5 formas comprovadas de proteger o planeta
e reverter a destruição ambiental
Há uma série de
maneiras de salvar espécies em declínio e restaurar seus habitats para que
possam viver em segurança. Em condições saudáveis, habitats ricos em
biodiversidade podem reabastecer nossa água, ar e solo e reduzir o risco de
doenças contagiosas perigosas.
Um importante estudo
revelou neste ano que os esforços de conservação são geralmente
eficazes na redução da perda de biodiversidade global.
Pesquisadores
internacionais passaram 10 anos avaliando medidas de conservação, incluindo o
estabelecimento de áreas protegidas, a restauração de habitats e a erradicação
de espécies invasoras.
Eles descobriram que,
na maioria dos casos (66%), essas medidas melhoraram o estado da biodiversidade
ou reduziram seu declínio.
A necessidade de
projetos de conservação como estes é cada vez mais urgente. Há dois anos,
líderes de mais de 100 países aderiram ao mais ambicioso esforço internacional para salvar a natureza a nível mundial: proteger 30% das terras e oceanos do
mundo até 2030.
Até o momento, o mundo
está muito longe de alcançar a meta global na proteção da biodiversidade:
apenas 17% das terras e 8% dos oceanos estão sob alguma forma de proteção
designada, de acordo com a organização The Nature Conservancy (TNC) — embora a
área em que a proteção é aplicada efetivamente seja provavelmente menor.
A seguir, a BBC Future
Planet apresenta cinco maneiras comprovadas de restaurar a biodiversidade e
preservar a natureza.
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1. Proteger nossos oceanos
Cobrindo 70% do nosso
planeta e representando mais de 95% da biosfera, os oceanos contêm uma riqueza
de biodiversidade. Mas apenas 2,8% dos oceanos do mundo são efetivamente
protegidos — e somente 8,3% são conservados, de acordo com um relatório recente
da Bloomberg Ocean Initiative.
As Áreas Marinhas
Protegidas (AMP), se aplicadas adequadamente, podem se tornar refúgios cruciais
para a biodiversidade, protegendo inúmeras espécies da pesca predatória, da
poluição e da destruição do habitat. Os países que estabeleceram AMP
apresentaram grandes ganhos em termos de biodiversidade.
As Ilhas Seychelles,
um arquipélago de 115 ilhas no Oceano Índico, por exemplo, testemunharam
um grande retorno das baleias depois
que assinaram um acordo de swap da dívida por natureza — na
prática, o país teve quase US$ 22 milhões da sua dívida pública anulada em
troca da criação de 13 AMP.
Os cientistas
descreveram o retorno das baleias azuis ao Oceano Índico como uma "vitória
de conservação" depois que sua população foi dizimada pela frota baleeira
soviética na década de 1960.
Os Açores criaram a
maior AMP do Atlântico Norte em outubro deste ano — ela abrange 287 mil km² e
protege 30% do mar que circunda o arquipélago português.
A primeira AMP de
Portugal foi projetada por pescadores locais que estavam ansiosos para proteger
as populações de polvo e sardinha no Algarve.
Abrangendo 156 km² de
mar, com uma zona interditada à pesca de 20 km², a área ofereceu à natureza a
chance de se reabastecer — e garantir que fontes vitais de alimentos estejam
disponíveis por muito tempo no futuro.
“Durante séculos, os
açorianos estiveram conectados ao mar e queremos garantir que esse vínculo
permaneça forte, apoiando as comunidades que dependem de um oceano
saudável", diz Luis Bernardo Brito e Abreu, conselheiro do governo dos
Açores.
"A nossa
esperança é que a nossa ação não só beneficie a nossa população e a vida
selvagem nos Açores, mas inspire o resto do mundo a cumprir os seus
compromissos globais de proteger 30% dos oceanos."
