quarta-feira, 20 de novembro de 2024

Por que a puberdade está começando cada vez mais cedo

Se antes as mechas coloridas do cabelo da mãe eram legais, agora elas são motivo de vergonha. "Mãe, não dá para você ser só normal?". Quando as crias começam a se constranger com tudo, é porque estão na puberdade.

Nessa fase, o corpo começa a produzir mais hormônios sexuais: estrogênio e progesterona nas meninas e testosterona nos meninos provocam mudanças físicas e psicológicas. As oscilações de humor são normais, assim como o distanciamento dos pais. Externamente crescem os pelos pubianos, nas meninas os seios se desenvolvem, então vem a menstruação. A voz dos meninos engrossa, os testículos e pênis crescem e eles ejaculam pela primeira vez.

•                                    Puberdade quase um ano mais cedo do que há 50 anos

Tudo isso ocorre hoje de forma mais precoce do que no passado. Uma meta-análise mostrou que, em 2013, a puberdade das meninas começou, em média, quase um ano antes do que em 1977. Os meninos também tendem a iniciar a puberdade mais cedo, embora os resultados do estudo não sejam tão conclusivos.

A época da primeira menstruação, porém, tem se mantido mais ou menos constante. Desde a década de 60, as jovens na Europa menstruam pela primeira vez por volta dos 13 anos de idade – na Alemanha, em média, aos 12,8 anos de idade, relata Bettina Gohlke, chefe do Departamento de Endocrinologia Pediátrica (Kedas) do Hospital Universitário de Bonn, na Alemanha.

No século 19, a menarca (primeiro ciclo menstrual) só começava aos 17 anos. Se agora ela vem tão mais cedo, é porque as mulheres se tornaram fortes o suficiente para dar à luz e cuidar dos filhos mais cedo, graças à melhora dos padrões de vida, explica Gohlke. "No entanto, a puberdade não começa com o primeiro período menstrual, mas com o crescimento dos seios."

Mas por que essa fase foi antecipada em cerca de um ano, em apenas cinco décadas? Há diversas teorias a respeito.

•                                    Obesidade em tempos do coronavírus e puberdade precoce

Pesquisas demonstraram que crianças com sobrepeso entram na puberdade mais cedo. Uma maior concentração da substância mensageira leptina, produzida no tecido adiposo, é que sinalizaria ao cérebro o início da puberdade.

O fato de as crianças se movimentarem menos e engordarem mais pode ser um dos motivos por que bem mais meninas apresentou puberdade precoce durante a pandemia da covid-19. Pubertas praecox é quando as características sexuais externas das meninas se desenvolvem antes dos nove anos de idade, e dos meninos, antes dos dez anos.

"Além disso, todo o estilo de vida havia mudado, como o ritmo circadiano, as crianças estavam mais estressadas psicossocialmente e passavam mais tempo em frente ao computador – e a luz azul, como os estudos com animais mostraram, tem um efeito sobre os hormônios", relata a endocrinologista pediátrica Gohlke, que estuda a tendência à puberdade precoce. Atualmente, no entanto, essa tendência está desacelerando.

•                                    Que influência têm os produtos químicos sobre a puberdade?

Cientistas suspeitam que os produtos químicos no meio ambiente também influenciam a puberdade. Foi comprovado, por exemplo, que o pesticida DDT antecipa o início da menstruação. Suspeita-se também que substâncias presentes em produtos de higiene pessoal, como ftalatos, parabenos e outros fenóis, possam induzir a puberdade mais cedo, sobretudo nas meninas.

Também é possível que os plastificantes com efeitos hormonais presentes na matéria plástica influenciem o início da puberdade, diz Gohlke. Ela frisa que a tendência global de iniciar a puberdade cada vez mais cedo se desenvolveu num prazo tão curto, que não pode ser explicada por mudanças genéticas.

Não está claro, porém, quais exatamente são as substâncias responsáveis. "Há bem mais de 100 substâncias que podem ser as causas, como demonstraram os estudos com animais, e estamos expostos a uma grande variedade delas." Além disso, há sempre a questão da dose: uma dose considerada inofensiva em experimentos com animais pode francamente ter efeitos sobre uma criança.

•                                    Lavanda, soja e filhos únicos

Óleos essenciais também podem afetar os hormônios e, portanto, o início da puberdade. Tanto meninas quanto meninos desenvolveram crescimento prematuro dos seios ao usar produtos de lavanda. Testes de laboratório mostraram que 65 óleos essenciais contêm substâncias com efeito hormonal sobre as células humanas. A suspensão desses produtos resultou em redução dos seios de todas as crianças.

Produtos à base de soja igualmente têm efeito hormonal, pois a leguminosa apresenta fitoestrogênios, substâncias vegetais semelhantes ao hormônio humano estrogênio. O mesmo se aplica à cerveja.

Ainda não foi comprovada uma influência da soja no início da puberdade. Porém num estudo as mulheres que foram alimentadas com proteína de soja quando bebês relataram tanto regras significativamente mais longas quanto cólicas menstruais mais fortes. A Sociedade Alemã de Medicina Infanto-Juvenil (DGKJ) desaconselha, portanto, uma dieta à base de soja para bebês.

Outro fator parece influenciar o início da puberdade: filhos únicos costumam alcançar a puberdade mais cedo do que se há irmãos, meio-irmãos ou meio-irmãos adotivos, mostrou um estudo dinamarquês. Uma explicação seria: já que filhos únicos não podem contar com irmãs e irmãos para passar adiante os genes da família, seus corpos acionariam mais cedo a capacidade reprodutiva.

