terça-feira, 26 de novembro de 2024

Memória ruim em jovens: entenda causas e quando é preocupante

Esquecer o que comeu no dia anterior. Chegar em um cômodo da casa e não se lembrar do que iria fazer ali. Não se recordar de relatos recém-contados por amigos ou familiares. Esses são alguns exemplos comuns dos lapsos de memória que, frequentemente, são associados ao envelhecimento. No entanto, pessoas jovens podem sofrer com esquecimentos e dificuldade para lembrar tarefas simples do dia a dia.

“O déficit de memória em jovens tem crescido e isso é observado em atendimentos de consultório e em internação hospitalar”, afirma Edson Issamu, neurologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, à CNN.

Diferentemente das pessoas mais velhas, cujo esquecimento pode estar relacionado ao declínio cognitivo natural do envelhecimento e a condições como Alzheimer, os lapsos de memória em pessoas jovens estão relacionados, principalmente, ao estilo de vida atual e a fatores de saúde mental.

“Os jovens têm permanecido muito tempo conectados e em contato com dispositivos eletrônicos, como celulares, computadores e tablets. Isso tem impactos importantes na atividade cerebral e na saúde geral do indivíduo”, afirma Issamu.

“A hiperconectividade, geralmente, leva à falta de disciplina no horário de sono, fazendo com que o ciclo sono-vigília fique prejudicado”, acrescenta. O sono de má qualidade pode afetar a capacidade de memória e concentração, já que ele é fundamental para a consolidação e organização das lembranças e do aprendizado, de acordo com o neurologista.

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Além disso, a hiperconectividade está relacionada a transtornos como depressão e ansiedade, que também podem levar ao déficit de memória. “Quando a depressão e ansiedade necessitam de tratamento medicamentoso, leva a outra causa que é a utilização de medicações de uso contínuo que interferem no funcionamento bioquímico do cérebro e que também interferem nos circuitos de memória”, explica Issamu.

Além disso, após a pandemia de Covid-19, também têm aumentado os relatos de transtornos cognitivos, incluindo os lapsos de memória. “Entende-se que isto ocorreu devido à preferência do vírus da Covid por tecidos nervosos – entrada pelos nervos olfativos e provável inflamação encefálica em locais variados que podem interferir nos circuitos de memória”, afirma.

<><> Estresse e estilo de vida pouco saudável são fatores de risco

Outros fatores de risco associados à dificuldade de memória em pessoas jovens incluem questões emocionais e de estilo de vida. O estresse é um deles, de acordo com o neurologista.

“Com a constante complexidade do mundo moderno e constante aumento de demanda em trabalho e estudos, o estresse também causa perturbações no funcionamento dos circuitos de memória, interferindo principalmente no funcionamento do hipocampo, que é uma das áreas que decidem o que vai ser armazenado na memória de médio e longo prazo”, afirma Issamu.

Hábitos pouco saudáveis, como alimentação rica em ultraprocessados e açúcar, e deficiência de vitamina B12 também estão relacionados ao déficit de memória.

“Outro fator apontado é a crescente utilização de drogas, que sabidamente destroem os circuitos neuronais relacionados com a memória. O crescente grande número de jovens usuários faz aumentar a observação sobre déficit de memória em jovens”, acrescenta.

<><> Quando a dificuldade de memória pode ser algo sério?

Geralmente, os lapsos de memória podem ser tratados com mudanças nos hábitos e estilo de vida. Regular o sono e reduzir o tempo conectado a dispositivos eletrônicos pode ser útil para melhorar a função cognitiva. O mesmo vale para adoção de práticas como meditação e atividade física em geral.

No entanto, quando o déficit de memória passa a impactar negativamente as atividades diárias, trazendo prejuízos para o trabalho, estudos e vida social, é fundamental consultar um médico neurologista para investigar as causas e iniciar o tratamento adequado.

Por exemplo, a queda de hormônios causada pela menopausa pode levar aos lapsos de memória e à dificuldade de concentração. Essa condição é chamada de “névoa mental”.

