América Latina em
perspectiva: quais são os cenários possíveis para a região em 2025?
Eleições à vista no
Chile e no Equador, troca de comando nos EUA e na América Latina como ponto de
disputa de influência com a China, futuro do Mercosul e os desdobramentos do
acordo com a União Europeia. Quais as perspectivas para a América Latina em
2025?
Com mudanças à
vista no cenário internacional, especialistas ouvidos pelo Mundioka,
podcast da Sputnik Brasil, traçaram alguns panoramas sobre o andamento
geopolítico na América Latina neste ano. Já previstas no calendário estão duas
eleições em
países da América do Sul, mais especificamente no Chile e no Equador.
Para
especialistas, Daniel Noboa, o atual
presidente equatoriano, carrega boas chances de reeleição.
"É um cara que
tem uma imagem muito bem vista, como alguém de sucesso, alguém que conseguiu
construir uma carreira", pondera Lucas Mendes, professor de geopolítica da
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas) e cofundador da
página Geopolítica Hoje.
Noboa é filho de um
dos principais empresários exportadores de banana do
Equador. Ele
nasceu nos EUA, onde também se formou em administração, na Universidade de Nova
York. O atual presidente, que se apresentou como de centro-esquerda, assumiu
uma postura mais condizente com as pautas da direita ao longo do mandato.
Já no Chile, o
atual presidente Gabriel Boric não pode se candidatar a uma
reeleição. Enquanto isso, a esquerda chilena aventa o nome da ex-presidente do
país e ex-alta comissária de Direitos Humanos das Nações Unidas Michelle
Bachelet para concorrer ao cargo.
"De outubro
deste ano até agora, ela tem sido apresentada na mídia chilena como a grande
representante do diálogo político, principalmente dentro da esquerda e com a
oposição democrata cristã", diz João Paulo Arrais, bacharel em relações
internacionais pela PUC Goiás e especialista em relações internacionais pela
Universidade de Brasília (UnB).
Ambos os analistas
avaliam como positiva a escolha do nome de Bachelet para substituir Boric, que
não anda com boa popularidade entre o eleitorado. "É a grande figura
desse diálogo e da força de negociação da esquerda chilena até hoje",
comenta Arrais.
Entretanto, há
alguns meses, após receber críticas da oposição, Bachelet declarou que não
deseja ser candidata à presidência. Dona de uma carreira internacional
promissora, conforme destacado por Mendes, a possibilidade de ocupar um cargo
de maior expressão poderia também ser um impeditivo para a volta da líder
chilena às
eleições do país.
·
Possível
efeito Trump na América Latina
Na segunda-feira
(6), Donald Trump teve sua vitória oficializada pelo Congresso dos EUA. A posse
do presidente eleito está prevista para 20 de janeiro.
Porém, antes mesmo
de chegar ao poder, os ventos do efeito Trump já começam a agitar as diretrizes
da América Latina. Segundo Mendes, um dos motivos do avanço do acordo
entre Mercosul e
União Europeia pode ter sido a eleição do republicano.
"Trump já
disse que vai criar barreiras alfandegárias, taxações. Alguns produtos ali do
mercado europeu realmente correm risco de serem taxados nos Estados Unidos. O
Trump está focando muito essa questão do superávit comercial. Então se o país
faz comércio com os Estados Unidos e mais vende do que compra, o Trump tá
tentando reverter isso", pontua.
Dessa forma, o
especialista afirma que o acordo "tem tudo pra andar agora".
"A tendência é que, de fato, a gente chegue nos próximos meses, por conta
justamente da eleição do Trump, na tentativa de resoluções envolvendo esse
acordo", acrescenta.
Apesar desse fator,
Mendes ressalta que se trata de um acordo amplo e, como envolve uma série de
produtos a estarem aptos ao livre comércio entre os continentes, há arestas que
precisam ser acertadas. "Para que o acordo seja fechado e que haja
pacificação, por exemplo, no
Parlamento Europeu,
algumas coisas vão ter que ser retiradas", aponta.
"De modo
geral, a tendência é que o acordo realmente vá para frente e consiga funcionar.
Mas esses detalhes vão pegar, e aí envolve os lobbies, lobbies de setores da
sociedade europeia, da sociedade brasileira, para poder aparar as arestas. Mas
como eu disse, a questão do Trump eu acho que vai ser o empurrão final para que
esse acordo possa, de fato, entrar em vigor", conclui.
·
Petro
é alvo número 1 do 'trumpismo', diz analista
"Quando a
gente vai pensar em geopolítica, na estrutura da América Latina, […] o Trump é
um fator desagregador para a América Latina", nota Mendes.
De acordo com o
especialista, um dos principais alvos de Trump é o presidente colombiano,
Gustavo Petro.
Petro "é um
ambientalista, e o Trump tem posições muito anti-ambientalistas, pró-mercado do
petróleo, a favor do fracking, que é superpoluidor".
