terça-feira, 26 de novembro de 2024

Flávio Bolsonaro se desespera e sugere que Lula armou plano do próprio assassinato

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), desesperado diante da iminente possibilidade de prisão de seu pai, Jair Bolsonaro, tem recorrido a distorções e fake news. A movimentação ocorre após revelações de que militares, com a anuência do ex-presidente, teriam planejado assassinar o atual mandatário, Luiz Inácio Lula da Silva, como parte de um esquema para deflagrar um golpe de Estado no Brasil.

Na última terça-feira (19), a Polícia Federal (PF) prendeu quatro militares e um agente da própria corporação, todos próximos a Bolsonaro. Segundo as investigações, os envolvidos teriam articulado o plano na residência do ex-ministro da Casa Civil, general Walter Braga Netto, em novembro de 2022. O objetivo seria assassinar Lula, então presidente eleito, o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. A operação representa uma etapa crucial na busca por evidências que conectam Jair Bolsonaro diretamente à tentativa de golpe e levá-lo ao indiciamento no inquérito sobre os atos golpistas.

Em claro gesto de desespero, Flávio Bolsonaro recorreu ao X (antigo Twitter) na madrugada desta quinta-feira (21) para divulgar um vídeo no qual sugere que o plano para assassinar Lula teria sido, na verdade, uma armação do próprio presidente. O material divulgado pelo senador inclui trechos editados de discursos de Lula, manipulados para insinuar que o atual mandatário estaria usando "narrativas" para transformar mentiras em verdades, supostamente aplicando esse método às acusações sobre o plano para assassiná-lo.

Entretanto, o discurso original de Lula, usado por Flávio no vídeo, tinha um contexto completamente diferente. Na fala, feita em 14 de abril de 2022, Lula criticava o método bolsonarista de enganar o público, fazendo as pessoas acreditarem em mentiras como se fossem verdades. Além disso, o vídeo divulgado por Flávio mistura trechos de diferentes discursos de Lula, reforçando a manipulação com o intuito de confundir os seguidores do senador.

"A narrativa não se sustenta de pé. Quatro pessoas, sozinhas, derrubariam a República e o restante do país todo iria obedecer a eles?", escreveu Flávio Bolsonaro em sua publicação, tentando desqualificar as investigações da PF.

<><> Flávio Bolsonaro ameaça Moraes

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) fez uma grave ameaça contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), na tarde desta terça-feira (19) durante sua fala na Comissão de Segurança Pública do Senado.

Completamente alterado, Flávio Bolsonaro exige que a anistia a todos os golpistas do 8 de janeiro seja aprovada e dispara contra Alexandre de Moraes.

"Eu digo o seguinte para o Alexandre de Moraes, ele tem duas opções: ou a gente aprova a anistia ampla, geral e irrestrita pra todo mundo e algum parlamentar faça uma emenda para incluir ele nessa anistia, porque ele cometeu crimes ao longo desse tempo", inicia Flávio Bolsonaro.

O senador continua: "ou a gente, da mesma forma, vai aprovar a anistia e, quando nós tivermos maioria neste Senado, a gente vai cassar o Alexandre de Moraes. Ele vai ser impedido pelos diversos crimes que ele reiteradamente está cometendo, desgraçando a vida de centenas de milhares de famílias brasileiras."

As declarações de Flávio Bolsonaro ocorrem horas após a Polícia Federal (PF) deflagrar operações em que quatro membros do Exército e um agente da PF foram presos por terem elaborado um plano para matar o presidente Lula (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes, do STF.

•                                    Carlos Bolsonaro expõe desespero da família em post bizarro

O vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) expôs o desespero de sua família e aliados a partir de duas publicações bizarras, nas quais tenta esmurrar os fatos e desqualificar as recentes descobertas da Polícia Federal (PF) de que havia uma trama, com o conhecimento do ex-presidente Jair Bolsonaro, para matar o presidente Lula (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Em uma das publicações, Carlos Bolsonaro compartilha uma matéria que revela que o ex-presidente teria negado o pedido de um general para que nomeasse um ministro da Defesa favorável a um golpe de Estado.

