quinta-feira, 17 de outubro de 2024

Domo de Ferro falhou? Como ataque do Hezbollah mostra limites de defesa de Israel

Lento, pequeno e relativamente barato de se fabricar — o drone virou uma dor de cabeça para os israelenses ao longo do último ano.

Os ataques do Hezbollah em uma base do Exército próxima a Binyamina no norte de Israel, no domingo (13/10), que mataram quatro homens e feriram algumas dezenas, foi o mais mortal realizado com drones até o momento.

Isso despertou questionamentos sobre se o caríssimo sistema de defesa aérea de Israel está capacitado para lidar com esses ataques.

Em visita à base atacada na segunda-feira (14/10), o ministro de Defesa de Israel, Yoav Gallant, disse que "esforços significativos" estão sendo feitos para se achar soluções que previnam ataques com drones no futuro.

Partes do sistema de defesa aéreo funcionam bem. Aqui no norte de Israel, nós ouvimos barulhos em intervalos regulares, que é o som do Domo de Ferro interceptando foguetes disparados pelo Hezbollah do sul do Líbano. Israel diz que consegue atingir 90% de seus alvos.

Mas o Domo de Ferro funciona porque os foguetes do Hezbollah são simplórios — é possível calcular para onde os foguetes estão indo e interceptá-los.

Interceptar drones é mais complicado. E isso virou um problema recorrente nesta guerra.

Em julho, um drone lançado pelos houthis no Iêmen atingiu Tel Aviv. Neste mês, as Forças de Defesa de Israel disseram que um drone lançado do Iraque matou dois soldados nas Colinas de Golã. Na semana passada, outro drone atingiu uma casa de repouso no centro de Israel.

"A maioria dos drones — se não todos — são fabricados por iranianos e fornecidos a grupos armados no Líbano, Irã e Iêmen", diz Yehoshua Kalisky, pesquisador do Instituto Nacional de Estudos em Segurança de Tel Aviv, à BBC News.

Drones conseguem voar em baixas altitudes, o que dificulta sua detecção. Às vezes eles são confundidos com pássaros.

"Eles também são difíceis de serem interceptados por aeronaves porque voam lentamente", diz Kalisky. "Eles voam a cerca de 200 km/h, comparado com os 900 km/h de um avião a jato."

A imprensa israelense noticiou que no domingo dois drones do Hezbollah — provavelmente do tipo Ziyad 107 — partiram do espaço aéreo libanês acima do Mediterrâneo. Um deles foi interceptado e o outro desapareceu. Teria se presumido que ele caiu, por isso nenhuma sirene de alerta foi disparada. Mas ele conseguiu atingir a cantina de uma base aérea israelense.

Mas Sarit Zehani, pesquisadora do Alma Research Institute, órgão especializado em segurança na fronteira norte, não acredita que os drones conseguiram burlar o sistema apenas com sorte.

"Foi planejado. Eles vêm tentando fazer isso há muito tempo", diz ela.

Zehani vive a 9 quilômetros da fronteira libanesa com o oeste da Galileia, e no domingo ela viu de sua sacada tudo acontecendo. Ela disse que havia foguetes sendo disparados e alertas em toda a zona de fronteira de onde os drones foram disparados, "sobrecarregando" o sistema de defesa aéreo e facilitando com que os drones escapassem.

O Alma Research Institute contou 559 incidentes de drones atravessando a fronteira norte de Israel em missões de ataque ou espionagem desde que a guerra começou, há um ano. Tirando o ataque de domingo em Binyamina, houve 11 mortes em ataques com drones, segundo o instituto.

Além do Domo de Ferro, sistema como o Estilingue de Adão, Arrow 2 e Arrow 3 foram criados para destruir mísseis balísticos. E em breve eles serão auxiliados pelo sistema Terminal High Altitude Area Defence (Thaad), fornecido pelos Estados Unidos, e que será operado por cerca de cem militares americanos.

Soluções mais permanente para interceptar drones estão sendo desenvolvidas.

"Lasers de alta potência estão sendo desenvolvidos, e outra tecnologia é usando canhões de microondas para queimar a eletrônica dos drones", diz Kalisky.

