quarta-feira, 16 de outubro de 2024

Como o uso das redes sociais pode afetar o cérebro

As redes sociais estão longe de ser uma moda passageira e é importante conhecer quais impactos que o seu uso diário pode ter na saúde. Algumas investigações científicas, por exemplo, já identificam o que o excesso de redes sociais pode causar ao cérebro.

Em um estudo de longo prazo sobre o desenvolvimento neural de adolescentes e o uso de tecnologia, pesquisadores da Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, relatam que a checagem habitual das mídias sociais está ligada a mudanças no cérebro dos jovens e como eles respondem ao mundo ao seu redor.

A publicação de janeiro de 2023 – disponível na revista científica especializada em saúde JAMA Pediatrics – sugere que crianças e adolescentes que crescem checando as mídias sociais a todo momento estão ficando com cérebros hipersensíveis a repostas sociais.

•        Como as redes sociais podem afetar o cérebro

Segundo o estudo, as plataformas de redes sociais fornecem um fluxo constante e imprevisível de feedback social na forma de curtidas, comentários, notificações e mensagens, e isso influencia em como os jovens reagem às situações sociais na vida real.

Os resultados da pesquisa, que acompanhou 169 jovens de 13 a 17 anos ao longo de três anos, indicou que os cérebros dos adolescentes que verificavam as redes sociais com frequência (mais de 15 vezes por dia) tornaram-se mais sensíveis neurologicamente à recompensas e punições sociais.

•        Uso excessivo de redes sociais pode alterar a anatomia do cérebro

Já um estudo de pesquisadores ligados à Universidade da Califórnia do Sul, também nos Estados Unidos, identificou mudanças anatômicas no cérebro relacionadas ao vício em redes sociais.

A pesquisa, que examinou vinte usuários de redes sociais com diferentes níveis de dependência, identificou alterações nos volumes de massa cinzenta, ou seja, na morfologia cerebral, de regiões específicas do cérebro que estão associadas ao vício.

Em conclusão, o estudo mostrou que o uso abusivo de redes sociais causa alterações anatômicas no cérebro similares às relacionadas a outros vícios, como em substâncias e jogos de azar.

 

•        Quais nutrientes o cérebro precisa para ser saudável?

O cérebro representa apenas 2% do peso do corpo, mas é responsável por entre 15% e 20% do metabolismo total, explica Sol Vilaro, nutricionista e professora da Universidade de Favaloro e diretora da área de nutrição do Instituto de Neurologia Cognitiva, na Argentina. "Isso significa que seus neurônios têm uma taxa metabólica muito alta", diz Vilaro em entrevista à reportagem. "Eles trabalham muito, por isso é importante que eles obtenham os nutrientes, oxigênio e água de que precisam para funcionar corretamente."

<><> Há uma dieta especial para o cérebro?

Há muitos mitos em torno do cérebro e como a alimentação pode beneficiá-lo, mas, para a especialista em neurologia Estela López-Hernández, os alimentos devem ser tão naturais quanto possível. "Se comemos saudavelmente, damos ao corpo, e portanto ao cérebro, os substratos de que ele necessita para desempenhar suas funções", diz ela em entrevista à reportagem.

Em seu artigo Neuronutrição: repercussões dos excessos e deficiências nutricionais, López-Hernández afirma: "Nenhum alimento por si só é a chave para uma boa saúde cerebral (responsável pelas funções cognitivas, sensoriais e motoras). O que é necessário é uma boa combinação de nutrientes, que é alcançada através de uma dieta saudável, nutritiva e variada.”

<><> De que nutrientes o cérebro precisa para um bom desenvolvimento?

Sol Vilaro enfatiza que é necessário incorporar antioxidantes para proteger as células contra danos oxidativos. Eles são encontrados naturalmente principalmente em frutas e vegetais frescos.

Dois exemplos são a vitamina E, presente em óleos vegetais, e a vitamina C, encontrada em frutas cítricas, kiwi e pimenta vermelha. Os polifenóis e fitoquímicos também são antioxidantes e são encontrados em alimentos à base de plantas.

O complexo B de vitaminas também é importante. De acordo com Andrés Barboza, neurologista presidente da Sociedade Neurológica Argentina, as vitaminas mais relacionados ao sistema nervoso dentro desse complexo são as B1, B6 e B12. Elas podem ser encontrados em carne bovina, suína ou pescado (bem como nos miúdos animais), pão integral, leite e derivados, leguminosas, ovos ou ervilhas.

Segundo Barboza, a B12 tem a particularidade de só ser encontrada em alimentos de origem animal, como carne, leite e queijo. Portanto, as pessoas que escolhem uma dieta vegetariana ou vegana devem suplementar a deficiência dessa vitamina sob supervisão médica.

As vitaminas B9 e B12 estão envolvidas na reprodução celular, formando parte do DNA e do RNA. Elas também ajudam a controlar os níveis de homocisteína no sangue, um aminoácido que é considerado um fator de risco vascular quando encontrado em níveis aumentados.