Condições como Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), autismo e hipotireoidismo também estão relacionados ao déficit de memória em jovens. Nesse caso, os tratamentos adequados para cada caso são fundamentais para aliviar o sintoma.

Em casos mais sérios e raros, os problemas de memória podem ser um sinal de Alzheimer precoce, que pode surgir já aos 50 anos. Segundo Paulo Bertolucci, professor da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp), os principais fatores de risco para o desenvolvimento do Alzheimer precoce estão doenças cardiovasculares, como hipertensão, diabetes, sedentarismo, obesidade e má qualidade do sono.

“Uma pessoa que tem distúrbio como apneia ou insônia, pode ter uma menor qualidade do sono, dificultando a chegada à fase profunda do sono, aumentando o acúmulo de proteínas no cérebro que estão relacionadas ao Alzheimer”, explica, em matéria publicada anteriormente na CNN.

No entanto, Issamu ressalta que essa é uma condição rara e de difícil diagnóstico confirmatório, “não sendo a primeira opção no déficit de memória em jovens”, afirma.

 

•                                    Linfoma de Hodgkin é mais comum em jovens: entenda mitos e verdades sobre eles

Todos os anos, milhares de novos casos de linfoma são diagnosticados no Brasil. Mas você sabe o que é linfoma? Trata-se de um tipo de câncer de células do sangue, que começa no sistema linfático, uma parte vital do nosso sistema imunológico responsável por combater infecções.

Geralmente, os linfomas aparecem nos gânglios linfáticos, que são popularmente conhecidos como “ínguas”. O linfoma não é uma doença única, mas um grupo de doenças que pode ser muito diferente, tanto em relação aos sintomas quanto ao tratamento.

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), estima-se que cerca de 12 mil novos casos de linfoma sejam diagnosticados por ano no Brasil, na maioria em homens. Os sinais de alerta incluem:

•                                    caroços indolores no pescoço, axilas ou virilhas;

•                                    cansaço persistente;

•                                    febre sem motivo aparente;

•                                    suor noturno;

•                                    perda de peso inexplicável.

Dependendo do tipo de linfoma, detectá-lo cedo pode aumentar as chances de cura. Esses tipos de câncer são mais comuns em duas faixas etárias: entre 15 e 30 anos e acima dos 60 anos. O INCA também estima que ocorra cerca de quatro mil mortes anuais decorrentes da doença.

A Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH) informa que cerca de 70% das pessoas no mundo não sabem o que são linfomas. Então, vamos falar mais sobre isso! Confira a seguir o que é mito e verdade entre algumas afirmações que vemos sobre esse tema:

1. O linfoma é um câncer que começa no sistema linfático e afeta as células imunológicas do corpo

Verdadeiro. O linfoma se desenvolve nos linfócitos, que são células de defesa presentes no sistema linfático, incluindo sangue, os gânglios linfáticos, o baço e outros órgãos. No Brasil, é o oitavo tipo de câncer mais comum, afetando cerca de 6 pessoas a cada 100 mil habitantes por ano. Para o Brasil, a estimativa anual de novos casos de linfoma não Hodgkin (LNH) no triênio de 2023 a 2025 é de 12.040, o que representa um risco de 5,57 casos por 100 mil habitantes.

Desses, 6.420 casos são esperados em homens (risco de 6,08 por 100 mil) e 5.620 em mulheres (risco de 5,08 por 100 mil).

Quanto ao linfoma de Hodgkin (LH), a estimativa anual para o mesmo período é de 3.080 novos casos, correspondendo a um risco de 1,41 caso por 100 mil habitantes, sendo 1.500 casos entre homens (risco de 1,40 por 100 mil) e 1.580 entre mulheres (risco de 1,41 por 100 mil).

