terça-feira, 22 de outubro de 2024

Crise esquecida, guerra mata milhares e gera fome no Sudão

Os confrontos entre as Forças Armadas Sudanesas (SAF) e o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF) no Sudão se intensificaram mais uma vez, em meio a um conflito que já matou dezenas de milhares de pessoas.

A escalada mais recente ocorreu em Cartum, a capital do país, onde as SAF lançaram uma grande ofensiva para retomar áreas controladas pelas RSF. De acordo com as chamadas salas de resposta de emergência locais, iniciativas lideradas por civis que foram indicadas para o Prêmio Nobel da Paz de 2024, confrontos recentes mataram dezenas de pessoas nos mercados de Cartum.

Desde abril de 2023, o Exército sudanês e as RSF estão envolvidos em uma guerra civil que mergulhou o Sudão em uma crise humanitária. O conflito surgiu de uma disputa de poder entre o chefe do Exército, Abdel Fattah al-Burhan, e o líder da RSF, Mohamed Hamdan Dagalo, que dividiam o poder após um golpe militar em 2021.

Pelo menos 20 mil pessoas foram mortas, embora esse total seja provavelmente muito maior, já que os combates em andamento e o colapso do sistema de saúde tornaram impossível atualizar ou verificar o número de vítimas.

De acordo com as Nações Unidas, a guerra também provocou a maior crise de deslocamento do mundo, com mais de 11 milhões de pessoas forçadas a deixarem seus locais de moradia e se deslocando para campos de refugiados e países vizinhos. No início de outubro, a fome e o surto de doenças como a cólera agravaram ainda mais uma situação já desesperadora, alertou a ONU.

<><> Situação catastrófica em El Fasher

Bombardeios em mercados também ocorreram próximo a El Fasher, uma cidade na região de Darfur, no oeste do Sudão, considerada de grande importância e que também é alvo de disputas entre as forças rivais desde o início da guerra civil.

"Nos últimos 10 dias, os bombardeios ficaram mais intensos", afirmou à DW Salah Adam, um dos moradores do campo de refugiados de Abu Shouk e membro ativo da sala de resposta a emergências.

Adam disse que os ataques aéreos das RSF atingiram um mercado que ele visitou na segunda-feira para comprar alguns mantimentos, onde três pessoas foram mortas e outras 10 ficaram feridas.

"Você não conseguiria imaginar como nossa situação é catastrófica", disse Adam. "Não há organizações que forneçam suporte ou ajuda. Somos as únicas pessoas trabalhando no local e simplesmente não temos o suficiente."

As pessoas sofrem de fome, ferimentos e doenças, contou. "Todos os dias, vejo crianças morrendo. Esses são os momentos mais difíceis."

De acordo com a agência de notícias Reuters, as organizações humanitárias internacionais se tornam cada vez mais alvos dos saqueadores das RSF. Michelle D'Arcy, diretora para o Sudão da ONG Norwegian People's Aid, ressaltou que o acesso à ajuda humanitária é apenas um dos muitos desafios.

"As respostas humanitárias lideradas localmente, como as salas de resposta a emergências e as cozinhas comunitárias, precisam de proteção, pois continuam a enfrentar ameaças e insegurança ao operar em zonas de conflito", afirmou à DW.

<><> Crise esquecida

Mais recentemente, o chefe de direitos humanos da ONU, Volker Türk, soou o alarme sobre aumento das pesadas consequências para os civis no campo de refugiados de Abu Shouk, em El Fasher, e de Zamzam, nas proximidades.

"As pessoas nesses campos correm sério risco de ataques retaliatórios [das RSF] com base em sua identidade tribal, seja ela verdadeira ou percebida", afirmou Türk. Ele acrescentou que milícias armadas alinhadas com a SAF dentro dos campos de refugiados se tornaram um alvo importante para os soldados das RSF.

No futuro próximo, a situação humanitária deve piorar no campo de Zamzam, que abriga pelo menos 80 mil pessoas.

Nesta semana, A ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) suspendeu seu trabalho depois que as RSF obstruíram o envio de assistência e as SAF bloquearam sistematicamente a ajuda para áreas fora de seu controle, explicou a coordenadora da MSF no Sudão, Claire San Filippo.

