobre os planos do novo governo por meio de pessoas de dentro
deixa bem claro que este será um governo de, por e para grandes empresas.
Os
assessores de Trump disseram à Axios que,
no primeiro dia, o novo presidente vai promover “uma agenda favorável aos
negócios de cortes de impostos, desregulamentação e expansão da produção de
energia” e “preencherá seus altos escalões com bilionários, ex-CEOs, líderes de
tecnologia e legalistas”. Há planos em andamento para reduzir ainda mais as
taxas de impostos corporativos, desregulamentar uma
variedade de setores como criptomoedas, inteligência artificial e grandes
bancos, e expulsar a presidente antimonopólio da Federal Trade Commission, Lina
Khan, para abrir caminho para mais uma vitória corporativa.
Isso
não é nenhuma surpresa, já que Trump já entregou as rédeas de sua presidência
para a elite empresarial. A transição de Trump está sendo liderada por dois
doadores milionários para sua campanha: Linda McMahon, que como ex-CEO da World
Wrestling Entertainment acumulou um longo histórico enganando
trabalhadores (e pode ser recompensada ainda mais com o posto de Secretária de
Comércio), e o CEO da empresa de negociação Cantor Fitzgerald, Howard Lutnick,
que cortou financeiramente as famílias de seus funcionários mortos no ataque de
11 de setembro apenas um dia depois de chorar na televisão sobre suas mortes. O recém-nomeado chefe de gabinete de
Trump é um lobista corporativo que
trabalhou para empresas de tabaco, seguros e carvão. Alguns gestores de fundos
de hedge estão concorrendo para
ser seu secretário do tesouro.
“O
que está sendo sinalizado é um programa de austeridade implacável para os
pobres e a classe média.”
Esses
são apenas alguns dos bilionários e
executivos que silenciosamente moldam a futura presidência de Trump nos
bastidores, incluindo o ultra-capitalista Marc Andreessen e o ex-presidente da
Marvel Entertainment, Ike Perlmutter. Mas um nome merece menção especial: o
bilionário Elon Musk.
Musk
é mais um megadoador
da campanha de Trump que agora está tendo o favor retribuído pelo
presidente eleito. Ele será encarregado, ao que parece, de cortar US$ 2
trilhões de suposto desperdício e fraude do governo, uma ideia que foi
pessoalmente endossada por Trump em
público. O que está sendo sinalizado é um programa de austeridade implacável
para os pobres e a classe média, um que Musk admitiu aberta que
mergulhará os americanos em “dificuldades” e uma crise econômica “severa”,
mesmo que o governo enriqueça os ultra-ricos.
Não
é de se admirar, então, que os dez homens mais ricos do mundo já tenham aumentado sua riqueza em US$ 64 bilhões com a vitória de Trump na última terça-feira, o que fez o
mercado de ações ferver com antecipação para a elite empresarial?
Com
a eleição garantida, Trump e sua equipe nem se preocupam mais em fingir que
passarão os próximos quatro anos lutando contra a elite econômica em nome do
trabalhador americano oprimido. Em vez disso, eles vão, muito abertamente, unir
forças com essa elite para seguir uma agenda que empobrecerá ainda mais os
muitos eleitores que depositaram sua confiança em Trump para tirá-los das
atuais dificuldades econômicas.
A
reformulação da marca do velho Partido Republicano como o “partido dos
trabalhadores” sempre foi uma farsa,
especialmente vindo de um líder cuja principal realização legislativa no
primeiro mandato foi um corte massivo de impostos para os ricos. Tudo sugere que eles estão prestes a tornar essa “reformulação
de brading” mais uma piada.
<><> Governo Trump não deve impactar muito as lutas
contra mudanças climáticas, diz prefeita de Phoenix
Entre
os diversos desafios a serem enfrentados pelo Grupo dos Vinte, o G20, na luta
contra mudanças climáticas, os Estados Unidos esbarram na agenda anticlimática
do presidente eleito Donald Trump.
Contudo,
segundo pontuado neste domingo (17) por Kate Gallego, que é prefeita de
Phoenix, no Arizona, e vice-presidente do C40, isso não será um empecilho.
"Nós
já trabalhamos no final da gestão de Trump com a agenda climática. Conseguimos
continuar durante a gestão Biden e Kamala. Não acredito que teremos problemas
para trabalhar a pauta [climática]. O governo Trump não deve impactar muito
nisso", arguiu ao ser questionada sobre dificuldades de enfrentamento das
mudanças climáticas na gestão Trump.
