O que Israel, Netanyahu e os palestinos
devem esperar do governo Trump
O bar em frente ao
prédio da embaixada dos Estados Unidos no
centro de Jerusalém é chamado Deja
Bu – uma referência espirituosa a algo que você já bebeu antes.
E do lado de fora dos
portões do complexo, Israel está ansioso por uma segunda rodada
de Donald Trump.
"Estou muito
satisfeito", diz Rafael Shore, um rabino que mora na Cidade Velha de
Jerusalém. "Ele entende a língua do Oriente Médio."
"O Irã pensará duas vezes antes de fazer
qualquer coisa. Acho que se Kamala tivesse sido eleita, não haveria muito medo
no Oriente Médio de atacar a América ou Israel."
O primeiro-ministro de
Israel, Benjamin Netanyahu, foi um
dos primeiros a parabenizar o novo presidente eleito na manhã de quarta-feira
(6/11). "Parabéns pelo maior retorno da história!", ele publicou no X
(antigo Twitter).
Netanyahu já havia
chamado Trump de "o melhor amigo que Israel já teve na Casa Branca".
Trump já ganhou
simpatia no país ao descartar um acordo nuclear com o Irã ao qual Israel se
opôs, intermediando acordos históricos de normalização com vários países árabes
e derrubando décadas de política dos EUA – e consenso internacional – ao reconhecer Jerusalém como capital de Israel.
O primeiro mandato de
Donald Trump foi "exemplar" no que diz respeito a Israel, diz Michael
Oren, ex-embaixador israelense nos EUA.
"A esperança é
que ele revisite isso. [Mas] temos que ser muito lúcidos sobre quem é Donald
Trump e o que ele representa."
Primeiramente, diz
ele, o ex-presidente "não gosta de guerras", vendo-as como caras.
Trump pediu a Israel que terminasse a guerra em Gaza rapidamente.
Ele também "não é
um grande fã" dos assentamentos de Israel na Cisjordânia ocupada, diz Oren, e se opôs aos desejos de alguns líderes
israelenses de anexar partes dela.
Ambas as políticas
podem colocá-lo em conflito com partidos de extrema direita na atual coalizão
governamental de Netanyahu, que ameaçaram derrubar o governo se o
primeiro-ministro perseguir políticas que eles rejeitam.
Quando chamado a
escolher entre as demandas recentes de seu aliado americano e as demandas de
seus parceiros de coalizão, Benjamin Netanyahu tendeu a escolher sua coalizão.
O atrito com o atual
presidente dos EUA, Joe Biden, cresceu acentuadamente como resultado.
Michael Oren acredita
que Netanyahu precisará adotar uma abordagem diferente com o novo presidente.
"Se Donald Trump
assumir o cargo em janeiro e disser: 'OK, você tem uma semana para terminar
esta guerra', Netanyahu terá que respeitar isso."
Em Gaza, onde o
exército israelense tem lutado contra o grupo palestino Hamas, o
desespero estreitou o foco de alguns moradores para esse único objetivo – o fim
da guerra.
Trump "tem
algumas promessas fortes", disse Ahmed. "Esperamos que ele possa
ajudar e trazer a paz."
A esposa e o filho de
Ahmed foram mortos na guerra e sua casa foi destruída.
"Já chega,
estamos cansados", diz ele. "Esperamos que Trump seja forte para que
ele possa resolver esta questão com Israel."
Mohammed Dawoud,
deslocado oito vezes durante o conflito de Gaza, diz que uma vitória de Trump
significa que o fim da guerra chegará em breve.
Outro morador
deslocado, Mamdouh, diz que não se importa com o vencedor – ele só quer alguém
para ajudar.
"Não há remédios,
hospitais, comida. Não sobrou nada em Gaza", diz ele. "Queremos
alguém forte que possa nos separar dos judeus."
Na Cisjordânia
ocupada, lar da Autoridade Palestina (AP), há um ceticismo generalizado sobre a
influência americana, com muitos vendo as administrações dos EUA de ambos os
lados do espectro político como estando do lado de Israel.
"Soluções
medíocres que vêm às custas dos palestinos, ou apoio militar infinito a Israel,
não serão nada além de um catalisador para confrontos futuros", diz Sabri
Saidam, um membro sênior da principal facção da AP, a Fatah.
"Gostaríamos de
ver uma nova versão de Trump, mais como um Trump 2.0 que leva a sério o fim
imediato da guerra e aborda a causa raiz do conflito no Oriente Médio."