Sol Vilaro enfatiza que ácidos graxos como o ômega 3 e ômega 6 têm uma função particular no cérebro. Especificamente, o DHA (ácido docosahexaenóico), um ácido graxo do tipo ômega-3, forma parte das membranas neuronais, e um dos possíveis benefícios de seu consumo seria a fluidez das membranas. Em outras palavras, ele permite que a conexão entre os neurônios seja mais eficiente.

O DHA está presente principalmente em peixes de água fria, como salmão, arenque, cavala e atum.

Vilaro também chama a atenção para a importância do ferro. Ele faz parte da hemoglobina, que é responsável pelo transporte de oxigênio através do sangue e, portanto, deve estar em níveis normais. O ferro está presente na carne vermelha, legumes e folhas.

<><> Quais alimentos podem prejudicar o cérebro

Por outro lado, Barboza recomenda "evitar alimentos ultraprocessados, açúcares refinados e reduzir a quantidade de farinha".

Vilaro acrescenta que "uma dieta na qual predominam farinhas refinadas, açúcares, gorduras trans e gorduras saturadas, e onde há consumo insuficiente de fibras de frutas e vegetais, tende a ter alterações cerebrais a longo prazo, porque esses padrões alimentares são mais propensos a levar a diabetes, hipertensão e outros fatores de risco cardiovascular e cerebrovascular".

López-Hernández salienta a necessidade de eliminar o consumo de "lixo alimentar" (tais como alimentos processados, embutidos ou enlatados). Ela também insiste que é importante comer uma variedade de produtos naturais. Nunca é tarde demais para começar a comer de forma saudável, mas também é importante ter um padrão de vida com outros hábitos benéficos – como atividades físicas e bom descanso.

 

•        Por que a vitamina B é a chave para se ter um cérebro saudável?

As vitaminas B são um grupo de oito compostos que desempenham funções essenciais intimamente relacionadas entre si com o funcionamento celular “e são absolutamente essenciais para todos os aspectos da função cerebral”, revela o artigo B Vitamins and the Brain: Mechanisms, Dose and Efficacy – A Review, publicado em 2016 pela revista Nutrients.

Os efeitos coletivos das vitaminas B são frequentes em vários aspectos realizados pelo cerébro, incluindo a produção de energia e a síntese e reparo de DNA e RNA, explica o documento.

<><> Como se compõe o grupo de vitaminas B

Como o artigo apresenta, o grupo de vitaminas B inclui: tiamina (B1), riboflavina (B2), niacina (B3), ácido pantotênico (B5), piridoxina (B6), ácido fólico (B9) e cobalamina (B12).

<><> Como o déficit de vitamina B impacta o cérebro

De acordo com o artigo, "a importância de todas as vitaminas B para a função cerebral é ilustrada pelos sintomas neurológicos e psiquiátricos comumente associados à deficiência de qualquer uma dessas oito vitaminas".

Para ilustrar, a tese contém uma tabela que alerta sobre alguns sintomas específicos de deficiência do cérebro. No caso da tiamina são: irritabilidade, transtornos emocionais, confusão, distúrbios do sono, perda de memória, síndrome de Wernicke-Korsakoff (neurodegeneração, no tálamo medial e cerebelo), amnésia, apatia e confabulação.

Já os sintomas da deficiência de riboflavina são: fraqueza, ardência ou coceira nos olhos, dermatite e anemia. Os efeitos no cérebro, por sua vez, incluem fadiga, mudança de personalidade e disfunção cerebral, de acordo com o artigo.

A falta de niacina pode gerar sintomas como depressão, ansiedade, vertigem, perda de memória ou paranoia. Encefalopatia e alterações comportamentais são vistas ainda como efeitos da deficiência de ácido pantotênico no organismo.

Segundo o artigo, a deficiência de vitamina B6 provoca alguns sintomas como anemia, irritabilidade, estado de alerta alterado, depressão, deterioração cognitiva, demência ou convulsões. No caso da escassez de biotina, depressão, letargia, alucinações e convulsões são alguns dos efeitos que podem ser vistos.

Por fim, o documento aponta que a ausência de vitaminas B9 e B12 pode causar "distúrbios afetivos, alterações comportamentais, psicose, comprometimento ou declínio cognitivo e demência (incluindo doença de Alzheimer e demência vascular)".

<><> Em quais alimentos se encontram as vitaminas do complexo B

O artigo publicado pela Nutrients também detalha em quais alimentos as vitaminas podem ser encontradas. A tiamina está presente em "cereais (especialmente grãos integrais), arroz integral, vegetais verdes, batatas, massas, fígado, carne de porco e ovos".

A riboflavina é vista em laticínios, vegetais folhosos, legumes, fígado, rim, fermento e cogumelos. Já a niacina está presente em carnes, peixes, grãos integrais, legumes, champignon e frutos secos (como nozes).

Ácido pantotênico compõe itens como carnes, grãos integrais e brócolis. A vitamina B6 encontra-se em carne, peixe, legumes, frutos secos, bananas e batatas.

A biotina está em ovos, fígado, carne de porco e verduras folhosos; a B9 em hortaliças folhosas, legumes e frutas cítricas; enquanto que a B12 é encontrada em carne, peixe e outros produtos animais.

 

Fonte: National Geographic Brasil

 

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