quarta-feira, 22 de janeiro de 2025

Trump varre era Biden com decretos contra imigração, minorias e meio ambiente

Imediatamente após sua posse, na segunda-feira (20/01), o novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, retirou os Estados Unidos do Acordo de Paris sobre emissões de CO2, da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do compromisso firmado junto à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) para aplicar sobre grandes multinacionais um imposto mínimo global de 15%.

Também revogou todas as políticas de proteção à diversidade e ao meio ambiente e aprovou o perdão a cerca de 1.500 condenados pelo ataque ao Capitólio, em janeiro de 2021. Foram adiadas, porém, as prometidas medidas de aumento de tarifas de importação.

Trump justificou a saída dos Estados Unidos da OMS “por sua má gestão da pandemia de covid-19 e outras crises globais de saúde” e por sua falta de “independência da influência política” dos Estados membros.

A decisão, entretanto, deve comprometer a capacidade da entidade de saúde em responder a outras possíveis emergências globais, como uma nova pandemia, uma vez que os EUA são os maiores financiadores desse órgão.

Os decretos iniciais foram assinados no estádio Capital One Arena, diante de 20 mil seguidores que haviam acompanhado dali a sua posse através de um telão. A primeira assinatura revogou 78 ordens executivas de Joe Biden.

Depois, Trump vetou as agências federais de emitirem regulações, congelou a contratação de funcionários públicos e proibiu que trabalhem remotamente, bloqueou os pedidos de asilo e eliminou a concessão de nacionalidade norte-americana por nascimento, um direito garantido pela Constituição.

Um grupo de organizações de defesa dos direitos dos imigrantes já entrou com uma ação de inconstitucionalidade contra a medida. O aplicativo CBP One, que permitiu que um milhão de imigrantes agendassem audiência para entrar legalmente no país, foi desabilitado, cancelando quase 30 mil audiências pendentes.

O republicano prometeu eliminar as políticas inclusivas e de defesa da diversidade na administração pública. “Vou acabar com a política governamental de tentar impor socialmente a raça e o gênero em todos os aspectos da vida pública e privada. Forjaremos uma sociedade daltônica baseada no mérito”, disse Trump.

Estado de emergência na fronteira mexicana

O novo presidente também declarou estado de emergência na fronteira com o México, apesar da acentuada queda do fluxo migratório nos últimos meses. A medida lhe permite enviar tropas para a área e usar dinheiro público para concluir o muro fronteiriço que iniciou em sua administração anterior, sem precisar da aprovação do Congresso.

Ele assinou ainda uma ordem executiva para rebatizar o Golfo do México como “Golfo da América”. A vontade de Trump em alterar o nome já foi ironizada por Claudia Sheinbaum, presidente do país latino. Em tom irônico, ela sugeriu uma ideia semelhante: “por que não chamamos o sul dos Estados Unidos de ‘América Mexicana’? Fica bonito, não é?”.

Ainda com relação à imigração, Trump disse que o Departamento de Justiça buscará aplicar a pena de morte para “imigrantes ilegais que mutilam ou assassinam norte-americanos”, assim como para qualquer responsável pela morte de agentes da lei.

Como estava previsto, o presidente assinou decreto classificando os cartéis de droga como “terroristas globais” com o objetivo de endurecer a perseguição e penas contra eles.

<><> Energia

Um dos decretos assinado declarou emergência na área energética, embora a produção de petróleo de seu país esteja em recordes históricos. Isso lhe permitirá flexibilizar mais rapidamente todas as restrições sobre o uso de combustíveis fósseis.

Sob o lema “perfurar, perfurar, perfurar”, prometeu agilizar licenças e revogar regulamentações e taxas à produção e uso de energia, incluindo mineração. Foram eliminadas também todos os limites de emissões sobre veículos e outros equipamentos que usam combustíveis fósseis. “Pode comprar o carro que quiser”, disse ele.

<><> Adiado aumento de taxas de importação

Embora o aumento das tarifas de importação fossem uma de suas principais promessas, Trump decidiu adiá-lo. Ele havia dito que imporia 60% de imposto sobre os produtos chineses, 25% sobre os canadenses e mexicanos e 10% sobre os dos demais países.

Mas anunciou que haverá uma ofensiva imediata contra produtos falsificados e a revisão da isenção especial vigente para produtos de baixo valor, como os comercializados por Alibaba, Temu e outras empresas chinesas online. O republicano também assinou um decreto dando 75 dias para que o TikTok saia do controle chinês.

¨      OMS lamenta saída dos EUA e espera que Trump ‘reconsidere’ decisão

A Organização Mundial da Saúde (OMS) lamentou nesta terça-feira (21/01) a decisão do presidente Donald Trump de retirar os Estados Unidos da entidade, afirmando esperar que o magnata repense a medida.

“A OMS exerce um papel crucial na proteção da saúde e segurança do povo no mundo, incluindo norte-americanos”, afirmou Tarik Jasarevic, porta-voz da organização, em declaração a jornalistas em Genebra, na Suíça.

