terça-feira, 26 de novembro de 2024

Moisés Mendes: Folha começa sabotagem das investigações sobre plano para matar Lula, Alckmin e Moraes

Qual foi a contribuição da grande imprensa para o desvendamento de detalhes encobertos do plano golpista contra Lula, que teve fases antes e depois da eleição e mesmo depois da posse? Zero. Nada. Não há contribuição alguma.

Sabe-se tudo sobre o golpe pelas investigações realizadas até aqui. São provas, indícios, evidências e suspeitas que se acumulam desde antes do 8 de janeiro.

Tudo o que vira notícia foi divulgado a partir dos resultados oferecidos pela Polícia Federal, Ministério Público e Judiciário, em especial o ministro Alexandre de Moraes.

A grande imprensa não acrescentou uma vírgula ao que foi produzido pelo sistema de Justiça. É constrangedora a incapacidade das organizações de mídia na produção de informações relevantes sobre o plano golpista.

Essa inação é produto da falta de vontade e de iniciativa dos comandos das grandes corporações e das chefias das suas redações. Os profissionais da mídia hegemônica não foram mobilizados para fazer o que foi feito, como exemplo histórico, durante a ditadura.

E o que fez a Folha agora? Publicou nessa quarta-feira um texto em que tenta descontruir provas e indícios apresentados pelas investigações sobre o plano de assassinato de Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes. A Folha fez uma lista de ‘lacunas’, apenas um dia depois das prisões.

Um dos pontos desqualificados pelo jornal é o da reunião na casa de Braga Netto, com Mauro Cid, o major Rafael Martins de Oliveira e o tenente-coronel Hélio Ferreira Lima, três dias antes de 15 de novembro de 2022, a data do plano criminoso depois abortado. Oliveira e Lima estão presos desde terça-feira.

Segundo a Folha, não há provas de que Braga Netto e os outros três teriam tratado dos assassinatos. Para a Folha, é pouco dizer que pelo menos dois envolvidos trocaram mensagens entre si, informando sobre a reunião no local, nas circunstâncias que todos conhecem.

A Folha talvez espere que apareça um documento, uma fala ou uma delação que diga o seguinte: ‘Estamos aqui reunidos, nesse dia 12 de novembro, para definir como e quando matar Lula, Alckmin e Moraes’.

A Folha sabe que nem mafiosos profissionais são tão explícitos. Mesmo assim, pergunta-se: por que essas e outras dúvidas, todas elencadas com o tom de advogado de defesa dos golpistas? Talvez porque a Folha esteja avisando, mais uma vez, que irá sabotar as conclusões das investigações.

Essa é a Folha que em agosto escalou Glenn Greenwald para a empreitada de desqualificar o trabalho de Alexandre de Moraes no cerco aos golpistas, ao anunciar que tinha mensagens demolidoras trocadas entre assessores do ministro.

A mesma Folha que, segundo o próprio Greenwald, teria seis gigabytes de arquivos com dinamite suficiente para implodir os inquéritos conduzidos por Moraes, e que acabou recuando diante das suspeitas de que trabalhava para a extrema direita.

Agora, o jornal poderia ter se dedicado a entender o encadeamento coerente dos fatos relatados nas investigações, para montar o roteiro que leva ao plano do golpe.

Optou pela tentativa de desmonte do que foi feito, pouco mais de 24 horas depois das primeiras informações sobre os trabalhos da Polícia Federal. Em apenas um dia a Folha consegue fazer o que não fez, pelo jornalismo, em dois anos desde o planejamento do golpe, logo depois da eleição de Lula.

A apressada lista de lacunas elaborada pela Folha reafirma a índole do jornal como colaboracionista assumido de golpistas.

 

•                                    O próximo passo da Folha é emprestar os carros da redação para os kids pretos. Por Luís Humberto Carrijo

A enquete realizada pela Folha de São Paulo sobre a anistia aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro vulgariza os atos golpistas e ameaça a democracia. É uma manobra dissimulada que mascara sua verdadeira intenção e potenciais consequências para o debate democrático no Brasil como se fosse uma simples sondagem de opinião pública.

A enquete sobre um assunto tão sério apresenta duas facetas condenáveis:

1. Monetização do Debate: Ao propor uma questão tão polêmica, o jornal busca claramente aumentar o engajamento em suas plataformas digitais em detrimento da democracia. Esta estratégia, embora eficaz para gerar cliques e compartilhamentos, trivializa um assunto de extrema gravidade para a democracia brasileira.

2. Viés Ideológico Velado: A formulação da enquete sugere uma falsa equivalência entre diferentes posições sobre um evento que representou uma clara ameaça às instituições democráticas. Isso pode ser interpretado como uma tentativa velada de normalizar ou até mesmo legitimar ações antidemocráticas.

