quarta-feira, 22 de janeiro de 2025

Por que Trump segue mentindo ao dizer que EUA derrotaram o fascismo na 2ª Guerra Mundial?

O recém-empossado presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, repetiu uma mentira comum aos líderes norte-americanos ao afirmar que o país "venceu duas guerras mundiais" e derrotou o fascismo. A falsidade, afirma um historiador à Sputnik Brasil, busca combater a perda de liderança mundial dos EUA para a Rússia e a China.

Longe de ser um fato, essa afirmação se trata de uma falsificação dupla da história, afirma à Sputnik Brasil o professor de história e pesquisador do Núcleo de Estudos das Américas (Nucleas) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) João Cláudio Pitillo.

"Trump falsifica a história com relação à Segunda Guerra Mundial e falsifica atualmente, tentando afirmar uma grandiosidade que os Estados Unidos já não têm mais."

<><> Quem venceu a 2ª Guerra Mundial?

A resposta para essa pergunta é única pelas lentes da ciência histórica, diz Pitillo. "Cerca de 75% de todas as forças do Eixo foram destruídas pela União Soviética. Berlim, Tóquio, Roma e seus Estados-satélites foram destruídos pela URSS."

Claro que o papel de todos que lutaram contra o fascismo é importante, afirma o historiador.

"Mas a nível histórico temos que dar a César o que é de César e dar a Deus o que é de Deus."

Desde o início da Guerra Fria, os Estados Unidos escondem a preponderância que a União Soviética teve na derrota do nazifascismo. "Criaram uma narrativa própria, completamente afastada da realidade", afirma.

No fim da Segunda Guerra Mundial, com o mundo dividido entre dois blocos economicamente antagônicos, a URSS gozava de muito prestígio internacional e, para "para aplacar a vitória soviética e diminuir o alcance do socialismo vitorioso frente ao fascismo", os EUA criaram uma guerra cultural em que a narrativa verdadeira é "ofuscada por relatos parciais e mentirosos".

Segundo Pitillo, é possível afirmar "de maneira científica" a partir dos dados e dos mapas que se não fossem as vitórias da União Soviética no front oriental, a máquina de guerra nazista regressaria para tomar o que restou da Europa, isto é, a Inglaterra. "Toda a Europa estava sob a bota nazista."

Nesse sentido, a União Soviética que facilitou a vida dos aliados, e não o contrário, crava o historiador.

"As principais tropas nazistas estavam sendo destruídas dentro da União Soviética e não tiveram condições de retornar para reforçar o front ocidental. Negar isso é parte dessa guerra ideológica, criada na Guerra Fria com Truman."

"A Segunda Frente só vai ser aberta em 1944. A União Soviética, de 1941 a 1944, lutou praticamente sozinha."

<><> Japão se rendeu por conta do avanço soviético

Outra falsificação comumente aceita na visão popular da Segunda Guerra Mundial é que os Estados Unidos derrotaram o Império Japonês no chamado Teatro de Operações do Pacífico, com grande ênfase nos ataques nucleares a Nagasaki e Hiroshima, as únicas vezes que um armamento atômico foi utilizado em um conflito.

De fato, assume o historiador, os estadunidenses derrotaram a Marinha Imperial do Japão, mas isso por si só não acabou com a capacidade ofensiva o Japão. O grosso das tropas se encontrava na ocupação chinesa. "Ainda restavam mais de um milhão de homens", diz Pitillo. "O Exército japonês poderia continuar lutando durante muito tempo na Manchúria."

Após a rendição da Alemanha nazista, houve um pedido público dos líderes aliados para que a União Soviética direcionasse suas tropas para atacar o Japão. "Nem Estados Unidos, nem Inglaterra tinham condições de levar mais de um milhão de homens e equipamentos para combater os japoneses."

"Só a União Soviética tinha poder para destruir o Império Japonês."

Foi a partir disto que a URSS iniciou a Operação Tempestade de Agosto, que "destroçou o Exército japonês". Em menos de um mês, as forças soviéticas derrotaram todo o contingente nipônico.

Sem a Manchúria, afirma o historiador, o Japão perde a sua joia da coroa: a China. Um país grande e rico que ligava o Japão ao resto do continente asiático. "Sem a China o Japão volta a ser uma ilha do Pacífico."

"É retratado pelo Ocidente que as bombas atômicas foram responsáveis, mas foi a partir dessa destruição de seu Exército que o Japão decide se render", revela o historiador. "E essa é uma vitória que é escamoteada, ela pouco aparece."

<><> Por que os EUA falsificam a história?

Se por um lado os EUA utilizavam a propaganda de que foram a principal força por trás da vitória aliada na Segunda Guerra Mundial como arma durante a Guerra Fria, a continuidade dessa mentira por todos presidentes estadunidenses revela a perpetuidade dessa política de propaganda.

