8 coisas que você
talvez não saiba sobre Donald Trump
O republicano Donald
Trump retorna
à Casa
Branca para
um segundo mandato de presidente.
Após Grover
Cleveland, ele se tornou o segundo político na história dos Estados
Unidos a
perder uma tentativa de reeleição para a Presidência, concorrer novamente e
conseguir vencer nessa segunda campanha.
Além do fato de ter
sido presidente entre 2017 a 2021, algumas facetas de Trump são menos
conhecidas do que outras.
Sua formação na
Academia Militar, um tipo de fobia e até seu passado democrata são menos
comentados do que seu papel no Partido Republicano ou seu amor pelo sul da
Flórida.
Confira a seguir
oito coisas que talvez você não saiba sobre Donald Trump.
1. Estudou na
Academia Militar de Nova York
Os pais de Trump o
enviaram para estudar na Academia Militar de Nova York, em Cornwall-on-Hudson,
aos 13 anos, uma escola que prometia "endireitar" os jovens rebeldes.
"Quando eu era
adolescente, o que mais me interessava era fazer travessuras, porque, por algum
motivo, eu gostava de causar problemas e de testar as pessoas", escreveu
Donald Trump no livro A arte da negociação.
Nos cinco anos em
que esteve na academia, ele jogou basquete, futebol, beisebol e futebol
americano.
Alguns colegas
lembram dele como um líder natural, outros como um "valentão",
segundo vários testemunhos ouvidos pela imprensa americana.
Após se formar,
Donald Trump iniciou os estudos de graduação na Universidade Fordham, no Bronx,
mas foi transferido para a Wharton School of Business, na Universidade da
Pensilvânia, dois anos depois.
Ele se formou como
bacharel em Ciências Econômicas.
Detalhes sobre seu
processo de admissão ou histórico de desempenho acadêmico são desconhecidos.
2. Tem fobia de
germes
"Uma das
maldições da sociedade americana é o simples ato de apertar a mão",
escreveu Trump em seu livro The art of the comeback ("A arte do
retorno", em tradução livre).
A limpeza das mãos
tem sido um assunto recorrente em sua carreira.
"Acontece que
sou um fã de mãos limpas. Sinto-me muito melhor depois de lavar bem as mãos, o
que faço sempre que posso", já declarou.
Aqueles que já
trabalharam com Donald Trump confirmam que o incomoda ser exposto a qualquer
possível fonte de contágio.
Em um programa de
rádio de 1993 apresentado por Howard Stern, o entrevistador perguntou se ele
era germofóbico.
"Sou
germofóbico", confirmou Trump.
3. Foi o sucessor
na empresa de seu pai
Depois de terminar
a universidade, Donald Trump foi trabalhar na imobiliária do pai, Fred Trump.
Em 1971, aos 25 anos, o jovem assumiu o controle da empresa.
Como herdeiro dos
negócios, rebatizou-o de Trump Organization e concentrou-se na criação de
edifícios ostentosos que permitiram aumentar não só a fortuna, mas também a
fama na televisão, nos tabloides e, em última análise, na política.
A Organização Trump
expandiu as operações, e passou a atuar com projetos imobiliários comerciais,
residenciais, conjuntos de escritórios, cassinos, condomínios, campos de golfe
e hotéis.
Uma investigação do
jornal The New York Times concluiu que Trump recebeu quase US$ 400 milhões do
patrimônio de seu pai ao longo da vida.
4. Foi filiado aos
democratas
Embora tenha sido
membro do Partido Republicano durante a maior parte da sua vida, houve um
momento, entre 2001 e 2009, em que Trump foi registrado como filiado ao Partido
Democrata em Nova York, de acordo com a Junta Eleitoral local.
Em 2000, Trump
tentou por um breve período ser a nomeação presidencial do Partido da Reforma
(uma organização minoritária nos EUA), mas abandonou o plano no meio de uma
crise dentro da sigla.
5. Já mudou várias
vezes de posição sobre o aborto
"Sou muito
pró-escolha", disse Donald Trump em 1999, durante uma entrevista à
emissora NBC News.
Mas, ao longo de
sua vida, o republicano já mudou várias vezes de posição sobre uma das grandes
questões que dividem os americanos.
Mais de uma década
depois, em fevereiro de 2011, ele opôs-se publicamente ao aborto.