Pesquisas recentes
sugeriram que mais de dois terços dos israelenses queriam ver Trump de volta à
Casa Branca. Mas aqui também, há aqueles que alertam sobre sua
imprevisibilidade.
"Ele vai tornar a
situação aqui mais incerta e insegura", diz uma mulher israelense.
"Não confio nele para manter a paz. Sinceramente acho que ele só vai
piorar a guerra."
O ex-embaixador
israelense, Michael Oren, diz acreditar que haverá "tremendas conquistas
pela frente" se Israel cooperar com Trump, incluindo o potencial para um
acordo de paz histórico com a Arábia Saudita e
controles sobre a influência do Irã.
Mas também pode ser
mais difícil para Netanyahu navegar pelas demandas e compromissos envolvidos
nessas metas regionais.
Desde o último mandato
de Trump, as vozes moderadas em torno de ambos os líderes diminuíram.
Muitos em Israel veem
o primeiro mandato de Trump com boas lembranças. Mas os relacionamentos podem
ser radicalmente diferentes na segunda vez – e o desempenho passado não é
garantia de retornos futuros.
¨ Ocidente está destruindo a globalização com abuso do dólar e
sanções ilegais, diz Lavrov
A globalização que foi
propagada está sendo destruída pelo próprio Ocidente devido às sanções ilegais
e ao abuso do dólar estadunidense, disse o ministro das Relações Exteriores da
Rússia, Sergei Lavrov.
"Aquela
globalização que nos tinham estado promovendo há muitas décadas como forma
perfeita de funcionamento da economia mundial, está basicamente sendo destruída
pelo próprio Ocidente. E a economia mundial está sendo fragmentada. A razão
disso são as sanções ilegais, o abuso do dólar", disse Lavrov em um dos
eventos finais da Conferência Ministerial do Fórum de Parceria Rússia-África.
Anteriormente, a
candidata independente ao Senado dos EUA Diane Sare disse à Sputnik que a
desdolarização da economia global já está em curso e está acontecendo como
resultado direto das políticas de Washington.
O ministro das
Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, disse em fevereiro que a
desdolarização do comércio exterior da Rússia está em curso, com cerca de 90%
de todos os pagamentos mútuos com a China e cerca de 50% com a Índia sendo
feitos em moedas nacionais.
¨ China deve bater recorde de superávit comercial de US$ 1 trilhão
'para tristeza do Ocidente'
O gigante asiático
mostrou mais uma vez por que merece a alcunha que recebeu já nas últimas
décadas do século XX ao atingir um novo recorde de superávit comercial capaz de
desequilibrar o comércio global e trazer um novo desafio para as mãos de Donald
Trump e sua política de tarifas.
O superávit comercial
chinês, ou seja, a diferença entre as exportações e importações, deve atingir a
casa de US$ 1 trilhão (cerca de R$ 5,7 trilhões) ou muito perto disso, segundo
estimativas de analistas de mercado da Bloomberg.
O jogo econômico é
sempre complexo e envolve uma série de fatores que compõe este resultado. Se
por um lado a economia doméstica chinesa tem deixado a desejar — recebendo um
estímulo recente para compensar a queda na demanda — por outro, os
investimentos para a ampliação das exportações têm valido à pena. Apenas nos
primeiros dez meses de 2024, o superávit comercial de bens disparou para US$
785 bilhões (aproximadamente R$ 4,3 trilhões), 16% superior que em 2023.
O sucesso chinês, no
entanto, é visto por muitos países como uma preocupação ou uma ameaça, no caso
de países centrais como os EUA ou o Reino Unido, que veem o crescimento
superavitário chinês como um desequilíbrio de mercado, capaz de afetar os
fluxos de comércio globais.
Para lidar com os
desafios, governos de países da América do Sul à Europa já aumentaram as
barreiras tarifárias contra produtos chineses, como aço e veículos elétricos
(VEs), lançando mão de ferramentas e medidas vistas como protecionistas por
Pequim na tentativa de reduzir os fluxos de exportação chineses.
Ao mesmo tempo, as
empresas estrangeiras também têm sido incentivadas a sair da China, para fazer
com que o grau de investimento estrangeiro direto caia, reduzindo assim a taxa
de investimento para que o governo tenha de ampliar seus gastos com as empresas
nacionais, o que, na prática, provoca endividamento interno na medida em que
são estas empresas que passam a suprir a demanda de mercado com base no crédito
fornecido pelo governo.