Para Carlos Bolsonaro, a tese de que seu pai é golpista é um "devaneio". "É curioso que todos os dias tem gente aqui pedindo que teria que ter tido golpe e usando os mais criativos chavões oriundos de sujeitos emocionados, amantes de lacrações e do perfil que os senhores sabem qual é. Enquanto que, em efetividade, a ocupação de espaços, nada. Não me importo como acham que me importo. Trazemos apenas fatos. E a espada sangrenta dos teclados diante da realidade vai continuar com sua desonestidade ou cegueira até onde puderem. Que sejam felizes em seus devaneios sem lógica ou racionalidade."

Já em outra publicação, Carlos Bolsonaro dá a entender que todas as acusações contra seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, de que ele teria participado de uma trama golpista, são criações do "consórcio", sem especificar quem forma esse tal consórcio.

Escreveu Carlos Bolsonaro: "Até agora, não entendi como se espera um golpe assinando uma proposta que depende de fundamento legal, aprovação de conselho e apreciação do Congresso, que, até onde todos sabem, não mostraram nem sua elaboração. Então, do nada, surge novamente mais uma dedução de planejamento para mortes, como tentam fazer há tempos. Óbvio que o objetivo de mais essa maluquice toda é sensibilizar uns e colocar a pecha que tentam há anos em outro. Tipo, não é o que acho; é o que até o consórcio mostra."

<><> Bolsonaro se vitimiza com vídeo nas redes e toma invertida histórica

Acuado com a possibilidade cada dia mais iminente de ir para a prisão - seja preventiva ou condenado por liderar uma tentativa de golpe de Estado -, Jair Bolsonaro (PL) se vitimizou publicando um vídeo nas redes sociais nesta quarta-feira (20).

No entanto, a estratégia covarde do ex-presidente - que ainda não se pronunciou sobre o plano tramado por um ex-assessor militar seu para assassinar Lula, Geraldo Alckmin (PSB) e Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) - resultou em uma invertida histórica.

Após o filho Flávio Bolsonaro (PL-RJ) dizer que "vontade de matar alguém todo mundo alguma vez na vida já teve" para justificar os planos de assassinato das autoridades, o ex-presidente resgatou um vídeo em que um homem não identificado diz que ele tem que ser assassinado. O vídeo foi publicado sem legenda.

No entanto, Bolsonaro foi lembrado de um detalhe importante pelo cientista político Caio Barbosa, da USP, que pesquisa justamente o bolsonarismo e a direita brasileira.

"Esse cara tem cargo no governo?", indagou sobre o homem que aparece no vídeo. "Não? Ufa, pensei que era um plano do governo junto a militares pra dar um golpe", disparou Barbosa, em invertida histórica.

Na mesma publicação, diversos seguidores ironizaram pela iminente possibilidade de prisão do Bolsonaro com um "tic-tac".

<><> Desespero no clã

A publicação mostra o desespero do clã Bolsonaro com a revelação do plano de assassinato incluído na intentona golpista articulada pelo ex-presidente em 2022, quando foi derrotado nas urnas pelo presidente Lula.

Filho "01", Flávio Bolsonaro soltou uma pérola ao falar sobre o tema durante sessão da Comissão de Segurança Pública que debatia sobre a situação de presos nos atos golpistas de 8 de janeiro.

"Essa situação de hoje não era nem para ter inquérito aberto. Vontade de matar alguém todo mundo alguma vez na vida já teve. Por mais que seja abominável esse sentimento, isso não é crime", afirmou.

Aos berros, o irmão, deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) tentou levar a tese adiante.

"Vamos prender, então, o jornalista da Folha que escreveu que queria a morte de Jair Bolsonaro. Vamos prender a pessoa que fez a peça publicitária jogando bola com a cabeça de Bolsonaro decapitado. É isso que a gente quer? É isso que vocês da imprensa querem?", disparou, ignorando que há uma investigação ampla sobre um golpe de Estado, que inclui o plano de assassinato de autoridades.

Já Carlos Bolsonaro (PL-RJ) resgatou uma já conhecida estratégia na manhã desta quarta-feira (20).

Em publicações nos Stories de seu perfil no Instagram, Carlos Bolsonaro expôs, mais uma vez, foto do pai sem camisa em uma maca de hospital em uma das internações que o ex-presidente teve desde a facada desferida durante a campanha em 2018.