"Agora, 5 mil crianças desnutridas, incluindo 2.900 crianças gravemente desnutridas, ficaram sem apoio", disse Filippo.

"As Forças Armadas Sudanesas ainda não estão permitindo o acesso de ajuda crucial às áreas controladas pelas Forças de Apoio Rápido, que continuam a saquear os suprimentos e ajuda que conseguiram chegar a alguns civis em suas áreas de controle", relatou Mohamed Osman, pesquisador do Sudão da ONG Human Rights Watch.

Em sua opinião, também não há atenção internacional suficiente. "Esta é definitivamente uma crise esquecida", disse Osman à DW.

<><> Frentes de batalha pouco claras

Hager Ali, que realiza pesquisas sobre o Sudão no Instituto Alemão de Estudos Globais e Regionais (Giga), disse à DW que a situação se torna cada vez mais complicada. Ele contou que quando a guerra começou, há 18 meses, era uma luta de poder clara entre as Forças Armadas Sudanesas e as Forças de Apoio Rápido.

"Desde então, a divisão entre facções se tornou uma tendência particularmente preocupante", disse Ali. "A anteriormente definida frente de batalha entre as SAF e as RSF agora se despedaçou sobre muitas questões e objetivos."

"As SAF e as RSF tiveram que recrutar e terceirizar, incluindo muitas outras facções em um curto espaço de tempo, com capacidade limitada para treinar recrutas. As RSF recrutaram de maneira particularmente rápida, o que quer dizer que os combatentes provavelmente nunca passaram por treinamento real. Isso enfraquece substancialmente a cadeia de comando, especialmente se as facções questionam a autoridade local das RSF."

Ali disse que em uma guerra travada em tantas frentes em um país tão vasto, está cada vez mais difícil supervisionar quem está realmente fazendo o quê; quem está aderindo às ordens e quem não está. Há sinais de que nem as RSF ou as SAF estejam mais no controle total de suas próprias tropas no país.

"Tudo isso ocorre em meio ao desafio de realmente se governar os territórios que estão sob controle das duas forças", acrescentou Ali.

A falta de ajuda, a queda no apoio e os combates contínuos estão desesperando Salah Adam, membro ativo da sala de resposta a emergências. "Estou pedindo às organizações humanitárias e ativistas de direitos humanos que tomem medidas imediatas e salvem o povo de El Fasher", afirmou à DW.

Ele acrescentou que, se nada mudar, já está cansado o suficiente para desistir de vez de ter esperança.

¨      O Sudão continua em guerra

As vítimas são civis, afectadas por bombardeamentos como o que atingiu um mercado a sul de Cartum no domingo, 13 de outubro, provocando, pelo menos, 23 mortos e 40 feridos. O massacre é atribuído a um bombardeamento efectuado por aviões das SAF que utilizam a arma aérea para tentar dominar as forças das RSF que se encontram barricadas nalguns redutos bem defendidos da capital. As intenções do Exército de invadir estas posições são sérias, como se pode deduzir das fotografias divulgadas pelo Sudan Tribune de camiões blindados acabados de receber pelas SAF, estruturados como verdadeiras mini-forças ambulantes destinadas a enfrentar os atiradores furtivos escondidos nos telhados. Equipados com blindagem pesada e câmaras de 360º, os carros blindados têm a missão de proteger o avançamento dos soldados regulares de uma das maiores armadilhas encontradas no combate urbano: atiradores armados com espingarda de precisão ou lança-foguetes anti-tanque. A outra grande armadilha são as minas e os engenhos artesanais.

A guerra esquecida do Sudão não é uma guerra religiosa, a maioria dos combatentes partilha a mesma fé muçulmana, mas há incidentes que envolvem minorias cristãs. Como aconteceu no início de outubro, quando um grupo de crentes pertencentes à Igreja cristã do Sudão Al Iziba foi capturado por membros dos serviços secretos militares das SAF em Cartum Norte.

