sexta-feira, 10 de janeiro de 2025

Por que Groenlândia, cobiçada por Trump, é parte da Dinamarca

Donald Trump, presidente eleito dos Estados Unidos, voltou a manifestar o desejo de tornar a Groenlândia um território americano.

Numa coletiva de imprensa realizada na terça-feira (7/1), Trump reafirmou que a ilha é estratégica para a segurança nacional americana.

A Groenlândia está no caminho da rota mais curta entre a América do Norte e a Europa — e já abriga bases aéreas americanas desde a década de 1950.

A região também possui vastos depósitos de minerais — como carvão, ferro, chumbo, zinco, molibdênio, diamantes, ouro, platina, nióbio, tantalita e urânio — que são vitais para a fabricação de aparelhos eletrônicos e baterias, entre outros fins.

Em conversa com jornalistas, Trump sugeriu que a ilha é crucial para manter os esforços militares americanos de rastrear navios chineses e russos — que, segundo ele, "estão por todos os lados".

"Estou falando aqui de proteger o mundo livre", defendeu o presidente eleito.

Ele também não descartou o uso da força econômica ou militar para atingir esses objetivos, que segundo falas recentes do presidente eleito incluem não apenas a Groenlândia, mas também o Canal do Panamá e o Canadá.

Os comentários foram feitos num momento em que o filho dele, Donald Trump Jr., realiza uma visita à Groenlândia.

Antes de chegar à ilha, Trump Jr. disse que faria "uma viagem pessoal" para conversar com as pessoas e não tinha nenhum compromisso agendado com representantes do governo local.

Embora tenha autonomia e um governo próprio, a Groenlândia faz parte do Reino da Dinamarca.

Ao ser questionado sobre os comentários de Trump, a primeira-ministra dinamarquesa Mette Frederiksen afirmou que "a Groenlândia pertence aos groenlandeses" e que apenas a população local poderia determinar o próprio futuro.

Ela reforçou que "a Groenlândia não está à venda", embora tenha ponderado que a Dinamarca busque sempre uma cooperação com os Estados Unidos, um aliado estratégico do país na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

Já o primeiro-ministro da Groenlândia, Múte Egede, disse reiteradas vezes que a ilha "não está e nem estará à venda" — e vê o atual momento como uma oportunidade de buscar uma independência total da Dinamarca.

Mas como uma ilha no Atlântico Norte, quase no Ártico, virou um território dinamarquês? Conheça a seguir os detalhes da Groenlândia e de sua história.

<><> Território gelado

Com 2.166.086 km², a Groenlândia é a maior ilha do mundo, considerada um território autônomo com governo e parlamento próprios.

"Apesar de fazer parte da América do Norte, a Groenlândia está politicamente e culturalmente associada com a Europa, particularmente com dois poderes coloniais, a Noruega e a Dinamarca, desde o século 9", diz o texto.

A BBC News estima que dois terços da receita orçamentária groenlandesa vêm da Dinamarca — o restante do dinheiro é obtido principalmente a partir da pesca.

Nuuk é a capital da Groenlândia e a ilha conta com 57 mil habitantes, que possuem uma expectativa de vida de 71 anos para os homens e 76 anos para as mulheres.

Durante dois meses do ano, a Groenlândia tem luz solar contínua.

No entanto, 80% do território é coberto por gelo permanente, que chega a ter 4 km de espessura em algumas partes — embora as mudanças climáticas provoquem o derretimento dessa camada e aumentem o acesso aos recursos minerais, que são uma pauta importante para a região atualmente.

O rei Frederik 10° da Dinamarca é reconhecido como chefe de Estado da ilha.

Como citado anteriormente, o primeiro-ministro é Múte Bourup Egede.

Egede chegou ao poder em abril de 2021 após seu partido de esquerda, Inuit Ataqatigiit, ganhar as eleições parlamentares com uma plataforma que defendia paralisar a busca por minerais em reservas ambientais.

Aliás, desavenças sobre projetos de exploração de recursos naturais foram o principal motivo que causou a queda do governo anterior.

Nas últimas semanas, na esteira dos comentários de Trump, Egede anunciou um desejo de desvincular totalmente a ilha da Dinamarca.

"A oportunidade do povo groenlandês surgiu a partir da aprovação da Lei de Autogoverno [que entrou em vigor em 2009] e cria uma base legal para que a independência seja alcançada", declarou ele.

<><> História da Groenlândia

O site da Agência Central de Inteligência (CIA) dos Estados Unidos lembra que os inuítes, povos originários da América do Norte, fizeram uma série de migrações para a Groenlândia ao longo de um período que vai de 2.500 a.C. até o século 11.

A região foi visitada pela primeira vez por povos nórdicos no ano 982, quando o famoso explorador Eric, o Vermelho, aportou na região sul da ilha.