A
prefeita também pontuou que há outras formas de atuação para o combate às
mudanças climáticas, entre elas doações filantrópicas, verbas universitárias e
empresariais.
A
resposta surge após o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, ter
nomeado, nesse sábado (16), Chris Wright como secretário de Energia.
Encarregado de reduzir a burocracia do setor energético, o que o novo governo
espera que aumente os investimentos em combustíveis fósseis, Wright é também um
conhecido negacionista do clima.
Gallego
integra o grupo Prefeitos do Clima, que, segundo ela, "está comprometido
em atingir os objetivos do Acordo de Paris".
"A
América [os Estados Unidos] está empenhada e, a nível local, as cidades
liderarão o caminho para garantir a redução das emissões de gases com efeito de
estufa", garantiu a democrata.
Yvonne
Aki Sawyerr, copresidente do C40 e prefeita de Freetown, Serra Leoa, salientou
que a posição do grupo do U20 é expor aos principais causadores dos desastres
ambientais soluções que podem ser aplicadas e, além disso, buscar desses mesmos
autores uma forma de subsidiar a verba para fazer o que "precisa ser
feito".
Questionada
sobre de onde viriam esses fundos, ela não hesitou em ponderar que "não
será do dia para a noite" que essa verba irá surgir e que enxerga no G20
uma porta para conseguir esse dinheiro.
Para
ela, discutir com prefeitos do G20 foram "dias absolutamente incríveis e
realmente críticos. Porque estamos no meio de uma crise pandêmica, que é
introspectiva, com um movimento contínuo para abordar a desigualdade".
O
U20 é uma articulação do C40 Cidades, rede global de mais de 100 prefeituras
para o enfrentamento às mudanças climáticas.
¨
MRE da Índia: eleição
nos EUA mostra descontentamento dos norte-americanos com globalização
Os
resultados da recente eleição presidencial dos EUA refletem a crescente
insatisfação do eleitorado norte-americano com os efeitos da globalização,
disse o ministro das Relações Exteriores da Índia, Subrahmanyam Jaishankar, em
discurso na Cúpula de Liderança, organizada pelo jornal Hindustan Times.
Falando
sobre a vitória de Donald Trump nas últimas eleições dos EUA, Jaishankar disse
que os problemas que levaram Trump a ganhar seu primeiro mandato como
presidente só se intensificaram nos últimos tempos.
"Acho
que há um medo nos Estados Unidos de que a globalização seja prejudicial.
Atualmente, a globalização não atende aos interesses dos Estados Unidos e, de
muitas maneiras, é prejudicial a vários segmentos da sociedade americana",
disse o ministro.
Em
sua opinião, a globalização tornou os cidadãos dos EUA menos seguros tanto
psicológica quanto conceitualmente, ou seja, em termos de como eles percebem
sua nação.
"Acho
que isso também os fez repensar os termos de engajamento com o mundo. Os
Estados Unidos achavam que eram grandes o suficiente, que tinham poder e
recursos suficientes para resolver qualquer problema global. Acho que essa era
ficou no passado", opinou.
Donald
Trump venceu as eleições presidenciais em 5 de novembro de 2024.
Ele
se tornou o primeiro político norte-americano desde o século XIX a retornar à
Casa Branca após um intervalo de quatro anos.
A
posse do novo presidente deve ocorrer em 20 de janeiro de 2025.
¨
Dívida dos EUA atinge
US$ 36 trilhões em meio ao declínio do dólar e ascensão do BRICS
Analistas
financeiros dos EUA e banqueiros de Wall Street têm alertado há anos sobre a
insustentabilidade a longo prazo do fardo da dívida do governo, com pagamentos
de juros sobre a dívida nacional chegando perto de US$ 1 trilhão (R$ 5,7
trilhões) em 2024 – mais do que qualquer outra obrigação de gastos além da
Previdência Social e Medicare.
A
dívida nacional dos EUA ultrapassou a marca de US$ 36 trilhões (R$ 2 trilhões),
com os dados do usdebtclock.org indicando que cada homem, mulher e criança nos
EUA agora deve mais de US$ 106.600, enquanto os contribuintes devem o
equivalente a mais de US$ 272.800.
Os
dados mostram que a dívida federal em relação ao PIB situa-se agora em 122,85%
- acima dos 55,36% no ano 2000 e 34,71% em 1980.