Ela afirma que essas tecnologias devem estar disponíveis no futuro próximo.

¨      EUA indicam a Israel que ajuda militar está em risco

O governo dos Estados Unidos encaminhou uma carta ao governo de Israel exigindo ações para melhora da situação humanitária em Gaza dentro de 30 dias, ou corra o risco de violar leis que regem a assistência militar estrangeira – em um sinal de que a ajuda norte-americana estaria em risco.

Segundo a CNN norte-americana, o documento em questão foi elaborado em conjunto pelo secretário de Estado dos EUA Antony Blinken e pelo secretário de Defesa Lloyd Austin, e encaminhada aos ministros da Defesa, Yoav Gallant, e de Assuntos Estratégicos de Israel, Ron Dermer.

Blinken e Austin escrevem destacando as preocupações dos Estados Unidos sobre a situação de ajuda humanitária em Gaza, e pedem aos israelenses “ações urgentes e sustentadas do seu governo neste mês para reverter essa trajetória”.

As autoridades destacaram que o volume de ajuda entregue a Gaza desde o início deste ano caiu mais de 50%, e a quantidade encaminhada no mês de setembro “foi a menor de qualquer mês durante o ano passado”. O prazo final para tais melhoras cai após 05 de novembro, quando ocorrem as eleições presidenciais nos Estados Unidos.

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Os Estados Unidos seguem enviando assistência militar para Israel, mas a futura ajuda está em risco – uma vez que a carta destacou que os departamentos de Estado e Defesa dos EUA, sob a lei dos EUA, “devem avaliar continuamente” a adesão de Israel às suas garantias feitas no início deste ano de que não restringiria os fluxos de ajuda para o enclave.

Entre as demandas norte-americanas, estão que Israel deve permitir que pelo menos 350 caminhões entrem em Gaza diariamente pelas quatro travessias existentes, além de abrir uma quinta travessia; a realização de pausas humanitárias conforme necessário para a realização de atividades como vacinação e distribuição de ajuda pelo menos nos próximos quatro meses; e exigem que as pessoas localizadas na zona humanitária de Al-Mawasi, dentro de Gaza, se movam para o interior antes do inverno e aumentem a segurança dos comboios e movimentos humanitários.

Enquanto isso, as operações militares do governo de Benjamin Netanyahu aumentaram as operações na região norte de Gaza, e os militares pediram que os civis evacuassem para o sul, que já recebe mais de um milhão de palestinos deslocados.

 

¨      Hezbollah diz que grupo planeja 'infligir dor' a Israel; EUA 'garantem' ao Líbano redução de ataques

O vice-secretário-geral do Hezbollah, Naim Qassem, disse nesta terça-feira (15) que seu grupo adotou "um novo cálculo" para "infligir dor a Israel". Ao mesmo tempo, autoridades norte-americanas garantiram ao Líbano que Tel Aviv reprimiria seus ataques a Beirute e seus subúrbios ao sul.

Qassem afirmou que, como Israel atacou todo o Líbano, o grupo tem o direito de atacar qualquer lugar em território israelense.

"Vamos nos concentrar em atingir o Exército israelense e seus centros e quartéis", disse o vice-secretário-geral, citado pela Reuters.

Ele também afirmou que os moradores do norte de Israel poderão retornar para casa depois que um acordo de cessar-fogo for alcançado por meio de um acordo indireto.

O vice-secretário-geral ameaçou que mais israelenses serão deslocados se a guerra continuar dizendo que "o número de assentamentos desabitados aumentará, e centenas de milhares, até mais de dois milhões, estarão em perigo a qualquer momento, a qualquer hora, em qualquer dia" se não houver cessar-fogo.

"A solução é um cessar-fogo, não estamos falando de uma posição de fraqueza", disse Qassem. "Se os israelenses não quiserem isso, continuaremos", declarou.

Já o primeiro-ministro interino do Líbano, Najib Mikati, disse nesta terça-feira (15) que Washington prometeu que Tel Aviv reprimiria seus ataques em território libanês.

"Durante nossos contatos com as autoridades americanas na semana passada, recebemos uma espécie de garantia para reduzir a escalada nos subúrbios do sul e em Beirute", disse Mikati em uma declaração escrita distribuída por seu gabinete, segundo a mídia.