De acordo com Osama Saeed Musa Koudi, presidente da União da Juventude Cristã Sudanesa, citado pelo diário online Altaghyeer, os detidos foram presos em grupos entre 2 e 7 de outubro e incluem 16 homens, 25 mulheres e 54 crianças. Todos originários dos Montes Nuba, são acusados de ser apoiantes das RSF, apenas porque permaneceram nas zonas de Cartum ocupadas pelas RSF, pela simples razão de não terem possibilidade de partir para outro local.

 

¨      Guerra civil ameaça aniquilar patrimônio cultural do Sudão

De kalashnikovs em punho e fazendo um V da vitória com os dedos, soldados das milícias sudanesas posam diante das ruínas da antiga cidade de Naga, num vídeo das redes sociais.

Situada 200 quilômetros a nordeste da capital do Sudão, Cartum, a pouca distância das margens do rio Nilo, numa área outrora considerada berço da civilização, Naga foi fundada por volta de 250 a.C., como residência do rei de Meroé, e ostentava diversos templos e palácios.

Três templos foram escavados e restaurados desde a década de 1990 por arqueólogos, inclusive uma equipe do Museu de Arte Egípcia de Munique. Ocultos sob as ruínas, ainda estão outros 50 templos, palácios e edifícios administrativos, assim como necrópoles contendo centenas de sepulturas.

Agora, porém, o local declarado patrimônio mundial pela Unesco está envolvido em mais uma guerra civil sudanesa: desde abril de 2023, generais rivais voltaram a lutar pelo poder no país rico em recursos, porém desesperadamente pobre. O líder de facto, Abdel Fattah al-Burhan, e o exército sob seu controle se confrontam com a milícia Forças de Apoio Rápido, de seu antigo vice, Mohamed Hamdan Daglo.

Figuras como o presidente americano, Joe Biden, têm apelado repetidamente – e até agora, sem sucesso – para que as partes do conflito negociem um fim da guerra. "A situação é realmente ruim", avalia o diretor do Museu de Arte Egípcia de Munique, Arnulf Schlüter.

Ele não sabe dizer se o projeto arqueológico de Naga jamais será retomado: "A maior parte dos empregados da escavação fugiu, as instalações foram invadidas e os pneus dos veículos, roubados. O sítio de antiguidades está indefeso."

<><> Museus sob ameaça

Em vários locais do Sudão, museus e objetos históricos estão sendo destruídos, em meio a uma severa crise humanitária, com mais de 10 milhões de habitantes deslocados, e a metade da população de 50 milhões passando fome.

Em 12 de setembro, a organização cultural das Nações Unidas, Unesco, declarou: "Esta ameaça à cultura parece ter alcançado um nível sem precedentes, com relatos de saque de museus, sítios de patrimônio e arqueológicos, e coleções particulares."

Perante essa guerra, Schlüter está extremamente preocupado com o futuro de Naga – apesar do significado dos três templos escavados e dos planos esboçados pelo astro inglês da arquitetura David Chipperfield para construção de um museu no local: "Não sabemos o que eles estão fazendo", comenta o diretor do museu muniquense sobre os administradores de Naga, "falta informação confiável".

Devido ao conflito, o serviço de antiguidades sudanês, responsável pela curatela dos sítios de patrimônio mundial, perdeu diversos documentos: "Os escritórios deles em Cartum foram saqueados", relata Schlüter, frisando que um cadastro central de antiguidades acabara de ser criado. Ele teme que a história da nação esteja sendo aniquilada: "Mesmo se a paz retornasse imediatamente, teríamos que começar do zero."

Em meio à imensa destruição da infraestrutura civil, soldados também assaltaram e destruíram museus, muitas vezes tentando vender antiguidades no mercado de arte internacional. Entre outros, foi saqueado o Museu Nacional do Sudão, situado em Cartum, cujas importantes coleções de antiguidades, estátuas e arqueológicas haviam sido restauradas recentemente pela Unesco e o governo italiano.

A Unesco está advertindo investidores do mercado de arte para não adquirirem artefatos culturais do Sudão, já que "toda venda ou realocação desses itens resultaria no desaparecimento de parte da identidade cultural sudanesa, ameaçando a recuperação do país".

<><> Agentes culturais tomam distância do Sudão

A professora da Universidade de Münster Angelika Lohwasser, egiptóloga especializada em arqueologia sudanesa, confirma que "a situação nas zonas de guerra é dramática" e que os bens culturais "estão sob ameaça".

