sexta-feira, 18 de outubro de 2024

“Este senhor é um traidor contumaz”, diz Leprevost, candidato a prefeitura de Curitiba, sobre Sergio Moro

O senador Sergio Moro (União-PR) foi humilhado mais uma vez pelo deputado estadual Ney Leprevost (União-PR), que foi candidato à prefeitura de Curitiba com a esposa do ex-juiz, Rosângela Moro, como candidata a vice, e que terminou a eleição derrotado em 4º lugar.

Leprevost havia dito, em entrevista à Folha de S. Paulo, que o apoio de Moro e a entrada de Rosangela como sua vice contribuíram para a derrota.

Moro, então, rebateu, afirmando que Ney Leprevost perdeu a eleição pois não soube "se conectar com a população de Curitiba" e que, apesar de se apresentar como novo, sua candidatura representou a "velha política".

"A verdade é uma só: convidou e insistiu para que Rosângela fosse sua vice. Após um pedido da direção nacional do partido, entramos para ajudar, o que estancou a queda do candidato nas pesquisas. Mas não conseguimos prosseguir, pois nem eu, nem minha esposa ou o União Brasil nacional pudemos influenciar na campanha. O problema é que a população não aguenta mais a velha política de candidatos que se apresentam sem posições claras", escreveu Moro em suas redes sociais.

"Ney aventurou-se na busca por eleitores de todos os lados e junto com seu irmão recebeu nas urnas o que merecia. Repudio os ataques pessoais que fez contra mim, mas o recado a ele já foi dado pelo povo de Curitiba, povo este que agradeço pelo carinho e apoio que sempre me deu, seja no contato pessoal ou nas urnas, com os quase dois milhões de votos para o Senado", prosseguiu o senador.

<><> Moro é "traidor contumaz"

Após a reposta de Sergio Moro, Ney Leprevost decidiu divulgar uma nota em que sobe o tom novamente. O deputado chama Moro de "traidor contumaz", dando exemplos de supostas traições do senador.

"Este senhor é um traidor contumaz. Traiu a magistratura utilizando-se dela para se promover pessoalmente com objetivo de conquistar cargo político; traiu as milhares de pessoas que saíram às ruas para apoiar a operação Lava Jato, abandonando sua função de juiz para ser ministro; traiu o presidente Jair Bolsonaro ao ser expurgado do ministério atacando aquele que confiou nele nomeando-o para uma das pastas mais importantes da nação; traiu o partido Podemos que o sustentou financeiramente; traiu o povo do Paraná ao tentar ser candidato a senador pelo estado de São Paulo, onde foi rejeitado pelo Tribunal Eleitoral; traiu seu padrinho político, o senador Álvaro Dias, lançando-se candidato de última hora contra ele", escreveu, entre inúmeros outros exemplos.

Leprevost ainda acusou Moro de ter torturado réus no período em que foi juiz na 13ª Vara Federal de Curitiba, conduzindo processos no âmbito da operação Lava Jato.

"Traiu as leis que jurou cumprir ao realizar tortura psicológica em réus em escutas telefônicas de legalidade questionável", disparou o deputado estadual.

"Me esqueça e vá se defender na justiça. Pois quem é réu em processo criminal é o senhor, não eu. Peço desculpas ao povo de Curitiba por ter aceitado a imposição nacional do partido de ter a sua esposa como vice, não por ela que ainda hoje tenho como boa pessoa, mas pelo senhor que é um oportunista, visto pela esquerda como carrasco do Lula e pela direita como traidor do Bolsonaro", escreveu ainda.

Veja abaixo a nota divulgada pelo deputado Ney Leprevost em resposta aos ataques feitos por Moro:

Em resposta aos ataques rasteiros e injustificados proferidos contra mim, e sem o menor cabimento também a familiar meu, pelo senhor Sérgio Moro , tenho a declarar, após buscar informações com diversas fontes jornalísticas e rememorar fatos, conclui  que:

– Este senhor é um traidor contumaz.

Traiu a magistratura utilizando-se dela para se promover pessoalmente com objetivo de conquistar cargo político.

Traiu as Leis que jurou cumprir ao realizar tortura psicológica em réus e escutas telefônicas de legalidade questionável.

Traiu as milhares de pessoas que saíram às ruas para apoiar a operação Lava Jato, abandonando sua função de juiz para ser ministro.

Traiu o presidente Jair Bolsonaro ao ser expurgado do ministério atacando aquele que confiou nele nomeando-o para uma das pastas mais importantes da nação.

Traiu o partido Podemos que o sustentou financeiramente.

Traiu o povo do Paraná ao tentar ser candidato a senador pelo estado de São Paulo, onde foi rejeitado pelo Tribunal Eleitoral.

Traiu seu padrinho político, o senador Álvaro Dias, lançando- se candidato de última hora contra ele.

Traiu seus eleitores de direita votando no ministro Flávio Dino para o STF.

Traiu sua querida esposa colocando- a, através da direção nacional do partido, como candidata a vice na minha chapa e abandonando a campanha dez dias antes da eleição por não ter sido satisfeita a sua vaidade de aparecer diversas vezes no programa eleitoral de televisão.

Traiu o partido União Brasil, utilizando na última semana de campanha 230 mil reais do fundo eleitoral nas redes sociais da sua esposa para mera promoção pessoal da mesma sem sequer pedir votos para o 44.

Me traiu ao plantar ao longo da campanha diversas notas na imprensa nacional com objetivo de desestabilizar minha candidatura.