Ele não forneceu mais detalhes sobre as garantias, mas disse que Washington estava "levando a sério a pressão sobre Israel para chegar a um cessar-fogo". O premiê interino também disse que esforços internacionais ainda estão em andamento para chegar a um cessar-fogo que poria fim às hostilidades entre os militares israelenses e o Hezbollah.

Ataques israelenses mataram pelo menos 2.309 pessoas no Líbano no último ano, principalmente nas últimas semanas, de acordo com o governo libanês. Mais de 1,2 milhão de libaneses foram deslocados.

 

¨      Hezbollah diz que paz com Israel depende de trégua em Gaza; grupo libanês ameaça ataques 'por todo Israel'

O número dois do Hezbollah, Naim Qasem, disse nesta terça-feira (15) aos israelenses que a paz em Israel depende de um cessar-fogo em Gaza. Qasem declarou que, sem uma trégua no genocídio cometido contra palestinos, o grupo continuará a realizar ataques por todo Israel. 

"Uma vez que o inimigo israelense atacou todo o Líbano, temos o direito, a partir de uma posição defensiva, de atacar qualquer lugar" de Israel, "seja o centro, o norte ou o sul", disse Qasem em um discurso transmitido pela rede da formação xiita.

"É um direito legítimo dos palestinos e de todos os que estão com eles, e nem o Líbano, nem a região pode ser separados da Palestina", acrescentou Qassem, referindo-se ao ataque de 7 de outubro do ano passado cometido pelo Hamas. Ele também acusou Israel de alvejar tropas libanesas e capacetes azuis da ONU, a Unifil (Força Interina das Nações Unidas no Líbano).

"Vamos atacar o [exército] inimigo, seus centros de presença e seus quartéis. A solução é um cessar-fogo, e não falaremos em uma posição de fraqueza, [...] a resistência [Hezbollah] não será derrotada porque esta é sua terra", finalizou Qassem.

<><> Ameaças de novos ataques

Ainda nesta terça, o Hezbollah ameaçou realizar ataques em "todo" Israel, enquanto o país do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu intensifica os bombardeios no Líbano.

Após quase um ano de troca de disparos com o Hezbollah na fronteira com o Líbano e após debilitar o Hamas na Faixa de Gaza, o exército israelense iniciou em 23 de setembro uma intensa campanha de bombardeios aéreos contra redutos do grupo xiita e lançou uma ofensiva terrestre no sul do país vizinho uma semana depois.

Israel alega que objetivo é afastar o Hezbollah das regiões fronteiriças entre Líbano e Israel para acabar com o lançamento de foguetes o que permitiria que cerca de 60 mil israelenses deslocados possam retornar para casa.

Até o momento, os bombardeios de Israel mataram mais de 1,5 mil pessoas e deixaram cerca de 4,5 mil feridas. A ONU também relatou quase 700 mil deslocados.

O primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, declarou nesta terça-feira à agência de notícias AFP que Israel está realizando "breves incursões" no sul de seu país e acrescentou que o Líbano está disposto a reforçar as tropas nesta região, caso ocorra "um cessar-fogo".

Mikati também informou que seu governo reforçou as medidas de segurança no aeroporto internacional de Beirute para "eliminar qualquer pretexto" para um ataque israelense.

O exército israelense acusa o Irã de tentar fornecer armas ao Hezbollah através do aeroporto da capital libanesa e afirmou que impediria tais tentativas. As autoridades libanesas negaram as acusações.

<><> Uma noite violenta

Israel lançou, na noite desta terça, vários ataques no sul do Líbano e na região do Bekaa (leste do país), onde um hospital na cidade de Baalbeck ficou fora de operação, segundo a agência oficial de notícias libanesa ANI.

"Foi uma noite violenta em Baalbeck, não vivíamos uma [noite] como esta desde a guerra de 2006" entre Israel e Hezbollah, disse Nidal al Solh, de 50 anos.