Mas, ao que tudo
indica, nem todas essas medidas somadas têm sido capazes de confrontar o
crescimento superavitário chinês. O resultado em outubro foi o terceiro maior
superávit da história, logo abaixo do recorde de junho. O superávit comercial
calculado em yuan atingiu 5,2% do produto interno bruto (PIB) nominal nos
primeiros nove meses deste ano, o maior desde 2015 e bem acima do nível médio
da última década.
Segundo dados da
apuração, o superávit com os EUA aumentou 4,4% até agora neste ano em relação
ao mesmo período do ano passado, e 9,6% com a União Europeia (UE), apesar da
ampliação da guerra comercial travada entre eles.
<><>
China e Europa devem 'preencher lacunas' ou retornar à 'lei da selva' de Trump,
diz MRE chinês
O vice-chefe do
Ministério das Relações Exteriores da China encarregado pelos assuntos
europeus, Cao Lei, disse no sábado (9) que a vitória eleitoral de Trump pode
indicar "o ponto de virada dos [nossos] tempos" e instou Bruxelas a
preencher as lacunas em suas relações.
"Ninguém quer
retornar à lei da selva, ninguém quer voltar à era do confronto e da Guerra
Fria, e ninguém quer retornar à hegemonia unilateral. Este é o cenário que as
relações China-UE estão enfrentando", disse Cao Lei durante o lançamento
da China Think-Tank Network on Europe da Universidade de Estudos Estrangeiros
de Beijing, segundo o South China Morning Post.
As declarações do
vice-ministro surgem em um cenário de tensão comercial entre a China e seus
principais parceiros ocidentais motivados pelos resultados superavitários das
exportações chinesas e de sua grande competitividade no mercado global, o que
tem resultado na implementação de altas tarifas alfandegárias — o que tende a
piorar sob a nova gestão Trump.
O chefe de estudos
europeus da Academia de Ciências Sociais da China afiliada ao governo, Feng
Zhongping, ressaltou no mesmo evento que a Europa importa mais para a China do
que os EUA, mas que as relações só podem ser restauradas mediante o reforço de
confiança mútua entre eles, notando que o retorno de Trump à Casa Branca
representa "o início de uma nova era de incertezas no mundo".
As relações entre a
China e a União Europeia (UE) estremeceram recentemente, quando Pequim deu uma
resposta pragmática sobre a crise ucraniana e se negou a fazer o jogo ocidental
optando pelo caminho de uma saída diplomática e pacífica da guerra por procuração
da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) na Ucrânia contra a Rússia.
Desde então, a UE
colocou a China como uma rival sistêmica e concorrente econômica, tornando-se
mais vocal e assertiva sobre pontos sensíveis para Pequim como nas
problemáticas envolvendo os direitos humanos na China continental, nas disputas
territoriais do mar do Sul da China e na questão de Taiwan.
Apesar de tudo, Pequim
descreve o bloco como um de seus parceiros mais importantes na manutenção do
multilateralismo e no combate à desglobalização, destacando o volume de
comércio bilateral expressivo de € 2 bilhões (cerca de R$ 12,3 bilhões).
"A China apoia a
autonomia estratégica do bloco, mas não deseja que ele se desvincule nem se
envolva em competição geopolítica. A China apoia a Europa em desempenhar um
papel maior nos assuntos internacionais, mas não deseja a ver escolher um lado
e provocar confronto do bloco", acrescentou Cao Lei.
¨ 'Não é sua prioridade': general francês explica por que Trump
vai ignorar OTAN
Donald Trump, que
venceu a eleição presidencial dos EUA, vai ignorar a OTAN, que não é sua
prioridade, mas tempos difíceis vão começar para a UE porque ele não vê Europa
como um aliado que necessita de apoio, mas a considera um parceiro comercial,
as relações com a qual devem ser "reequilibradas", disse o general
aposentado Dominique Delavard.
"Podemos
razoavelmente assumir que, não tendo conseguido [no primeiro mandato] abandonar
a OTAN, Trump vai ignorar a aliança, que já não é sua prioridade. Ele não dará
a esta organização quaisquer garantias nem apoio. Trump não é um militarista em
seu coração, e a expansão do império também não será sua prioridade",
acredita Delavard, que também é especialista em política externa e de defesa.