"Além disso, a
Colômbia tem muitas bases americanas, soldados americanos ali, vez ou outra,
que estão direto. Então é um país no qual os Estados Unidos têm os dois pés lá
dentro. E gerar caos, gerar ruído, gerar desestabilização nesse cenário não é
tão difícil assim", alerta o especialista sobre eventuais efeitos que
poderiam surgir na Colômbia.
·
Queda
de braço com a China afasta Brasil da Rota da Seda?
A
atuação chinesa na América Latina já é um acontecimento constatado. Não à toa, os
chineses ultrapassaram os EUA e se tornaram o maior parceiro comercial do
Brasil, por exemplo, além de assumirem papel importante na economia de vários
países vizinhos.
"O governo
Trump terá uma postura em relação à América Latina diferente da postura do
Biden", acredita Mendes, reafirmando a importância da região para a
administração do republicano.
A dimensão dessa
importância pode ser medida, por exemplo, pela escolha de Marco
Rubio como secretário de Estado do próximo governo norte-americano.
Segundo Arrais,
pode haver mobilização político-econômica do governo Trump de apoio a
todos esses grupos que fazem defesa do Trump e defesa da direita liberal na
América Latina — como o caso de Javier Milei, presidente da Argentina —
"para tentar reconquistar
esse mercado latino-americano
que está sendo perdido, que já foi perdido para a hegemonia chinesa".
Ou seja, o analista
acredita que podem acontecer intervenções econômicas que possibilitam
influenciar o jogo político por aqui.
Mendes também
aposta em uma postura incisiva dos EUA, por meio de "sanções,
tarifas, barreiras", que "cria dificuldades para a economia do outro
país".
Os efeitos dessa
queda de braço influenciam, inclusive, no Brasil aceitar ou não integrar
a Iniciativa
Cinturão e Rota,
de origem chinesa, também chamada de Nova Rota da Seda, conforme os
especialistas.
"A avaliação
que se tem dentro do governo é que essa escolha está baseada, primeiro, [no
fato de] que a China já é o maior investidor no mercado brasileiro, o maior
investidor internacional. É um país que, como eu disse, tem uma relação
comercial muito profunda com o Brasil. A China já tem uma série de
investimentos no PAC [Programa de Aceleração do Crescimento]", diz Mendes,
apresentando o cenário.
Portanto, segundo
ele, se o Brasil "entrar
na Rota da Seda,
vai ser uma sinalização muito evidente de que nós estamos pulando para o lado
da China". O que, por sua vez, "poderia soar muito mal para os
Estados Unidos" e poderia, inclusive, afetar a estabilidade
política brasileira, finaliza.
¨
Equador inicia
corrida eleitoral e Noboa não pede licença do cargo para fazer campanha
Começou oficialmente
no último domingo (05/01) a campanha presidencial para as próximas eleições do
Equador, em meio a críticas ao presidente de extrema direita
Daniel Noboa por
não solicitar licença do cargo para fazer campanha, que, segundo as leis
equatorianas, é obrigatória.
No último sábado
(04/01), a Assembleia Nacional do país havia acordado que todos os candidatos
ao cargo Executivo nestas eleições deverão pedir licença do mandato que ocupam
atualmente, sem remuneração. Ao contrário do que estabelece a lei, Noboa não fez este
pedido de licença.
Todos os 31 membros
da Assembleia Nacional que votaram contra a lei da licença são partidários
do governo de Noboa. Além disso, o
atual presidente também não permitiu que a vice-presidente Verónica Abad
assumisse o cargo enquanto está em campanha, movimento que deveria acontecer,
caso Noboa cumprisse a lei e se afastasse do cargo durante a corrida eleitoral.
Diversos setores
sociais criticaram a postura de Noboa, já que isso permite que ele faça
campanha usando os recursos disponíveis através da investidura no cargo, algo
que a lei proíbe.
O presidente
equatoriano aprofunda também a crise política que vive atualmente com a
vice-presidenta Verónica Abad, que, em novembro de 2024, foi transferida para a
embaixada do Equador em Ankara, na Turquia.
Segundo Abad, Noboa
decidiu afastá-la das funções para impedir que ela assumisse a presidência
durante a campanha eleitoral – que estaria de acordo com as leis vigentes no
país. Ela justificou o atraso afirmando que a viagem para a Turquia “não estava
preparada” e disse que Noboa quer dar um golpe para garantir a reeleição.
Na última
sexta-feira (03/01), Noboa emitiu um decreto nomeando a secretária de
Administração, Cynthia Gellibert, como vice-presidenta. Segundo o decreto, a
nomeação permanecerá em vigor até 22 de janeiro ou até Abad assuma o cargo na
embaixada do Equador na Turquia.