Além disso, a ONU pediu a investigação de um bombardeio israelense ocorrido na segunda-feira (14) no vilarejo cristão de Aito, no norte do Líbano, que deixou 22 mortos, incluindo 12 mulheres e duas crianças, segundo números da entidade.

No total, os bombardeios israelenses de segunda-feira no Líbano causaram 41 mortos e 124 feridos, segundo o Ministério da Saúde libanês.

No sul do país, a força de manutenção da paz da ONU, Unifil, decidiu manter suas posições, apesar dos disparos do Exército israelense e de um pedido de Netanyahu para evacuar a área.

O Hezbollah indicou nesta terça-feira que disparou foguetes contra Haifa e outras regiões do norte de Israel e relatou combates com soldados "infiltrados" no sul do Líbano.

¨      Israel planeja criar zona tampão no Líbano e na Síria, segundo mídia

Israel, que está conduzindo operações militares em diversas áreas, visa criar uma zona tampão no Líbano e na Síria, escreveu o jornal turco Hurriyet na quarta-feira (16), citando suas próprias fontes.

Anteriormente, Moscou condenou de forma decisiva o recente ataque israelense a Damasco, capital da Síria, e pede respeito à soberania territorial síria.

"Israel está fazendo tudo para transferir a guerra do Líbano para a Síria. Está atacando [as províncias de] Tartus, Hama, Homs, Aleppo, Daraa e até mesmo a capital, Damasco. Ele invadiu o território sírio com tanques e não vai achar isso suficiente", escreveu a publicação.

Desde o final da Guerra dos Seis Dias de 1967, Israel ocupa as Colinas de Golã que faziam parte da Síria. Em 1981, o governo israelense anexou-as. Por sua vez, a ONU chamou esta ação de ilegal.

Segundo o artigo, Israel quer criar uma zona tampão para assumir o controle sobre o território até o rio Litani, na parte sul do Líbano.

"Israel não vai ficar satisfeito com a criação de uma zona tampão apenas no Líbano. Alega-se que Israel também quer criar uma zona tampão na Síria", escreve o jornal.

O Exército israelense vem conduzindo uma operação terrestre contra as forças do movimento Hezbollah no sul do Líbano desde 1º de outubro e continua o bombardeio aéreo do país.

Mais de 2,3 mil pessoas, incluindo líderes do movimento, já foram mortas e mais de um milhão se tornaram refugiadas.

Apesar das perdas, inclusive de vários comandantes, o Hezbollah está lutando em terra e segue disparando foguetes contra o território israelense.

<><> Leste do Líbano está sob bloqueio devido aos ataques de Israel, diz governador da região

O vale do Beqaa, no leste do Líbano, está sob forte bloqueio devido aos ataques israelenses a comboios humanitários.

É o que disse o governador da província de Baalbek-Hermel, Bachir Khodr, à Sputnik nesta terça-feira (15).

"A região de Beqaa está sofrendo um bloqueio brutal. Isso ficou evidente após o ataque a um comboio que transportava carga humanitária", disse Khodr.

Israel está evidentemente tentando prejudicar as entregas de ajuda humanitária à população da região, acrescentou o governador.

"A maioria dos negócios em Beqaa está fechada, e muitas pessoas partiram para outras partes do Líbano ou da Síria devido aos bombardeios. […] Em um dos postos de gasolina, as pessoas receberam combustível e foram aconselhadas a estocar alimentos e necessidades básicas em preparação para a temporada de inverno", complementou Khodr.

<><> Oriente Médio

Desde o início do mês, Israel realiza uma operação terrestre contra o Hezbollah no sul do Líbano e continua os bombardeios aéreos do país vizinho, onde mais de 2 mil pessoas morreram, incluindo vários líderes do movimento.

Além disso, mais de 1 milhão de libaneses se tornaram refugiados. Apesar das perdas, inclusive em sua cúpula, o Hezbollah continua a luta terrestre e não interrompe os ataques de foguetes ao território israelense.

A principal meta da campanha militar israelense é criar condições para o retorno de 60 mil habitantes do norte de Israel que foram evacuados devido aos ataques de foguetes há um ano em apoio ao movimento palestino Hamas.

 

Fonte: BBC News/Sputnik Brasil/Jornal GGN/AFP

 

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