Contabilizando
as dívidas nacional, local, estudantil, cartões de crédito e empréstimos
pessoais, a dívida dos EUA é estimada em mais de US$ trilhões 102,63 (R$ 594,5
trilhões) - quase igualando o valor de US$ trilhões 105,4 (R$ 610,5 trilhões)
de toda a economia global em 2023.
A
dívida nacional dos EUA tem crescido nos últimos 45 anos graças em grande parte
devido aos gastos militares e guerras fiscalmente irresponsáveis, à falta de
responsabilidade no Congresso em equilibrar os orçamentos, ao poder de longa
data do dólar, que permitiu aos Estados Unidos acumular grandes déficits
comerciais com os países produtores e se envolver na impressão de dinheiro
enquanto passava as consequências para o resto do mundo, e, mais recentemente,
grandes resgates governamentais de grandes empresas e bancos durante a crise
financeira de 2008 e a crise da COVID-19 de 2020.
Entretanto,
as tendências recentes, incluindo a diminuição do uso do dólar americano no
comércio mundial devido à percepção de esta moeda funcionar como arma contra
países como a Rússia e o Irã; o aumento do poder industrial da China e a busca
de laços comerciais fora da esfera de influência política e econômica dos EUA;
e ainda a formação e o fortalecimento de instituições internacionais como o
bloco BRICS, tudo isto tem servido para desafiar a ideia de que os líderes dos
EUA podem fechar os olhos ao fardo da dívida para sempre.
• Como
a eleição de Trump irá afetar a vida das mulheres?
Mia
e Molly não poderiam ser mais diferentes: a primeira é uma estudante engajada
no movimento antiaborto da Flórida; a outra é uma mãe da Califórnia que, três
dias após as recentes eleições nos EUA, atravessou o país com o filho até
Washington, para protestar. O que une ambas e muitas americanas são as fortes
emoções que a vitória de Donald Trump nas presidenciais e o que ela
representará para os seus direitos como mulheres despertam.
"Estou
feliz mesmo que Trump tenha ganhado, e ainda mais por Harris e Walz terem
perdido", comenta Mia Akins ao telefone. A candidata democrata, Kamala
Harris, e seu vice, Tim Walz, tinham se manifestado pelo direito ao aborto em
âmbito nacional. E durante seu primeiro mandato, Trump nomeou três dos juízes
da Suprema Corte que em 2022 derrubaram a lei nesse sentido.
Mia
cursa o terceiro ano na Florida International University de Miami e é
cofundadora do grupo da Students for Life of America (SFLA), uma organização
nacional reunindo universitários que se opõem radicalmente ao aborto. O
republicano não é "o candidato perfeito", reconhece a ativista, pois
ele prefere deixar o assunto para os estados, em vez de apoiar a proibição
geral. Mas ela está otimista: um governo trumpista "é algo com que a gente
pode trabalhar".
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Direitos LGBTQ+ em risco
Pelo
menos nesse ponto, Molly e o/a filha/o, Sammy, concordam com ela: Trump não é
um candidato ideal. Numa iniciativa espontânea, ambos voaram da costa oeste
para a leste, e no sábado seguinte ao pleito estavam sob o céu ensolarado de
Washington portando cartazes de protesto improvisados.
Molly
diz temer o que o futuro governo trará, também para os direitos de quem faz
parte da comunidade LGBTQ+: "Estou preocupada que Trump vá tirar os
direitos da comunidade LGBTQ, que vá restringir quem eles podem amar ou como
podem ser." Seu/sua filho/a, Sammy, é não binário/a, não se considera
homem nem mulher, tendo optado pelo pronome "they".
Sua
família já sente efeitos reais: em 2025 Sammy está indo para a universidade, e
aquelas situadas em estados de maioria eleitoral republicana estão descartadas.
"Temo que os meus amigos que também são LGBTQ não vão poder entrar para a
universidade dos seus sonhos, por medo de sofrerem ataques", revela Sammy.
"Eu olho com bastante cuidado onde ficam as universidades para que me
candidatei, como foi o resultado daquela zona eleitoral."
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Receios pela saúde da população feminina
Em
5 de novembro, o Partido Republicano não só conquistou a presidência, mas
também a maioria no Senado, e tudo indica que a partir de 20 de janeiro haverá
também maioria republicana na Câmara dos Representantes. Isso significa que a
sigla conseguirá aprovar muitos de seus projetos com relativa facilidade.
