Moisés
Mendes: Folha começa sabotagem das investigações sobre plano para matar Lula,
Alckmin e Moraes
Qual
foi a contribuição da grande imprensa para o desvendamento de detalhes
encobertos do plano golpista contra Lula, que teve fases antes e depois da
eleição e mesmo depois da posse? Zero. Nada. Não há contribuição alguma.
Sabe-se
tudo sobre o golpe pelas investigações realizadas até aqui. São provas,
indícios, evidências e suspeitas que se acumulam desde antes do 8 de janeiro.
Tudo
o que vira notícia foi divulgado a partir dos resultados oferecidos pela
Polícia Federal, Ministério Público e Judiciário, em especial o ministro
Alexandre de Moraes.
A
grande imprensa não acrescentou uma vírgula ao que foi produzido pelo sistema
de Justiça. É constrangedora a incapacidade das organizações de mídia na
produção de informações relevantes sobre o plano golpista.
Essa
inação é produto da falta de vontade e de iniciativa dos comandos das grandes
corporações e das chefias das suas redações. Os profissionais da mídia
hegemônica não foram mobilizados para fazer o que foi feito, como exemplo
histórico, durante a ditadura.
E o
que fez a Folha agora? Publicou nessa quarta-feira um texto em que tenta
descontruir provas e indícios apresentados pelas investigações sobre o plano de
assassinato de Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes. A Folha fez uma lista de ‘lacunas’,
apenas um dia depois das prisões.
Um
dos pontos desqualificados pelo jornal é o da reunião na casa de Braga Netto,
com Mauro Cid, o major Rafael Martins de Oliveira e o tenente-coronel Hélio
Ferreira Lima, três dias antes de 15 de novembro de 2022, a data do plano
criminoso depois abortado. Oliveira e Lima estão presos desde terça-feira.
Segundo
a Folha, não há provas de que Braga Netto e os outros três teriam tratado dos
assassinatos. Para a Folha, é pouco dizer que pelo menos dois envolvidos
trocaram mensagens entre si, informando sobre a reunião no local, nas
circunstâncias que todos conhecem.
A
Folha talvez espere que apareça um documento, uma fala ou uma delação que diga
o seguinte: ‘Estamos aqui reunidos, nesse dia 12 de novembro, para definir como
e quando matar Lula, Alckmin e Moraes’.
A
Folha sabe que nem mafiosos profissionais são tão explícitos. Mesmo assim,
pergunta-se: por que essas e outras dúvidas, todas elencadas com o tom de
advogado de defesa dos golpistas? Talvez porque a Folha esteja avisando, mais
uma vez, que irá sabotar as conclusões das investigações.
Essa
é a Folha que em agosto escalou Glenn Greenwald para a empreitada de
desqualificar o trabalho de Alexandre de Moraes no cerco aos golpistas, ao
anunciar que tinha mensagens demolidoras trocadas entre assessores do ministro.
A
mesma Folha que, segundo o próprio Greenwald, teria seis gigabytes de arquivos
com dinamite suficiente para implodir os inquéritos conduzidos por Moraes, e
que acabou recuando diante das suspeitas de que trabalhava para a extrema
direita.
Agora,
o jornal poderia ter se dedicado a entender o encadeamento coerente dos fatos
relatados nas investigações, para montar o roteiro que leva ao plano do golpe.
Optou
pela tentativa de desmonte do que foi feito, pouco mais de 24 horas depois das
primeiras informações sobre os trabalhos da Polícia Federal. Em apenas um dia a
Folha consegue fazer o que não fez, pelo jornalismo, em dois anos desde o
planejamento do golpe, logo depois da eleição de Lula.
A
apressada lista de lacunas elaborada pela Folha reafirma a índole do jornal
como colaboracionista assumido de golpistas.
• O próximo
passo da Folha é emprestar os carros da redação para os kids pretos. Por Luís
Humberto Carrijo
A
enquete realizada pela Folha de São Paulo sobre a anistia aos envolvidos nos
ataques de 8 de janeiro vulgariza os atos golpistas e ameaça a democracia. É
uma manobra dissimulada que mascara sua verdadeira intenção e potenciais
consequências para o debate democrático no Brasil como se fosse uma simples
sondagem de opinião pública.
A
enquete sobre um assunto tão sério apresenta duas facetas condenáveis:
1.
Monetização do Debate: Ao propor uma questão tão polêmica, o jornal busca
claramente aumentar o engajamento em suas plataformas digitais em detrimento da
democracia. Esta estratégia, embora eficaz para gerar cliques e
compartilhamentos, trivializa um assunto de extrema gravidade para a democracia
brasileira.
2.
Viés Ideológico Velado: A formulação da enquete sugere uma falsa equivalência
entre diferentes posições sobre um evento que representou uma clara ameaça às
instituições democráticas. Isso pode ser interpretado como uma tentativa velada
de normalizar ou até mesmo legitimar ações antidemocráticas.