"Sou
pró-vida", afirmoiu ele num discurso durante a Conferência de Ação
Política Conservadora.
Durante seu
primeiro mandato (2017-2020), Trump defendeu a proibição nacional ao aborto
após as 20 semanas de gestação.
Ele também prometeu
nomear juízes conservadores para a Suprema Corte, buscando justamente revogar o
direito de interromper a gravidez para todas as regiões dos EUA. E assim ele
fez.
Com isso, cada
Estado ficou livre para regular o aborto como quisesse, o que
resultou na proibição quase completa do procedimento em várias partes do país.
Durante a campanha
presidencial de 2024, Trump repetiu que a decisão de proibir ou permitir o
aborto depende de cada Estado.
6. Declarou falência
em seis negócios
Seis das empresas
de Donald Trump foram declaradas falidas porque não conseguiram pagar as suas
dívidas. São elas:
Casino Trump Taj
Mahal em Atlantic City, Nova Jersey, 1991;
Trump Castle Casino
em Atlantic City, 1992;
Trump Plaza e Casino
em Atlantic City, 1992;
Plaza Hotel Nova
York, 1992;
Trump Hotels &
Casinos Resorts, com propriedades em Atlantic City e Indiana, 2004;
Trump Entertainment
Resorts, empresa sucessora do Trump Hotels & Casinos Resorts, 2009.
Em 1992, ele chegou
a um acordo com os bancos credores para renegociar suas dívidas. O empresário
teve que vender um iate, um jato, uma participação no Grand Hyatt e uma
companhia aérea, a Trump Shuttle.
Mais tarde, voltou
a enfrentar problemas financeiros e evitou a falência ao chegar a um novo
acordo com bancos.
Os empreendimentos
fracassados de Trump incluíram
cassinos e hotéis, o fechamento de seu time de futebol americano New Jersey
Generals e a agora extinta Universidade Trump.
7. Tornou-se famoso
como apresentador do reality show 'O Aprendiz'
Antes de chegar à
arena política, o multimilionário era figura recorrente em tabloides e
programas de televisão por seu trânsito no mundo do entretenimento.
Trump começou a se
tornar conhecido como proprietário dos concursos de beleza Miss Universo, Miss
EUA e Miss Teen EUA e alcançou maior projeção como criador e apresentador do
reality show O Aprendiz, do qual fez parte entre 2004 e 2015.
Ele também fez
participações na série Um maluco no pedaço e no filme Esqueceram
de mim 2.
8. Foi condenado no
caso 'Stormy Daniels'
Trump é o primeiro
presidente americano condenado na Justiça na história do país.
Ele foi declarado
culpado,
em maio, por 34 delitos que lhe foram imputados por falsificar documentos com o
intuito de ocultar pagamentos à atriz pornô Stormy Daniels, com o objetivo de
comprar o silêncio dela a respeito de um encontro sexual que os dois tiveram
antes das eleições de 2016.
Em sua conta na
rede Truth Social, o então ex-presidente se declarou inocente e classificou a
condenação como um "ataque político".
Além do caso
Stormy, Trump também perdeu os processos em que foi acusado de mentir sobre seu
patrimônio em demonstrativos financeiros enviados a bancos e seguradoras e no
caso em que foi acusado de difamação pela colunista E. Jean Carroll.
Ele teve que pagar
multas milionárias nesses casos.
O republicano
também precisou indenizar estudantes da extinta Universidade Trump em 2018 que
o acusavam de lhes ter enganado.
¨
Astro
de TV, presidente, condenado e eleito novamente: conheça a trajetória de Donald
Trump
Foi
com Roy Cohn, o polêmico advogado que representou mafiosos de Nova
York e
é considerado o grande mentor de Donald Trump, que o republicano
aprendeu o lema que
desde então vem guiando sua trajetória: "sempre clame
vitória, jamais admita a derrota".
Trump
aplicou o ensinamento não só ao contestar
sua derrota nas eleições em 2020, que perdeu para Joe Biden. Mas também quando
conseguiu convencer credores a perdoarem a maior parte de uma dívida de US$ 900
milhões que fez na década de 1990. Hoje, o republicano tem
uma fortuna estimada em cerca de US$ 6,5 bilhões (cerca de R$
32 bilhões), fruto de seu conglomerado de empresas que inclui redes de hotéis,
resorts, cassinos e campos de golfe dentro e fora dos Estados Unidos. E de uma carreira
como personalidade da TV, que o alçou à fama antes de se tornar
presidente dos EUA pela primeira vez, em 2017.
Mas
a trajetória de Trump também abarca processos judiciais, 18 denúncias de
crimes sexuais, três casamentos, cinco filhos, dez netos, uma mudança de
partido e muitas falas polêmicas — só na campanha eleitoral
de 2024, ele disse que vai prender adversários políticos e colocar o Exército
atrás de cidadãos dentro e fora dos EUA, além de prometer a maior deportação de
imigrantes na história de seu país. Ao contrário do que já disse algumas vezes,
Donald Trump não construiu sua fortuna do zero.
Seus primeiros passos e milhões de dólares foram proporcionados por seu pai,
Fred Trump, filho de um imigrante alemão que investiu no incipiente mercado
imobiliário de Nova York na década de 1950.
Fred
Trump escolheu Donald, o quarto dos cinco filhos que teve, como
seu sucessor na carreira. Descartou as duas filhas
meninas, e o filho mais velho, Fred Jr., morreu de um ataque cardíaco associado
ao alcoolismo. Após se formar em economia na Universidade da Pensilvânia, em
1968, ele assumiu oficialmente a imobiliária da família. Seu primeiro passo foi tentar ampliar os
negócios do pai, focados em residências para famílias
brancas no Queens, bairro de Nova York onde o
ex-presidente nasceu, em 1946, viveu durante a infância e a adolescência. Trump
filho queria construir prédios altos em Manhattan e hotéis, campos de golfe e
cassinos fora dos EUA. Para isso, pegou um empréstimo de cerca
de US$ 500 milhões de seu pai, segundo o jornal "The
New York Times", e foi se firmando no mercado imobiliário da cidade ao
longo da década de 1970 com construções que ele sempre
batizava com o sobrenome da família.
Em
1980, veio seu primeiro processo judicial:
foi acusado de discriminar famílias negras em aluguéis de apartamentos em um de
seus prédios. Trump, que herdou uma empresa focada em famílias brancas, negou,
mas o caso ganhou repercussão, e ele foi, então, em busca de um nome
forte para sua defesa.
<><> Advogado
e mentor
Bateu
na porta do advogado Roy Cohn, uma das figuras
mais polêmicas da história recente dos Estados Unidos que
acabou por se tornar o grande
mentor de Trump e responsável por moldar a personalidade
política do então jovem empreendedor. "Ele me procurou
dizendo: você parece ser maluco como eu e também é 'antiestablishment'",
disse o próprio Cohn.
Roy Cohn foi
advogado de grandes mafiosos de Nova York, sempre defendendo seus clientes em
entrevistas à imprensa, o que o tornou um rosto conhecido. Também muito
influente entre artistas, políticos e empresários, ele respondeu como réu
em processos por acumular dívidas milionárias, manipular
provas e comprar falsos depoimentos em julgamentos. Um dos casos mais
emblemáticos de Cohn foi o do casal Ethel e Julius Rosemberg, judeus
nova-iorquinos que foram para a cadeira elétrica acusados de serem espiões da
União Soviética durante a Guerra Fria. A testemunha-chave
do processo depois confessou ter sido forçada por
Cohn a mentir. O advogado também assessorou o senador Joseph
McCarthy na caça aos comunistas que marcou a década de 1950
nos EUA. E liderou ataques e caças a homossexuais.
No
processo em que foi acusado de discriminar famílias negras, Trump chegou a um
acordo, mas, seguindo o lema de Cohn, declarou vitória alegando que em nenhum
momento reconheceu culpa e acusou o governo de perseguição, seguindo a
estratégia de ataque que marcaria o resto de sua carreira profissional e
política.
Foi
também com a ajuda de Cohn que o ele construiu a Trump Tower, sua
famosa torre residencial em Manhattan onde tem uma de suas residências, nos
três últimos andares — atualmente, Trump vive com a família em uma
mansão de 126 quartos no complexo residencial de Mar-a-Lago, na
Flórida, do qual também é o dono. A torre de Nova York foi construída
parcialmente com aço, uma indústria dominada na época por mafiosos que Roy Cohn
representava.
<><>
Embates na Justiça
Mas
este não foi o único embate de Trump com a Justiça. Décadas mais tarde, depois
de o magnata virar presidente e deixar a Casa Branca, começou
sua maior batalha com os tribunais. Em 2023, ele virou
réu em quatro processos diferentes, com 91 acusações no total. A maior parte
deles foi encerrada após sua vitória nas urnas em novembro — inclusive a ação o acusava de tentar reverter sua derrota nas eleições de
2020. Ao tomar posse nesta segunda (20), porém, ele se tornou o
primeiro presidente já condenado na Justiça da história dos EUA.
<><>
Caso Stormy Daniels
A
Justiça considerou Trump culpado de fraude contábil ao declarar como
gasto de campanha um pagamento feito à ex-atriz pornô Stormy Daniels.
O dinheiro, segundo a acusação, foi pago para comprar o silêncio de
Daniels, com que Trump teria tido um caso extraconjungal durante
a campanha presidencial de 2016, da qual ele saiu vencedor. Daniels prestou
depoimento durante o julgamento e não só confirmou que, de fato,
teve um "encontro sexual" com Trump, o que o
ex-presidente nega, como também deu uma enxurrada
de detalhes sobre o episódio.
No
relato, a ex-atriz-pornô contou que aceitou ter a relação sexual, mas afirmou que
havia um "jogo de poder".
Disse que o então empresário encostou, sem roupas, contra a porta do quarto do
hotel e lhe falou: "Esta é a única forma de você conseguir sair do
estacionamento de trailers", onde Daniels morava à época.
Na
sentença, que saiu no último dia 10, Trump
recebeu a pena de "dispensa incondicional": ele não foi
condenado à prisão, nem a liberdade condicional e nem pagará multa por sua
condenação criminal, mas a sentença registrará um julgamento de culpa em seu
histórico permanente. O processo não envolveu crime de natureza sexual,
mas Trump foi acusado por outras 18 mulheres de crimes sexuais — três deles estupros —
segundo um levantamento da rede de TV norte-americana ABC. Ele nega todos. Em
um dos casos, a suposta vítima era uma
menina de 13 anos, que relatou ter sido estuprada na década de
1990 por Trump e pelo bilionário Jeffrey Epstein, acusado de tráfico sexual e
que morreu
na prisão enquanto aguardava julgamento. A denúncia foi retirada meses depois, e a
menina nunca mais falou com a imprensa.
<><>
Três casamentos, cinco filhos
Não
foi a primeira vez que o republicano foi acusado de estupro. Sua primeira
esposa, Ivana Trump, de quem ele se divorciou na década de 1990, disse logo
após a separação ter sido estuprada pelo ex-marido. No entanto, Ivana, que
nasceu na República Tcheca e morreu em 2022 em Nova York, também
não levou a acusação adiante e nunca mais mencionou o caso, e a
investigação foi arquivada. Promotores de Nova York suspeitam
que houve um acordo secreto entre os dois, que foram casados
por 13 anos e tiveram três filhos: Donald Jr., Ivanka e
Eric.
Trump
tem outros dois filhos, frutos de duas relações diferentes:
Tiffany, do casamento com sua segunda esposa, a atriz e modelo Marla Maples, e
Barron Trump, seu caçula e único filho com sua
atual esposa, a ex-modelo Melania Trump.
De
origem eslovena, Melania é casada há mais de
20 anos com Trump. Os dois se conheceram durante uma festa em
Nova York em 1998. Ela participou pouco da campanha do marido, e ficou na
residência da família em Nova York a maior parte do tempo. Como primeira-dama,
durante a gestão de Trump entre 2017 e 2021, também manteve a discrição e deu
poucas entrevistas, embora acompanhasse com frequência o marido em eventos e
viagens internacionais.
<><>
Personalidade da TV
Foi
também com a ajuda de seu mentor Roy Cohn que o então magnata migrou
para a TV, já nos anos 2000. Cohn, bem relacionado com a mídia
local, intermediou para que o então magnata conseguisse fechar um contrato para
estrelar o programa "O
Aprendiz", reality show no qual Trump escolhia um
participante para trabalhar com ele — os outros todos eram
"demitidos". E, apesar de imprimir o sobrenome paterno em todas as
suas edificações, o nome Trump só se consolidou
como marca empresarial com o programa, que durou 14
temporadas e foi exportado para diversos outros países,
inclusive o Brasil.
Além
de alçar seu nome de forma nacional, a carreira na TV também
salvou Trump de dívidas que ele havia acumulado em suas empresas,
apesar dos milhões que herdou do pai. Ele mesmo disse, em uma entrevista à
apresentadora norte-american Ellen DeGeneres, que, antes do contrato com o
reality show, estava negativo em US$ 900 milhões (cerca de R$ 5,1 bilhões). "Um
dia estava na rua com minha esposa e apontei para um morador de rua e disse:
ele tem mais dinheiro que eu", disse o republicano.
<><>
Carreira política
Pode
ser difícil de acreditar, mas Donald Trump já foi um militante do
Partido Democrata, que hoje ele acusa de ser a sigla do
"establishment". O atual candidato republicano não só mudou de lado à
medida em que foi se envolvendo mais com temas políticos como também empurrou
sua atual sigla ainda para uma direita mais radical. "Em Nova York, praticamente todo
mundo era democrata", explicou o agora republicano em uma
entrevista à CNN em 2015, um ano antes de se tornar presidente. Trump entrou
na política em 2016 já no posto máximo de seu país — a
presidência foi seu primeiro cargo.
Trump
venceu a eleição presidencial de 2016 contra a candidata democrata Hillary Clinton usando
mensagens populistas de direita que repercutiram nos estados indecisos do
centro-oeste dos EUA. Quando assumiu o governo, transformou
parte do discurso radical em ação: logo no começo de sua
gestão, iniciou a construção de um polêmico muro em algumas áreas da fronteira
entre EUA e México — mas o
projeto foi abandonado e ainda está sem conclusão. Ele
também retirou os EUA de uma série de tratados e acordos internacionais.
Um deles foi o acordo nuclear histórico entre EUA e Irã que seu antecessor, o
democrata Barack Obama, havia conseguido costurar. Trump aplicou uma série de
sanções ao país rival, que retomou seu programa nuclear e, atualmente, ameaça
usá-lo para fins militares, em meio às tensões com Israel.
Ele
também repetiu, ao longo dos quatro anos, ameaças de que retiraria os EUA
da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan),
alegando que outros países membros, principalmente os europeus, deveriam
aumentar seus gastos militares para engordar o arsenal da aliança. Esse é um
argumento que o republicano mostrou não ter abandonado: em um ato de campanha
no ano passado, disse
que não defenderá um país membro da aliança caso ele seja atacado pela Rússia — a
Otan prevê defesa imediata a qualquer país membro que seja atacado ou invadido.
Trump
usou o mesmo pressuposto, o de que os EUA pagam mais que outros países, para
também abandonar
o Acordo de Paris sobre as mudanças climáticas, alegando que as metas
impostas aos norte-americanos eram muito altas. A retirada do acordo do clima
foi uma das maiores polêmicas da gestão do republicano, que passou a
presidência negando o aquecimento global. Em paralelo, o
ex-presidente conseguiu entregar uma série de vitórias
para a ala mais conservadora do Partido Republicano no
período. Ele nomeou três juízes da Suprema
Corte, impulsionou cortes de impostos favoráveis
a empresas e revogou uma série de regulamentações governamentais.
Seus quatro anos à frente da Casa Branca foram permeados ainda por dois
impeachments — processo que, nos EUA, não significa que o presidente deve
deixar seu cargo —, críticas por sua gestão na pandemia e, nos últimos dias,
uma insurreição no Capitólio dos EUA.
<><>
Invasão do Capitólio
A
cartada final da gestão de Trump ocorreu depois das eleições de 2020, quando
ele perdeu para Joe Biden. O republicano — repetindo o lema de seu mentor de
"sempre clamar vitória" — contestou o resultado das urnas, que disse
ter sido fraudado. Meses antes do pleito, ele já vinha falsamente semeando
dúvidas sobre a integridade da eleição de 2020, diante da indicação de
pesquisas de que estava atrás do democrata.
Em
6 de janeiro de 2021, dias antes da posse de Biden, ele fez um discurso em Washington em que incitou apoiadores a
impedirem a certificação do novo governo. Horas depois, centenas
de pessoas invadiram o Capitólio — o prédio onde funciona o Legislativo dos
Estados Unidos, em um episódio que ficou conhecido como um dos principais
golpes contra a democracia norte-americana. Trump depois negou ter incitado a
invasão e disse que a mesma representou um "dia do amor" em que
"nada de errado" aconteceu.
Fonte: BBC News
Mundo/g1
Nenhum comentário:
Postar um comentário