A recorrência de pautas que questionam as decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) por parte da Folha indica uma postura editorial preocupante. Essa abordagem não apenas desafia a autoridade da mais alta corte do país, mas também contribui para um clima de instabilidade institucional.

A enquete ignora um fator crucial: a disparidade na mobilização online entre diferentes grupos ideológicos. A extrema-direita, notoriamente mais ativa e organizada nas redes sociais, tende a dominar esse tipo de pesquisa online. Consequentemente, o resultado provável não refletirá uma amostra representativa da opinião pública, mas sim a capacidade de mobilização de grupos específicos.

A postura da Folha de S. neste episódio sugere uma inclinação para posições mais extremas no espectro político-ideológico. A comparação com tendências "anarco-liberais" à la Milei é pertinente, pois reflete uma abordagem que parece favorecer uma liberdade irrestrita, sem considerar as consequências para o tecido social e a estabilidade democrática.

Esta enquete, longe de ser um exercício inocente de democracia participativa, representa um perigoso flerte com o golpismo e o populismo digital. Ao colocar em pauta a possibilidade de anistia para atos claramente antidemocráticos, a Folha não apenas banaliza a gravidade dos eventos de 8 de janeiro, mas também contribui para a erosão do respeito às instituições democráticas.

A imprensa tem um papel fundamental na manutenção da democracia, e iniciativas como esta levantam sérias questões sobre a responsabilidade ética dos meios de comunicação. Em um momento em que a desinformação e o extremismo político representam ameaças reais à estabilidade democrática, é crucial que veículos de mídia tradicionais atuem com cautela e responsabilidade, evitando abordagens que possam, mesmo que inadvertidamente, minar os pilares da ordem constitucional.

Nessa toada, o próximo passo da Folha é emprestar os carros da redação para os kids pretos terminarem o serviço.

 

•                                    A mão invisível do golpismo. Por Pedro Benedito Maciel

Somos uma nação vítima do golpismo da elite, desde que nos tornamos uma nação independente em 1822

Quando eu disse a frase acima, o Carlinhos (que agora decidiu que eu sou de centro direita e que a minha militância política, de quase quarenta e cinco anos, é uma farsa, que faço “tipo”), disse que meus textos estão “esquerdistas demais”, ele disse “que golpe, que nada” e que eu estou “parcial demais” (ele deveria ser o cliente mais feliz do mundo, pois, advogados “imparciais” não cuidam dos interesses dos seus clientes).

Fato é que o Carlinhos e outros tantos amigos tão inteligentes, afinal ficaram ricos e eu não, ele deve ter razão, se a métrica para se aferir a inteligência e o sucesso for o saldo bancário, não é?

Fato é que eu estudo muito e, talvez, por conta desse “negócio de estudar demais” e “nos livros errados”, aprendi que, pouco mais de um ano após a Independência, o Brasil viveu o primeiro golpe, dado pelo próprio imperador D. Pedro I contra a primeira Assembleia Geral Constituinte Brasileira.

<><> Golpe de 1823 - Isso mesmo, constituintes eleitos foram enxotados e assembleia, instalada em 3 de maio de 1823, dissolvida pelo luxurioso português; ele a dissolveu e organizou um conselho de Estado, composto por “homens de sua inteira confiança” responsáveis pela redação final da Constituição em 11 de dezembro de 1823, aprovada em 25 de março de 1824, tudo sem participação popular e sem democracia, como a elite gosta.

<><> Golpe da Maioridade - Ainda no império, no período regencial, ocorreu o segundo golpe de Estado, o “Golpe da Maioridade”, em dia 23 de julho de 1840. Esse golpe foi um modo de o governo provisório - formado em 1831, após a abdicação de D. Pedro I, e que representava a elite e seus interesses -, manter-se no poder e superar as pressões políticas e rebeliões nas províncias; transformaram uma criança de seis anos em imperador, desprezando a lei.

<><> Golpe de 15 de novembro - Com a República não foi diferente e o “15 de novembro”, com suas comemorações desprimorosas, tenta esconder a verdade: somos uma República concebida, gerada e parida no contexto de um golpe de Estado, dado pelo Exército e patrocinado pela elite agrária vingativa e ressentida.

Qual era o ressentimento da elite? Bem, a elite agrária estava às turras com Dom Pedro II, pois o imperador, atendendo pressão internacional patrocinada pela Inglaterra aboliu a escravidão, sem indenizá-la.

E esclareço: os interesses ingleses eram múltiplos e não se concentravam em preocupações humanitárias, na verdade, o tráfico possuía forte impacto sobre os interesses econômicos britânicos, porque, mantida a escravidão os custos de produção de países concorrentes seriam menores e afetariam os mercados consumidores de produtos britânicos, ademais, o fim do tráfico liberaria expressivas quantidades de capitais, que poderiam ser utilizados em outras áreas.