Traiu a pátria ao fazer um acordão através dos senadores Rodrigo Pacheco e Davi Alcolumbre.

Senador Sérgio Moro, não me meça pela sua régua. Minha vida pública é pautada por coerência e respeito a todas as pessoas.

Se o senhor fosse amado pelo povo de Curitiba como afirma, não precisaria andar rodeado de seguranças pagos pelo povo brasileiro até para ir à feira.

De herói nacional que até eu admirei, o senhor apequenou – se e se transformou em um mero “lacrador” de redes sociais.

Me esqueça e vá se defender na justiça. Pois quem é réu em processo criminal é o senhor, não eu.

Peço desculpas ao povo de Curitiba por ter aceitado a imposição nacional do partido de ter a sua esposa como vice, não por ela que ainda hoje tenho como boa pessoa, mas pelo senhor que é um oportunista visto pela esquerda como carrasco do Lula e pela direita como traidor do Bolsonaro.

A toda boa gente do Paraná, meu muito obrigado pela milhares de manifestações de solidariedade no dia de hoje. Tenham a certeza absoluta que minha vida pública vai continuar pautada na defesa da liberdade e nos princípios éticos e humanistas que meu detrator chama de “velhos”.

Que Deus nos proteja do mal! ✝️

Ney Leprevost

 

•        “Moro é ruim de lidar, vaidoso”, diz candidato que teve “conja” de vice

Ney Leprevost, candidato do União Brasil derrotado nas urnas de Curitiba nas eleições municipais de 2024, decidiu jogar no ventilador os detalhes da participação conturbada de Sergio Moro, senador e ex-juiz da Lava Jato, em sua campanha e que teve Rosângela Moro (União Brasil) como sua vice.

Leprevost disse à Folha de S. Paulo que sua campanha deu errado a partir do momento em que aceitou o pedido da direção nacional do partido para adotar a esposa de Moro, a deputada federal Rosangela Moro, como vice na chapa rumo ao Paço municipal. Ele afirmou  que a entrada do casal em sua campanha "não deu liga" e contribuiu para o resultado nas urnas.

Moro, “vaidoso” e “difícil de lidar”, passou a querer aparecer mais que Leprevost. O candidato afirmou que a estratégia de Moro visava sua própria empreitada na disputa pelo governo do Paraná em 2026. Mas além de não ajudar a emplacar a chapa do União Brasil em Curitiba, Moro, na visão de Leprevost, trouxe rejeição por ser visto na cidade como o algoz de Lula e o traidor de Jair Bolsonaro.

"Moro atrapalhou bastante. Não que seja culpa dele o fato de eu não ter vencido, mas ele atrapalhou bastante. E ele é ruim de lidar, de difícil trato, vaidoso", afirmou.

"Acho que eu comecei a perder a campanha quando cometi o erro de aceitar o pedido do União Brasil nacional de colocar a mulher do Moro de minha vice. Eu gosto da Rosângela, ela é boa gente, uma querida. Mas o Moro atrapalhou. Ele começou a achar que o candidato era ele. E ele agregou muita rejeição à campanha. Porque ele é visto em Curitiba como o carrasco do Lula e o traidor do Bolsonaro", disse ainda.

Leprevost terminou o primeiro turno em quarto lugar, com 6,5% dos votos.

FANTOCHE DE MORO

Ainda de acordo com o candidato, Moro ficou irritado por não aparecer na propaganda de TV tanto quanto gostaria, e abandonou o barco faltando cerca de 10 dias para o primeiro turno. Hoje, Leprevost e o ex-juiz não se falam mais.

"A partir do momento que ela virou minha vice, o Moro passou a achar que eu era um fantoche dele, para ficar fazendo a pré-campanha dele de governador. E eu era um candidato para competir de verdade. Aí começou a ter um estresse. Ele começou a plantar por aí que ele estava sendo boicotado na campanha”, encerrou. Ele ainda afirmou que sairá do União Brasil se o candidato ao governo do Paraná em 2026 for Moro.

RACHA ANUNCIADO

O Blog do Esmael Moraes, focado na política do Paraná, já vinha denunciando um suposto racha na campanha de Leprevost com a família Moro desde o final de setembro. À época, tanto o candidato ao cargo majoritário quanto a vice e esposa de Moro emitiram nota ao blog negando qualquer divergência na campanha e reafirmando o compromisso em apresentar propostas para a cidade.

DALLAGNOL EM OUTRA CANOA

Além disso, outro expoente do lavajatismo na cidade, o ex-procurador Deltan Dallagnol (Novo) apoiou um adversário, Eduardo Pimentel (PSD), que foi para o segundo turno com Cristina Graeml (PMB).

Leprevost firmou que ele e Moro já não estavam mais se falando na reta final da campanha:

"Ele queria ficar saindo na propaganda de televisão. Mas eu só tinha 1 minuto e 12 segundos de televisão. Não podia ficar colocando ele o tempo todo. E ele ficou bravo e largou a campanha no final", contou.

QUEM É NEY LEPREVOST

Ney Leprevost começou a trabalhar como repórter esportivo. Apresentou programas de rádio e TV. Aos 22 anos de idade, foi eleito o mais jovem vereador de Curitiba. Em 2018, elegeu-se deputado federal pelo Paraná. Logo em seguida, pedi licença da Casa para assumir, a convite do então governador Carlos Massa Ratinho Júnior, a Secretaria da Justiça, Família e Trabalho. Em 2022 foi eleito deputado estadual.

 

Fonte: Jornal GGN/Fórum

 

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