Em setembro, como uma das organizadoras da Conferência de Estudos Meroíticos, ela estudou fotos e relatórios dos danos aos sítios culturais do país africano. O icônico souq (mercado ao ar livre) de Omdurman, na margem do Nilo oposta a Cartum, também foi completamente incendiado.

Em Cartum, o Instituto Goethe está abandonado há vários meses: devido à sua proximidade em relação ao palácio presidencial, ele se encontra em plena zona de combate. Grande parte do pessoal deixou o país no início da crise militar, em 2023. Segundo a diretoria do Instituto Goethe em Berlim, a importante instituição cultural alemã criou no Cairo, capital do Egito, programas relevantes para o Sudão.

O conflito também afeta o setor de viagens culturais do país. Frank Grafenstein dirige a agência que mantém por encomenda do governo o website Visit Sudan, e organiza viagens para jornalistas e agentes turísticos. Embora o site ainda exista, o diretor todos os contatos com o país devastado pela guerra. "Eu desaconselho de viajar para o Sudão", alerta Grafenstein.

 

¨      Estupro é usado como arma de guerra no Sudão

Halima (nome alterado) viveu em vários campos para pessoas deslocadas desde que se lembra. Toda vez que ela acreditava que tinha encontrado um lugar seguro, outro ataque acontecia, fazendo-a se deslocar inúmeras vezes.

As lembranças da vida sob estresse constante não a deixam dormir, diz ela à DW.

Em junho de 2023, as Forças de Apoio Rápido (FAR) – grupo paramilitar formado principalmente por milicianos da Janjawid, conhecidos por combater grupos étnicos insurgentes em nome do Exército – atacaram a área onde Halima vivia com a família em El Geneina, a capital de Darfur Ocidental.

Ela ouviu os milicianos chegarem em suas motocicletas. "Eles me encontraram em meu quarto", relata. "Quatro deles me ameaçaram com armas. Um deles me estrangulou e me estuprou."

Halima sofreu vários ferimentos, mas conseguiu escapar ao cruzar a fronteira com o Chade. Lá ela se sentiu segura, mas não conseguiu encontrar a ajuda médica de que tanto precisava depois da violência que passou.

Muitas mulheres e crianças refugiadas no Chade falaram sobre o assunto, e os relatos de violência sexual dentro dos acampamentos também têm aumentado.

<><> Violência étnica e de gênero 

A maioria das pessoas que fugiu da fronteira de um Sudão devastado pela guerra está agora em campos no leste do Chade, em lugares como Adre.

Halima é uma delas. Ela acredita que a FAR a estuprou principalmente por ela pertencer ao grupo étnico Massalit, que era maioria da cidade de El Geneina até ser atacado brutalmente no ano passado. 

Outra jovem do acampamento, Hadija (nome alterado), tem a mesma impressão de Halima.

Ela se lembra de como seu agressor perguntou a que etnia ela pertencia. "Eu não disse que era Massalit, eu disse que pertencia aos Fur."

Ele ameaçou matá-la se ela fosse Massalit, acrescentando que os Massalit jamais seriam donos de qualquer terra no Sudão no futuro.

Hawa (nome alterado) sobreviveu a um ataque semelhante em junho de 2023.

Ela conta à DW que um integrante da FAR entrou na casa dela e atirou em seu primo de 20 anos. Em seguida, ela ouviu a mãe e a tia serem espancadas.

"Eu apanhei também, com um chicote, uma vara. Depois, ele me jogou na cama e me estuprou".

Hawa só conseguiu encontrar um hospital dias depois. Ela precisou tomar pontos após o ataque e ainda sente dor ao caminhar.

<><> Human Rights Watch alerta para possível genocídio

As histórias de mulheres que sobreviveram à violência são documentadas pela  ONG internacional de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch. A entidade alerta que o que acontece com o povo Massalit em Darfur Ocidental pode ser um genocídio.

Procurada, A FAR não quis se pronunciar.

<><> A maior crise de deslocamento do mundo

Em um relatório sobre violência baseada em gênero publicado no final de 2023, a Agência da ONU para Refugiados (Acnur) informou que mulheres e meninas no Sudão tiveram de suportar o peso das consequências do conflito no país, incluindo um aumento "alarmante" nos casos de violência sexual.

