Trump varre
era Biden com decretos contra imigração, minorias e meio ambiente
Imediatamente após sua posse, na segunda-feira (20/01), o novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump,
retirou os Estados Unidos do Acordo de Paris sobre emissões de CO2, da
Organização Mundial de Saúde (OMS) e do compromisso firmado junto à Organização
para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) para aplicar sobre grandes
multinacionais um imposto mínimo global de 15%.
Também revogou todas as políticas de proteção à diversidade e ao meio
ambiente e aprovou o perdão a cerca de 1.500 condenados pelo ataque ao
Capitólio, em janeiro de 2021. Foram adiadas, porém, as prometidas medidas de
aumento de tarifas de importação.
Trump justificou a saída dos Estados Unidos da OMS “por sua má gestão da
pandemia de covid-19 e outras crises globais de saúde” e por sua falta de
“independência da influência política” dos Estados membros.
A decisão, entretanto, deve comprometer a capacidade da entidade de
saúde em responder a outras possíveis emergências globais, como uma nova
pandemia, uma vez que os EUA são os maiores financiadores desse órgão.
Os decretos iniciais foram assinados no estádio Capital One Arena,
diante de 20 mil seguidores que haviam acompanhado dali a sua posse através de
um telão. A primeira assinatura revogou 78 ordens executivas de Joe Biden.
Depois, Trump vetou as agências federais de emitirem regulações,
congelou a contratação de funcionários públicos e proibiu que trabalhem
remotamente, bloqueou os pedidos de asilo e eliminou a concessão de
nacionalidade norte-americana por nascimento, um direito garantido pela
Constituição.
Um grupo de organizações de defesa dos direitos dos imigrantes já entrou
com uma ação de inconstitucionalidade contra a medida. O aplicativo CBP One,
que permitiu que um milhão de imigrantes agendassem audiência para entrar
legalmente no país, foi desabilitado, cancelando quase 30 mil audiências
pendentes.
O republicano prometeu eliminar as políticas inclusivas e de defesa da
diversidade na administração pública. “Vou acabar com a política governamental
de tentar impor socialmente a raça e o gênero em todos os aspectos da vida
pública e privada. Forjaremos uma sociedade daltônica baseada no mérito”, disse
Trump.
Estado de
emergência na fronteira mexicana
O novo presidente também declarou estado de emergência na fronteira com
o México, apesar da acentuada queda do fluxo migratório nos últimos meses. A
medida lhe permite enviar tropas para a área e usar dinheiro público para
concluir o muro fronteiriço que iniciou em sua administração anterior, sem
precisar da aprovação do Congresso.
Ele assinou ainda uma ordem executiva para rebatizar o Golfo do México
como “Golfo da América”. A vontade de Trump em alterar o nome já foi ironizada
por Claudia Sheinbaum, presidente do país latino. Em tom irônico, ela sugeriu
uma ideia semelhante: “por que não chamamos o sul dos Estados Unidos de ‘América Mexicana’? Fica
bonito, não é?”.
Ainda com relação à imigração, Trump disse que o Departamento de Justiça
buscará aplicar a pena de morte para “imigrantes ilegais que mutilam ou
assassinam norte-americanos”, assim como para qualquer responsável pela morte
de agentes da lei.
Como estava previsto, o presidente assinou decreto classificando os
cartéis de droga como “terroristas globais” com o objetivo de endurecer a
perseguição e penas contra eles.
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Energia
Um dos decretos assinado declarou emergência na área energética, embora
a produção de petróleo de seu país esteja em recordes históricos. Isso lhe
permitirá flexibilizar mais rapidamente todas as restrições sobre o uso de
combustíveis fósseis.
Sob o lema “perfurar, perfurar, perfurar”, prometeu agilizar licenças e
revogar regulamentações e taxas à produção e uso de energia, incluindo mineração.
Foram eliminadas também todos os limites de emissões sobre veículos e outros
equipamentos que usam combustíveis fósseis. “Pode comprar o carro que quiser”,
disse ele.
