quarta-feira, 23 de outubro de 2024

Político francês diz que BRICS é uma 'tábua de salvação' para a Europa contra o imperialismo dos EUA

O líder do partido Patriotas Franceses, Florian Philippot, afirmou à Sputnik que o grupo BRICS é uma oportunidade para a Europa no sentido do desenvolvimento de um futuro alternativo ao imperialismo norte-americano.

"A criação do BRICS é, acima de tudo, uma reestruturação da ordem mundial, um questionamento fundamental do imperialismo norte-americano e do sistema – baseado militarmente na OTAN e diplomaticamente na União Europeia – que foi criado para o continente europeu depender dos EUA", disse Philippot à Sputnik.

Para o político francês, "a questão hoje é se estamos dispostos a morrer pelo imperialismo norte-americano ou se vemos no BRICS uma oportunidade para o desenvolvimento futuro em vez de uma ameaça existencial".

O líder dos Patriotas assumiu que a França, graças aos seus laços históricos com a Rússia e à sua proximidade geográfica com alguns membros do BRICS através de territórios ultramarinos, poderia se tornar um elo com esta aliança.

Sobre a presença de países como a Sérvia ou a Turquia na cúpula do BRICS, que começa nesta terça-feira (22) na cidade russa de Kazan, Philippot disse que "é um sinal de rebelião, de protesto" contra uma ordem mundial imposta pelos EUA.

"O que é necessário é a máxima soberania e independência", enfatizou.

No dia 1º de janeiro, a Rússia assumiu a presidência rotativa do BRICS para 2024, ano que começou com a admissão de novos membros.

A associação, inicialmente composta por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, foi ampliada com a entrada de Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irã em 1º de janeiro de 2024.

O grupo representa hoje quase metade da população mundial, 40% da produção mundial de petróleo e cerca de 25% das exportações de bens.

<><> Novo Banco de Desenvolvimento do BRICS é uma instituição financeira boa e promissora, diz Putin

O presidente russo Vladimir Putin chamou o Novo Banco de Desenvolvimento do BRICS, liderado por Dilma Rousseff, de "instituição financeira boa e promissora" em um encontro em Kazan às margens da cúpula do BRICS.

O presidente russo lembrou que o banco financiou mais de 100 projetos em um total de US$ 33 bilhões (R$ 187,75 bilhões) desde 2018.

"Apreciamos muito o que a senhora fez no último ano. Em geral, esta é uma instituição financeira promissora e em bom desenvolvimento", disse Putin a Rousseff.

O crescimento das transações nas moedas nacionais dos países do BRICS vai possibilitar uma maior independência financeira dos Estados e a redução dos riscos geopolíticos, afirmou o presidente Putin.

Rouseff disse que a reunião do BRICS é importante, já que os países do Sul Global necessitam bastante de financiamento, enquanto as condições de obtenção de créditos são bastante complexas.

Ela afirmou que a expansão do BRICS e o foco em projetos no Sul Global é a prioridade do Novo Banco de Desenvolvimento.

O BRICS é uma associação interestatal criada em 2006. A Rússia assumiu a presidência do BRICS em 1º de janeiro de 2024.

O ano começou com a entrada de novos membros na associação: além da Rússia, Brasil, Índia, China e África do Sul, o BRICS agora inclui o Egito, Etiópia, Irã, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita.

<><> Declaração final da Cúpula do BRICS pode incluir temas como inteligência artificial, diz Itamaraty

O rascunho da declaração final da Cúpula dos líderes do BRICS está em andamento e terá como possíveis temas desde questões tradicionais de cooperação financeira até novas áreas como inteligência artificial, afirmou à Sputnik o secretário para Ásia e Pacífico do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, embaixador Eduardo Paes Saboia.

"O rascunho da declaração está sendo trabalhado aqui, e ainda precisa ser aprovado. Estamos interessados em muitos temas. Um deles é a cooperação na área financeira," disse Saboia.

O secretário do Itamaraty ainda expressou esperança de que os resultados da cooperação financeira sejam refletidos na declaração final dos líderes do BRICS.

