Ji
Xinping: Com futuro compartilhado e amizade que supera distâncias, é hora de
navegarmos juntos sob velas cheias
O
Brasil tem território vasto, recursos ricos, paisagens deslumbrantes e culturas
diversas, e é um país do qual o povo chinês gosta muito. Há mais de 200 anos, o
chá, a lichia, as especiarias, e as porcelanas atravessaram mares e chegaram ao
Brasil, daí se criou uma ponte de intercâmbio econômico e comercial entre os
dois países, e nasceram os laços de intercâmbio amigável entre chineses e
brasileiros.
As
relações diplomáticas China-Brasil, estabelecidas em 15 de agosto de 1974, têm
resistido às mudanças e turbulências na situação internacional nesses 50 anos,
e são cada vez mais maduras e dinâmicas. Têm promovido efetivamente o
desenvolvimento dos dois países, contribuído positivamente para a paz e a
estabilidade do mundo e oferecido um exemplo de cooperação ganha-ganha e futuro
compartilhado entre dois grandes países em desenvolvimento.
China
e Brasil sempre persistem em respeito mútuo e tratamento em pé de igualdade, e
entendem e apoiam os caminhos de desenvolvimento que o povo chinês e o povo
brasileiro escolheram. O Brasil foi o primeiro país a estabelecer uma parceria
estratégica com a China e o primeiro país da América Latina e Caribe a
estabelecer uma parceria estratégica global com a China. Os dois países têm um
relacionamento que sempre fica na vanguarda dos relacionamentos entre a China e
os países em desenvolvimento, e possuem mecanismos governamentais de diálogo e
cooperação completos. A Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e
Cooperação (COSBAN), que já está em bom funcionamento por 20 anos, desempenha
um papel importante na coordenação e planejamento da cooperação em diferentes
áreas e na busca de desenvolvimento comum.
China
e Brasil sempre persistem em benefícios mútuos, ganhos compartilhados e
complementaridade, e promovem conjuntamente a modernização dos dois países.
Para o Brasil, a China é o maior parceiro comercial por 15 anos consecutivos, é
uma das principais fontes de investimento estrangeiro, e conforme estatísticas
chinesas, importou mais de US$100 bilhões do Brasil anualmente nos últimos três
anos, batendo um novo recorde. Com esforços conjuntos, os dois países gozam de
uma pauta comercial bilateral cada vez mais aprimorada, uma cooperação de
qualidade cada vez mais elevada e os interesses comuns cada vez mais ampliados.
A sua cooperação de benefícios mútuos em áreas como agricultura,
infraestrutura, energia e recursos naturais, desenvolvimento verde, ciência,
tecnologia e inovação, finanças, entre outras, é efetiva e repleta de destaques
e oferece impulsos energéticos ao desenvolvimento econômico e social dos dois
países.
China
e Brasil sempre persistem em abertura, inclusão e aprendizagem mútua, por
natureza, sentem-se próximos um do outro e têm uma busca comum por tudo o que é
belo. O fato de que Cecília Meireles e Machado de Assis, ambos poetas e
escritores brasileiros bem-conhecidos, traduziram poemas da dinastia Tang da
China, reflete uma sinfonia mental entre os dois lados que transcende tempo e
espaço. Nos últimos anos, músicas, danças, gastronomias, esportes e artes
passam a ser as novas pontes que ligam os dois povos e contribuem para o
aprofundamento do conhecimento mútuo e amizade entre chineses e brasileiros. As
fofinhas capivaras, a bossa nova, a samba e a capoeira são populares na China,
enquanto festivais tradicionais como o da primavera e outros elementos de
cultura tradicional chinesa como a medicina tradicional chinesa são cada vez
mais conhecidos pelos brasileiros. Entre os dois países, há interações
frequentes entre jovens, jornalistas e acadêmicos, bem como intercâmbios
dinâmicos entre entidades subnacionais. Mais ainda, as atividades para celebrar
o 50º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas servem como
banquetes de delícias culturais oferecidos aos dois povos. Nos últimos dias,
recebi cartas de mais de uma centena de amigos brasileiros da Associação de
Amizade Brasil-China, das universidades do Brasil, da Orquestra Forte de
Copacabana do Rio e de outros setores da sociedade brasileira, e fiquei muito
tocado com as grandes expectativas que depositam em aprofundar a amizade
sino-brasileira.