Ele escolheu o nome Groenlândia, que remetia a uma "terra verde", para torná-la mais atrativa para futuros colonos.

Poucos anos depois, em 986, Eric voltou à ilha com mais pessoas para formar as primeiras colônias no local.

Os povoados nórdicos se estabeleceram no território até os séculos 14 e 15, quando sumiram do mapa — a provável explicação para isso foi uma mudança temporária nas condições climáticas do lugar, com uma queda significativa das temperaturas.

Em 1721, uma expedição liderada pelo missionário norueguês com ascendência dinamarquesa Hans Egede iniciou um novo ciclo de colonização na Groenlândia.

Um povoado foi estabelecido nas proximidades do que é hoje a capital Nuuk — e a ilha passou a ser parte da Dinamarca.

No século 20, durante a Segunda Guerra Mundial, a Dinamarca foi invadida pela Alemanha.

Para evitar um possível ataque das forças nazistas à América do Norte, os Estados Unidos assumiram a defesa da Groenlândia e tiveram controle sobre a ilha entre 1941 e 1945.

Com o fim da guerra, o presidente dos EUA, Harry Truman, fez uma primeira proposta de compra da Groenlândia com uma oferta de 100 milhões de dólares, mas a Dinamarca rejeitou a oferta.

Na década de 1950, o país escandinavo (que havia retomado controle total sobre a Groenlândia) permitiu a instalação de bases aéreas americanas, que foram expandidas e aprimoradas durante a Guerra Fria como uma linha de defesa da Otan.

Em 1953, a ilha deixou de ser classificada como uma colônia e foi oficialmente reconhecida como parte integral do reino da Dinamarca.

A partir dos anos 1970, surgiram os primeiros movimentos para que a ilha ganhasse mais autonomia. Um referendo de 1979 ratificou a possibilidade de um governo local. Já em 1985, a Groenlândia saiu da Comunidade Econômica Europeia.

Em 2008, um novo referendo garantiu ainda mais liberdade política para a região, com maior controle sobre as fontes de energia e um reconhecimento do Kalaallisut como uma língua oficial.

A Dinamarca segue responsável por questões como política internacional, segurança e aspectos da economia (a coroa dinamarquesa é a moeda oficial da Groenlândia), embora o governo local tenha possibilidade de assinar acordos e tratados próprios.

Nos últimos anos, a descoberta de reservas de petróleo, gás e minerais raros atraíram os interesses de empresas do setor, embora isso seja motivo de grande debate na região.

Em 2013, a Groenlândia acabou com um veto sobre a exploração de materiais radioativos, como o urânio, o que gerou um aumento nas exportações desses recursos.

No ano de 2019, ainda em seu primeiro mandato, Trump fez insinuações de compra da Groenlândia pelos EUA.

Já em 2021, o novo governo groenlandês baniu novos empreendimentos de exploração de óleo e gás na ilha sob a justificativa de que o preço dessas atividades era "muito alto".

¨      A reação da Europa às ameaças de Trump sobre a Groenlândia

Alemanha e França afirmaram nesta quarta-feira (8/1) que a União Europeia não permitirá ataques às suas "fronteiras soberanas", respondendo à ameaça de Donald Trump de tentar tornar a Groenlândia um território americano.

"É evidente que a União Europeia não permitirá que outras nações ataquem suas fronteiras soberanas, sejam elas quais forem", declarou o ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Noël Barrot, a uma rádio local.

O chanceler alemão, Olaf Scholz, destacou que "o princípio da inviolabilidade das fronteiras se aplica a todos os países, independentemente de serem muito pequenos ou muito poderosos".

Na terça-feira (9/1), Trump reiterou seu desejo de adquirir a Groenlândia, um território autônomo que pertence à Dinamarca, argumentando ele era "crucial" para a segurança nacional e econômica dos EUA.

O ministro francês disse que não acreditava que os Estados Unidos fossem de fato invadir a ilha, mas enfatizou que a União Europeia não deveria ser intimidada.

"Devemos nos permitir ser intimidados e consumidos pela preocupação? Certamente não. Precisamos despertar, fortalecer nossa posição."

É difícil imaginar como a União Europeia poderia evitar um eventual ataque, já que não possui capacidade de defesa própria e a maioria dos seus 27 Estados membros faz parte da aliança da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), liderada pelos Estados Unidos.

Trump já havia expressado interesse em comprar a Groenlândia durante seu primeiro mandato como presidente.

A Dinamarca, aliada de longa data dos americanos, deixou claro que a Groenlândia não está à venda e que pertence aos seus habitantes.

O primeiro-ministro da Groenlândia, Mute Egede, que tem buscado a independência do território e estava em visita a Copenhague nesta quarta-feira, também enfatizou que a ilha não está à venda.