"Estamos também na discussão sobre países parceiros. É um tema quente que atrai muita atenção da mídia. Novos tópicos, como inteligência artificial, também são importantes para o futuro e estão sendo discutidos. Não sei o que será refletido, mas é uma área muito importante. Há outros temas," enfatizou à Sputnik.

Saboia destacou que se espera uma declaração bastante longa, já que "os países do BRICS discutiram muitos temas, desde as questões do Oriente Médio até tecnologias da informação e comunicação e clima".

"Esta será a primeira declaração dos líderes com novos membros. Isso leva mais tempo, pois mais países estão à mesa, trazendo suas ideias," disse o diplomata.

Reforma da governança global

Por fim, o secretário enfatizou que o Brasil vai trazer para a cúpula a defesa da reforma da governança global, que inclui não apenas mudanças na Organização das Nações Unidas (ONU), mas também em estruturas internacionais como a Organização Mundial do Comércio (OMC).

"Se você olhar para as prioridades do Brasil no G20, há o tema da superação da pobreza, desenvolvimento sustentável, mudanças climáticas e também a reforma da governança global. Acredito que o BRICS também apoia mudanças na governança global. Não apenas a ONU, mas há outras instituições multilaterais que estão em um impasse, como a OMC," afirmou Saboia à Sputnik.

Saboia acrescentou que muitos acordos internacionais estão sendo destruídos. "Espero que o BRICS ajude a convocar uma reforma das instituições e um papel mais forte para a ONU no sistema internacional," enfatizou. O embaixador ainda acrescentou a necessidade da ampliação do Conselho de Segurança.

"Esse é um aspecto chave para o BRICS e para o Brasil. Não apenas para o Brasil, mas também para outros países, como a Índia e a África do Sul. Se olharmos para crises, por exemplo, no Oriente Médio, podemos ver as dificuldades que o Conselho de Segurança da ONU está enfrentando. Isso se deve ao fato de que há uma estrutura que não reflete a realidade moderna: em termos de poder e representação regional. Há uma necessidade não apenas de países, mas de todo o sistema. E isso deve ser uma prioridade na agenda do BRICS," observou.

A Cúpula do BRICS acontece entre os dias 22 e 24 de outubro em Kazan, na Rússia, com a participação dos chefes de Estado. É o primeiro encontro após o anúncio de novos membros no grupo: além de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, passaram a fazer parte Egito, Etiópia, Emirados Árabes Unidos, Irã e Arábia Saudita.

Por conta de um acidente doméstico, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estará na reunião por videoconferência. A comitiva brasileira é liderada pelo chanceler Mauro Vieira.

Conforme o assessor presidencial russo Yuri Ushakov, 36 países e seis organizações internacionais estarão no encontro, que será o maior evento de política externa já realizado na Rússia.

 

¨      Negociações entre Putin e Erdogan podem arruinar planos dos EUA, diz político turco

As decisões dos líderes turco e russo, Recep Tayyip Erdogan e Vladimir Putin, após as conversas planejadas às margens da cúpula do BRICS em Kazan, podem destruir os planos dos EUA na Síria e acelerar o processo de normalização das relações entre Ancara e Damasco, disse à Sputnik o presidente do partido turco Vatan (Pátria), Dogu Perincek.

O assessor presidencial russo Yuri Ushakov confirmou anteriormente que a Turquia solicitou a adesão plena ao BRICS e que o pedido está sendo analisado.

Erdogan vai participar da 16ª Cúpula do BRICS, que começa hoje (22) em Kazan, disse o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Ryabkov.

"A questão síria será um dos principais tópicos da agenda das conversas entre os dois líderes. A cooperação russo-turca vai ser extremamente importante, inclusive para o estabelecimento de relações entre Ancara e Damasco", disse Perincek.

O presidente Erdogan comunicou anteriormente que Ancara espera que a Rússia e o Irã tomem "medidas eficazes" contra a ameaça de Israel contra a Síria.