Hoje a Rússia é a principal herdeira da União Soviética e, como tal, busca manter vivo o legado do conflito, do histórico heroísmo de seu povo, do fardo de sua reconstrução e dos louros de sua vitória.

Para Trump, e também para os demais líderes norte-americanos, essa mentira é "arma na guerra híbrida" contra a Rússia, a China e os países do Sul Global, analisa Pitillo.

Ao colocar os EUA como os principais articuladores da vitória aliada, os EUA buscam "reafirmar os seus valores imperialistas de um país invencível, poderoso e que ajudou o mundo".

Dessa forma, não só dão a Washington uma relevância que não se fundamenta mais na realidade geopolítica atual, como também afasta a Rússia dos demais povos.

"Então o que Trump faz é uma guerra cultural violentíssima, com base na mentira para impedir que a Federação da Rússia se torne popular, colhendo esses frutos."

 

¨      Trump e o big  bang do mundo novo. Por Ezio Mauro

É a auréola que estava faltando e que agora desce para rodear o rosto de Donald Trump enquanto ele jura solenemente fidelidade à Constituição, esse acordo de trégua entre os terroristas do Hamas e Israel.

Mesmo com a fragilidade de seu equilíbrio e a precariedade das convicções dos dois lados, marca o horizonte e a ambição da fase que se inaugura amanhã em Washington, não apenas uma nova presidência estadunidense, mas uma nova era para um novo mundo. Nesse sentido, há algo de titânico e temerário na fórmula do rito que Trump pronunciará em frente ao Capitólio e sobre a Bíblia, quase invocando uma bênção revolucionária: “Que Deus me ajude”. Para chegar aonde? Não existe um deus de direita, pronto e disposto a favorecer e proteger, sob demanda, a reforma mais radical da história estadunidense, com o enxugamento da democracia, a redução do estado de direito, a superação do espírito constitucional do pós-guerra, para dar origem ao soberano moderno livre de vínculos, regras e controles, pura expressão de autoridade que se torna comando. Há, no entanto, os novos ídolos pagãos, geniais na invenção contínua do último milagre tecnológico, fascinantes na projeção futurista da nossa vida, extraterrestres no projeto de colonização do cosmos, onipotentes na possibilidade bilionária de comprar almas, corpos, tempo e espaço: sem falar de votos, consenso, lei, política e governo.

Estamos testemunhando o único big-bang não previsto pelos estudiosos, aquele entre o extremismo de direita e o radicalismo científico, entre reação e inovação, ideologia e tecnologia. Tudo dentro das regras, mais ou menos desgastadas e rasgadas, mas tudo com o regular consentimento eleitoral, sob os olhos cansados do parlamento. Porque nestes Vinte Anos ninguém atacará novamente frontalmente a democracia para destroná-la, não há necessidade: a força motriz da inovação tecnológica transformada em arma política é tal que, enquanto nos seduz com seu feitiço diário, faz com que todo o resto envelheça por diferença, torna-o amarelado e gasto como as folhas de outono, por senescência orgânica acelerada.

Desde agora está claro que os dois sujeitos dessa revolução reacionária estão mudando o alfabeto social de nosso tempo, porque eles próprios agem como o hardware do nosso imaginário e o software do desejo, reinventando as linguagens e redefinindo os conceitos. A começar pela ideia de liberdade, que não crescerá mais com a expansão dos direitos, mas com o direito de não ter mais vínculos com a sociedade, que será de fato dissolvida. Sozinhos, destronados de cidadãos a indivíduos, seremos compensados com o acesso ao consumo geral e ao uso privado da próxima tecnomaravilha que simplificará ainda mais as nossas vidas, colorindo-as com novas sugestões e estimulando-as com inéditas emoções.

A verticalização do comando, de fato, implica necessariamente uma capitalização do conhecimento, recurso e garantia do poder, que controlará as cotas de conhecimento consciente a serem distribuídas no circuito para manter o povo partícipe, solicitá-lo e engajá-lo, mas sem libertá-lo. Nenhuma ideologia pede mais isso, nenhuma política promete isso: temos certeza de que precisamos disso? O pós-cidadão, essa nova criatura, pode votar regularmente: não era esse o direito supremo? Como tal, ele permanece intacto, é o mundo inteiro ao redor que muda, o velho conceito de liberdade tropeça inadequado para compreender o poder irresistível da inovação que perfura a superfície do futuro e captura um seu lampejo.