 

•                                    Traumas de infância e personalidade aumentam possibilidade de rinoplastia

Cirurgias estéticas são procedimentos cada vez mais comuns e a rinoplastia é uma das mais realizadas, uma vez que o desejo por uma melhor aparência está intimamente ligado à saúde psicológica de um indivíduo. Mas um estudo recente publicado no periódico Aesthetic Plastic Surgery mostrou que lidar negativamente ante eventos comuns da vida e carregar traumas de infância pode aumentar em até 30% a probabilidade de realizar uma cirurgia plástica no nariz. Compre vitaminas e suplementos

“Existem algumas razões principais pelas quais muitas pessoas podem desenvolver complexos relacionados ao nariz. O nariz desempenha um papel central no equilíbrio estético do rosto e existem questões psicológicas, sociais, além de padrão de beleza, comentários negativos e experiências pessoais. Não é incomum que pacientes que buscam rinoplastia sofram mais com ansiedade e tenham vivenciado experiências negativas na infância”, explica o cirurgião plástico Paolo Rubez, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética.

“A preocupação com o tamanho do nariz é um tema comum entre muitos pacientes e pode ter várias origens psicológicas e sociais”, completa o médico.

O estudo incluiu 256 indivíduos, consistindo de 106 que tinham passado por rinoplastia, 46 considerando rinoplastia e 104 não considerando rinoplastia. “O estudo chegou à conclusão de que tanto os traços de personalidade quanto os traumas de infância influenciam a decisão de se submeter à rinoplastia”, diz ele.

O trabalho científico aponta que o neuroticismo, tendência a experimentar facilmente emoções negativas ante eventos comuns da vida, aumentou a probabilidade de se submeter a uma rinoplastia em 16,3%, e essa taxa subiu para 29,3% se um membro da família tivesse se submetido a uma rinoplastia.

“Isso sugere que pessoas que são emocionalmente vulneráveis podem ver a rinoplastia como uma maneira de melhorar sua autoestima e lidar com suas questões de aparência. Sabemos que a autoestima é um aspecto crucial na vida das pessoas e a rinoplastia tem se destacado como uma forma eficaz de melhorá-la, mas é importante que o paciente também procure um auxílio de saúde mental. Através da rinoplastia, é possível corrigir assimetrias, reduzir ou aumentar o tamanho do nariz, afiná-lo e melhorar a proporção facial como um todo. Essas mudanças estéticas proporcionam aos pacientes uma sensação renovada de autoconfiança”, diz o médico.

O estudo também apontou que o psicoticismo, que envolve a vulnerabilidade a comportamentos impulsivos, agressivos ou de baixa empatia de um indivíduo, aumentou em 15,4% a probabilidade de recorrer a rinoplastia, e a taxa subiu para 19,1% se nenhum membro da família tivesse se submetido a uma rinoplastia.

“O aumento da taxa quando não há uma referência familiar elucida uma questão importante, que é uma maior tendência a tomar decisões impulsivas. É importante que o médico avalie caso a caso e identifique se o paciente não está obcecado em parecer outra pessoa, ter outra característica, o que tem relação com a distorção de imagem”, diz o médico.

Outro traço de personalidade, a extroversão, que envolve a tendência de uma pessoa ser amigável e socialmente ousada, falante, afetuosa e festeira, aumentou a probabilidade em 24,4%, e essa cresceu para 30,9% se um membro da família tivesse se submetido a uma rinoplastia.

“A maior exposição e interação social pode aumentar a pressão sobre a aparência, influenciando a decisão pela rinoplastia”, diz o médico. “Já o abuso emocional, mediado pelo neuroticismo, aumentou a probabilidade de se submeter a uma rinoplastia em 5,4%, e essa aumentou para 17,7% se um membro da família tivesse se submetido a uma rinoplastia. A negligência física aumentou a probabilidade em 17,9%, e essa taxa aumentou para 22% se nenhum membro da família tivesse se submetido a uma rinoplastia.”

A principal questão, segundo o médico, é o tamanho do nariz. “Comentários negativos ou bullying relacionados ao tamanho do nariz podem ter um impacto significativo na autoestima de uma pessoa. Algumas pessoas podem ter vivenciado experiências traumáticas ou eventos em que seu nariz tem sido o foco de atenção negativa, o que pode levar a uma grande preocupação com o tamanho do nariz”, diz o médico.

“Se o nariz de uma pessoa não se enquadra nesses padrões considerados ideais, ela pode se sentir insegura e desenvolver complexos em relação a isso”, argumenta. “Mas isso, claro, deve ser sempre avaliado com relação às proporções faciais, porque não existe um único nariz perfeito e ideal para todos. Como cirurgiões, temos que respeitar as individualidades.”

A tendência natural de comparar-se com os outros também pode levar à percepção de que o próprio nariz é desproporcional ou inadequado. “Ao ver narizes que são considerados mais harmoniosos ou atraentes por outros, pode-se desenvolver uma preocupação em relação ao próprio nariz”, destaca ele.

Por fim, o especialista enfatiza que a rinoplastia tem passado por grandes avanços nos últimos anos, trazendo benefícios estéticos notáveis para os pacientes. “Além de corrigir imperfeições, essa intervenção cirúrgica tem se mostrado uma poderosa aliada na melhora da autoestima, no embelezamento facial e até mesmo na percepção anti-idade. Com técnicas aprimoradas, materiais inovadores e uma compreensão mais profunda da anatomia nasal, os resultados obtidos têm sido cada vez mais naturais e personalizados”, finaliza o médico.

 

Fonte: DW Brasil/Homework

 

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