"Os únicos fatores que podem impedir e destruir os planos atlânticos, planos dos EUA na Síria, são a cooperação entre Ancara e Moscou, representada pelos líderes Vladimir Putin e Recep Tayyip Erdogan, e suas próximas conversas. [...] A cooperação entre a Turquia e a Rússia na Síria significa apoiar a integridade territorial da Turquia, Síria, Irã e Iraque e impedir o plano de criação do 'Curdistão' pelos EUA e Israel", enfatizou Perincek.

As relações entre os dois países se agravaram drasticamente após o início da guerra civil na Síria, com vários ataques mútuos tendo lugar.

O presidente turco Recep Tayyip Erdogan disse anteriormente que estava pronto para se reunir com seu homólogo sírio Bashar al-Assad e que estava aguardando uma resposta do lado sírio à proposta feita.

A Rússia não está poupando esforços para ajudar a Turquia e a Síria a chegarem a acordos para normalizar suas relações, disse o embaixador russo em Ancara, Aleksei Yerkhov.

Por sua vez, o Ministério das Relações Exteriores da Turquia sublinhou em conversa com a Sputnik que Ancara saúda os esforços da Rússia para estabelecer a interação entre a Turquia e a Síria e que vai continuar seus próprios esforços para preparar o terreno para a normalização das relações com Damasco de boa-fé e sem pré-condições.

 

¨      Donos do Mundo? EUA podem processar banco turco em caso de sanções contra Irã, decide tribunal americano

Um tribunal de apelações dos Estados Unidos disse na terça-feira (22) que o governo federal pode processar o Halkbank da Turquia sob acusações de que ajudou o Irã a escapar das sanções norte- americanas, rejeitando o argumento do credor estatal de que merecia imunidade, relata a Reuters.

Os promotores disseram que o Halkbank ajudou o Irã a transferir secretamente US$ 20 bilhões (R$ 113 bilhões) de fundos restritos, converteu a receita do petróleo em ouro e dinheiro para beneficiar os interesses iranianos e documentou remessas falsas de alimentos para justificar transferências de receitas do petróleo.

Em uma decisão de 3-0, o Tribunal de Apelações do 2º Circuito dos EUA não encontrou nenhuma base nos princípios centenários do direito comum para que empresas estatais estrangeiras sejam absolutamente imunes a processos norte-americanos relacionados a atividades comerciais e não governamentais.

O juiz de circuito Joseph Bianco disse que o tribunal de apelações sediado em Manhattan deveria adiar a decisão do poder executivo de que o Departamento de Justiça dos EUA poderia processar o Halkbank.

"Embora certos casos anteriores tenham estendido imunidade a empresas estatais com base em sua conduta governamental, o direito consuetudinário não impõe nenhuma proibição independente à acusação de tais empresas por suas atividades comerciais", escreveu Bianco, citado pela mídia.

Ele também afirmou que a decisão de processar empresas estatais estrangeiras como o Halkbank, em vez de impor tarifas ou negar ajuda militar aos seus patrocinadores estatais, "não é algo que o judiciário deva questionar".

Os advogados do Halkbank não responderam imediatamente aos pedidos de comentário. Um porta-voz do procurador dos EUA Damian Williams em Manhattan se recusou a comentar.

O painel do tribunal de apelações estava considerando o caso pela segunda vez, após uma decisão relacionada de abril de 2023 da Suprema Corte dos EUA.

O Halkbank se declarou inocente de fraude bancária, lavagem de dinheiro e conspiração. O caso se tornou um espinho nas relações EUA-Turquia, com o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, chamando as acusações dos EUA de um passo "ilegal e feio".

 

¨      Ucrânia acusa Guterres da ONU de 'priorizar' Cúpula do BRICS em detrimento da cúpula na Suíça

O Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia criticou o secretário-geral da ONU, António Guterres, na segunda-feira (21), ao criticar sua aparente aceitação de um convite feito por Moscou para a Cúpula do BRICS em Kazan.