Trump fez os comentários durante uma conferência de imprensa em sua propriedade em Mar-a-Lago, na Flórida, a menos de duas semanas de assumir seu segundo mandato como presidente, em 20 de janeiro.

Questionado se descartaria o uso de força militar ou econômica para assumir o controle da Groenlândia ou do Canal do Panamá, Trump respondeu: "Não, não posso garantir isso para nenhum dos dois casos".

"Mas posso dizer que precisamos deles para nossa segurança econômica", acrescentou o presidente eleito.

<><> 'Soberania da ilha é inegociável'

A Groenlândia já abrigou uma base dos EUA na época da Guerra Fria e é considerada estrategicamente importante por Washington.

Trump afirmou que a ilha era crucial dentro dos esforços militares americanos para rastrear navios chineses e russos, que ele afirmou estarem "em toda parte".

"Estou falando sobre proteger o mundo livre", disse aos jornalistas.

A primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen, disse à TV dinamarquesa na terça-feira que "a Groenlândia pertence aos groenlandeses" e que apenas a população local poderia determinar seu futuro.

Ela ressaltou, contudo, que a Dinamarca precisava de cooperação próxima com os Estados Unidos, um aliado da Otan.

O parlamentar groenlandês Kuno Fencker disse à BBC que a população estava esperando "algumas declarações ousadas" de Trump, mas que a "soberania e autodeterminação da ilha são inegociáveis".

Fencker, do partido Siumut, que faz parte da coalizão que governa a Groenlândia, afirmou que as autoridades locais estariam abertas a um "diálogo construtivo e uma parceria mutuamente benéfica com os Estados Unidos e outras nações".

Ele não descartou uma possível parceria envolvendo tanto a Dinamarca quanto os EUA, mas disse que "essa é uma decisão que o povo groenlandês deve tomar, não uma decisão de um único político".

A Groenlândia tem uma população de apenas 57 mil pessoas e ampla autonomia, embora sua economia dependa significativamente de subsídios da Dinamarca e ela permaneça como parte do reino dinamarquês.

A ilha também possui alguns dos maiores depósitos de minerais raros, cruciais na fabricação de baterias e dispositivos de alta tecnologia.

O correspondente internacional sênior da Danish Broadcasting Corporation Steffen Kretz, que está em Nuuk, capital da Groenlândia, afirmou que a maioria das pessoas com quem conversou estava "chocada" com a sugestão de Trump de que poderia usar força militar para assumir o controle do território.

Embora a maioria dos habitantes tenha esperança de independência no futuro, ele afirmou que há um reconhecimento generalizado de que a ilha precisa de um parceiro que possa fornecer serviços públicos, defesa e uma base econômica, como a Dinamarca faz atualmente.

"Não conheci uma pessoa na Groenlândia que sonhe que a ilha se torne uma colônia de outra potência externa, como os EUA."

Kretz disse à BBC que, embora o governo dinamarquês tenha tentado "minimizar" qualquer confronto com Trump, "nos bastidores, há uma percepção de que esse conflito tem o potencial de ser a maior crise internacional da Dinamarca na história moderna".

Donald Trump Jr., filho do presidente eleito, fez uma breve visita à Groenlândia na terça-feira, no que ele descreveu como uma "viagem pessoal de um dia" para conversar com as pessoas.

Ele postou uma foto com um grupo de groenlandeses em um bar, usando bonés pró-Trump.

 

¨      Por que rei da Dinamarca mudou brasão do país em meio à polêmica insistência de Trump de comprar Groenlândia

Desde 1819, o brasão da Casa Real Dinamarquesa foi alterado quatro vezes: em 1903, 1948, 1972 e 2024.

Nenhuma das três primeiras modificações, entretanto, gerou tamanha polêmica da última mudança.

O rei dinamarquês, Frederico 10º, soberano da Dinamarca e dos territórios autônomos das Ilhas Faroé e da Groenlândia, surpreendeu alguns historiadores em dezembro de 2024 quando decidiu exibir estes dois territórios com mais destaque no brasão.

Durante 500 anos, o brasão dinamarquês — usado em documentos e selos oficiais e cujos elementos remontam ao século 12 — apresentava três coroas, símbolo da União de Kalmar, entre Dinamarca, Noruega e Suécia, que era governada a partir da Dinamarca, entre 1397 e 1523.

Mas, na versão atualizada, as coroas foram removidas e substituídas pelas figuras de um urso polar e um carneiro, maiores do que as anteriores, para simbolizar a Groenlândia e as Ilhas Faroe, respectivamente.

Segundo o comunicado da Família Real emitido em dezembro, "o rei pretende, por meio de modificações no brasão real estabelecido em 1972, criar um símbolo contemporâneo que reflita os territórios autônomos e tenha em conta a história e a tradição heráldica".