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2. Combater espécies invasoras
As espécies invasoras
podem causar estragos nos ecossistemas e na vida selvagem. Elas custam à
economia global mais de US$ 423 bilhões todos os anos — e foram identificadas
como um dos principais impulsionadores da perda de biodiversidade global.
Desde 1500, a
introdução de espécies invasoras levou a 25% das extinções de plantas e 33% das
extinções de animais.
A remoção destas
espécies dos habitats é fundamental para conter a perda de biodiversidade. Mas
isso está se tornando cada vez mais difícil, uma vez que as mudanças climáticas
estão fazendo com que as pragas se espalhem, ampliando seu alcance para novos habitats
que antes eram muito frios.
Os remadores e
windsurfistas olímpicos também começaram a aumentar a consciencialização sobre
a ameaça ambiental que os invasores representam, removendo a fauna e a flora
destrutivas dos seus barcos e pranchas.
Enquanto isso, chefs
dos EUA e do Reino Unido estão servindo esquilo, knotweed japonês e
lagostim. É improvável que cozinhar com pragas prolíficas as erradique, mas
pode educar a população sobre os perigos das espécies invasoras, dizem os
chefs.
Porém, em alguns
casos, a erradicação total é possível. A ilha tropical de Palmyra, no Oceano
Pacífico Central, conseguiu
se livrar de todos os 20 mil ratos que
dominavam o atol (uma densidade populacional 10 vezes maior do que em climas
mais frios) em 2011.
A natureza se
recuperou após a erradicação, as árvores nativas ganharam terreno e duas novas
espécies de caranguejos foram observadas nas ilhas pela primeira vez.
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3. Restaurar zonas úmidas degradadas
Além de proporcionarem
um lar essencial para a vida selvagem, as zonas úmidas ajudam a prevenir
inundações, fornecem água potável e reduzem a erosão costeira. As zonas úmidas
estão entre os tipos de habitat mais degradados, com os seres humanos danificando
85% destas regiões no mundo. Mas o inverso também é possível, com muitas áreas
úmidas sendo restauradas para uma condição saudável.
A maior restauração a
nível mundial de um habitat degradado está em andamento na Flórida, nos Estados
Unidos. Everglades, uma extensa zona úmida que já teve o dobro do tamanho
atual, está sendo revitalizada para melhorar a segurança hídrica cada vez menor
do Estado e incentivar o retorno da vida selvagem ao local.
Em Colombo, capital do
Sri Lanka, iniciativas locais transformaram o que antes era um depósito de lixo
em uma zona úmida repleta de martim-pescadores, garças, aves pernaltas e
corvos-marinhos, além de ser o lar de ninfeias cor de rosa e búfalos-d'água.
Algumas zonas úmidas
também podem ser poderosos sumidouros de carbono quando estão saudáveis,
tornando sua recuperação ainda mais premente na corrida para conter as mudanças
climáticas.
Uma comunidade
finlandesa de pescadores transformou as turfeiras ricas em carbono de
Linnunsuo, outrora uma terra poluída e estéril usada para extração de turfa, em
um lar para aves aquáticas.
Apenas um ano após a
restauração em 2013, mais de 100 espécies regressaram a Linnunsuo. Outras 100
espécies se juntaram a elas desde então.
A restauração do
habitat pode acontecer em qualquer área degradada, não apenas em antigas áreas
industriais. De repente, seu quintal pode ser o local ideal para um refúgio de
vida selvagem em miniatura para espécies aquáticas e semiaquáticas.
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4. Salvar espécies-chave
Todas as plantas e
animais vivem como parte de um ecossistema cuidadosamente equilibrado e, quando
um elemento deste sistema é removido, o equilíbrio se perde. Mas existem alguns
animais que têm um peso maior quando se trata de manter um ecossistema
saudável.
Eles são conhecidos
como espécies-chave, e a sua proteção pode ser fundamental para salvar uma
série de outras espécies que dependem da sua presença.