China
e Brasil sempre persistem em desenvolvimento pacífico, imparcialidade e
justiça, têm opiniões idênticas ou convergentes sobre muitas questões
internacionais e regionais. Ambos os países são defensores firmes do
multilateralismo e das normas básicas que regem as relações internacionais, e
têm mantido, ao longo de todo esse tempo, uma colaboração estreita nos temas
importantes como a governança global e as mudanças climáticas nas organizações
internacionais e foros multilaterais como a ONU, o G20 e o BRICS. Há pouco,
China e Brasil emitiram Entendimentos Comuns sobre uma Resolução
Política para a Crise na Ucrânia, e receberam resposta positiva da
comunidade internacional. De mãos dadas, os dois países cumprem seus papéis
como grandes países responsáveis, promovem a multipolarização global e a
democratização das relações internacionais, bem como injetam energia positiva à
paz e estabilidade mundiais.
No
mundo de hoje, transformações de escala nunca vista em um século estão
ocorrendo em um ritmo acelerado, e novos desafios e mudanças continuam
surgindo. “Em corrida de barcos, vencem aqueles que remam com força; em regata
de veleiros, ganham aqueles que ousam avançar sob a vela cheia.” China e
Brasil, dois grandes países em desenvolvimento nos hemisférios leste e oeste e
membros importantes do BRICS, devem se unir mais estreitamente, ousar ser
pioneiros e caçadores de ondas, e juntos abrir novas rotas de navegação que
levam a um futuro mais belo que os povos dos dois países e a humanidade
merecem.
Devemos
manter a amizade como a direção geral do desenvolvimento do relacionamento
entre China e Brasil. Vamos persistir sempre em respeito, confiança e
aprendizagem mútuos, e estreitar ainda mais os intercâmbios entre governos,
entre partidos políticos, entre órgãos legislativos, de todos os níveis e em
todas as áreas. Vamos reforçar trocas de experiências de governança e de
desenvolvimento, consolidar a confiança estratégica mútua e compactar ainda
mais a base política para as relações sino-brasileiras. Vamos continuar
aproveitando o papel dos mecanismos de cooperação como a COSBAN e o Diálogo
Estratégico Global, para formarmos um relacionamento estável e maduro entre
grandes países e promovê-lo a avançar com passos firmes e chegar ao
longe.
Devemos
cultivar as novas forças para a cooperação de benefícios mútuos entre China e
Brasil. Ambos os países têm como metas importantes acelerar o desenvolvimento
econômico e melhorar o bem-estar do povo, e estão se esforçando para
conseguir avanços no caminho à modernização. No contexto de evolução rápida da
nova rodada da revolução científica e tecnológica e transformação industrial,
os nossos países devem agarrar as oportunidades da época. Vamos promover
continuamente o reforço das sinergias entre a Iniciativa Cinturão e Rota e as
estratégias de desenvolvimento do Brasil, fortalecer constantemente a natureza
estratégica, global e criativa da cooperação mutuamente benéfica China-Brasil,
criar mais projetos demonstradores que atendem a demanda da época e trazem
benefícios duradouros aos povos, e impulsionar o desenvolvimento comum dos
nossos países e das nossas regiões.
Devemos
consolidar a amizade entre os povos da China e do Brasil. As culturas ricas e
únicas dos dois países se inspiram e se atraem. Devemos levar adiante a boa
tradição de abertura e inclusão, aprofundar intercâmbios e cooperação em
cultura e educação, ciência e tecnologia, saúde, esporte, turismo e entre entes
subnacionais. Com isso, os nossos povos podem conhecer uma China e um Brasil
mais genuínos, multidimensionais e vivos, e vamos formar mais “embaixadores”
que trabalham para a longa continuidade da amizade tradicional China-Brasil.
Com esses intercâmbios, vamos fazer com que as nossas civilizações se convivam
em harmonia, brilhem juntos, e contribuam para a diversidade civilizacional do
nosso mundo que pode ser comparado a um jardim cheio de flores.
Devemos
demonstrar a união, a ajuda mútua e a responsabilidade da China e do Brasil.
Atualmente, o Sul Global está em ascensão coletiva, mas a sua voz e aspiração
ainda não são plenamente refletidas no sistema da governança global. Sendo
principais grandes países em desenvolvimento, China e Brasil devem assumir a
responsabilidade confiada pela história e trabalhar junto com os outros países
do Sul Global, para defender com toda a firmeza os interesses comuns dos países
em desenvolvimento, enfrentar desafios globais com cooperação, tornar a
governança global mais justa e equitativa, e contribuir para a paz, a
establidade e o desenvolvimento comum do mundo.