As disputas
eleitorais ocorrem em meio a uma crise de déficit de energia no Equador, além
de índices alarmantes de violência e insegurança no país, que também começou o
ano prolongando o estado de exceção.
A medida, que já
estava vigente em seis províncias e dois municípios equatorianos, foi estendida
para a província de Sucumbíos e o município de La Troncal, em Guayas.
O país também vive
uma convulsão social após o desaparecimento forçado de quatro rapazes, uma
criança e três adolescentes, durante uma operação militar. Os corpos dos jovens
foram encontrados perto de uma instalação da Força Aérea Equatoriana em Taura,
que fica a aproximadamente uma hora do bairro de Las Malvinas, no sul de
Guayaquil, onde os garotos desapareceram.
No total, 16
policiais militares estão detidos sob suspeita de envolvimento no assassinato.
Cerca de 40 organizações sociais responsabilizaram Noboa pelas “graves
violações aos direitos humanos” registradas em 2024, no contexto de sua luta
contra o crime organizado, que levou o país a ser declarado em conflito armado
interno no início do ano, com a mobilização de militares nas ruas, além de
toques de recolher por todo o país.
¨ 'Venezuela não será novamente cenário de violência nem
de disputas internas', diz deputado
A Venezuela se
prepara para a posse de Nicolás Maduro, enquanto a oposição planeja o retorno
de Edmundo González ao país para assumir como presidente. Edgardo Ramírez,
deputado da Assembleia Nacional, afirmou em à Sputnik que qualquer tentativa
será tratada de acordo com a lei.
Como parte
do apoio conquistado por González, foi informado que os ex-presidentes
Vicente Fox e Felipe Calderón, do México; Jorge Quiroga, da Bolívia; Mario Abdo
Benítez, do Paraguai; e Mireya Moscoso, do Panamá, planejam
viajar à Venezuela para
manifestar seu apoio ao opositor.
"Os cinco
ex-presidentes inomináveis que pretendem entrar ilegalmente no território da
República Bolivariana da Venezuela estarão sujeitos ao cumprimento de
nossa Constituição", declarou Edgardo Ramírez.
"Esses
ex-mandatários, fracassados durante seus governos, deixaram seus povos em altos
níveis de pobreza e endividaram suas nações sob os ditames do Fundo
Monetário Internacional (FMI) e das políticas neoliberais",
acrescentou.
Por outro lado, o
deputado chamou Edmundo González de "criminoso", que será julgado
por traição à pátria caso tente entrar no país.
"Venezuela não
será novamente um cenário de violência nem de disputas internas entre
venezuelanos e venezuelanas. O povo está convocado a enfrentar qualquer ameaça
estrangeira ou ação que atente contra nossa soberania", destacou.
'A fracassada
estratégia do Grupo de Lima'
O
deputado acusou ainda os cinco ex-presidentes, integrantes do Grupo IDEA
(Iniciativa Democrática da Espanha e das Américas), de serem "instrumentos
dos interesses dos Estados Unidos".
"Essas ações
fazem parte da continuidade da fracassada estratégia do Grupo de Lima. Esses
ex-presidentes são instrumentos dos interesses dos Estados Unidos, que
pretendem manter o bloqueio criminoso, o roubo de ativos venezuelanos e a
guerra econômica contra nosso povo. Falam de democracia enquanto seus governos
deixaram pobreza e endividamento em seus países", afirmou.
O parlamentar
denunciou o confisco de mais de US$ 22 bilhões (R$ 134,2 bilhões) em
receitas venezuelanas retidas em bancos europeus e norte-americanos, além do
roubo de 29 toneladas
de ouro depositadas
no Banco da Inglaterra.
"Por trás
dessas ações está a intenção de destruir a Revolução Bolivariana e gerar
violência interna para impor uma ditadura pela força", sublinhou.
Os preparativos de
segurança para a posse de Maduro
Ramírez também
comentou as declarações recentes do ministro do Interior, Justiça e Paz,
Diosdado Cabello, que informou a captura de mais de 120 mercenários de
várias nacionalidades, destacando que o sistema de inteligência venezuelano
está fortalecido.
"Nosso sistema
de inteligência e contrainteligência está mais fortalecido do que nunca, graças
ao apoio do povo venezuelano e ao desenvolvimento de tecnologias avançadas.
Esses mercenários respondem aos interesses do imperialismo e buscam
desestabilizar nosso país. Contudo, contamos com um povo decidido e uma Força
Armada Nacional Bolivariana pronta para defender nossa soberania",
afirmou.
O deputado alertou
sobre as tentativas de "balcanização" da Venezuela, estratégia
histórica do imperialismo para dividir nações e se apropriar de suas
riquezas. "Na Venezuela, isso não acontecerá. Nosso compromisso com a
independência e a integridade territorial é absoluto. Estamos preparados para a
vitória", enfatizou.