"Normalmente
dizemos que os mecanismos de controle do sistema impedem poder exagerado",
explica a politóloga Laura Merrifield Wilson, da Universidade de Indianápolis.
"Mas nós certamente veríamos no segundo mandato de Trump mais decisões conservadoras
e restrições mais rigorosas no setor de saúde, sobretudo para as mulheres [se
os republicanos também tiverem o controle da Câmara]. Aí o partido dominaria no
nível federal, e na ala de esquerda [liberal], há receio de que a política do
'Project 2025' vire realidade."
Wilson
se refere a um plano ultraconservador para o futuro dos Estados Unidos, traçado
pelo think tank Heritage Foundation. As medidas previstas incluem a proibição
de pílulas abortivas e a substituição de funcionários federais por trumpistas
fiéis. O próprio presidente eleito não esteve envolvido nessa listagem, mas
diversos adeptos seus, sim.
Por
isso, no sábado após o pleito, Molly, Sammy e outros manifestantes se reuniram
diante do prédio da Heritage Foundation. Continua ativa a iniciativa Women's
March, que em 2017, no dia seguinte à posse de Trump, organizou uma marcha de
protesto em Washington, reunindo quase meio milhão de participantes.
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Anos dourados para os opositores do aborto?
Agora
porém, havia só umas poucas centenas de manifestantes, a maioria mulheres,
protestando com música alta e bandanas verdes, onde se lia "Bans off our
bodies" – proibições para longe dos nossos corpos. Segundo Tamika
Middleton, uma das líderes da Women's March, o lema do grupo é
"resistência feminista contra o fascismo".
"Estamos
furiosas", comenta Erica, de 27 anos, que participa do protesto juntamente
com a mãe, Mandy, e a filha Elani, de cinco anos. "Mas estamos aqui para
mostrar à Elani que não se deve ficar sentada em casa, sentindo rava." A
avó Mandy está apreensiva com o país em que a menina vai crescer: "Ela
deveria ter os mesmos direitos ao aborto que nós tivemos."
Contudo,
outras mulheres antecipam o futuro governo Trump com grande esperança, também
pela geração futura. "Estou incrivelmente grata que Kamala Harris não
tenha sido eleita para o cargo, com o extremismo do aborto dela", comenta
Reagan Barklage, coordenadora nacional da Students for Life of America.
"Espero que Trump consiga colaborar com o Congresso para proteger a vida
das crianças."
Ela
desejaria que ele regulamente mais rigidamente a prescrição de pílulas de
aborto, e que "tome decisões sábias" ao nomear os juízes federais,
que depois devem ser confirmados pelo Senado. Como os republicanos têm maioria
nessa casa do Congresso, é bem provável que Trump consiga nomear um grande
número de magistrados dispostos a restringir os direitos de aborto.
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Restrições russas de
exportação de urânio podem atingir duramente setor energético dos EUA
As
restrições temporárias à exportação de urânio enriquecido da Rússia para os EUA
vão atingir a indústria energética americana, escreve o portal Daily Wrap.
"Esta
medida poderia afetar seriamente o setor energético dos EUA, que é altamente
dependente do urânio russo", afirma a publicação.
O
artigo observa que a imposição de restrições pode forçar os EUA a buscar fontes
alternativas de recursos, o que poderia afetar os preços da energia e a
estabilidade do fornecimento.
Além
disso, sendo um dos principais atores no mercado de urânio enriquecido, a
Rússia tem um impacto significativo nas cadeias globais de fornecimento. As
restrições à exportação também podem afetar outros países que usam urânio
russo, forçando-os a reconsiderar suas estratégias energéticas, observa o
portal.
O
governo russo impôs restrições temporárias às exportações de urânio enriquecido
para os EUA, com algumas exceções. Esta decisão foi tomada por ordem do
presidente russo, Vladimir Putin.
Em
maio, o presidente dos EUA, Joe Biden, assinou uma lei que proíbe a importação
de urânio de baixo teor de enriquecimento produzido na Rússia ou por qualquer
uma das empresas registradas no país. O documento entrou em vigor em agosto e
será válido até 2040. Ao mesmo tempo, a legislação dos EUA permite exceções e
compras de matérias-primas russas até janeiro de 2028 se for do interesse
nacional dos Estados Unidos.
Fonte:
Tradução de Caue Seigner Ameni, para Jacobin Brasil/Sputnik Brasil/DW Brasil
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