Domo de Ferro falhou? Como ataque do
Hezbollah mostra limites de defesa de Israel
Lento, pequeno e
relativamente barato de se fabricar — o drone virou uma dor de
cabeça para os israelenses ao longo do último ano.
Os ataques do Hezbollah em uma
base do Exército próxima a Binyamina no norte de Israel, no domingo (13/10),
que mataram quatro homens e feriram algumas dezenas, foi o mais mortal
realizado com drones até o momento.
Isso despertou
questionamentos sobre se o caríssimo sistema de defesa aérea de Israel está
capacitado para lidar com esses ataques.
Em visita à base
atacada na segunda-feira (14/10), o ministro de Defesa de Israel, Yoav Gallant,
disse que "esforços significativos" estão sendo feitos para se achar
soluções que previnam ataques com drones no futuro.
Partes do sistema de
defesa aéreo funcionam bem. Aqui no norte de Israel, nós ouvimos barulhos em
intervalos regulares, que é o som do Domo de Ferro interceptando foguetes
disparados pelo Hezbollah do sul do Líbano. Israel diz que consegue atingir 90%
de seus alvos.
Mas o Domo de Ferro
funciona porque os foguetes do Hezbollah são simplórios — é possível calcular
para onde os foguetes estão indo e interceptá-los.
Interceptar drones é
mais complicado. E isso virou um problema recorrente nesta guerra.
Em julho, um drone
lançado pelos houthis no Iêmen atingiu Tel Aviv. Neste mês, as Forças de Defesa
de Israel disseram que um drone lançado do Iraque matou dois soldados nas
Colinas de Golã. Na semana passada, outro drone atingiu uma casa de repouso no
centro de Israel.
"A maioria dos
drones — se não todos — são fabricados por iranianos e fornecidos a grupos
armados no Líbano, Irã e Iêmen", diz Yehoshua Kalisky, pesquisador do
Instituto Nacional de Estudos em Segurança de Tel Aviv, à BBC News.
Drones conseguem voar
em baixas altitudes, o que dificulta sua detecção. Às vezes eles são
confundidos com pássaros.
"Eles também são
difíceis de serem interceptados por aeronaves porque voam lentamente", diz
Kalisky. "Eles voam a cerca de 200 km/h, comparado com os 900 km/h de um
avião a jato."
A imprensa israelense
noticiou que no domingo dois drones do Hezbollah — provavelmente do tipo Ziyad
107 — partiram do espaço aéreo libanês acima do Mediterrâneo. Um deles foi
interceptado e o outro desapareceu. Teria se presumido que ele caiu, por isso nenhuma
sirene de alerta foi disparada. Mas ele conseguiu atingir a cantina de uma base
aérea israelense.
Mas Sarit Zehani,
pesquisadora do Alma Research Institute, órgão especializado em segurança na
fronteira norte, não acredita que os drones conseguiram burlar o sistema apenas
com sorte.
"Foi planejado.
Eles vêm tentando fazer isso há muito tempo", diz ela.
Zehani vive a 9
quilômetros da fronteira libanesa com o oeste da Galileia, e no domingo ela viu
de sua sacada tudo acontecendo. Ela disse que havia foguetes sendo disparados e
alertas em toda a zona de fronteira de onde os drones foram disparados, "sobrecarregando"
o sistema de defesa aéreo e facilitando com que os drones escapassem.
O Alma Research
Institute contou 559 incidentes de drones atravessando a fronteira norte de
Israel em missões de ataque ou espionagem desde que a guerra começou, há um
ano. Tirando o ataque de domingo em Binyamina, houve 11 mortes em ataques com
drones, segundo o instituto.
Além do Domo de Ferro,
sistema como o Estilingue de Adão, Arrow 2 e Arrow 3 foram criados para
destruir mísseis balísticos. E em breve eles serão auxiliados pelo sistema
Terminal High Altitude Area Defence (Thaad), fornecido pelos Estados Unidos, e
que será operado por cerca de cem militares americanos.
Soluções mais
permanente para interceptar drones estão sendo desenvolvidas.
"Lasers de alta
potência estão sendo desenvolvidos, e outra tecnologia é usando canhões de
microondas para queimar a eletrônica dos drones", diz Kalisky.
Ela afirma que essas
tecnologias devem estar disponíveis no futuro próximo.
