Governo britânico estuda distribuir remédio
contra obesidade para estimular volta ao trabalho
Propostas para
oferecer remédios injetáveis para perda de peso a pessoas desempregadas que
vivem com obesidade podem ser "muito importantes" para a economia e a
saúde, afirmou o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, à BBC.
Starmer, que se tornou
primeiro-ministro do Reino Unido em julho de 2024, reconheceu que o NHS precisa
de mais recursos financeiros e que o governo também precisa "pensar de
forma diferente" para aliviar a pressão sobre o sistema de saúde.
As declarações foram
feitas após o secretário de Saúde britânico, Wes Streeting, sugerir que as
injeções poderiam ser usadas para ajudar as pessoas a voltarem ao mercado de
trabalho.
Algumas dessas
injeções já são prescritas pelo NHS para o tratamento de obesidade e também
para pessoas com diabetes.
O primeiro-ministro
disse à BBC que as injeções seriam "muito úteis" para pessoas que
querem e precisam perder peso.
"O medicamento é
muito importante para o nosso NHS porque, sim, precisamos de mais dinheiro para
o NHS, mas também precisamos pensar de forma diferente."
Streeting sugeriu que
esses medicamentos poderiam ser "transformadores" para os indivíduos.
Em um artigo para o Telegraph, o secretário de Saúde escreveu: "aumento da
circunferência abdominal também está colocando uma carga significativa em nosso
sistema de saúde."
"Os benefícios a
longo prazo desses medicamentos podem ser monumentais em nossa abordagem para
combater a obesidade."
Segundo Streeting,
doenças relacionadas à obesidade custam ao NHS 11 bilhões de libras (mais de R$
80 bilhões) por ano.
As declarações foram
feitas após o governo anunciar um investimento de £279 milhões (R$ 2 bi) pela
Lilly, a maior empresa farmacêutica do mundo, durante um encontro internacional
de investimentos promovido por Keir Stamer.
Os planos anunciados
no evento incluem testes reais sobre o impacto das injeções para perda de peso
na redução do desemprego, conforme relatou a publicação britânica Telegraph.
Um estudo de cinco
anos realizado pela Health Innovation Manchester e pela Lilly examinará se o
uso do medicamento Mounjaro reduzirá o desemprego e o impacto no uso dos
serviços do NHS, e será realizado na Grande Manchester.
Autoridades do NHS
sugeriram que a distribuição do medicamento em toda a Inglaterra precisará ser
feita de forma escalonada devido à alta demanda prevista.
Quase 250 mil pessoas
deverão receber a injeção de Mounjaro nos próximos três anos, disseram os
oficiais.
O secretário de Saúde
acrescentou que as injeções para perda de peso também poderiam beneficiar a
economia, reduzindo o número de dias de licença médica causados pela obesidade.
"As doenças
relacionadas à obesidade fazem com que as pessoas tirem, em média, quatro dias
a mais de licença médica por ano, enquanto muitos são forçados a abandonar o
trabalho completamente", afirmou.
No entanto, as pessoas
ainda precisarão assumir a responsabilidade de "levar a vida saudável mais
a sério", já que "não se pode esperar que o NHS sempre cubra os
custos de estilos de vida pouco saudáveis".
"Como país,
estamos comendo mais, comendo de forma menos saudável e nos exercitando menos.
Os custos para o indivíduo são claros – uma vida menos saudável e mais
curta."
Alguns medicamentos
para perda de peso já são prescritos pelo NHS.
O medicamento que
suprime o apetite é vendido sob os nomes Wegovy – usado para tratar a obesidade
– e Ozempic, para diabetes.
Ele vem em forma de
injeção e imita o hormônio GLP-1, fazendo com que as pessoas se sintam mais
saciadas e menos famintas.
Especialistas já
alertaram no passado que o medicamento não é uma solução rápida ou um
substituto para uma alimentação saudável e exercícios, e deve ser oferecido
apenas sob supervisão médica.
Amanda Pritchard, CEO
do NHS, afirmou que esses medicamentos serão uma "revolução" para a
saúde pública e poderão reduzir o risco de diabetes, ataques cardíacos e
derrames.
David A. Ricks,
presidente e CEO da Lilly, disse: "Agradecemos a oportunidade de fazer
parceria com o governo do Reino Unido para combater e prevenir doenças, além de
acelerar a inovação para aprimorar os modelos de prestação de cuidados."
Fonte: BBC News
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