A
recorrência de pautas que questionam as decisões do Supremo Tribunal Federal
(STF) por parte da Folha indica uma postura editorial preocupante. Essa
abordagem não apenas desafia a autoridade da mais alta corte do país, mas
também contribui para um clima de instabilidade institucional.
A
enquete ignora um fator crucial: a disparidade na mobilização online entre
diferentes grupos ideológicos. A extrema-direita, notoriamente mais ativa e
organizada nas redes sociais, tende a dominar esse tipo de pesquisa online.
Consequentemente, o resultado provável não refletirá uma amostra representativa
da opinião pública, mas sim a capacidade de mobilização de grupos específicos.
A
postura da Folha de S. neste episódio sugere uma inclinação para posições mais
extremas no espectro político-ideológico. A comparação com tendências
"anarco-liberais" à la Milei é pertinente, pois reflete uma abordagem
que parece favorecer uma liberdade irrestrita, sem considerar as consequências
para o tecido social e a estabilidade democrática.
Esta
enquete, longe de ser um exercício inocente de democracia participativa,
representa um perigoso flerte com o golpismo e o populismo digital. Ao colocar
em pauta a possibilidade de anistia para atos claramente antidemocráticos, a
Folha não apenas banaliza a gravidade dos eventos de 8 de janeiro, mas também
contribui para a erosão do respeito às instituições democráticas.
A
imprensa tem um papel fundamental na manutenção da democracia, e iniciativas
como esta levantam sérias questões sobre a responsabilidade ética dos meios de
comunicação. Em um momento em que a desinformação e o extremismo político
representam ameaças reais à estabilidade democrática, é crucial que veículos de
mídia tradicionais atuem com cautela e responsabilidade, evitando abordagens
que possam, mesmo que inadvertidamente, minar os pilares da ordem
constitucional.
Nessa
toada, o próximo passo da Folha é emprestar os carros da redação para os kids
pretos terminarem o serviço.
• A mão
invisível do golpismo. Por Pedro Benedito Maciel
Somos
uma nação vítima do golpismo da elite, desde que nos tornamos uma nação
independente em 1822
Quando
eu disse a frase acima, o Carlinhos (que agora decidiu que eu sou de centro
direita e que a minha militância política, de quase quarenta e cinco anos, é
uma farsa, que faço “tipo”), disse que meus textos estão “esquerdistas demais”,
ele disse “que golpe, que nada” e que eu estou “parcial demais” (ele deveria
ser o cliente mais feliz do mundo, pois, advogados “imparciais” não cuidam dos
interesses dos seus clientes).
Fato
é que o Carlinhos e outros tantos amigos tão inteligentes, afinal ficaram ricos
e eu não, ele deve ter razão, se a métrica para se aferir a inteligência e o
sucesso for o saldo bancário, não é?
Fato
é que eu estudo muito e, talvez, por conta desse “negócio de estudar demais” e “nos
livros errados”, aprendi que, pouco mais de um ano após a Independência, o
Brasil viveu o primeiro golpe, dado pelo próprio imperador D. Pedro I contra a
primeira Assembleia Geral Constituinte Brasileira.
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Golpe de 1823 - Isso mesmo, constituintes eleitos foram enxotados e assembleia,
instalada em 3 de maio de 1823, dissolvida pelo luxurioso português; ele a
dissolveu e organizou um conselho de Estado, composto por “homens de sua
inteira confiança” responsáveis pela redação final da Constituição em 11 de
dezembro de 1823, aprovada em 25 de março de 1824, tudo sem participação
popular e sem democracia, como a elite gosta.
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Golpe da Maioridade - Ainda no império, no período regencial, ocorreu o segundo
golpe de Estado, o “Golpe da Maioridade”, em dia 23 de julho de 1840. Esse
golpe foi um modo de o governo provisório - formado em 1831, após a abdicação
de D. Pedro I, e que representava a elite e seus interesses -, manter-se no
poder e superar as pressões políticas e rebeliões nas províncias; transformaram
uma criança de seis anos em imperador, desprezando a lei.
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Golpe de 15 de novembro - Com a República não foi diferente e o “15 de
novembro”, com suas comemorações desprimorosas, tenta esconder a verdade: somos
uma República concebida, gerada e parida no contexto de um golpe de Estado,
dado pelo Exército e patrocinado pela elite agrária vingativa e ressentida.
Qual
era o ressentimento da elite? Bem, a elite agrária estava às turras com Dom
Pedro II, pois o imperador, atendendo pressão internacional patrocinada pela
Inglaterra aboliu a escravidão, sem indenizá-la.