Na imagem, Bolsonaro aparece internado sobre os dizeres: "esse sim realmente sofreu uma tentativa de assassinato".

A estratégia de publicar fotos do pai internado por causa da facada é repetida por Carlos Bolsonaro em todos os momentos de crise que atingem o ex-presidente.

<><> O crime é outro

O professor de Direito Constitucionalista Pedro Serrano lembra que “neste caso, o crime é tentativa de golpe. O tipo penal não é dar um golpe”, adverte.

“Não existe crime em dar um golpe porque uma vez que se dá um golpe você funda uma nova ordem jurídica e, obviamente, os novos governantes não vão considerar o que eles fizeram um crime”, explica.

"Você inicia uma tentativa de golpe quando você se reúne, começa a fazer o planejamento. E isso não é só no Brasil. A Alemanha prendeu 20 pessoas no ano passado, inclusive um empresário ligado ao bolsonarismo, pelo simples fato de fazerem reunião planejando dar um golpe”, recorda o jurista.

“Neste caso”, prossegue Serrano, “eu não tenho dúvidas que eles começaram com a execução da tentativa. Eles seguiram um ministro de Estado, acompanharam a vida do Lula, do Alckmin e do Alexandre de Moraes, autoridades que, segundo o planejamento deles, seriam mortas. Isso, evidentemente, é iniciar a execução de uma tentativa de golpe, além da conspiração”, encerrou.

•                                    Heleno e Braga Netto podem ser presos

Após a prisão da facção que planejou o assassinato de Lula, Geraldo Alckmin (PSB) e Alexandre de Moraes, a Polícia Federal (PF) finaliza na manhã desta quinta-feira (21) a lista, que já conta com mais de 40 nomes, dos membros da Organização Criminosa de Jair Bolsonaro (PL) que serão indiciados pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e Golpe de Estado.

A lista constará em um longo relatório que será entregue pelos investigadores ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Procurador-Geral da República (PGR), Paulo Gonet.

A Fórum apurou que, diante dos fatos divulgados com o levantamento do sigilo sobre o pedido feito ao STF para a prisão da facção homicida da OrCrim de Bolsonaro, os investigadores cogitam pedir as prisões preventivas dos generais Augusto Heleno, ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), e de Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e candidato a vice na chapa do ex-presidente em 2022. Para que isso ocorra, uma operação relâmpago pode ser desencadeada nas próximas horas.

Heleno, que seria o chefe da transição, e Braga Netto, que atuaria como coordenador do "gabinete de crise" até a instauração da Ditadura bolsonarista, são considerados peças-chaves na arquitetura do golpe. O receio é que, com as provas contundentes, os dois militares tentem fugir do país - ou, ainda, influenciar de alguma forma a atual cúpula das Forças Armadas.

Segundo fontes ouvidas pela Fórum, os investigadores estariam em contato com o comando das Forças Armadas já que a lista de indiciados vai incluir militares de alta patente.

Entre os nomes certos que serão indiciados estão o general Paulo Sergio Nogueira de Oliveira, ex-comandante do Exército e ex-ministro da Defesa, e o almirante Almir Garnier, que comandou a Marinha e teria colocado as tropas à disposição do golpe.

Os investigadores da PF também cortarão na própria carne. Agentes da corporação, especialmente os que atuaram sob o comando de Alexandre Ramagem na Agência Brasileira de Inteligência (Abin), estão na lista de indiciados.

O rol ainda inclui Anderson Torres, ex-ministro da Defesa, e Silvinei Vasques, ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF).

A previsão é que o documento seja entregue até o final da tarde desta quinta-feira ou, no máximo, na manhã desta sexta-feira (22).

•                                    Com medo da prisão, Braga Netto se esconde e diz que agiu por "lealdade" a Bolsonaro

Acusado pela Polícia Federal (PF) de ser o anfitrião da reunião em que foi tramado o plano de assassinato de Lula, Geraldo Alckmin (PSB) e Alexandre de Moraes, o general da reserva Walter Braga Netto, que foi candidato a vice na chapa de Jair Bolsonaro (PL) em 2022, tem se mantido recluso, escondido, em seu apartamento em Copacabana, na zona sul do Rio, de onde mantém contato apenas com aliados próximos.