Os engenheiros de
ecossistema são geralmente considerados espécies-chave. Nos Estados Unidos,
castores reintroduzidos estão se ocupando da reconstrução de habitats perdidos
para lontras, tartarugas e peixes.
Enquanto isso, nas
Ilhas Galápagos, tartarugas gigantes "aplainam" uma paisagem coberta
por plantas lenhosas, criando clareiras usadas como pistas e locais de
nidificação pelo albatroz-ondulado, criticamente ameaçado de extinção.
Assim como nas zonas
úmidas, os búfalos d'água estão transformando ambientes no mundo todo, criando
habitats saudáveis para todos os tipos de espécies, de sapos a morcegos até gramíneas de pântano.
E na Bacia do Congo,
os elefantes africanos estão espalhando sementes e nutrientes, e ajudando as
árvores a crescerem e a viverem mais.
Uma coisa é certa,
argumentam os especialistas: proteger espécies-chave é fundamental para a
conservação da biodiversidade.
Nos locais onde o
bisão substituiu o gado nas pradarias de Montana, as populações de plantas
nativas, aves de pastagem, como os pardais, e ungulados, como o
veado-da-cauda-branca e o alce, aumentaram — a diversidade da vida está
prosperando.
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5. Trazer as florestas de volta à vida
A destruição das
florestas representa uma grande ameaça à biodiversidade em todo o mundo. Entre
2001 e 2011, o mundo perdeu 437 milhões de hectares de cobertura arbórea.
No geral, quase dois
terços das florestas tropicais do mundo foram degradadas ou destruídas, segundo
uma estimativa.
Na América Latina e no
Caribe, as populações de animais diminuíram 95% nos últimos 50 anos, devido ao
intenso desmatamento e à expansão
agrícola.
Quando as florestas
são devidamente protegidas, a biodiversidade prospera. Na floresta
nublada equatoriana de Los Cedros, os macacos
guincham, e cerca de 400 espécies de aves grasnam. Mas nem sempre foi assim.
A vida selvagem de Los
Cedros foi gravemente ameaçada pelas atividades de mineração e pelo
desmatamento.
Em 2021, um juiz
decidiu que o desmatamento da floresta para a mineração violava os direitos
constitucionais da natureza de Los Cedros — um movimento jurídico crescente que
reconhece o direito inerente do mundo natural ao mesmo grau de proteção
oferecido às pessoas físicas e jurídicas.
A floresta ganhou personalidade jurídica, e foi transformada em um santuário da biodiversidade.
A plantação de árvores
é citada com frequência como uma resposta fácil para resolver a crise
climática, mas os especialistas dizem que proteger as florestas existentes é a
melhor forma de sequestrar carbono e ajudar a biodiversidade.
A regeneração natural
de florestas, em que as árvores podem voltar a crescer espontaneamente, com
intervenção humana limitada, está ganhando força em todo o mundo como uma
ferramenta de conservação surpreendentemente eficaz.
Um estudo concluiu que
a regeneração natural pode absorver potencialmente 40 vezes mais carbono do que
as plantações — e fornecer um habitat para mais espécies.
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Pando, a árvore de 40
hectares considerada um dos seres vivos mais antigos e pesados do mundo
Para o visitante
desavisado, Pando nada mais é do que um belo bosque de uma espécie de álamo
chamada álamo-trêmulo.
Mas há milhares de
anos suas raízes guardam um segredo genético que o torna ainda mais
interessante.
Localizado em uma área
de 43 hectares perto de Fish Lake, em Utah, nos Estados Unidos, Pando é
considerado por alguns cientistas como "o maior e mais pesado organismo
vivo do mundo".
É que as 47 mil
árvores que fazem parte dele estão conectadas por um sistema de raízes — e são
geneticamente idênticas.
"Todas estas
árvores são, na verdade, uma só árvore", explicou o geógrafo Paul Rogers à
BBC News Mundo, serviço de notícias em espanhol da BBC, em 2018.