Um
outro objetivo importante da minha visita ao Brasil é participar da Cúpula do
G20. O G20 é uma plataforma importante para a cooperação econômica
internacional. O Brasil definiu como lema da sua presidência “Construir um
mundo justo e um planeta sustentável”, promoveu proativamente a cooperação do
G20 em todas as áreas, e estabeleceu uma boa base para a realização
bem-sucedida da Cúpula no Rio. O presidente Lula adotou “combate à fome e à
pobreza” como um tema principal da Cúpula e propôs o lançamento da Aliança
Global contra a Fome e a Pobreza, à qual a China expressa grande apreço e
apoio.
Para
construir um mundo justo, é preciso o G20 persistir nos princípios de respeito
mútuo, cooperação em pé de igualdade, benefícios mútuos e ganhos
compartilhados, e apoiar os países do Sul Global a realizar um maior
desenvolvimento. É necessário colocar o desenvolvimento no centro da cooperação
do G20, priorizar a implementação da Agenda 2030 para o Desenvolvimento
Sustentável da ONU, formar parceria global para o desenvolvimento sustentável,
promover um desenvolvimento global mais inclusivo, benéfico para todos e mais
resiliente. É preciso promover proativamente a reforma do Fundo Monetário
Internacional, Banco Mundial e Organização Mundial do Comércio e aumentar a
representação e a voz do Sul Global. Devemos reforçar a coordenação das
políticas macroeconômicas, promover a liberalização e a facilitação do comércio
e investimento, e criar um ambiente aberto, inclusivo e não discriminatório
para a cooperação econômica internacional.
Para
construir um planeta sustentável, é preciso o G20 preconizar produção e vida
sustentáveis e convivência harmoniosa entre o homem e a natureza. É necessário
impulsionar a cooperação internacional aprofundada em áreas como
desenvolvimento verde e de baixo carbono, proteção ambiental, transição
energética e enfrentamento às mudanças climáticas, persistir no princípio de
responsabilidades comuns, porém diferenciadas e fornecer mais apoios aos países
do Sul Global em termos de financiamento, tecnologia e construção da
capacidade. Trinta e dois anos atrás, foi realizada no Rio de Janeiro a
Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento,
ocasião na qual foram alcançados resultados essenciais como a Agenda 21. Uma
das agendas importantes dos líderes do G20 no Rio será a discussão sobre o
desenvolvimento verde e de baixo carbono no planeta. Espero que a Cúpula possa
injetar maior vigor e confiança ao desenvolvimento sustentável global.
Estou
convicto de que a Cúpula do G20 no Rio alcançará resultados frutíferos e
deixará distintas marcas brasileiras na história do G20. Aguardo também
trabalhar junto com o presidente Lula para conduzir as relações China-Brasil a
entrar nos novos “50 anos dourados” e formar uma comunidade com futuro
compartilhado mais justo e mais sustentável.
¨
Relação entre Brasil e
China vive melhor momento, diz Xi Jinping
O
presidente da China, Xi Jinping, que faz visita de Estado ao Brasil nesta
quarta-feira (20), afirmou que a relação entre os dois países vive o seu melhor
momento na história. O líder chinês foi recebido pelo presidente Luiz Inácio
Lula da Silva no Palácio da Alvorada, residência oficial. Ambos assinaram 37
novos acordos bilaterais.
"Mantive
uma reunião cordial, amistosa e frutífera com o presidente Lula. Fizemos uma
retrospectiva do relacionamento da China com o Brasil ao longo dos últimos 50
anos. Coincidimos que este relacionamento está no melhor momento da história.
Possui uma projeção global estratégica e de longo prazo cada vez mais
destacada. E estabeleceu um exemplo para avançarem juntos com solidariedade e
cooperação, entre os grandes países em desenvolvimento", afirmou o
presidente em declaração à imprensa. A China é o país com a segunda maior
economia do planeta e principal parceiro do Brasil desde 2009, responsável por
mais da metade do superávit comercial anual do país.
A
agenda em Brasília ocorre na sequência da participação do líder chinês na
Cúpula do G20, realizada no Rio de Janeiro e que foi encerrada na última
terça-feira (19). Além disso, é uma retribuição da visita de Lula à China em
abril de 2023 e ocorre em celebração aos 50 anos das relações diplomáticas
entre os dois países, completados este ano.