Vivemos no ponto exato em que a ciência se torna extrema direita. Como isso aconteceu e por quê? Na realidade, no momento em que a tecnologia quer engenheirar a política, a direita é a maneira mais fácil de desconstruir a cultura liberal-democrática. Que certamente não pode ser confundida com o demônio, desgastada que está: mas ainda representa o arcabouço sobre o qual o sistema ocidental se sustenta com suas constituições, seu código distintivo do bem e do mal, os preceitos civis e os deveres morais, como a responsabilidade e a solidariedade, até a blasfêmia cívica do senso do limite, que algema a ambição, deprime o talento, lastreia a autoridade. O extremismo da direita não reconhece obrigações, deveres e respeitos. Identificou instintivamente o ponto zero moderno da política, fora da história, indiferente ao passado e alheio à democracia, especialmente quando transformada em fé.

Com base nesse princípio neutro, a tecnociência pode plantar a nova árvore do conhecimento, mas como dona, não como gregária: quer se beneficiar dos frutos, participar do comando, assumir o poder. Não é mais uma estrutura servil, e a política está descobrindo isso. De conselheiro, o magnata tecnológico se torna príncipe, com o mouse substituindo o velho sapo a ser beijado. Por esses motivos, é possível que os dois sujeitos do big bang entrem em conflito. O mais provável é que eles se usem mutuamente por algum tempo, como estão fazendo. Também não se pode descartar a possibilidade de Trump aproveitar o frisson de uma energia política transformada em força constituinte de uma nova ordem mundial e, após a fragilidade da trégua, busque a robustez de uma negociação de paz nas guerras contemporâneas. Isso significaria que a graça do Estado prevalece sobre a natureza e seria a prova inesperada da supremacia da liberdade democrática como religião civil do Ocidente. Afinal, esse é o deus da América: o que Musk está procurando no céu dos EUA, ao contrário, é apenas o bezerro de ouro. 

 

¨      Êxodo do gabinete de Netanyahu poderia desencadear eleições e derrubar o primeiro-ministro?

A trégua em Gaza desencadeou um motim político entre elementos da direita radical do governo de coalizão de Benjamin Netanyahu, com ministros se demitindo completamente ou temporariamente em protesto contra o acordo de cessar-fogo. Netanyahu deveria estar preocupado ou ele agora tem a vantagem?

A coalizão do primeiro-ministro israelense está enfrentando turbulências sobre a assinatura e implementação do cessar-fogo em Gaza em meio a ataques liderados por "pesos pesados​​ministeriais" da direita radical, como o ministro da Segurança Nacional Itamar Ben-Gvir e o ministro das Finanças Bezalel Smotrich.

Ben-Gvir deixou o gabinete no domingo (19), prometendo retornar se a guerra em Gaza recomeçar "com força total". Smotrich também renunciou temporariamente e ameaçou derrubar o governo, mas consequentemente anunciou que retornaria.

A coalizão de Netanyahu mantém maioria apertada no parlamento de 120 assentos de Israel, liderado por seu partido, o Likud, e incluindo os partidos de direita religiosa ou sionista Shas, Judaísmo Unido da Torá, Noé Ortodoxo e Nova Esperança — Direita Unida.

Alguns observadores temem que, se novas eleições forem realizadas, a política israelense retome um ciclo de instabilidade como o experimentado entre 2018 e 2022, quando cinco votações antecipadas foram convocadas em um período de quatro anos em meio a disputas intermináveis ​​entre alas pró e anti-Netanyahu no Parlamento israelense.

A longa saga do julgamento criminal de Netanyahu, constantemente adiada pela guerra e por questões de saúde do líder israelense, também ameaça voltar para assombrá-lo agora que a crise de Gaza foi temporariamente suspensa.

·        O que está por trás das reclamações?

A saída de Ben-Gvir está ligada "à possibilidade do Hamas permanecer no poder em Gaza por algum tempo", disse à Sputnik Zeev Hanin, professor de política da Universidade Bar-Ilan, comentando sobre a confusão na coalizão governista.

A direita está furiosa porque a segunda parte do objetivo declarado de Netanyahu de libertar os reféns e destruir o Hamas não aconteceu, explicou o analista.

Ao mesmo tempo, "pelo menos dois terços dos israelenses, a julgar pelas pesquisas, ficarão satisfeitos neste estágio" com o retorno dos reféns, e considerarão isso "uma vitória nesta guerra", diz o observador. A atitude é: "Devolva-os e lide com o Hamas no futuro", disse Hanin.

·        Eleições de primavera para Netanyahu?

Segundo Hanin, a coalizão de Netanyahu tem 63 membros, o suficiente para evitar que as birras de seus ministros da direita radical o derrubem.

As eleições provavelmente serão nesta ano, mas "não antes da primavera", acredita o especialista.

"Elas ocorrerão quando Netanyahu decidir que é conveniente para ele dissolver o Parlamento israelense e organizar a votação, se o acordo lhe trouxer dividendos políticos, digamos assim. Mais importante, se houver alguns acordos com Trump por trás do acordo, quaisquer concessões em Gaza parecerão razoáveis ​​e moderadas", resumiu o professor.