Jasarevic salientou que o desejo da organização é que os Estados Unidos “reconsiderem” a decisão, afirmando que a OMS está “ansiosa” para “engajar em diálogos construtivos para manter a parceria entre a OMS e os EUA, para o benefício da saúde e do bem-estar de milhões de pessoas no mundo todo”.

Trump assinou uma ordem executiva para retirar Washington da organização poucas horas após tomar posse para seu segundo mandato. De acordo com o governo, a contribuição dos Estados Unidos à OMS é “desproporcional” em relação ao tamanho de sua população.

 “A China, com 1,4 bilhão de pessoas, tem 300% da população dos Estados Unidos, mas contribui com quase 90% a menos”, diz o texto do decreto.

O orçamento da OMS para o biênio 2024-2025 é estimado em US$ 6,5 bilhões (R$ 39 bilhões), sem contar recursos para ações emergenciais. No biênio anterior, os Estados Unidos repassaram à entidade US$ 260 milhões (R$ 1,6 bilhão) em contribuição fixa, valor determinado com base no PIB e na população de cada país, e US$ 698 milhões em doações voluntárias (R$ 4,2 bilhões).

Agora, com a saída dos Estados Unidos, a Fundação Bill e Melinda Gates se tornará a principal contribuinte da OMS, com US$ 646 milhões (R$ 3,9 bilhões) prometidos para 2024/2025.

Esta é a segunda vez que Trump decide retirar Washington da OMS. Em julho de 2020, no primeiro mandato do republicano e em plena pandemia de covid-19, ele já havia determinado a saída do país da Organização Mundial da Saúde por discordar da gestão da crise, porém a decisão nunca se concretizou e foi revertida por Joe Biden logo após ele tomar posse, em janeiro de 2021.

¨      Cuba condena retorno à lista de países patrocinadores do terrorismo: 'ato de arrogância'

O presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, condenou a decisão do novo governo norte-americano, liderado por Donald Trump, de voltar a incluir a ilha caribenha na lista de países “patrocinadores do terrorismo”.

A decisão do republicano ocorreu logo após assumir para um segundo mandato a Presidência dos Estados Unidos na segunda-feira (20/01).

“O presidente Trump, em ato de arrogância e desprezo pela verdade, acaba de restabelecer a fraudulenta designação de Cuba como Estado patrocinador do terrorismo. Não surpreende. Seu objetivo é continuar fortalecendo a cruel guerra econômica contra Cuba com fins de dominação”, diz o texto publicado pelo governante cubano.

Díaz-Canel afirmou ainda que o resultados das “medidas extremas” aplicadas unilateralmente por Washington “foi provocar carências em nosso povo e um incremento significativo do fluxo migratório de Cuba aos Estados Unidos”.

 “Esse ato de zombaria e abuso confirma o descrédito dos mecanismos unilaterais de coerção do governo dos EUA”, disse.

Já o chanceler cubano Bruno Rodríguez também desqualificou a decisão de Trump, afirmando que o magnata “mente” ao decidir contra Cuba.

“Ébrio de arrogância, o presidente Trump decide sem motivos que Cuba patrocina o terrorismo. Sabe que mente. Seu empenho é aumentar o castigo e a guerra econômica contra as famílias cubanas. Causará danos, mas não dobrará a firme determinação do nosso povo. Venceremos”, publicou ele em suas redes sociais.

<><> Inclusão na lista é internacionalmente criticada

A inclusão de Cuba na lista é amplamente criticada por diversos países que a considera uma decisão politicamente motivada e desproporcional, já que não há evidências de apoio ao terrorismo por parte de Cuba.

Apesar de ter sido promessa de campanha de Joe Biden, o agora ex-presidente dos Estados Unidos só retirou Cuba da lista na última semana de seu governo em ato agora anulado por Trump.

Paralelamente, o governo de Cuba aceitou libertar 127 militantes anticomunistas após decisão de Biden e acordo com Igreja Católica.

O bloqueio econômico a Cuba dura já 63 anos e foi ampliado mais de uma vez, com poucos períodos de pequena flexibilização.

De acordo com estimativas do governo cubano, o bloqueio causou prejuízos acumulados de aproximadamente US$ 164 bilhões até outubro de 2024. Só entre 2022 e 2023, a Organização das Nações Unidas (ONU) declarou que Cuba perdeu US$ 13 milhões por dia por causa do bloqueio.

Além do decreto contra Cuba, Trump ameaçou os países membros do BRICS. Ele disse que se persistirem com a ideia de usar moedas locais ao invés do dólar em suas transações comerciais, ele imporá taxas de importação de 100% sobre os produtos dos países do bloco.

“Eles precisam de nós. Nós não precisamos deles. Vão desistir”, disse Trump na segunda-feira à noite.

<><> 63 anos de asfixia econômica

A inclusão de Cuba na lista agrava os efeitos do bloqueio econômico. Ela possibilita ao governo dos Estados Unidos não só impedir o comércio direto entre seu país e o território cubano, como impor sanções a quaisquer empresas do mundo que também o faça, assim como a instituições financeiras que lhe forneçam crédito ou realizem simples transferências de dinheiro.