¨ EUA indicam a Israel que ajuda militar está em risco
O governo dos Estados
Unidos encaminhou uma carta ao governo de Israel exigindo ações para melhora da
situação humanitária em Gaza dentro de 30 dias, ou corra o risco de violar leis
que regem a assistência militar estrangeira – em um sinal de que a ajuda
norte-americana estaria em risco.
Segundo a CNN norte-americana, o
documento em questão foi elaborado em conjunto pelo secretário de Estado dos
EUA Antony Blinken e pelo secretário de Defesa Lloyd Austin, e encaminhada aos
ministros da Defesa, Yoav Gallant, e de Assuntos Estratégicos de Israel, Ron
Dermer.
Blinken e Austin
escrevem destacando as preocupações dos Estados Unidos sobre a situação de
ajuda humanitária em Gaza, e pedem aos israelenses “ações urgentes e
sustentadas do seu governo neste mês para reverter essa trajetória”.
As autoridades
destacaram que o volume de ajuda entregue a Gaza desde o início deste ano caiu
mais de 50%, e a quantidade encaminhada no mês de setembro “foi a menor de
qualquer mês durante o ano passado”. O prazo final para tais melhoras cai após
05 de novembro, quando ocorrem as eleições presidenciais nos Estados Unidos.
Os Estados Unidos
seguem enviando assistência militar para Israel, mas a futura ajuda está em
risco – uma vez que a carta destacou que os departamentos de Estado e Defesa
dos EUA, sob a lei dos EUA, “devem avaliar continuamente” a adesão de Israel às
suas garantias feitas no início deste ano de que não restringiria os fluxos de
ajuda para o enclave.
Entre as demandas
norte-americanas, estão que Israel deve permitir que pelo menos 350 caminhões
entrem em Gaza diariamente pelas quatro travessias existentes, além de abrir
uma quinta travessia; a realização de pausas humanitárias conforme necessário
para a realização de atividades como vacinação e distribuição de ajuda pelo
menos nos próximos quatro meses; e exigem que as pessoas localizadas na zona
humanitária de Al-Mawasi, dentro de Gaza, se movam para o interior antes do
inverno e aumentem a segurança dos comboios e movimentos humanitários.
Enquanto isso, as
operações militares do governo de Benjamin Netanyahu aumentaram as operações na
região norte de Gaza, e os militares pediram que os civis evacuassem para o
sul, que já recebe mais de um milhão de palestinos deslocados.
¨ Hezbollah diz que grupo planeja 'infligir dor' a Israel; EUA
'garantem' ao Líbano redução de ataques
O
vice-secretário-geral do Hezbollah, Naim Qassem, disse nesta terça-feira (15)
que seu grupo adotou "um novo cálculo" para "infligir dor a
Israel". Ao mesmo tempo, autoridades norte-americanas garantiram ao Líbano
que Tel Aviv reprimiria seus ataques a Beirute e seus subúrbios ao sul.
Qassem afirmou que,
como Israel atacou todo o Líbano, o grupo tem o direito de atacar qualquer
lugar em território israelense.
"Vamos nos
concentrar em atingir o Exército israelense e seus centros e quartéis",
disse o vice-secretário-geral, citado pela Reuters.
Ele também afirmou que
os moradores do norte de Israel poderão retornar para casa depois que um acordo
de cessar-fogo for alcançado por meio de um acordo indireto.
O
vice-secretário-geral ameaçou que mais israelenses serão deslocados se a guerra
continuar dizendo que "o número de assentamentos desabitados aumentará, e
centenas de milhares, até mais de dois milhões, estarão em perigo a qualquer
momento, a qualquer hora, em qualquer dia" se não houver cessar-fogo.
"A solução é um
cessar-fogo, não estamos falando de uma posição de fraqueza", disse
Qassem. "Se os israelenses não quiserem isso, continuaremos",
declarou.
Já o primeiro-ministro
interino do Líbano, Najib Mikati, disse nesta terça-feira (15) que Washington
prometeu que Tel Aviv reprimiria seus ataques em território libanês.
"Durante nossos
contatos com as autoridades americanas na semana passada, recebemos uma espécie
de garantia para reduzir a escalada nos subúrbios do sul e em Beirute",
disse Mikati em uma declaração escrita distribuída por seu gabinete, segundo a
mídia.