2. Existe apenas um tipo de linfoma, e todos os casos são tratados da mesma maneira

Falso. Existem mais de 40 subtipos de linfomas, divididos em duas categorias principais: linfoma de Hodgkin e linfomas não Hodgkin. Embora tenha subtipos, o linfoma de Hodgkin pode ser considerado uma só doença, enquanto linfoma não Hodgkin engloba um conjunto de linfomas bastante diferentes entre si, com abordagens diagnósticas e tratamentos bastante diversos.

3. Linfonodos inchados são o único sintoma de linfoma

Falso. Embora o inchaço indolor dos gânglios linfáticos seja um sintoma comum, nem todos os pacientes com linfoma apresentam este sintoma. Outros sinais podem incluir cansaço excessivo, febre persistente, suores noturnos intensos e perda de peso sem explicação. No Brasil, muitos diagnósticos acontecem tardiamente porque esses sintomas podem ser confundidos com outras doenças, o que atrasa a procura por atendimento médico.

4. Os linfomas do tipo não Hodgkin são mais comuns do que o linfoma de Hodgkin

Verdadeiro. Até por ser um grupo grande de doenças e não um diagnóstico único, tanto no Brasil quanto no resto do mundo, linfomas não Hodgkin são mais frequentes que o linfoma de Hodgkin. Em 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) registrou um número significativamente maior de mortes causadas por linfomas não Hodgkin. Os tipos mais comuns são o linfoma não Hodgkin difuso de grandes células B, que representa cerca de 30% dos casos, e o linfoma folicular, com aproximadamente 22%. Outros subtipos incluem o linfoma de células do manto e o linfoma de células da zona marginal.

5. O linfoma afeta apenas adultos mais velhos

Falso. A faixa etária mais comum de ocorrência dos linfomas varia de acordo com o subtipo. Embora os linfomas não Hodgkin em geral sejam mais comuns em pessoas acima de 60 anos, o linfoma de Hodgkin frequentemente atinge jovens entre 15 e 40 anos. No Brasil, o linfoma de Hodgkin é uma das principais causas de câncer em adolescentes e adultos jovens. Entretanto, é importante lembrar que o linfoma pode afetar pessoas de todas as idades. Ter familiares com linfoma pode aumentar ligeiramente o risco, mas a maioria dos casos ocorre sem uma ligação genética significativa. No Brasil, casos hereditários de linfoma são raros e representam uma pequena parcela do total.

6. Um exame de sangue simples pode diagnosticar linfoma

Falso. Exames de sangue podem ou não estar alterados em pacientes com linfoma, mas não são suficientes para o diagnóstico. Para confirmar a doença, em geral são necessários exames de imagem, como tomografias ou PET scans, e uma biópsia do gânglio linfático afetado. Um diagnóstico preciso é fundamental para determinar o tipo de linfoma e definir o melhor tratamento.

7. Somente pessoas com sistema imunológico enfraquecido ou fatores de risco específicos desenvolvem linfoma

Falso. Embora algumas situações possam aumentar o risco de linfomas, como imunossupressão e certas infecções, a maioria das pessoas diagnosticadas com linfoma não apresenta nenhum fator de risco específico. Infecções por vírus como Epstein-Barr (EBV) ou HIV podem elevar a chance de desenvolver linfoma, mas a grande maioria das pessoas com essas infecções não desenvolve a doença.

8. O linfoma é geralmente curável, especialmente o linfoma de Hodgkin, se detectado precocemente

Verdadeiro. O linfoma de Hodgkin tem altas taxas de cura, acima de 90%, especialmente quando descoberto no início. No Brasil e no mundo, avanços nos tratamentos têm levado a taxas elevadas de remissão e cura mesmo em doenças mais avançadas. Para os linfomas não Hodgkin, as chances de cura variam conforme o subtipo e o estágio da doença. Mesmo nos linfomas atualmente ainda não considerados curáveis, os tratamentos levam a altas taxas de remissão que podem durar muitos anos. O tratamento pode envolver quimioterapia convencional, imunoterapia e terapia celular, dependendo do tipo de linfoma e do estágio. Muitos linfomas não Hodgkin não precisam ser tratados no momento do diagnóstico.

 

Fonte: CNN Brasil

 

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