terça-feira, 21 de janeiro de 2025

Saiba reconhecer os sinais quando seu fígado está sofrendo por causa do álcool

O consumo excessivo de álcool pode transformar momentos de diversão e alegria em problemas mais graves para a saúde. Embora uma noite de bebedeira seja frequentemente associada à ressaca, o impacto do álcool vai muito além dos sintomas imediatos, como náusea e dor de cabeça. O fígado, um dos órgãos mais importantes do corpo humano, desempenha mais de 500 funções vitais, sendo uma das principais a filtragem de toxinas do sangue. Porém, o excesso de álcool pode sobrecarregar esse órgão, resultando em complicações sérias.

·        Fígado: o filtro das toxinas do corpo

Para você entender, quando ingerimos álcool, o fígado precisa processá-lo para remover as toxinas do corpo, correto? Esse processo exige que o sangue passe por uma filtragem no fígado, mas, em caso de consumo excessivo, o órgão é forçado a trabalhar em ritmo intensificado, o que pode levar a um desequilíbrio em suas funções.

O álcool permanece no corpo por diferentes períodos: cerca de 12 horas no sangue, 24 horas na respiração, 72 horas na urina e até 90 dias no cabelo. Esse tempo pode variar dependendo da quantidade de álcool consumida e da frequência com que a bebida é ingerida. Quando o consumo de álcool se torna habitual, o corpo começa a exibir sinais de que algo não está funcionando corretamente, evidenciando o impacto prolongado dessa substância na saúde.

·        Malefícios do consumo excessivo de álcool

E quando esse consumo é frequente aumenta significativamente a probabilidade de desenvolver esteatose hepática, conhecida como gordura no fígado. 

O abuso do álcool pode levar à deficiência de vitamina B9, resultando em um acúmulo de homocisteína, um aminoácido produzido pelo organismo. A homocisteína está envolvida na produção de proteínas e no funcionamento do sistema nervoso, mas seu excesso pode sinalizar a apoptose (morte celular) e, ao mesmo tempo, aumentar a produção de lipídeos para reparar as membranas celulares danificadas, agravando ainda mais a condição de esteatose hepática.

·        Mas afinal, quais são os sinais que o corpo apresenta após o excesso de álcool?

Um dos primeiros sinais de problemas no fígado é sentir um incômodo no lado direito do abdômen, onde o órgão está localizado. Esse incômodo pode ser um indicativo de que o fígado está inflamado ou aumentando de tamanho. Além do incômodo, é possível sentir uma sensação de plenitude no abdômen e, em alguns casos, uma alteração na digestão. Esses sintomas podem ser decorrentes do consumo excessivo e prolongado de álcool. 

Outro sinal comum é o cansaço extremo. Mesmo após longas horas de sono, você pode se sentir constantemente exausto. Isso acontece porque, quando o fígado está comprometido, ele não consegue desempenhar suas funções corretamente, levando o corpo a um estado de fraqueza que o descanso não consegue aliviar.

A cor da urina e das fezes também pode ser um indicativo da saúde do fígado. Urina de cor mais escura, quase marrom, e fezes esbranquiçadas são sinais de que o fígado está enfrentando dificuldades, possivelmente devido a problemas na produção ou excreção de bile.

E mudanças na aparência, como o amarelamento dos olhos e da pele, podem indicar um estágio avançado de cirrose.

<><> O que é cirrose alcoólica? 

A cirrose alcoólica é uma das formas mais graves de doença hepática crônica, decorrente do consumo excessivo e prolongado de álcool. Essa condição causa inflamação crônica no fígado, levando à fibrose, que é o endurecimento e cicatrização do tecido hepático, e, eventualmente, à perda de função do órgão. 

Com o tempo, a cirrose pode desencadear complicações como ascite (acúmulo de líquido no abdômen), hemorragias varicosas (sangramento nas veias dilatadas do esôfago ou estômago) e encefalopatia hepática (deterioração da função cerebral), e pode ser fatal se não for tratada adequadamente.