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Adiado aumento de taxas de importação
Embora o aumento das tarifas de importação fossem uma de suas
principais promessas, Trump decidiu adiá-lo. Ele havia dito que imporia 60% de
imposto sobre os produtos chineses, 25% sobre os canadenses e mexicanos e 10%
sobre os dos demais países.
Mas anunciou que haverá uma ofensiva imediata contra produtos
falsificados e a revisão da isenção especial vigente para produtos de baixo
valor, como os comercializados por Alibaba, Temu e outras empresas chinesas
online. O republicano também assinou um decreto dando 75 dias para que o TikTok
saia do controle chinês.
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OMS lamenta saída dos EUA e espera que Trump ‘reconsidere’ decisão
A Organização Mundial da Saúde (OMS) lamentou nesta terça-feira (21/01)
a decisão do presidente Donald Trump de retirar os Estados Unidos da entidade,
afirmando esperar que o magnata repense a medida.
“A OMS exerce um papel crucial na proteção da saúde e segurança do povo
no mundo, incluindo norte-americanos”, afirmou Tarik Jasarevic, porta-voz da
organização, em declaração a jornalistas em Genebra, na Suíça.
Jasarevic salientou que o desejo da organização é que os Estados Unidos
“reconsiderem” a decisão, afirmando que a OMS está “ansiosa” para “engajar em
diálogos construtivos para manter a parceria entre a OMS e os EUA, para o
benefício da saúde e do bem-estar de milhões de pessoas no mundo todo”.
Trump assinou uma ordem executiva para
retirar Washington da organização poucas horas após tomar posse para seu
segundo mandato. De acordo com o governo, a contribuição dos Estados Unidos à
OMS é “desproporcional” em relação ao tamanho de sua população.
“A China, com 1,4 bilhão de
pessoas, tem 300% da população dos Estados Unidos, mas contribui com quase 90%
a menos”, diz o texto do decreto.
O orçamento da OMS para o biênio 2024-2025 é estimado em US$ 6,5 bilhões
(R$ 39 bilhões), sem contar recursos para ações emergenciais. No biênio
anterior, os Estados Unidos repassaram à entidade US$ 260 milhões (R$ 1,6
bilhão) em contribuição fixa, valor determinado com base no PIB e na população
de cada país, e US$ 698 milhões em doações voluntárias (R$ 4,2 bilhões).
Agora, com a saída dos Estados Unidos, a Fundação Bill e Melinda Gates
se tornará a principal contribuinte da OMS, com US$ 646 milhões (R$ 3,9
bilhões) prometidos para 2024/2025.
Esta é a segunda vez que Trump decide retirar Washington da OMS. Em
julho de 2020, no primeiro mandato do republicano e em plena pandemia de
covid-19, ele já havia determinado a saída do país da Organização Mundial da Saúde por discordar da gestão da crise, porém a decisão nunca se
concretizou e foi revertida por Joe Biden logo após ele tomar posse, em janeiro
de 2021.
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Cuba condena retorno à lista de países patrocinadores do terrorismo:
'ato de arrogância'
O presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, condenou a decisão do novo
governo norte-americano, liderado por Donald Trump, de voltar a incluir a ilha
caribenha na lista de países “patrocinadores do terrorismo”.
A decisão do republicano ocorreu logo após assumir para um segundo
mandato a Presidência dos Estados Unidos na segunda-feira (20/01).
“O presidente Trump, em ato de arrogância e desprezo pela verdade, acaba
de restabelecer a fraudulenta designação de Cuba como Estado patrocinador do
terrorismo. Não surpreende. Seu objetivo é continuar fortalecendo a cruel
guerra econômica contra Cuba com fins de dominação”, diz o texto publicado pelo
governante cubano.
Díaz-Canel afirmou ainda que o resultados das “medidas extremas”
aplicadas unilateralmente por Washington “foi provocar carências em nosso povo
e um incremento significativo do fluxo migratório de Cuba aos Estados Unidos”.