A chancelaria ucraniana também apontou que, anteriormente, Guterres se manteve longe da chamada cúpula de paz sobre o conflito no Leste Europeu realizada na Suíça.

"O secretário-geral da ONU recusou o convite da Ucrânia para a primeira Cúpula Global da Paz na Suíça. Ele, no entanto, aceitou o convite para Kazan do criminoso de guerra Putin. Esta é uma escolha errada que não avança a causa da paz. Só prejudica a reputação da ONU", disse o ministério, segundo a Reuters.

Na segunda-feira (22), o porta-voz adjunto das Nações Unidas, Farham Haq, quando questionado se Guterres compareceria, disse: "Anúncios sobre suas viagens futuras serão feitos mais tarde."

No início do mês, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia afirmou que Guterres havia dito ao chanceler Sergei Lavrov, na Assembleia Geral da ONU, que pretendia ir à cúpula Kazan.

De acordo com especialista Tiago André Lopes, ouvido pela CNN Portugal, é "normal" que António Guterres esteja presente na Cúpula do BRICS, já que tem estado em todos os "eventos multilaterais".

O secretário-geral tem sofrido uma série de ataques recentemente. No começo do mês, Israel o considerou "persona non grata" e o proibiu de entrar no país, alegando que Guterres não condenou o "ataque" do Irã com mísseis, ação iraniana feita em retaliação a mortes de lideranças islâmicas.

<><> ideia da França de criar força dissuasora na Ucrânia pretende vencer uma batalha perdida

A proposta do ministro da Defesa francês, Sébastien Lecornu, de implantar uma força de dissuasão não nuclear na Ucrânia é uma tentativa de vencer uma batalha já perdida, disse o especialista político da Crimeia, Vladimir Dzharalla, à Sputnik.

Anteriormente, Lecornu afirmou que, após o cessar-fogo e o tratado de paz, seria necessário abordar a questão da implantação de forças de dissuasão não nuclear no território ucraniano para poder "repelir uma nova ameaça da Rússia".

Essa ideia corresponde a um ponto do chamado "plano de vitória" do atual líder ucraniano Vladimir Zelensky, que o apresentou aos dirigentes ocidentais há pouco tempo.

"A proposta do ministro francês é nada mais do que uma tentativa de ganhar a batalha perdida. As ações suicidas dos líderes ucranianos só vão aumentar o número de vítimas, mas não vão mudar o resultado. E é por isso que as figuras ocidentais estão se apressando em apresentar opções para se aproveitar da situação", acredita Dzharalla.

Segundo ele, a proposta de Lecornu é exatamente o que levou a Rússia a iniciar a operação militar especial, é inaceitável e inadmissível.

<><> Do que trata o plano de Zelensky?

Recentemente, Zelensky apresentou um plano para resolver o conflito na Ucrânia. O documento inclui cinco pontos e três anexos secretos.

O primeiro ponto é a Ucrânia ser convidada a aderir à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) o que, de fato, foi uma das razões da operação militar especial russa.

O segundo é a Ucrânia ser autorizada a usar armas de longo alcance ocidentais contra territórios russos longe da zona de conflito. O presidente da Rússia Vladimir Putin disse que isso significaria o envolvimento direto dos países ocidentais no conflito, já que esses golpes não podem ser realizados sem participação dos militares da OTAN.

O terceiro é a implantação de um pacote abrangente não nuclear de dissuasão da Rússia em solo ucraniano.

De acordo com esse plano, o conflito deve terminar no máximo em 2025.

A representante oficial do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, comentando a iniciativa de Zelensky, disse que não se trata de um plano, mas de um conjunto de slogans incoerentes.

De acordo com ela, esse plano apenas empurra a OTAN para um conflito direto com a Rússia.

Por sua vez, o porta-voz da presidência russa, Dmitry Peskov, afirmou que um verdadeiro plano de paz para Kiev seria perceber a futilidade da política que estão seguindo.

Ele acredita que o novo "plano de paz" de Zelensky pode, na verdade, ser a mesma coisa que o plano dos EUA de "lutar contra a Rússia até o último ucraniano".

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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