Além dessas complicações, a cirrose alcoólica também aumenta o risco de desenvolver câncer de fígado, uma consequência potencialmente fatal. 

O fígado comprometido pela cirrose se torna incapaz de desempenhar suas funções vitais, como a produção de proteínas essenciais, à regulação dos níveis de açúcar no sangue e a desintoxicação do organismo. Por isso, é fundamental o diagnóstico precoce e a interrupção do consumo de álcool para evitar a progressão da doença, melhorando as chances de sobrevivência.

¨         Transplante hepático: quando o fígado atinge o limite e a única saída é a substituição

fígado é responsável por filtrar o sangue e eliminar toxinas do nosso corpo. No entanto, quando há excesso dessas toxinas, chegando ao seu limite funcional, o fígado não consegue desempenhar 100% da sua capacidade e fica sobrecarregado, o que pode levar à necessidade de um transplante de fígado.

O que geralmente acontece é que o fígado para de funcionar corretamente, mesmo que tenha algumas reservas. A maioria das doenças que afetam o fígado são crônicas e muitas vezes silenciosas, comprometendo gradativamente o funcionamento do órgão. Com o tempo, embora a pessoa não sinta nada, o fígado perde sua capacidade funcional até chegar a um ponto em que não consegue mais suprir as necessidades do corpo.

Esse é o momento em que o transplante se torna a única alternativa, onde retiramos o órgão que está doente e colocamos outro saudável no lugar. Isso depende da doação de alguém, seja de um doador falecido da fila de espera ou de um doador vivo que queira doar parte do fígado.

<><> Quais doenças podem levar ao transplante hepático?

Diversos problemas de saúde podem levar à falência hepática e podem acabar resultando em um transplante. O alcoolismo, a hepatite crônica B ou C, e a infiltração gordurosa no fígado, conhecida como fígado gorduroso, são algumas das principais causas, mas além dessas três principais causas temos outras, como a deficiência de Alfa-1 antitripsina, uma doença rara causada por conta de uma mutação genética hereditária, podendo afetar até mesmo o pulmão.

Hoje uma das principais causas que leva o indivíduo a fila de transplante de fígado no mundo, é a síndrome metabólica, conhecida também como síndrome da resistência à insulina, que causa uma inflamação no fígado, a esteato-hepatite não alcoólica. Essa condição pode progredir para cirrose, insuficiência hepática e aumentar o risco de câncer de fígado. O indivíduo muitas vezes pode não consumir álcool, mas casos de sobrepeso, diabetes, pressão alta e sedentarismo, também podem levar ao desenvolvimento da cirrose. 

Há casos que levam ao transplante que vão além do comum, como hepatites B e C, o excesso de remédios, conhecido como hepatite medicamentosa, também pode ocasionar um transplante de fígado.

<><> Níveis de esteatose

A esteatose em si, ou seja, só a gordura no fígado, não leva a um transplante, mas é preciso entender que existem três graus de esteatose hepática. 

O grau 1, que é a deposição leve de gordura. Já o grau 2 tem uma deposição moderada e no grau 3, a deposição de gordura é acentuada. 

A esteatose não está associada aos sintomas, mas quando associada a síndrome metabólica, a inflamação pode evoluir para casos graves, incluindo pele e olhos amarelados, acúmulo de líquido abdominal (ascite) e hematomas. 

diagnóstico é feito por meio de exames médicos regulares, como ultrassom abdominal e testes de função hepática (TGO, TGP, Gama GT).

Felizmente é possível prevenir a necessidade de um transplante hepático. A prevenção e o tratamento da esteatose hepática necessitam de uma série de mudanças bruscas no estilo de vida. O paciente deve evitar o consumo de álcool, pois ele acaba danificando as células do fígado e, além disso, precisam adotar uma alimentação saudável, como a dieta mediterrânea, rica em fibras, vegetais, proteínas magras, azeite de oliva e grãos integrais, e buscar manter um peso saudável através de uma dieta equilibrada e regularmente fazer exercícios físicos.

 

Fonte: IstoÉ Bem-estar

 

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