Ele apontou que as
questões econômicas na política externa dos EUA, pelo contrário, serão centrais
para Trump. "Trump é um empresário. Ele quer transformar a economia dos
EUA deslocando inúmeras atividades e restaurando o equilíbrio comercial com inúmeros
parceiros comerciais. Ele terá de impor impostos muito elevados sobre as
importações provenientes de países com os quais a balança comercial atualmente
é muito desequilibrada. Ele também vai tentar impor exportações de bens e
serviços dos EUA para estes países", disse o especialista em entrevista à
Sputnik.
"A UE será,
portanto, vista por Trump e sua administração não como um aliado que deve ser
apoiado, mas como um parceiro comercial com o qual é absolutamente necessário
reequilibrar o comércio, impondo exportações de seus produtos e restringindo as
importações da UE através de impostos barreira e direitos aduaneiros,"
explicou ele.
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Europa sem os EUA sofrerá escassez de tropas, armas e sistemas antiaéreos,
afirma general francês
Se a ajuda militar dos
EUA à OTAN for reduzida, a Europa sentirá escassez de tropas, armas de longo
alcance e sistemas antiaéreos, declarou o chefe do Estado-Maior e general do
Exército Francês, Thierry Burkhard.
"As Forças
Armadas dos EUA oferecem-nos tropas porque, caso contrário, teríamos sentido a
sua escassez. Além disso, os EUA têm recursos importantes em termos de 'fogo
profundo'. É disso que precisamos hoje, bem como de sistemas antiaéreos",
comentou o general em entrevista ao jornal Le Figaro.
Burkhard comentou que
os europeus devem estar preparados caso um dia os norte-americanos não estarem
mais perto deles.
"Os
norte-americanos estão lutando pelo domínio mundial e esta luta está sendo
travada na região do Indo-Pacífico. Portanto é possível que um dia comecem a
enviar mais armas para aquele teatro de operações e devemos prever esse
dia", disse o general.
Desde 24 de fevereiro
de 2022, a Rússia continua uma operação militar especial com o objetivo de
defender as repúblicas populares de Donetsk (RPD) e Lugansk (RPL),
anteriormente reconhecidas por Moscou como Estados soberanos, contra o
genocídio cometido por Kiev, e de enfrentar os riscos de segurança nacional que
representam os riscos do avanço da Organização do Tratado do Atlântico Norte
(OTAN) para o Leste Europeu.
A Ucrânia é apoiada
militarmente por 32 países do bloco militar liderado pelos Estados Unidos e
composto pela maioria dos países que integram a União Europeia (UE).
O ministro das
Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, afirmou anteriormente que os EUA e a
Aliança Atlântica participam diretamente do conflito na Ucrânia com o
fornecimento de armas e a formação de militares ucranianos nos territórios do
Reino Unido, Alemanha, Itália e outros países.
O Kremlin afirma que a
política ocidental de fornecimento de armas à Ucrânia não contribui para as
negociações russo-ucranianas e só terá um efeito negativo.
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'Isso me honra', diz Scholz sobre ter sido chamado de 'tolo' por Elon Musk
Chanceler alemão diz
que não leva em conta as palavras do empresário, que o atacou em uma postagem
na rede social X.
O chanceler alemão,
Olaf Scholz, comentou brevemente neste domingo (10) as palavras do empresário
Elon Musk, que o chamou de "tolo" em uma postagem na rede social X.
"Isso me
honra", disse Scholz em entrevista à televisão alemã ARD.
A declaração foi dada
em entrevista à emissora à margem da cúpula da Comunidade Política Europeia,
realizada em Budapeste, na Hungria.
O chanceler alemão
acrescentou que a Internet não é um agente de Estado, por isso ele não leva em
conta as palavras de Musk, e não comentou mais o assunto.
Na quinta-feira (7),
após vir à tona a notícia de que a coalizão do governo Scholz implodiu, Musk
respondeu a uma postagem na rede social X afirmando: "Olaf ist ein
Narr" (Olaf é um tolo, em alemão, em tradução livre).
Musk também chamou o
vice-presidente e ministro da Economia alemão, Robert Habeck, de
"idiota" em resposta a uma publicação sobre o político relativa à
introdução do que o empresário chamou de "censura em massa" por
discutir o controle sobre os algoritmos das redes sociais X e TikTok.
Fonte: BBC News no
Oriente/Sputnik Brasil
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