O fenômeno vem
atraindo cientistas há décadas. E uma das grandes dúvidas sobre Pando tinha a
ver com sua antiguidade.
Embora há muito tempo
seja considerado um dos seres vivos mais antigos do planeta, os especialistas
não tinham certeza da sua idade.
Agora, esta dúvida foi
sanada depois que uma equipe de biólogos conseguiu datá-lo pela primeira vez.
A conclusão deles?
A maior árvore do
mundo tem pelo menos 16 mil anos.
- Como eles conseguiram descobrir?
Para estudar a
história evolutiva de Pando, a bióloga Rozenn Pineau, do Instituto de
Tecnologia da Geórgia, em Atlanta, e seus colegas coletaram e sequenciaram mais
de 500 amostras da árvore, assim como vários tipos de tecido, incluindo folhas,
raízes e cascas.
O objetivo era extrair
dados genéticos, procurando principalmente mutações somáticas, que são
alterações no DNA que ocorrem nas células de um organismo após a concepção.
"No início,
quando Pando germinou de uma semente, todas as suas células continham DNA
essencialmente idêntico", explicou Pineau à revista científica New
Scientist.
"Mas toda vez que
uma nova célula é criada, e a informação genética é replicada, podem ocorrer
erros que introduzem mutações no DNA", acrescentou.
De acordo com o
estudo, ao observar o marcador genético dessas mutações presentes em diferentes
partes da árvore, os pesquisadores conseguiram reconstruir a história evolutiva
de Pando e estimar sua idade.
Vale lembrar que
os bosques de álamo podem se reproduzir de duas maneiras: uma delas é quando as
árvores maduras deixam cair sementes que depois germinam; e a outra é quando
elas liberam brotos de suas raízes, dos quais nascem novas árvores, chamadas de
clones.
Pando não é o único
bosque de clones, mas é o mais extenso. Como os especialistas o consideram um
único organismo, ele tem o peso somado de todas as suas árvores, resultando em
um ser vivo com peso estimado em 13 milhões de toneladas.
- Entre 16 mil e 81 mil anos
Os pesquisadores
fizeram três estimativas diferentes da idade da árvore, pois não tinham certeza
se haviam deixado passar algumas mutações ou se algumas das mutações
identificadas eram falsos positivos.
Supondo que os
cientistas tenham identificado corretamente cada mutação na parte do genoma que
sequenciaram, a primeira estimativa é que Pando tenha cerca de 34 mil anos.
Se os especialistas
incluírem possíveis mutações somáticas não detectadas, a segunda estimativa — e
a menos conservadora — sugere que a árvore teria aproximadamente 81 mil anos.
E se considerarmos que
apenas 6% das mutações observadas pelos biólogos são de fato positivas, então
Pando teria 16 mil anos.
Considerando todas
essas incertezas, Rozenn Pineau e sua equipe calcularam que a idade da árvore
provavelmente se encontra entre 16 mil e 81 mil anos.
"Embora esses
cenários nos forneçam números bastante diferentes, todos eles apontam para uma
conclusão notável: Pando é antigo", afirmou Pineau à revista New
Scientist.
"Mesmo em sua
idade estimada mais jovem (16 mil anos), este clone de álamo está crescendo
desde a última era glacial", acrescentou.
Por meio de sua conta
no X (antigo Twitter), Will Ratcliff, outro biólogo envolvido na pesquisa,
escreveu que "para colocar a idade de Pando em perspectiva, mesmo pela
nossa estimativa mais conservadora, ele estava vivo quando os seres humanos
caçavam mamutes".
"Pela nossa
estimativa mais antiga, ele germinou antes da nossa espécie deixar a
África", completou.
O estudo afirma, por
sua vez, que "independentemente do cenário, estas estimativas destacam a
notável longevidade de Pando (...), tornando-o um dos organismos vivos mais
antigos da Terra".
Fonte: BBC Future
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