¨      EUA e Israel tentarão piorar tensões dentro do Hamas apesar do cessar-fogo, diz analista

O futuro do conflito dependerá das tensões que os EUA e Israel radicalizarão entre Hamas, porque é difícil para a organização falar em nome de todos os elementos que emergiram depois da morte dos líderes do partido, disse o dr. Isa Blumi, professor associado do Departamento de Estudos de Ásia e Médio Oriente de Estocolmo à Sputnik.

Considerando os assassinatos dos líderes do Hamas, incluindo o do chefe do Politburo do Hamas, Ismail Haniyeh, e seu sucessor, Yahya Sinwar, "considerável esgotamento" de sua ala militar, devastação humana e física de Gaza, este seria complicado para o braço político do partido representar a opinião de todos os elementos que emergiram durante a severa batalha contra forças israelenses.

"Eu acho que o futuro do conflito refletirá as tensões que serão exploradas pelos norte-americanos e sua marionete, o Estado de Israel", destacou Blumi.

Além disso, Blumi acrescentou que os detalhes do acordo de cessar-fogo que permanece vago, "não são certos" no contexto da terceira fase de reconstrução, incluindo o que o professor chamou dos esforços do Catar "para comandar e reivindicar a representação do Hamas e interesses de escala maior de Gaza".

"Eu penso que o grande combate aqui não será sobre o tema quem obterá a maior parte dos contratos para reconstruir [Faixa de Gaza], mas se realmente haverá uma reconstrução do norte de Gaza, especialmente com palestinos que moram lá", ressaltou Blumi.

O pesquisador finalizou alertando que Netanyahu, Israel e políticos de extrema direita nos Estados Unidos não deixaram completamente a ideia da limpeza étnica de modo obrigatório em Gaza, ou maiores partes de Gaza com sua população palestina. A razão disso não só as possibilidades de desenvolvimento nos termos da propriedade, mas também os campos de gás offshore que eles queriam explorar.

A primeira fase do acordo que tem três fases está sendo agora implementada e durará 42 dias, realizando a troca de 33 reféns israelenses por mais de 1.600 prisioneiros palestinos. Na segunda fase, as forças israelenses serão forçadas a recuar para as fronteiras da Faixa de Gaza, embora, por enquanto, permaneçam dentro dos limites do enclave. Já a terceira fase é sobre a paz permanente e a reconstrução de Gaza.

No entanto, os representantes do gabinete de Netanyahu e da sua coalizão de extrema direita são contra o cessar-fogo, porque eles não estão felizes com o fato de a milícia permanecer intacta e ser potencialmente capaz de continuar governando em Gaza.

¨      Israel inicia operação antiterrorista na Cisjordânia; Hamas exorta o povo a resistir

O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu anunciou nesta terça (21) o lançamento da operação antiterrorista Parede de Ferro na Cisjordânia para reforçar a segurança. Os movimentos palestinos Hamas e União da Jihad Islâmica exortaram o povo a resistir.

As Forças de Defesa de Israel (FDI), a Agência de Segurança de Israel (Shabak, na sigla em hebraico, também conhecida como Shin Bet) e a polícia israelense começaram nesta terça-feira (21) uma operação de grande escala na Cisjordânia, declarou Netanyahu.

O objetivo da operação Parede de Ferro nomeado pelo primeiro-ministro israelense foi "a erradicação do terrorismo" da terceira maior cidade da Cisjordânia, Jenin.

O Ministério da Saúde da Palestina já reportou seis mortos e 35 feridos devido às atividades do Exército israelense.

O segundo maior grupo militante palestino, União da Jihad Islâmica, chamou essa operação de "um episódio de uma série de genocídio contra o povo palestino".

"Apelamos ao nosso povo em toda a Cisjordânia ocupada para que se oponha a essa operação criminosa por todos os meios e formas", anunciaram.

Por sua vez, o Hamas pediu em sua declaração uma ação ativa contra as FDI.

"Conclamamos as massas de nosso povo na Cisjordânia a se mobilizarem totalmente e intensificarem os confrontos com o Exército de ocupação a fim de impedir a agressão em larga escala dos sionistas contra a cidade de Jenin e seu acampamento", diz a declaração.

Ao mesmo tempo, o movimento expressou perplexidade com as ações das autoridades locais, que, segundo o Hamas, deixaram as proximidades do campo de refugiados de Jenin no mesmo momento em que a operação israelense começou.

Apenas em 19 de janeiro, entrou em vigor um cessar-fogo entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza após mais de um ano de hostilidades que causaram a morte de 46.000 palestinos e cerca de 1.500 israelenses, se espalharam para o Líbano e Iêmen e provocaram uma troca de ataques com mísseis entre Israel e o Irã.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

Nenhum comentário: