terça-feira, 12 de novembro de 2024

Beiju feito por quilombolas no ES desde o século XIX ganha selo de reconhecimento histórico e cultural

O beiju produzido por quilombolas na região de Sapê do Norte, em São Mateus e Conceição da Barra, no Norte do Espírito Santo, ganhou um Selo de Identificação Geográfica (IG) que atesta a qualidade e a origem do produto.

Fabricado desde o século XIX, o alimento a base de mandioca é de origem indígena e a forma da sua produção é passada de geração em geração, além de servir como fonte de renda de aproximadamente 21 famílias.

O reconhecimento veio em uma publicação do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) em agosto deste ano.

Além de ajudar na economia local, a produção do beiju é um símbolo de resistência e reafirmação da identidade quilombola.

"Hoje com esse selo, vai dar uma alavancada muito grande nas produções, não só das comunidades quilombolas, mas de todo território de Sapê do Norte que abrange Conceição da Barra e São Mateus", pontuou a presidente da Associação Sapê do Norte, Domingas Verônica.

Para conseguir ganhar o reconhecimento nacional, todo o processo do beiju, desde o seu plantio, precisa ser feito na comunidade e as tradições precisam ser mantidas em cada etapa até a finalização do alimento.

Com o selo, o produto que é fabricado na região contemplada se torna único e ganha uma importância histórica na hora de ser vendido também. Quem mantêm a tradição, comemorou o selo adquirido.

"Agora a gente tem mais poder, reconhecimento", comentou a quilombola Marlete Graciano Alves.

<><> O que é um Selo de Identificação Geográfica (IG)?

O registro de Indicação Geográfica (IG) ou indicação de procedência, é conferido a produtos ou serviços que são característicos do seu local de origem, o que lhes atribui reputação, valor intrínseco e identidade própria, além de os distinguir em relação aos seus similares disponíveis no mercado.

São produtos que apresentam uma qualidade única em função de recursos naturais como solo, vegetação, clima e saber fazer.

O Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi) é a instituição que concede o registro legal de IG no país. O selo é concedido a partir de algumas premissas analisadas: a Indicação de Procedência e a Denominação de Origem.

A Indicação de Procedência é o nome geográfico de país, cidade, região ou localidade de seu território, que se tenha tornado conhecido como centro de extração, produção ou fabricação de determinado produto ou de prestação de determinado serviço.

Já a Denominação de Origem é o nome geográfico de país, cidade, região ou localidade de seu território, que designe produto ou serviço cujas qualidades ou características se devam exclusiva ou essencialmente ao meio geográfico, incluídos fatores naturais e humanos.

Para conseguir o selo, cada produtor precisa manifestar o interesse e receber uma visita da Associação Sapê do Norte.

<><> O beiju

O beiju é produzido a partir da goma e da massa de mandioca. Seu plantio é feito em período propício para o melhor desenvolvimento da safra, considerando as fases da lua e fatores climáticos, como chuva e umidade.

Após doze meses de cultivo, é realizada a colheita da mandioca. O alimento é direcionado à casa de farinha, ou quitungo (como o espaço é chamado pelos nativos), para as etapas que consistem em descascar e ralar.

Muitas vezes a mandioca é descascada em uma roda de conversa utilizando uma farinheira tradicional de um quilombo.

"Eu aprendi vendo a minha mãe fazer, desde pequena. A gente via e a gente também foi aprendendo. Passei para as filhas, sobrinhas, isso aqui é geração de pai para filha. A gente vivia disso aqui, de beiju. Toda a casa que a gente chegava, a gente encontrava um prato de beiju para tomar café", disse a quilombola Beatriz dos Santos.

Em seguida, são realizadas as etapas referentes à extração da massa da mandioca, ao descanso para a eliminação de toxinas e à manipulação da goma e polvilho, até, finalmente, chegar ao processo de preparo do beiju.

A matéria-prima do beiju é lavada, cortada, prensada e triturada até virar a goma. O próximo passo já é peneirar e deixar a massa pronta para a fase final do beiju.

"Antigamente era manual. Hoje a gente não usa nada disso mais, tudo máquina", disse o quilombola Domingos Rodrigues.

O alimento pode ser finalizado e enriquecido com outros produtos, como coco e amendoim.

 

•        Grupo viaja em veículo especial para divulgar candidatura do Queijo Minas Artesanal ao título de Patrimônio Imaterial da Humanidade

Os mineiros estão unidos por uma causa: tornar o Modo de Fazer o Queijo Minas Artesanal (QMA) um Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco.

Para divulgar a candidatura e reforçar pedido pelo reconhecimento, a missão 'Rumo ao Patrimônio Cultural' foi lançada nesta semana, em Araxá, no Alto Paranaíba, por um grupo de apaixonados pela iguaria. Juntos, eles farão uma jornada especial que levará um queijo de mais de quatro quilos para percorrer as dez principais regiões produtoras do estado.

“A missão não é apenas uma viagem, é um evento cultural em movimento. Vamos mostrar que todos estão focados e unidos em prol dessa causa”, destacou a integrante da Comissão para a Promoção da Candidatura e organizadora da ExpoQueijo Brasil, Maricell Hussein.

<><> KombiQueijo

Dentro da KombiQueijo, há uma redoma de vidro onde o queijo de mais de quatro quilos fica guardado.

A comitiva será recebida com festa por prefeituras, associações e produtores ao longo do caminho.

Araxá foi o ponto de partida da missão. Na sequência, o grupo segue para as regiões produtoras do Triângulo Mineiro, Cerrado, Serra do Salitre e Canastra. A aventura, então, ganha outros ares nas regiões de serras da Ibitipoca, Campo das Vertentes e Diamantina, passando pelo Serro e Entre Serras da Piedade ao Caraça.

Antes da conclusão da jornada, a KombiQueijo faz uma parada em Belo Horizonte, onde o queijo será exibido e recebido no Mercado Central. A previsão é que o retorno a Araxá ocorra até o dia 18 de novembro. Serão quase três mil quilômetros percorridos.

A cada cidade visitada, um pedaço de um mapa das regiões produtoras será entregue, formando, ao final, um grande quebra-cabeça simbólico.

“Estamos muito confiantes que a Unesco vai, sim, reconhecer, no dia cinco de dezembro no Paraguai, nosso modo de fazer o QMA. Esperamos celebrar na ExpoQueijo essa conquista, montando esse quebra-cabeça em um pedestal e unindo esse mapa com todas as regiões. É a hora de projetarmos a cultura do queijo mineiro para o mundo”, destaca Maricell Hussein.

<><> Queijo Minas

O Queijo Minas Artesanal se destaca pelo seu modo de fazer. Famoso por ser feito a partir de leite de vaca cru e por manter métodos tradicionais em pequenas propriedades rurais, a iguaria é fonte de renda para milhares de pessoas no estado.

Atualmente, são reconhecidas 10 microrregiões produtoras. Somente produtores dessas regiões têm autorização para usar o nome da localidade na rotulagem, conforme o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA).

O produto é regulamentado pela Lei Estadual nº 23.157, de 18 de dezembro de 2018, que define o Queijo Minas Artesanal como o queijo produzido em conformidade com a tradição cultural e histórica de cada região. O processo deve seguir normas específicas, incluindo o uso de leite integral fresco e cru da própria propriedade, sem adição de conservantes ou corantes, resultando em uma massa uniforme e com sabor característico.

Em março de 2023, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG) formalizou a candidatura do Modo de Fazer do Queijo Minas Artesanal junto ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que encaminhou a documentação à Unesco. O processo de análise pela Unesco é rigoroso e inclui uma avaliação da relevância cultural do Queijo Minas Artesanal e sua salvaguarda por órgãos brasileiros.

Durante o ciclo de candidatura, diversas ações de promoção foram realizadas para destacar a importância dessa tradição centenária e engajar tanto a sociedade quanto os delegados internacionais.

<><> Roteiro

07/11 - Ocorreu a saída de Araxá (Região de Araxá)

07/11 - Passagem por Uberlândia (Triângulo Mineiro)

08/11 - Passagem por Abadia dos Dourados (Cerrado)

08/11 - Passagem por Serra do Salitre (Serra do Salitre)

09/11 - Passsagem por São Roque de Minas (Canastra)

11/11 - Lima Duarte (Serras da Ibitipoca)

12/11 - Tiradentes (Campo das Vertentes)

13/11 - Diamantina (Diamantina)

14/11 - Serro (Serro)

15/11 - Santuário do Caraça, Catas Altas (Entre Serras da Piedade ao Caraça)

16/11 - Santuário Nossa Senhora da Piedade, Caeté (Entre Serras da Piedade ao Caraça)

17/11 - Belo Horizonte

18/11 - Retorno para Araxá (Região de Araxá)

 

Fonte: g1

 

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