“Esse ato de zombaria e abuso
confirma o descrédito dos mecanismos unilaterais de coerção do governo dos
EUA”, disse.
Já o chanceler cubano Bruno Rodríguez também desqualificou a decisão de
Trump, afirmando que o magnata “mente” ao decidir contra Cuba.
“Ébrio de arrogância, o presidente Trump decide sem motivos que Cuba
patrocina o terrorismo. Sabe que mente. Seu empenho é aumentar o castigo e a
guerra econômica contra as famílias cubanas. Causará danos, mas não dobrará a
firme determinação do nosso povo. Venceremos”, publicou ele em suas redes
sociais.
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Inclusão na lista é internacionalmente criticada
A inclusão de Cuba na lista é amplamente criticada por diversos países
que a considera uma decisão politicamente motivada e desproporcional, já que
não há evidências de apoio ao terrorismo por parte de Cuba.
Apesar de ter sido promessa de campanha de Joe Biden, o agora
ex-presidente dos Estados Unidos só retirou Cuba da lista na última semana
de seu governo em ato agora anulado por Trump.
Paralelamente, o governo de Cuba aceitou libertar 127 militantes anticomunistas após decisão de Biden e acordo com Igreja
Católica.
O bloqueio econômico a Cuba dura já 63 anos e foi ampliado mais de uma
vez, com poucos períodos de pequena flexibilização.
De acordo com estimativas do governo cubano, o bloqueio causou prejuízos
acumulados de aproximadamente US$ 164 bilhões até outubro de 2024. Só entre
2022 e 2023, a Organização das Nações Unidas (ONU) declarou que Cuba perdeu US$
13 milhões por dia por causa do bloqueio.
Além do decreto contra Cuba, Trump ameaçou os países membros do BRICS. Ele disse que
se persistirem com a ideia de usar moedas locais ao invés do dólar em suas
transações comerciais, ele imporá taxas de importação de 100% sobre os produtos
dos países do bloco.
“Eles precisam de nós. Nós não precisamos deles. Vão desistir”, disse
Trump na segunda-feira à noite.
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63 anos de asfixia econômica
A inclusão de Cuba na lista agrava os efeitos do bloqueio econômico. Ela
possibilita ao governo dos Estados Unidos não só impedir o comércio direto
entre seu país e o território cubano, como impor sanções a quaisquer empresas
do mundo que também o faça, assim como a instituições financeiras que lhe
forneçam crédito ou realizem simples transferências de dinheiro.
Isso dificulta as importações de bens essenciais, como alimentos,
medicamentos e combustíveis, assim como a atração de investimentos
estrangeiros. Também pode levar à suspensão de programas de ajuda ou
financiamento por parte de instituições internacionais, mesmo em programas
humanitários.
A decisão tem impacto direto sobre a qualidade de vida da população
cubana porque intensifica a crise econômica do país, provocando com escassez de
produtos básicos, aumento do desemprego e da migração forçada.
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‘Canal continuará sendo nosso’, diz presidente do Panamá após discurso
de Trump
O presidente do Panama, José Raúl Mulino, reagiu rapidamente às
declarações do seu homólogo norte-americano Donald Trump, que declarou nesta
segunda-feira (20/01), durante a cerimônia de posse do seu
segundo mandato, que pretende levar seu país a retomar o controle
do Canal do Panamá.
Segundo o mandatário do país centro-americano “o Canal continuará
pertencendo sendo nosso, controlado pelos panamenhos”.
A resposta faz alusão ao argumento utilizado pelo líder estadunidense de
a China seria quem realmente controla o canal, e que por isso a soberania sobre
a estrutura teria se tornado uma “questão de segurança nacional” para os
Estados Unidos.
“O propósito de nosso acordo (entre Estados Unidos e Panamá) e o
espírito de nosso tratado foram totalmente violados”, alegou Trump durante a
posse.
A declaração na cerimônia de posse reforça uma postura que Trump vem defendendo
desde dezembro, e que inclui ameaças de colonização da
Groenlândia, e inclusive a territórios do México e do Canadá.