Ele não forneceu mais
detalhes sobre as garantias, mas disse que Washington estava "levando a
sério a pressão sobre Israel para chegar a um cessar-fogo". O premiê
interino também disse que esforços internacionais ainda estão em andamento para
chegar a um cessar-fogo que poria fim às hostilidades entre os militares
israelenses e o Hezbollah.
Ataques israelenses
mataram pelo menos 2.309 pessoas no Líbano no último ano, principalmente nas
últimas semanas, de acordo com o governo libanês. Mais de 1,2 milhão de
libaneses foram deslocados.
¨ Hezbollah diz que paz com Israel depende de trégua em Gaza;
grupo libanês ameaça ataques 'por todo Israel'
O número dois do
Hezbollah, Naim Qasem, disse nesta terça-feira (15) aos israelenses que a paz
em Israel depende de um cessar-fogo em Gaza. Qasem declarou que, sem uma trégua
no genocídio cometido contra palestinos, o grupo continuará a realizar ataques por
todo Israel.
"Uma vez que o
inimigo israelense atacou todo o Líbano, temos o direito, a partir de uma
posição defensiva, de atacar qualquer lugar" de Israel, "seja o
centro, o norte ou o sul", disse Qasem em um discurso transmitido pela
rede da formação xiita.
"É um direito
legítimo dos palestinos e de todos os que estão com eles, e nem o Líbano, nem a
região pode ser separados da Palestina", acrescentou Qassem, referindo-se
ao ataque de 7 de outubro do ano passado cometido pelo Hamas. Ele também acusou
Israel de alvejar tropas libanesas e capacetes azuis da ONU, a Unifil (Força
Interina das Nações Unidas no Líbano).
"Vamos atacar o
[exército] inimigo, seus centros de presença e seus quartéis. A solução é um
cessar-fogo, e não falaremos em uma posição de fraqueza, [...] a
resistência [Hezbollah] não será derrotada porque esta é sua terra",
finalizou Qassem.
<><> Ameaças
de novos ataques
Ainda nesta terça, o
Hezbollah ameaçou realizar ataques em "todo" Israel, enquanto o país
do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu intensifica os bombardeios no Líbano.
Após quase um ano de
troca de disparos com o Hezbollah na fronteira com o Líbano e após debilitar o
Hamas na Faixa de Gaza, o exército israelense iniciou em 23 de setembro uma
intensa campanha de bombardeios aéreos contra redutos do grupo xiita e lançou uma
ofensiva terrestre no sul do país vizinho uma semana depois.
Israel alega que
objetivo é afastar o Hezbollah das regiões fronteiriças entre Líbano e Israel
para acabar com o lançamento de foguetes o que permitiria que cerca de 60 mil
israelenses deslocados possam retornar para casa.
Até o momento, os
bombardeios de Israel mataram mais de 1,5 mil pessoas e deixaram cerca de 4,5
mil feridas. A ONU também relatou quase 700 mil deslocados.
O primeiro-ministro
libanês, Najib Mikati, declarou nesta terça-feira à agência de notícias AFP que
Israel está realizando "breves incursões" no sul de seu país e
acrescentou que o Líbano está disposto a reforçar as tropas nesta região, caso
ocorra "um cessar-fogo".
Mikati também informou
que seu governo reforçou as medidas de segurança no aeroporto internacional de
Beirute para "eliminar qualquer pretexto" para um ataque israelense.
O exército israelense
acusa o Irã de tentar fornecer armas ao Hezbollah através do aeroporto da
capital libanesa e afirmou que impediria tais tentativas. As autoridades
libanesas negaram as acusações.
<><> Uma
noite violenta
Israel lançou, na
noite desta terça, vários ataques no sul do Líbano e na região do Bekaa (leste
do país), onde um hospital na cidade de Baalbeck ficou fora de operação,
segundo a agência oficial de notícias libanesa ANI.
"Foi uma noite
violenta em Baalbeck, não vivíamos uma [noite] como esta desde a guerra de
2006" entre Israel e Hezbollah, disse Nidal al Solh, de 50 anos.