Em
sua declaração após a reunião com Xi Jinping, o presidente Lula anunciou a
elevação de status da relação bilateral, que agora passa a ser classificada
como "Parceria Estratégica Global ao patamar de Comunidade de Futuro
Compartilhado por um Mundo mais Justo e um Planeta Sustentável".
"Estamos
determinados a alicerçar nossa cooperação pelos próximos 50 anos em áreas como
infraestrutura sustentável, transição energética, inteligência artificial,
economia digital, saúde e aeroespacial. Por essa razão, estabeleceremos
sinergias entre as estratégias brasileiras de desenvolvimento, como a Nova
Indústria Brasil (NIB), o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o
Programa Rotas da Integração Sul-Americana, e o Plano de Transformação
Ecológica e a Iniciativa Cinturão e Rota. Para dar concretude às sinergias, uma
Força Tarefa sobre Cooperação Financeira e outra sobre Desenvolvimento
Produtivo e Sustentável serão estabelecidas e deverão apresentar projetos
prioritários em até dois meses", afirmou Lula.
<><> Sul Global
Xi
Jinping também destacou como exemplo o fato de Brasil e China serem os dois
maiores países em desenvolvimento de duas regiões e ocuparem um lugar de
protagonismo das aspirações dos países do chamado Sul Global - termo
geopolítico que designa nações pobres ou em situações socioeconômicas
similares, especialmente da América Latina, África e Ásia.
"China
e Brasil devem assumir proativamente a grande responsabilidade histórica de
salvaguardar os interesses comuns dos países do Sul Global e de promover uma
ordem internacional mais justa e equitativa", disse o presidente chinês.
Ele ainda defendeu aumentar a representação dos países em desenvolvimento na
governança global. "É também nosso consenso que China e Brasil continuem
estreitando a colaboração em fóruns multilaterais como Nações Unidas, G20 e
Brics, enfrentando a fome e a pobreza", acrescentou.
"Defendemos
a reforma da governança global e um sistema internacional mais democrático,
justo, equitativo e ambientalmente sustentável. Em um mundo assolado por
conflitos armados e tensões geopolíticas, China e Brasil colocam a paz, a
diplomacia e o diálogo em primeiro lugar. Agradeci o engajamento no Chamado à
Ação pela Reforma da Governança Global que o Brasil lançou no âmbito do
G20", disse Lula na declaração, em sintonia com seu homólogo.
<><> Conflitos internacionais
Tanto
Lula quanto Xi Jinping abordaram a situação de guerras que vem ocorrendo pelo
mundo e defenderam soluções políticas para o fim dos conflitos.
"Jamais
venceremos o flagelo da fome em meio à insensatez das guerras. A Aliança Global
contra a Fome, lançada oficialmente há dois dias, é uma das iniciativas mais
importantes da presidência brasileira do G20. A China foi parceiro de primeira
hora nessa empreitada para devolver a dignidade aos 733 milhões de pessoas que
passam fome no mundo, em pleno século 21. Sem paz, o planeta tampouco estará em
condições de construir soluções para a crise climática", disse Lula. O
presidente brasileiro fez menção ao documento lançado com a China e que propõe
uma resolução política para a guerra na Ucrânia.
Para
o presidente da China, o mundo está longe de ser tranquilo, "com várias
regiões sofrendo guerras, conflitos, turbulência e insegurança".
"A
humanidade é uma comunidade de segurança indivisível. Só quando abraçarmos a
visão de segurança comum, abrangente, cooperativa e sustentável, é que
criaremos um caminho de segurança universal. Com relação à crise na Ucrânia,
enfatizei diversas vezes que não existe solução simples para um assunto
complexo. China e Brasil emitiram entendimentos comuns sobre uma resolução
política para a crise na Ucrânia e criaram grupo de amigos da paz, sobre a
crise na Ucrânia. Devemos reunir mais vozes que advogam a paz e procuram
viabilizar uma solução política da crise na Ucrânia", disse.
Sobre
a guerra na Faixa de Gaza, invadida por Israel, o presidente chinês afirmou que
a situação humanitária segue se deteriorando e cobrou maior empenho da
comunidade internacional em uma ação imediata de cessar-fogo e assistência
humanitária, bem como uma solução duradoura que, segundo ele, precisa assegura
a existência de dois Estados.
Lula
e Xi Jinping devem voltar a se encontrar no ano que vem, quando o Brasil
sediará uma nova cúpula dos Brics, em julho. A presença do chinês também é
aguardada na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30),
que será realizada no final do ano que vem em Belém.
Fonte:
Brasil 247
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