Isso dificulta as importações de bens essenciais, como alimentos, medicamentos e combustíveis, assim como a atração de investimentos estrangeiros. Também pode levar à suspensão de programas de ajuda ou financiamento por parte de instituições internacionais, mesmo em programas humanitários.

A decisão tem impacto direto sobre a qualidade de vida da população cubana porque intensifica a crise econômica do país, provocando com escassez de produtos básicos, aumento do desemprego e da migração forçada.

¨      ‘Canal continuará sendo nosso’, diz presidente do Panamá após discurso de Trump

O presidente do Panama, José Raúl Mulino, reagiu rapidamente às declarações do seu homólogo norte-americano Donald Trump, que declarou nesta segunda-feira (20/01), durante a cerimônia de posse do seu segundo mandato, que pretende levar seu país a retomar o controle do Canal do Panamá.

Segundo o mandatário do país centro-americano “o Canal continuará pertencendo sendo nosso, controlado pelos panamenhos”.

A resposta faz alusão ao argumento utilizado pelo líder estadunidense de a China seria quem realmente controla o canal, e que por isso a soberania sobre a estrutura teria se tornado uma “questão de segurança nacional” para os Estados Unidos.

“O propósito de nosso acordo (entre Estados Unidos e Panamá) e o espírito de nosso tratado foram totalmente violados”, alegou Trump durante a posse.

A declaração na cerimônia de posse reforça uma postura que Trump vem defendendo desde dezembro, e que inclui ameaças de colonização da Groenlândia, e inclusive a territórios do México e do Canadá.

Ainda em dezembro, o governo da China reagiu às primeiras insinuações de Trump, dizendo que o Canal do Panamá é “uma criação do povo panamenho” e que “a China respeitará sempre o direito soberano da nação panamenha” sobre ele.

“Acreditamos que, sob a gestão eficiente do Panamá, o canal continuará a dar novas contribuições para a facilitação da integração e dos intercâmbios entre os diferentes países”, ressaltou a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning, em dezembro passado.

Ameaças de Trump mostram que métodos ele vai usar para promover interesses dos EUA, diz Lavrov

As declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre as tarifas contra o BRICS e a saída de uma série de acordos falam muito sobre os métodos que usará para promover os interesses dos EUA no mundo, disse o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov.

Recentemente, ao assinar seus primeiros documentos como o 47º presidente dos EUA, Trump reiterou sua promessa de impor taxas comerciais de 100% nos negócios dos países do BRICS com os Estados Unidos.

Ao fazer isso, ele nomeou erroneamente a Espanha como um membro do BRICS. O novo presidente americano também assinou decretos retirando o país da Organização Mundial da Saúde e do Acordo Climático de Paris.

"Obviamente, isso indica os métodos pelos quais o presidente Trump e seu governo pretendem promover os interesses dos Estados Unidos no cenário mundial", comentou Lavrov as medidas de Trump.

Ele observou que o interesse de Washington no cenário mundial não mudou com democratas ou republicanos na Casa Branca.

"Esse interesse é ser sempre mais forte do que qualquer concorrente", enfatizou Lavrov.

Há algum tempo, Trump ameaçou, pela primeira vez, os países do BRICS de impor "tarifas de 100%" sobre seus produtos se não abandonassem os planos de criar uma moeda alternativa ao dólar norte-americano.

Ao mesmo tempo, o presidente russo Vladimir Putin disse anteriormente que é muito cedo para falar sobre a criação de uma moeda única do BRICS.

¨      Trump pensa como homem de negócios, não está disposto a se sacrificar por suas ideias, diz analista

O recém-empossado presidente dos EUA, Donald Trump, tem um pensamento de bilionário, por isso não está disposto a se sacrificar por suas ideias, inclusive no que diz respeito a quebrar a "tendência" de crise no regime político dos EUA, acredita Aleksei Martynov, cientista político da Universidade Financeira do Governo da Rússia.

Trump tomou posse oficialmente como presidente dos Estados Unidos nesta segunda-feira (20), prestando juramento em cerimônia realizada no Capitólio.

Martynov sublinhou que não compartilha o "otimismo histérico" dos especialistas que dizem que Trump vai "pôr as coisas em ordem".

Ele destacou que, na cerimônia de posse, o novo presidente falou de coisas semelhantes às que foram ditas antes: "A América será grande novamente, acabaremos com todas as guerras".

No entanto, não está claro com quais "ferramentas" Trump quer alcançar seus objetivos durante os próximos quatro anos.

"Para quebrar as tendências das últimas décadas, associadas, entre outras coisas, a uma profunda crise no regime político americano, são necessárias não apenas ferramentas, recursos e pessoas, mas também coragem pessoal e disposição para o sacrifício pessoal. Não acho que o showman e hedonista Trump seja o tipo de pessoa que está pronta para dar a vida em prol de suas ideias", disse Martynov.

Na sua opinião, Trump sempre procurou a presidência para se aperfeiçoar.

"Esta é a psicologia de um bilionário", acredita o especialista.

Ao comentar a cerimônia de posse de Trump, o especialista salientou que se tratou de um espetáculo escrito, encenado e interpretado que, de fato, se estendeu por várias semanas.

 

Fonte: Opera Mundi

 

Nenhum comentário: