quinta-feira, 24 de outubro de 2024

EUA não consegue conter violência no Oriente Médio e vê aliados próximos ao Irã

Alguns dos países árabes mais próximos dos Estados Unidos aumentaram de forma considerável o seu envolvimento com o Irã, em meio ao aumento das inquietações diante da incapacidade norte-americana de conter o avanço da violência no Oriente Médio.

O secretário de Estado norte-americano Anthony Blinken chegou à Israel nesta terça-feira, em uma aparente ação para tirar vantagem do assassinato de Yahya Sinwar, líder político do Hamas e responsável pelo ataque de 07 de outubro, e obter cessar-fogo.

Porém, reportagem da CNN norte-americana destaca que as expectativas das autoridades estão apenas moderadas, uma vez que Israel já prometeu manter as guerras no Líbano e em Gaza enquanto ignoram quaisquer pedidos por calma por parte de Washington e planejam retaliação ao ataque iraniano de 1º de outubro.

Pelo lado dos países árabes, cresce a suspeita do papel do Irã xiita em uma região de sunitas aliados aos EUA e que compartilham as preocupações de Israel no que tange ao apoio a grupos islâmicos não estatais.

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Em setembro, o governo iraniano buscou avaliar sua posição no confronto contra Israel ao enviar autoridades e diplomatas aos países vizinhos, muitos deles que abrigam bases e militares norte-americanos.

Ao que tudo indica, as reuniões com governantes na Arábia Saudita, Jordânia, Egito, Catar, Omã e Bahrein deram resultado.

Embora exista a possibilidade de reduzir a influência do Irã na região, os países árabes estão adotando uma postura de neutralidade – e, na última semana, fontes ouvidas pela emissora norte-americana afirmaram que o espaço aéreo dos Emirados Árabes Unidos não serão usados para ataques contra o Irã.

As ações de Israel podem ter enfraquecido o Hezbollah no Líbano e o Hamas em Gaza, mas existe a preocupação de que o conflito ganhe uma escala ainda maior caso Israel não seja contido.

¨      Irã na ONU: Biden sinalizou aprovação dos EUA para ataque contra Teerã e assumirá responsabilidade

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, sinalizou "aprovação tácita e apoio explícito à agressão militar ilegal de Israel contra o Irã", disse a missão iraniana nas Nações Unidas na segunda-feira (22), citando comentários de Biden na Alemanha na semana passada.

Em uma carta enviada ao secretário-geral da ONU, António Guterres, e à presidente do Conselho de Segurança da ONU, Pascale Christine Baeriswyl, em 21 de outubro, o enviado do Irã, Saeed Iravani, declarou a reação de Teerã à possível assistência dos EUA a qualquer ação militar israelense contra a República Islâmica.

No documento enviado, a missão do Irã diz que "escrever para chamar sua atenção para uma declaração profundamente alarmante e provocativa feita pelo presidente dos EUA em 18 de outubro de 2024, durante um compromisso com a imprensa em Berlim".

"Em suas observações, o presidente dos EUA revelou que possui conhecimento de como e quando Israel pretende lançar um ataque contra a República Islâmica do Irã. [...] os Estados Unidos assumirão total responsabilidade por seu papel em instigar, incitar e permitir quaisquer atos de agressão de Israel contra o Irã [...] bem como pelas consequências catastróficas sobre a paz e a segurança regionais e internacionais", disse Iravani, citado pela agência Tasnim.

Ainda no texto, o enviado iraniano afirmou que Teerã apela ao Conselho de Segurança para "condenar inequivocamente essa provocação imprudente e exigir que os Estados Unidos, como membro permanente, cumpram suas obrigações sob o direito internacional e a Carta da ONU".

"Além disso, o Conselho de Segurança também deve exigir que os EUA alavanquem sua influência substancial para obrigar Israel a encerrar imediatamente seus crimes de guerra em andamento e sua campanha genocida contra o povo palestino em Gaza e o povo do Líbano", declarou.

Também nesta terça-feira (22), o presidente iraniano Masoud Pezeshkian sublinhou que Israel "receberia uma resposta proporcional a qualquer ataque", reportou a mídia.

Desde que o Irã lançou 200 mísseis balísticos contra as bases militares e de inteligência israelenses em retaliação à morte do chefe do gabinete político do Hamas, Ismail Haniya, do secretário-geral do Hezbollah, Hassan Nasrallah, e do general do Corpo de Guardiões da Revolução Islâmica (IRGC), Abbas Nilforoushan, Tel Aviv prometeu um contra-ataque, o qual ainda não realizou.

¨      EUA: terminar o mandato sem aprofundar a crise da política exterior

O maior pleito do país encerra-se em pouco tempo; no seu princípio, a campanha assemelhou-se a roteiro delineado de seriado político contemporâneo, ao registrar tiros ao controvertido aspirante da oposição e ao assinalar a desistência da disputa, não do cargo, do titular da Casa Branca. Enfim, uma história surpreendente para cada fase da renhida disputa.

No entanto, o movimento inesperado e também irrefreável nos últimos dias originou-se não de ações humanas, porém da natureza. A partir disso, parte do sul do território norte-americano seria bastante afetada, ao iniciar a incursão com o furacão Helena; a próxima viria com o Milton. Com eles, três estados seriam bem devastados.
Com o propósito de demonstrar solidariedade às populações locais, Joe Biden viajou à Flórida ao passo que Kamala Harris à Carolina do Norte. Deslocaram-se ambos depois dos comentários desairosos e outrossim desalinhados da realidade de Donald Trump, ao mencionar a atuação do governo federal diante da catástrofe.
Segundo a afirmação equivocada do postulante republicano, Washington teria empregado a verba destinada de início à rubrica de cataclismos naturais à de imigrantes. A reconstrução da região atingida só se completará na futura gestão, ao enlaçar os três níveis do Executivo.

No plano exterior, a situação é muito mais turbulenta por não depender apenas da vontade política da Casa Branca ou ainda de entendimento do restrito Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas.

Todavia, em decorrência da aproximação da votação, 5 de novembro, as duas candidaturas concentram-se em tópicos relacionados com o cotidiano da população. Assim, afora o pesado impacto das recentes calamidades no sul, ambos apresentam à sociedade suas respostas a temas complexos como imigração, empregos, segurança e saúde pública.

Malgrado a atenção das campanhas ao interno, duas antigas sérias questões continuam a atormentar as derradeiras semanas do atual gabinete democrata, por coincidência avolumadas no mandato, ao evoluir de divergências diplomáticas para confronto bélico, como é o caso da contenda entre Rússia, agressora, e Ucrânia, ou do alargamento da utilização de força como é o do enfrentamento de Israel contra Palestina, Irã e agora Líbano.

Em visita à Alemanha, onde seria condecorado com a grã-cruz de classe especial, Joe Biden aproveitaria, em certa altura, para reiterar o padrão da aliança norte-atlântica contra a Rússia, ou seja, manter o fornecimento de dinheiro e de armamentos sofisticados à Ucrânia para fins prioritariamente defensivos, apesar da contrariedade de Volodymyr Zelensky com o condicionante - https://www.whitehouse.gov/briefing-room/speeches-remarks/2024/10/18/remarks-by-president-biden-and-president-frank-walter-steinmeier-of-germany-at-an-order-of-merit-ceremony-berlin-germany/.

Apesar de compreender a insatisfação de Kiev, Washington e Berlim têm de acautelar-se a fim de que Moscou não se irrite ao extremo com a parceria de sua inimiga e passe a interpretá-la como caminho para nova confrontação: a com a Organização do Tratado do Atlântico Norte, detentora como ela de incomensurável estoque de bombas atômicas. A poucas semanas do encerramento de seu quatriênio, o presidente não deve ou antes não pode blefar de modo algum.

 

¨      Esta atrocidade em massa é possível graças à desumanização sistemática dos palestinos. Por Caitlin Johnstone

A Oxfam relata que as forças israelenses mataram quatro engenheiros e trabalhadores de água a caminho de reparar a infraestrutura hídrica em Gaza. "Apesar da coordenação prévia com as autoridades israelenses, seu veículo claramente identificado foi bombardeado", diz a Oxfam.

Chegou a um ponto em que a única vantagem de compartilhar as suas coordenadas com as Forças de Defesa de Israel (IDF) como um trabalhador humanitário em Gaza é que isso permitirá que os registros históricos mostrem que eles sabiam exatamente o que estavam fazendo quando usaram essas coordenadas para matá-lo.

As forças israelenses encontraram e mataram o líder do Hamas Yahya Sinwar por acidente, enquanto destruíam aleatoriamente partes de Gaza, e depois visaram meticulosamente e mataram quatro engenheiros de água de propósito. Esses dois fatos por si só dizem tudo o que você precisa saber sobre o que Israel realmente está fazendo em Gaza.

A resposta à pergunta "Como os soldados israelenses podem realizar atos tão monstruosos?" é a mesma da pergunta "Por que as tropas da IDF continuam filmando a si mesmas vestindo as roupas íntimas de mulheres palestinas mortas ou deslocadas?" A resposta é por causa da desumanização sistemática dos palestinos em Israel.

Como Israel é um estado fundamentalmente injusto, estabelecido em princípios fundamentalmente injustos, é necessário que a sua cidadania seja doutrinada desde o nascimento em uma visão de mundo fundamentalmente injusta. Para que faça sentido haver uma sociedade onde um grupo é tratado de uma forma e outro grupo de outra maneira apenas por causa de sua religião e etnia, os israelenses devem ser criados para ver os palestinos como menos que humanos. Menos que animais. Menos que vermes. Eles precisam ser odiados com uma intensidade feroz.

Isso é maldoso, mas também é a única maneira de fazer Israel funcionar. Caso contrário, a ideia de um "estado judeu" que foi colocado sobre uma civilização pré-existente de não-judeus não faz sentido e não teria o consentimento do público. Essa fantasia que os liberais ocidentais têm de um Israel justo e gentil, sem abusos de apartheid e violência interminável, é apenas isso: uma fantasia. Nunca existiu, nunca existirá, e não pode existir, porque a ideia é inerentemente contraditória.

Fantasiar sobre a ideia de um Israel justo e equitativo é como viver no sul dos Estados Unidos durante a escravidão e fantasiar sobre a possibilidade de os escravos um dia serem tratados de forma gentil e justa em uma utopia liberal onde os proprietários de plantações de algodão ainda podem obter imensos lucros porque não precisam pagar a sua força de trabalho. Isso não pode acontecer, porque é uma contradição em termos. O que os proprietários de plantações estariam obtendo necessariamente viria às custas dos direitos humanos de outras pessoas.

 Por isso, todos os proprietários de escravos sustentavam crenças desumanizadoras sobre pessoas de ascendência africana e ensinavam essas crenças aos seus filhos. Se você não acredita que pessoas de pele escura são fundamentalmente diferentes de pessoas de pele clara, não há como reconciliar o fato de que elas estão recebendo um tratamento vastamente diferente em sua sociedade de uma forma que faça sentido lógico e moral. A frenologia e outras pseudociências foram direcionadas a resolver esses dilemas na mente das pessoas.

Isso é tudo o que estamos vendo quando observamos o ódio fervoroso que os israelenses têm pelos palestinos. É por isso que vemos soldados israelenses brincando com os brinquedos de crianças palestinas mortas e vestindo as roupas íntimas de mulheres palestinas mortas em alegres zombarias. É por isso que os israelenses fizeram vídeos no TikTok zombando dos palestinos sendo massacrados em Gaza. É por isso que clicar em "traduzir" em uma postagem nas redes sociais feita em hebraico muitas vezes é como ler uma página do Mein Kampf. Isso é simplesmente o que parece quando você constrói uma sociedade em torno de princípios fundamentalmente injustos.

E o que é realmente assustador é que vemos essa mesma desumanização aqui no ocidente. É em menor grau porque o nosso envolvimento no crime é menos íntimo, mas vemos a desumanização dos palestinos ao nosso redor na forma como as mortes palestinas são tratadas de maneira muito diferente pela classe política e pela mídia ocidental em comparação com as mortes israelenses. As mortes palestinas são uma estatística, enquanto as mortes israelenses são pessoais. Palestinos morrem em números, enquanto israelenses morrem com nomes. Palestinos morrem em um terrível desastre humanitário de natureza não especificada, enquanto israelenses são massacrados em um ato sádico de terrorismo. Palestinos perecem na guerra de autodefesa de Israel, enquanto israelenses são mortos por monstros que odeiam judeus.

E a razão para a desumanização dos palestinos no ocidente é a mesma da desumanização dos palestinos na Palestina: porque, caso contrário, nossa sociedade não faz sentido. Se os palestinos são tão humanos quanto nós, então não faz sentido que os nossos governos apoiem atrocidades em massa que nunca aceitaríamos em nossos próprios bairros. Precisa haver algo a menos neles. Algo indigno.

Os abusos do império ocidental são construídos em torno desse tipo de desumanização, porque o império é mantido por meio da violência militar em massa e dos abusos infligidos a populações no sul global. Sem toda essa guerra, militarismo e extração imperialista, a enorme estrutura de poder global centrada em Washington não pode existir. Portanto, uma máquina de propaganda altamente sofisticada foi montada para explicar por que toda essa matança, abuso e exploração é na verdade normal e aceitável, da mesma forma que a frenologia foi usada para justificar a escravidão antes da abolição nos Estados Unidos, e da mesma forma que a doutrinação sionista é usada no apartheid de Israel.

Uma civilização que é baseada na injustiça depende de visões de mundo injustas. Isso é verdade em Israel, e é verdade em todo o império ocidental. É por isso que nosso ecossistema de informação parece como parece hoje.

¨      Pentágono não vê evidências de que 'bunker' do Hezbollah esteja abaixo do hospital em Beirute

O secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, disse nesta quarta-feira (23) que o Pentágono não viu evidências da suposta localização de um bunker do movimento libanês do Hezbollah debaixo do hospital Sahel, acrescentando que os Estados Unidos e Israel continuariam cooperando sobre o assunto.

"Não vimos evidências disso neste momento, mas você sabe, continuaremos a colaborar com nossos colegas israelenses para obter melhor fidelidade sobre exatamente o que eles estão olhando", disse Austin em Roma, segundo a mídia dos EUA.

O porta-voz das Forças de Defesa de Israel (FDI), Avichay Adraee, disse que um bunker pertencente ao movimento Hezbollah estava localizado diretamente abaixo do hospital, onde se acreditava que uma quantidade significativa de dinheiro e ouro estava armazenada. O diretor do Hospital Geral Sahel, Fadi Fakhry Alame, disse à CNN na segunda-feira (21) que as alegações de Israel eram "infundadas" e serviam como pretexto para continuar os ataques ao Líbano.

O hospital está operando em modo de emergência desde 23 de setembro. Na terça-feira (22), todos os funcionários e pacientes deixaram o hospital depois que o Exército israelense alertou sobre sua intenção de atacá-lo, informou um correspondente da Sputnik.

Em 1º de outubro, Israel lançou uma operação terrestre contra o Hezbollah no sul do Líbano, enquanto também continuava a trocar ataques aéreos e de foguetes com o movimento xiita. O número de mortos no Líbano por ataques israelenses ultrapassou 2.000 desde a escalada. Apesar das perdas, o Hezbollah tem lutado contra as tropas israelenses no solo e lançado foguetes através da fronteira. Israel diz que seu principal objetivo é criar condições para o retorno dos 60.000 moradores que fugiram do bombardeio no norte de Israel.

 

Fonte: Jornal GGN/Sputnik Brasil/Correio da Cidadania/Brasil 247

 

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