Articulador de um movimento saudosista da Ditadura desde o golpe de Michel Temer (MDB) e  que levou Bolsonaro ao poder em 2018, Braga Netto, segundo a PF, sediou no apartamento onde morava, na Asa Sul em Brasília, a reunião em que foi discutido o chamado plano 'Punhal Verde e Amarelo', que seria executado no dia 15 de dezembro de 2022, para matar os então presidente e vice eleitos, além do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Um quarto alvo, provavelmente o também ministro Flávio Dino, está na lista com o codinome "Juca", mas não foi identificado pela PF.

Segundo informações de Lauro Jardim, no jornal O Globo, Braga Netto tem descoversado sobre o tema e a aliados próximos, com quem ainda mantém contato, nega que tenha feito reunião para "tratar de plano algum".

Braga Netto, no entanto, sinaliza que pode colocar tudo na conta de Bolsonaro. O general afirma aos interlocutores que tudo que fez foi por "lealdade" ao ex-presidente e que teria tido "correção ética e moral" nos conselhos dados ao "capitão".

<><> Barata voa

A prisão do general Mario Fernandes, que atuou como ministro-substituto da Secretaria-Geral da Presidência e seria o líder da facção que planejou os homicídos em série, instalou um clima de barata voa na antiga cúpula do governo Jair Bolsonaro.

Titular da pasta à época, o general da reserva Luiz Eduardo Ramos estaria desesperado e ligou para diversos interlocutores, segundo Bela Megale, para se eximir da nomeação do militar.

Ramos tem dito que não tinha proximidade com Fernandes e que nomeou o general como "02" da pasta a mando de Braga Netto.

Fernandes, no entanto, teria uma relação próxima diretamente com Bolsonaro e, segundo a PF, seria peça-chave na articulação golpista.

O general, que foi comandante das Forças Especiais do Exército - onde são treinados os chamados "kids pretos" -, atuava como "ponto focal" entre Bolsonaro e os manifestantes golpistas acampados em frente ao Quartel-General do Exército em Brasília e teria ciência do primeiro ato golpista, quando bolsonaristas tentaram invadir a sede da PF na capital Federal, em 12 de dezembro.

Fernandes ainda atuaria exercendo pressão sobre a cúpula das Forças Armadas, em especial do Exército, para que aderissem ao golpe, além de recrutar os "kids petos" de média patente para a ação homicida.

•                                    "Se Braga Netto sabia, como Bolsonaro não sabia?", indaga Dirceu sobre plano para matar Lula

Ex-ministro no primeiro governo Lula e liderança histórica do PT, José Dirceu implicou Jair Bolsonaro (PL) diretamente no plano para assassinar Lula, Geraldo Alckmin (PSB) e Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), que classificou como "assustador".

"É assustador nesse caso. A segurança do presidente das instituições está acima de qualquer outra questão. Porque senão não podemos falar em democracia, se a própria pessoa do presidente eleito pode ser vítima de um assassinato. A participação intelectual, autoria, eram só dos oficiais? Se o general Braga Neto sabia, o Bolsonaro não sabia? Isso era inverossímil", afirmou.

Dirceu ainda enfatizou que "Bolsonaro tem que responder" pelo plano de assassinato e pela tentativa de golpe que, segundo ele, já foi comprovada pela Polícia Federal e pelos próprios fatos desencadeados.

"Isso beira o ridículo. Então, a responsabilidade do Bolsonaro é muito grande. Dele ter ido para os Estados Unidos já era um sinal péssimo. Ficar fora do país, ter acontecido o 8 de janeiro, mais grave agora com essas revelações, o Bolsonaro está totalmente comprometido com o que aconteceu. Não vejo como não estar", disse.

O ex-ministro, que recuperou seus direitos políticos após anulação das condenações do lawfare da Lava Jato, ainda pediu uma investigação dentro das Forças Armadas pelos crimes cometidos por militares de alta patente que se envolveram tanto com o plano de assassinato quanto com a tentativa de golpe de Estado.

Dirceu ainda se colocou contra os movimentos de anistia defendidos pelos bolsonaristas e afirma que deve haver uma punição severa aos envolvidos. "Se não matarmos esse ovo de serpente, essa serpente voltará".

 

Fonte: Fórum

 

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