Alguns historiadores, no entanto, consideraram a mudança como uma repreensão a Donald Trump.

Durante seu primeiro mandato como presidente, Trump manifestou interesse em comprar a ilha do Ártico, algo que foi imediatamente rejeitado pelos líderes da Groenlândia.

Mas, no mês passado, o presidente eleito reiterou o seu desejo de que os Estados Unidos comprassem o território dinamarquês.

"Para fins de segurança nacional e liberdade em todo o mundo, os Estados Unidos da América consideram a propriedade e o controle da Groenlândia uma necessidade absoluta", escreveu Trump na sua plataforma Social Truth.

Na segunda-feira (6/1), o presidente eleito dos Estados Unidos voltou ao tema ao dizer que a Groenlândia e o seu povo se "beneficiarão enormemente se e quando se tornar parte da nossa nação".

"Nós a protegeremos e cuidaremos de um mundo exterior muito cruel", escreveu ele. "Vamos tornar a Groenlândia grande novamente!"

Nesta terça-feira (7/1), Trump afirmou que pode tomar o controle do território, assim como do Canal do Panamá, ao dizer que ambos são críticos para a segurança nacional dos Estados Unidos.

Questionado se ele descartaria o uso de força militar ou econômica para assumir o território autônomo dinamarquês ou o canal, ele respondeu: "Não, não posso garantir nada sobre nenhum dos dois".

"Mas posso dizer isso, precisamos deles para a segurança econômica", disse ele a repórteres durante uma entrevista coletiva em sua propriedade em Mar-a-Lago, na Flórida.

Seus comentários foram feitos enquanto seu filho, Donald Trump Jr., estava visitando a Groenlândia.

Antes de chegar à capital Nuuk, Trump Jr. disse que estava indo para uma "viagem pessoal de um dia" para falar com as pessoas e não tinha reuniões planejadas com autoridades do governo.

Quando perguntada sobre a visita de Trump Jr. à Groenlândia, a primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, disse a jornalistas que "a Groenlândia pertence aos groenlandeses" e que somente a população local pode determinar seu futuro.

Ela concordou que "a Groenlândia não está à venda", mas enfatizou que a Dinamarca precisa de uma cooperação muito próxima com os Estados Unidos.

O primeiro-ministro da Groenlândia, Mute Egede, já havia respondido às ambições de Trump no mesmo tom dizendo: "Não estamos à venda e não estaremos à venda".

<><> Importância estratégica da Groenlândia

Com uma população de 57 mil habitantes, a Groenlândia tem ampla autonomia, mas a sua economia depende em grande parte dos subsídios de Copenhague.

O território abriga uma grande instalação espacial americana. E é de importância estratégica para os Estados Unidos porque está localizado na rota mais curta entre a América do Norte e a Europa.

Além disso, o território autônomo dinamarquês possui importantes reservas minerais.

Horas depois do último discurso do presidente eleito americano no fim do ano passado, o governo dinamarquês anunciou um enorme aumento nos gastos com defesa da Groenlândia.

O rei Frederico aproveitou o seu discurso de Ano Novo para dizer que o Reino da Dinamarca estava unido "até à Groenlândia" e acrescentou que "pertencemos um ao outro".

Mas o primeiro-ministro da Groenlândia também aproveitou o discurso de Ano Novo para pressionar pela independência da Dinamarca, dizendo que a ilha deve libertar-se "das algemas do colonialismo".

Alguns acreditam que, com o seu novo brasão, o rei deixa clara a sua intenção de manter o território no reino da Dinamarca.

O especialista real dinamarquês Lars Hovbakke Sørensen acredita que as mudanças refletem o interesse pessoal do rei no Ártico, mas também enviam uma mensagem ao mundo.

"(O rei) está muito interessado na parte do reino no Atlântico Norte e tem um grande amor por ambas as áreas", disse Sørensen ao canal dinamarquês TV2.

"É importante notar, do lado dinamarquês, que a Groenlândia e as Ilhas Faroé fazem parte do reino dinamarquês e que isso não está sujeito a discussão. "É assim que deve ser marcado", acrescentou.

Mas o especialista lembrou também que esta não é a primeira vez que um soberano dinamarquês usa o brasão para assinalar a sua ascensão ao trono.

Sørensen observou que "há uma longa tradição histórica de aproveitar a mudança de trono para limpar os elementos que adornam o brasão real".

O rei Frederico 9 retirou o falcão islandês em 1948, explicou ele, e a rainha Margarida fez o mesmo em 1972, quando retirou os símbolos de cinco áreas diferentes da Alemanha que já não faziam parte da Dinamarca.

Desta vez foram descartadas as três coroas que simbolizavam a unificação dos reinos nórdicos.

 

Fonte: BBC News

 

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