E
esclareço: os interesses ingleses eram múltiplos e não se concentravam em
preocupações humanitárias, na verdade, o tráfico possuía forte impacto sobre os
interesses econômicos britânicos, porque, mantida a escravidão os custos de
produção de países concorrentes seriam menores e afetariam os mercados
consumidores de produtos britânicos, ademais, o fim do tráfico liberaria
expressivas quantidades de capitais, que poderiam ser utilizados em outras
áreas.
Buscando
vingar-se do Imperador a elite usou o Marechal Deodoro, um veterano da Guerra
do Paraguai, alagoano e monarquista, e atingiu seu objetivo; Deodoro se prestou
ao papel de protagonista de um golpe militar que expulsou do país o imperador,
“do dia para a noite”.
De
valores democráticos e republicanos não nasceu essa nossa República, por isso
ocorreram outros golpes, todos patrocinados pela elite para atender seus
interesses econômicos, ou para prestar vassalagem aos interesses internacionais
aos quais são associados de alguma forma.
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Republica provisória e por decreto - A convicção dos militares em relação a
República era tão pequena que no Decreto nº 1, de 15 de novembro de 1889,
proclamou-se a República “provisoriamente” e, por decreto, sem ouvir o povo,
estabeleceu-se como forma de governo da “Nação Brazileira a República
Federativa” (era com “z” que se escrevia brasileira à época).
Apenas
em 1993 o povo foi chamado e através de um plebiscito determinou
democraticamente a forma e o sistema de governo do país, e decidiu que o país
deveria ter uma forma de governo republicana e que o sistema seria
presidencialista.
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"Golpe de Três de Novembro" - Menos de três anos após a proclamação
da República ocorreu em 1891 outro golpe; o então presidente Marechal Deodoro
da Fonseca dissolveu o congresso em 3 de novembro de 1891 e instaurou um estado
de sitio; tudo muito “legal”, afinal ele assinou decretos; Deodoro suspendeu a
Constituição e direitos individuais e políticos; o Exército cercou o Senado e
garantiu ampla e “espontânea” adesão ao golpe, os “subversivos” foram presos,
como de praxe.
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Outros Golpes - Há o golpe de Floriano Peixoto, o golpe de 1930, depois a
ditadura Vargas, até o Golpe civil-militar de 1964 (que foi concebido em 1950
com a vitória indesejada de Getúlio Vargas - indesejada pelas oligarquias de
então - e não aconteceu em 1954 porque Vargas suicidou-se e, transformado em
mártir, adiando a sanha de poder daqueles que não tinham e não têm voto).
# O
golpe de “1964” – 1964 representa uma das páginas mais tristes da nossa
História republicana; o golpe de 1964, que atendeu interesses geopolíticos
daqueles tempos, foi apoiado pelos avós ou país de diversos dos personagens que
apoiaram o golpe contra Dilma Rousseff, a farsa da Lava Jato, a prisão de Lula,
a eleição do capitão farsante e que conspiram, diuturnamente, contra a
democracia.
#
Os golpes do século XXI - Como disse Tereza Cruvinel, os golpes nesse século
XXI ocorrem de forma violenta, são urdidos com sofisticação e tecnologia,
revestidos de ares de legalidade, de constitucionalidade, com transmissão ao
vivo pela TV e pelas redes sociais e como são envolvidos num véu de legalidade,
eles podem (e poderão) enganar os incautos contemporâneos, mas não iludem a
História.
#
Fruto do Golpe de 2016 - Bolsonaro é o indesejado produto do golpe de 2016,
indesejado até pela direita e pela Faria Lima, pois, a consequência está aí:
uma horda de gente desqualificada, de extrema-direita, pessoas más, eleitas
para as Câmaras de vereadores, assembleias legislativas e para o Congresso
Nacional.
O
grande Ricardo Lodi Ribeiro afirmou, com sua costumeira inteligência, que os
golpes no século XXI não utilizam mais de tanques e baionetas, mas de
manipulação de argumentos jurídicos e políticos que querem usurpar o papel da
soberania popular na escolha dos governantes, com diligente concurso de uma
imprensa vergonhosa, uma imprensa que, segundo Millôr Fernandes, “é a
verdadeira oposição, o resto seria armazém de secos & molhados”.
Nenhum
dos muitos golpes, que ocorrem e ocorreram no Brasil e pelo mundo levam em
conta as pessoas e as consequências para suas vidas; eu não imaginei que
viveria um golpe de Estado, nós o vivemos em 2016, mas o golpismo e sua mão
invisível não se cansam, são implacáveis.
Peço
desculpas aos meus filhos e às minhas netas, pois, eles e elas terão que
combater, na defesa da democracia, pessoas más e porque eu não fui capaz de
participar mais efetivamente do processo político do Brasil, por não ter sido
capaz de impedir o golpe de 2016 e a ascensão do fascismo, representado hoje
pelo olavo-bolsonarismo e por ser nada além de um mero expectador impotente
diante disso tudo.
Essas
são as reflexões.
Fonte:
Brasil 247
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