Muitas das pessoas que buscam asilo em outros lugares dizem que sofreram ou testemunharam assédio, sequestro, estupro, agressão sexual, exploração sexual e outras formas de violência durante suas jornadas em busca de segurança.

Há mais de um ano, as Forças Armadas do Sudão têm lutado contra a FAR em uma batalha brutal pelo controle do país.

O conflito forçou milhões de pessoas a fugirem de suas casas desde abril de 2023, elevando o número de pessoas deslocadas para cerca de 12 milhões até junho de 2024.

O Comitê Internacional de Resgate (IRC) informa que mais de 2 milhões de pessoas buscaram refúgio em países vizinhos desde o início do conflito. Mas a grande maioria delas permanece no Sudão – mais de 10 milhões de pessoas, o equivalente à praticamente a população inteira do Rio Grande do Sul. Trata-se da maior crise de deslocamento do mundo.

As organizações de ajuda humanitária destacam que há uma enorme escassez de financiamento para lidar com a crise no Sudão e em toda a região.

<><> Dificuldades na entrega de assistência humanitária expõem mulheres e criança a ainda mais violência

Abdirahman Ali, diretor nacional da ONG CARE International para o Sudão, confirma o rápido aumento da taxa de violência de gênero relatada em todo o país, especialmente nas áreas que testemunham maior violência, como Darfur, Cartum e o estado de Al Jazirah.

Segundo ele, a violência contra meninas e mulheres continua, principalmente nos campos de refugiados, e está sendo exacerbada por dificuldades na entrega emergencial de alimentos, água e assistência médica.

O maior desafio, afirma Ali, é transportar suprimentos de saúde e nutrição através da fronteira do Chade com o Sudão para os deslocados internos.

"Há muitas áreas onde não podemos acessar ou mesmo prestar assistência devido ao conflito em curso e às restrições que impedem trabalhadores humanitários de chegar às pessoas necessitadas", relata.

De acordo com o IRC, 90% das pessoas que cruzam as fronteiras da região em busca de segurança são mulheres e crianças. Uma em cada cinco dessas crianças pequenas sofre desnutrição aguda.

O apoio psicológico às pessoas afetadas pela violência de gênero também é difícil de obter, diz Ali: "Há vários deslocamentos. Comunidades e refugiados se mudam de um local para outro, o que dificulta os esforços para fornecer apoio contínuo à população." 

<><> Fuga para Chade e para outros lugares

Antes do início do conflito, o Sudão já passava por uma grave crise humanitária causada pela instabilidade política de longo prazo e pelas pressões econômicas no país.

A guerra apenas agravou essas condições, deixando quase 25 milhões de pessoas – mais da metade da população do Sudão – em situação de necessidade, de acordo com o IRC.

Mais de 600 mil pessoas cruzaram a fronteira com o Chade, que já abrigava 400 mil refugiados sudaneses antes da eclosão do conflito, em abril de 2023.

É por isso que o IRC também expandiu os serviços de apoio para os refugiados sudaneses nos países vizinhos além do Chade, incluindo Uganda, Etiópia e Sudão do Sul. 

<><> Direito humanitário internacional ignorado

Abdirahman Ali, da CARE International, exige que as partes envolvidas no conflito cumpram suas obrigações de acordo com o direito humanitário internacional para proteger as populações civis e a infraestrutura.

Para que a situação dos direitos humanos melhore, explica, os trabalhadores humanitários que prestam assistência também precisam receber garantias.

"É necessário que as partes em conflito se dirijam à mesa de negociações e garantam que essa crise seja interrompida", diz ele. "Ela está causando um sofrimento humano indescritível ao povo do Sudão".

Apesar do trauma, Hawa e Halima esperam voltar às suas vidas anteriores; Hawa sonha em concluir seus estudos em economia para trabalhar "como contadora ou administradora de empresas".

Halima também quer retomar os estudos. "Se a situação melhorar, quero ir para a universidade", conta. "Sou parteira, mas quero me tornar médica".

 

Fonte: DW Brasil/Vatican News

 

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