2025: ano de
democracia participativa na Venezuela
O deputado também
comentou sobre próximo ano eleitoral no país e os desafios enfrentados
pelo chavismo
como movimento político. "2025 será um ano para fortalecer nossa
democracia participativa e protagonista. O povo legislará, executará e
planejará seus projetos sociais por meio de consultas trimestrais e eleições
para conselhos comunais, prefeitos, governadores e o Poder
Legislativo", explicou.
Em relação à
oposição, Ramírez distinguiu entre aqueles que participam dos processos
democráticos e os que promovem violência e colaboram com o saque
de ativos venezuelanos.
"Esses
apátridas foram derrotados em todas as frentes: golpes de Estado, sabotagens
econômicas e ataques ao sistema elétrico. Continuaremos derrotando-os com
unidade, paz e justiça", declarou.
Ramírez destacou
ainda os desafios do chavismo para o ano, incluindo o fortalecimento da
produção de alimentos, da ciência e tecnologia soberana, bem como
os processos de integração regional.
"Devemos
consolidar nossa independência econômica e continuar construindo uma Venezuela
mais justa e solidária. A defesa da Guiana Essequiba também é
prioritária. É um território venezuelano, e o defenderemos das ambições
imperialistas", finalizou.
¨ Venezuela anuncia desmantelamento de grupo de
mercenários dos EUA, Ucrânia e Colômbia
O presidente da
Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou nesta terça-feira (7) o desmantelamento de
um grupo de mercenários dos Estados Unidos, da Ucrânia e da Colômbia ligados à
oposição do país caribenho.
Ao todo foram
detidos sete mercenários, três da Ucrânia, dois dos EUA e dois da Colômbia.
"Vinham para
desenvolver ações terroristas contra a paz da Venezuela", afirmou o presidente
durante um encontro com a milícia bolivariana.
O presidente
venezuelano acrescentou que essas detenções são "de altíssimo
nível", sem precedentes na história do país latino-americano.
Também hoje,
deputados da Assembleia Nacional (parlamento unicameral) da Venezuela aprovaram
por unanimidade o acordo de repúdio a ações de "interferência" de um
grupo de ex-presidentes estrangeiros, declarando-os persona non grata.
"Os senhores
deputados que concordam em aprovar este projeto, de acordo com as modificações
já indicadas no calor do debate, expressam-no com o sinal habitual. Está
aprovado por unanimidade", indicou o presidente do órgão legislativo,
Jorge Rodríguez, durante sessão ordinária transmitida pelo canal estatal
venezuelano de TV.
¨
Venezuela rompe relações
diplomáticas com Paraguai após apoio a opositor
O governo da
Venezuela anunciou nesta segunda-feira (06/01) a decisão de romper suas
relações diplomáticas com o Paraguai.
Em comunicado
difundido pelo Ministério de Relações Exteriores, Caracas alega que a medida
foi tomada após o presidente paraguaio Santiago Peña manifestar seu apoio ao
plano do ex-candidato opositor Edmundo González Urrutia de se autoproclamar
presidente do país.
Neste domingo
(05/01), Peña manteve uma videoconferência com González Urrutia e com a líder
opositora María Corina Machado, ambos representantes da coalizão de extrema
direita Plataforma Unitária.
No encontro
virtual, o mandatário paraguaio se referiu a Gonzáles Urrutia como “vencedor
das eleições presidenciais na Venezuela” e “principal líder da oposição ao
regime de Nicolás Maduro”.
“É lamentável que governos como o do Paraguai
continuem a subordinar a sua política externa aos interesses das potências
estrangeiras, promovendo agendas que visam minar os princípios democráticos e a
vontade dos povos livres”, diz um trecho do comunicado.
Em outra parte da
mensagem, o governo bolivariano enfatiza que “rejeita categoricamente” as
declarações de Peña, e acusam o mandatário de “ignorar o direito internacional
e o princípio da não intervenção, tentando relançar uma prática fracassada que
lembra as fantasias políticas do extinto Grupo de Lima, com sua ridícula
aventura chamada Guaidó”.
No texto, a
chancelaria venezuelana também determina “a retirada imediata do seu pessoal
diplomático acreditado no país (Paraguai)”.
Ao mesmo tempo, o
governo do Paraguai reagiu à decisão de Caracas expulsando o embaixador
venezuelano em Assunção, Ricardo Capella, e todo o pessoal diplomático
credenciado no país, que deverão deixar o território paraguaio em um prazo
máximo de 48 horas.
Na semana passada,
o governo da Venezuela publicou um novo mandado de prisão contra o ex-candidato
González Urrutia, no qual também é oferecida uma recompensa de 100 mil dólares
a quem puder fornecer informações sobre o seu paradeiro.
Fonte: Sputnik
Brasil/Opera Mundi
Nenhum comentário:
Postar um comentário