Ainda em dezembro, o governo da China reagiu
às primeiras insinuações de Trump, dizendo que o
Canal do Panamá é “uma criação do povo panamenho” e que “a China respeitará
sempre o direito soberano da nação panamenha” sobre ele.
“Acreditamos que, sob a gestão eficiente do Panamá, o canal continuará a
dar novas contribuições para a facilitação da integração e dos intercâmbios
entre os diferentes países”, ressaltou a porta-voz do Ministério das Relações
Exteriores da China, Mao Ning, em dezembro passado.
Ameaças de Trump
mostram que métodos ele vai usar para promover interesses dos EUA, diz Lavrov
As declarações do
presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre as tarifas contra o BRICS e
a saída de uma série de acordos falam muito sobre os métodos que usará para
promover os interesses dos EUA no mundo, disse o ministro das Relações
Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov.
Recentemente, ao
assinar seus primeiros documentos como o 47º presidente dos EUA, Trump reiterou
sua promessa de impor taxas comerciais de 100% nos negócios dos países
do BRICS com
os Estados Unidos.
Ao fazer isso, ele
nomeou erroneamente a Espanha como um membro do BRICS. O novo
presidente americano também assinou decretos retirando o país da Organização
Mundial da Saúde e do Acordo Climático de
Paris.
"Obviamente,
isso indica os métodos pelos quais o presidente Trump e seu governo
pretendem promover os interesses dos
Estados Unidos no
cenário mundial", comentou Lavrov as medidas de Trump.
Ele observou que o
interesse de Washington no cenário mundial não mudou com democratas ou
republicanos na Casa Branca.
"Esse
interesse é ser sempre mais forte do que qualquer concorrente", enfatizou
Lavrov.
Há algum tempo,
Trump ameaçou, pela primeira vez, os países do BRICS de impor "tarifas de
100%" sobre seus produtos se não abandonassem os planos de criar
uma moeda alternativa ao dólar norte-americano.
Ao mesmo tempo, o
presidente russo Vladimir Putin disse anteriormente que é muito cedo para falar
sobre a criação de uma moeda única do BRICS.
¨ Trump pensa como homem de negócios, não está disposto a
se sacrificar por suas ideias, diz analista
O recém-empossado
presidente dos EUA, Donald Trump, tem um pensamento de bilionário, por isso não
está disposto a se sacrificar por suas ideias, inclusive no que diz respeito a
quebrar a "tendência" de crise no regime político dos EUA, acredita
Aleksei Martynov, cientista político da Universidade Financeira do Governo da
Rússia.
Trump tomou posse
oficialmente como presidente dos Estados Unidos nesta segunda-feira (20),
prestando juramento em cerimônia realizada no Capitólio.
Martynov sublinhou
que não compartilha o "otimismo histérico" dos
especialistas que dizem que Trump vai "pôr as coisas em ordem".
Ele destacou que,
na cerimônia de posse, o novo presidente falou de coisas semelhantes às que foram
ditas antes: "A América será grande novamente, acabaremos com todas as
guerras".
No entanto, não
está claro com quais "ferramentas" Trump quer alcançar seus objetivos
durante os próximos quatro anos.
"Para quebrar
as tendências das últimas décadas, associadas, entre outras coisas, a uma
profunda crise no regime político
americano,
são necessárias não apenas ferramentas, recursos e pessoas, mas também coragem
pessoal e disposição para o sacrifício pessoal. Não acho que o showman e
hedonista Trump seja o tipo de pessoa que está pronta para dar a vida em prol
de suas ideias", disse Martynov.
Na sua opinião,
Trump sempre procurou a presidência para se aperfeiçoar.
"Esta é
a psicologia de um
bilionário",
acredita o especialista.
Ao comentar a
cerimônia de posse de Trump, o especialista salientou que se tratou de um
espetáculo escrito, encenado e interpretado que, de fato, se estendeu por
várias semanas.
Fonte: Opera Mundi
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