Além disso, a ONU
pediu a investigação de um bombardeio israelense ocorrido na segunda-feira (14)
no vilarejo cristão de Aito, no norte do Líbano, que deixou 22 mortos,
incluindo 12 mulheres e duas crianças, segundo números da entidade.
No total, os
bombardeios israelenses de segunda-feira no Líbano causaram 41 mortos e 124
feridos, segundo o Ministério da Saúde libanês.
No sul do país, a
força de manutenção da paz da ONU, Unifil, decidiu manter suas posições, apesar
dos disparos do Exército israelense e de um pedido de Netanyahu para evacuar a
área.
O Hezbollah indicou
nesta terça-feira que disparou foguetes contra Haifa e outras regiões do norte
de Israel e relatou combates com soldados "infiltrados" no sul do
Líbano.
¨ Israel planeja criar zona tampão no Líbano e na Síria, segundo
mídia
Israel, que está
conduzindo operações militares em diversas áreas, visa criar uma zona tampão no
Líbano e na Síria, escreveu o jornal turco Hurriyet na quarta-feira (16),
citando suas próprias fontes.
Anteriormente, Moscou
condenou de forma decisiva o recente ataque israelense a Damasco, capital da
Síria, e pede respeito à soberania territorial síria.
"Israel está
fazendo tudo para transferir a guerra do Líbano para a Síria. Está atacando [as
províncias de] Tartus, Hama, Homs, Aleppo, Daraa e até mesmo a capital,
Damasco. Ele invadiu o território sírio com tanques e não vai achar isso
suficiente", escreveu a publicação.
Desde o final da
Guerra dos Seis Dias de 1967, Israel ocupa as Colinas de Golã que faziam parte
da Síria. Em 1981, o governo israelense anexou-as. Por sua vez, a ONU chamou
esta ação de ilegal.
Segundo o artigo,
Israel quer criar uma zona tampão para assumir o controle sobre o território
até o rio Litani, na parte sul do Líbano.
"Israel não vai
ficar satisfeito com a criação de uma zona tampão apenas no Líbano. Alega-se
que Israel também quer criar uma zona tampão na Síria", escreve o jornal.
O Exército israelense
vem conduzindo uma operação terrestre contra as forças do movimento Hezbollah
no sul do Líbano desde 1º de outubro e continua o bombardeio aéreo do país.
Mais de 2,3 mil
pessoas, incluindo líderes do movimento, já foram mortas e mais de um milhão se
tornaram refugiadas.
Apesar das perdas,
inclusive de vários comandantes, o Hezbollah está lutando em terra e segue
disparando foguetes contra o território israelense.
<><>
Leste do Líbano está sob bloqueio devido aos ataques de Israel, diz governador
da região
O vale do Beqaa, no
leste do Líbano, está sob forte bloqueio devido aos ataques israelenses a
comboios humanitários.
É o que disse o
governador da província de Baalbek-Hermel, Bachir Khodr, à Sputnik nesta
terça-feira (15).
"A região de
Beqaa está sofrendo um bloqueio brutal. Isso ficou evidente após o ataque a um
comboio que transportava carga humanitária", disse Khodr.
Israel está
evidentemente tentando prejudicar as entregas de ajuda humanitária à população
da região, acrescentou o governador.
"A maioria dos
negócios em Beqaa está fechada, e muitas pessoas partiram para outras partes do
Líbano ou da Síria devido aos bombardeios. […] Em um dos postos de gasolina, as
pessoas receberam combustível e foram aconselhadas a estocar alimentos e necessidades
básicas em preparação para a temporada de inverno", complementou Khodr.
<><> Oriente
Médio
Desde o início do mês,
Israel realiza uma operação terrestre contra o Hezbollah no sul do Líbano e
continua os bombardeios aéreos do país vizinho, onde mais de 2 mil pessoas
morreram, incluindo vários líderes do movimento.
Além disso, mais de 1
milhão de libaneses se tornaram refugiados. Apesar das perdas, inclusive em sua
cúpula, o Hezbollah continua a luta terrestre e não interrompe os ataques de
foguetes ao território israelense.
A principal meta da
campanha militar israelense é criar condições para o retorno de 60 mil
habitantes do norte de Israel que foram evacuados devido aos ataques de
foguetes há um ano em apoio ao movimento palestino Hamas.
Fonte: BBC
News/Sputnik Brasil/Jornal GGN/AFP
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