Buscando vingar-se do Imperador a elite usou o Marechal Deodoro, um veterano da Guerra do Paraguai, alagoano e monarquista, e atingiu seu objetivo; Deodoro se prestou ao papel de protagonista de um golpe militar que expulsou do país o imperador, “do dia para a noite”.

De valores democráticos e republicanos não nasceu essa nossa República, por isso ocorreram outros golpes, todos patrocinados pela elite para atender seus interesses econômicos, ou para prestar vassalagem aos interesses internacionais aos quais são associados de alguma forma.

<><> Republica provisória e por decreto - A convicção dos militares em relação a República era tão pequena que no Decreto nº 1, de 15 de novembro de 1889, proclamou-se a República “provisoriamente” e, por decreto, sem ouvir o povo, estabeleceu-se como forma de governo da “Nação Brazileira a República Federativa” (era com “z” que se escrevia brasileira à época).

Apenas em 1993 o povo foi chamado e através de um plebiscito determinou democraticamente a forma e o sistema de governo do país, e decidiu que o país deveria ter uma forma de governo republicana e que o sistema seria presidencialista.

<><> "Golpe de Três de Novembro" - Menos de três anos após a proclamação da República ocorreu em 1891 outro golpe; o então presidente Marechal Deodoro da Fonseca dissolveu o congresso em 3 de novembro de 1891 e instaurou um estado de sitio; tudo muito “legal”, afinal ele assinou decretos; Deodoro suspendeu a Constituição e direitos individuais e políticos; o Exército cercou o Senado e garantiu ampla e “espontânea” adesão ao golpe, os “subversivos” foram presos, como de praxe.

<><> Outros Golpes - Há o golpe de Floriano Peixoto, o golpe de 1930, depois a ditadura Vargas, até o Golpe civil-militar de 1964 (que foi concebido em 1950 com a vitória indesejada de Getúlio Vargas - indesejada pelas oligarquias de então - e não aconteceu em 1954 porque Vargas suicidou-se e, transformado em mártir, adiando a sanha de poder daqueles que não tinham e não têm voto).

# O golpe de “1964” – 1964 representa uma das páginas mais tristes da nossa História republicana; o golpe de 1964, que atendeu interesses geopolíticos daqueles tempos, foi apoiado pelos avós ou país de diversos dos personagens que apoiaram o golpe contra Dilma Rousseff, a farsa da Lava Jato, a prisão de Lula, a eleição do capitão farsante e que conspiram, diuturnamente, contra a democracia.

# Os golpes do século XXI - Como disse Tereza Cruvinel, os golpes nesse século XXI ocorrem de forma violenta, são urdidos com sofisticação e tecnologia, revestidos de ares de legalidade, de constitucionalidade, com transmissão ao vivo pela TV e pelas redes sociais e como são envolvidos num véu de legalidade, eles podem (e poderão) enganar os incautos contemporâneos, mas não iludem a História.

# Fruto do Golpe de 2016 - Bolsonaro é o indesejado produto do golpe de 2016, indesejado até pela direita e pela Faria Lima, pois, a consequência está aí: uma horda de gente desqualificada, de extrema-direita, pessoas más, eleitas para as Câmaras de vereadores, assembleias legislativas e para o Congresso Nacional.

O grande Ricardo Lodi Ribeiro afirmou, com sua costumeira inteligência, que os golpes no século XXI não utilizam mais de tanques e baionetas, mas de manipulação de argumentos jurídicos e políticos que querem usurpar o papel da soberania popular na escolha dos governantes, com diligente concurso de uma imprensa vergonhosa, uma imprensa que, segundo Millôr Fernandes, “é a verdadeira oposição, o resto seria armazém de secos & molhados”.

Nenhum dos muitos golpes, que ocorrem e ocorreram no Brasil e pelo mundo levam em conta as pessoas e as consequências para suas vidas; eu não imaginei que viveria um golpe de Estado, nós o vivemos em 2016, mas o golpismo e sua mão invisível não se cansam, são implacáveis.

Peço desculpas aos meus filhos e às minhas netas, pois, eles e elas terão que combater, na defesa da democracia, pessoas más e porque eu não fui capaz de participar mais efetivamente do processo político do Brasil, por não ter sido capaz de impedir o golpe de 2016 e a ascensão do fascismo, representado hoje pelo olavo-bolsonarismo e por ser nada além de um mero expectador impotente diante disso tudo.

Essas são as reflexões.

 

Fonte: Brasil 247

 

Nenhum comentário: