quarta-feira, 16 de outubro de 2024

Escalada provocada pelos EUA entre as Coreias é estratégia 'para presença na península', diz analista

A mais recente troca de retórica belicosa entre Pyongyang e Seul é o resultado de "outra provocação apoiada pelos EUA voltada para aumentar as tensões na península coreana", disse o analista geopolítico e ex-fuzileiro naval dos EUA Brian Berletic à Sputnik.

Na mais recente escalada de tensões na península coreana, a República Popular Democrática da Coreia (RPDC) colocou unidades de artilharia ao longo da fronteira em alerta máximo após acusar a Coreia do Sul de lançar drones sobre Pyongyang para disseminar panfletos anti-Norte, chamando o evento de provocação militar e violação de sua soberania.

Segundo Brian Berletic, a escalada é também um estratagema para manter "uma justificativa para a presença militar de longa data dos EUA na península não apenas para ameaçar continuamente a paz na região, mas também para permitir que os militares dos EUA continuem ameaçando a vizinha China", disse ele.

A Coreia do Norte colocou seu Exército "em prontidão para abrir fogo" depois que drones sul-coreanos sobrevoaram sua capital, levando o diretor de Segurança Nacional da Coreia do Sul, Shin Won-sik, a avisar que seria "suicídio" para a Coreia do Norte "começar uma guerra".

"Os drones supostamente lançando propaganda sobre a capital da Coreia do Norte são uma continuação de um projeto financiado pelo Departamento de Estado dos EUA chamado 'pen drives pela liberdade', conduzido pela Human Rights Foundation, sediada em Nova York. No início deste ano, o próprio Departamento de Estado dos EUA expressou apoio aos esforços para espalhar propaganda fisicamente usando balões sobre o território norte-coreano. O uso de drones que têm alcances maiores e podem entregar propaganda com mais precisão seria o próximo passo lógico nessa campanha de subversão apoiada pelo governo dos EUA", disse Berletic.

As tensões crescentes demonstram "como os EUA estão conduzindo algumas das tensões mais perigosas e conflitos potenciais na Terra — não apenas na Ucrânia e em todo o Oriente Médio, mas também no Leste Asiático, incluindo na península coreana", argumentou.

O analista lembrou a reação histérica de Washington ao "balão meteorológico chinês benigno" que sobrevoou os EUA em fevereiro de 2023, quando caças foram enviados para derrubá-lo e a retórica de confronto foi direcionada a Pequim "para justificar uma política mais agressiva em relação à China".

"Com isso em mente, a reação da Coreia do Norte parece se encaixar nas 'normas' que os próprios EUA estabeleceram", enfatizou o ex-fuzileiro.

Pyongyang, apesar de sua retórica, merece elogios por exibir "contenção infinita em resposta a provocações em série dos EUA, incluindo sedição patrocinada pelo Estado norte-americano com o objetivo de desestabilizar e derrubar o governo norte-coreano", disse o analista.

"É provável que a Coreia do Norte mantenha esse padrão de protestar em voz alta enquanto demonstra contenção militar e, esperançosamente, aumenta a segurança para lidar com a violação contínua de seu espaço aéreo encorajada por Washington", concluiu Berletic.

<><> Pyongyang explode estradas que conectam as duas Coreias, Seul reage com disparos

A Coreia do Norte destruiu algumas seções de duas rodovias entre as duas Coreias em seu lado da fronteira, informa a agência de notícias sul-coreana Yonhap, citando seus militares.

Anteriormente, foi relatado que o Estado-Maior do Exército norte-coreano disse que a Coreia do Norte trabalharia para bloquear e cortar todas as estradas e ferrovias que conectam seu território ao seu "principal inimigo", a Coreia do Sul, a partir de 9 de outubro, e reforçaria as defesas, tendo notificado as tropas dos EUA para evitar confrontos.

"Os militares norte-coreanos realizaram detonações, supostamente com o objetivo de cortar as estradas de Gyeongui e Donghae, por volta do meio-dia, e estão realizando atividades adicionais usando equipamentos pesados", relatou o Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul aos repórteres.

Os militares sul-coreanos responderam às explosões com disparos, sem vítimas, segundo relatado.

"Nossos militares não sofreram nenhum dano nesse sentido. Nosso Exército disparou tiros em resposta na área ao sul da linha de demarcação militar."

O Exército sul-coreano intensificou a vigilância e a preparação, informou o ministério.

Por sua vez, a Agência Central de Notícias da Coreia do Norte (KCNA, na sigla em inglês) informou que em 14 de outubro o líder norte-coreano Kim Jong-un convocou uma reunião consultiva sobre a defesa e segurança nacional.

"[Kim Jong-un] estabeleceu a direção da ação militar imediata e indicou tarefas importantes a serem cumpridas na operação de dissuasão de guerra e no exercício do direito de autodefesa para salvaguardar a soberania, a segurança e os interesses nacionais", informa a agência.

O Ministério das Relações Exteriores da Coreia do Norte disse na sexta-feira (11) que a Coreia do Sul lançou drones sobre Pyongyang três vezes desde a semana passada, nos dias 3, 9 e 10 de outubro, para distribuir panfletos propagandistas.

A chancelaria chamou a ação de provocação militar e violação de sua soberania.

Os militares sul-coreanos rejeitaram a acusação de enviar drones, dizendo que nada disso havia acontecido.

Em 13 de setembro, o Estado-Maior do Exército Popular da Coreia do Norte colocou as unidades de artilharia da fronteira em alerta máximo.

¨      Putin envia tratado de parceria estratégica com Coreia do Norte ao Parlamento para ratificação

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, submeteu nesta segunda-feira (14) à Duma de Estado (câmara baixa do Parlamento russo) um projeto de lei para ratificar o Tratado de Parceria Estratégica Abrangente, entre a Rússia e a Coreia do Norte.

O tratado foi assinado na cidade de Pyongyang em 19 de junho de 2024, por Putin e pelo líder norte-coreano, Kim Jong-un. O tratado inclui um compromisso de ambos os países de fornecer assistência militar mútua e outras formas de ajuda caso um deles seja atacado.

O presidente russo também denunciou o "regime de restrições indefinidas" imposto à Coreia do Norte pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU), que inclui um embargo de armas, como sendo "orquestrado pelos EUA" e pediu sua revisão.

Putin falou em algumas ocasiões sobre a necessidade de criar um novo sistema de segurança na Eurásia e reduzir gradualmente a presença militar de potências externas na região, acrescentou.

A cooperação entre Moscou e Pyongyang é realizada estritamente dentro do marco do direito internacional e foi projetada para desempenhar um papel estabilizador no Nordeste Asiático, destacou anteriormente a representante oficial do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova.

¨      Rússia considera ataques com drones contra a Coreia do Norte uma violação da soberania

A Rússia considera os ataques com drones sul-coreanos à Coreia do Norte uma violação da soberania do país, declarou nesta segunda-feira (14) a representante oficial do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova. A relação entre as duas nações está em período crítico.

"Essas ações por parte de Seul não podem ser consideradas de outra forma senão como uma grosseira usurpação da soberania da Coreia do Norte, bem como uma interferência nos assuntos internos, com o objetivo de destruir a ordem estatal e política legítima do Estado independente e privá-lo do direito ao desenvolvimento independente", destacou.

Segundo a representante oficial, as autoridades sul-coreanas deveriam levar a sério os avisos de Pyongyang e evitar agravar ainda mais a situação na península em meio a uma imprudente campanha de provocação, que alimenta uma maior escalada de tensões carregadas de incidentes armados reais.

Além disso, enfatizou que Seul deveria perceber que promover o "conceito de tomada do poder" por meio da imposição de valores e da expansão de certas "liberdades" representa uma ameaça à segurança, principalmente para seus próprios cidadãos.

"Só é possível garantir a paz e a estabilidade a longo prazo na sub-região por meios políticos e diplomáticos baseados no princípio da segurança indivisível. Não há caminho alternativo, a menos que a agressão militar seja o verdadeiro objetivo da Coreia do Sul e de seu principal aliado: os Estados Unidos", apontou.

Zakharova acrescentou ainda que "a Rússia continuará a desempenhar um papel construtivo na península coreana, a fim de prevenir eventos perigosos e devolver a situação a uma direção positiva, inclusive com base no Tratado de Associação Estratégica Global com a Coreia do Norte".

Anteriormente, a Coreia do Norte denunciou a entrada de drones sul-coreanos em seu território, em um período em que as relações entre as duas Coreias estão em crise. Desde o final de maio, a Coreia do Norte lançou milhares de balões com detritos em direção ao território vizinho, em protesto contra o envio de propaganda da Coreia do Sul.

Em junho, Seul suspendeu o acordo militar com Pyongyang para reduzir as tensões na península coreana. Enquanto isso, a Coreia do Norte havia abandonado o acordo em novembro de 2023.

¨      Coreia do Norte está trabalhando com tropas camufladas para explodir estradas com Sul, diz Seul

Tropas norte-coreanas estavam trabalhando camufladas nas estradas do seu lado da fronteira, perto das costas oeste e leste, o que provavelmente é um preparativo para explodir as estradas, possivelmente já nesta segunda-feira (14), disse Lee Sung-jun, porta-voz do Estado-Maior Conjunto sul-coreano.

A Coreia do Norte está se preparando para explodir estradas que cruzam a fronteira fortemente militarizada com a Coreia do Sul, disse Seul, em meio a uma crescente guerra de palavras depois que o Norte acusou seu rival de enviar drones sobre sua capital, Pyongyang.

Na semana passada, o Exército norte-coreano disse que cortaria completamente as estradas e ferrovias conectadas ao Sul e fortificaria as áreas do seu lado da fronteira, informou a mídia estatal KCNA.

A ação ganhou impulso depois que, supostamente na sexta-feira (11), Seul enviou drones para espalhar um "grande número" de panfletos anti-Norte sobre Pyongyang, no que foi classificado por Kim Yon-jong, irmã do presdiente Kim Jong-um, como provocação política e militar, que qual poderia a um conflito armado.

Em um primeiro momento, os militares sul-coreanos disseram que não podiam confirmar a informação. Mas Lee Sung-jun, hoje (14), se recusou a responder perguntas sobre se os drones eram pilotados por militares ou civis sul-coreanos, segundo a Reuters.

A Coreia do Sul tem buscado reforçar suas defesas antidrone desde 2022, disse Lee, quando cinco drones norte-coreanos entraram em seu espaço aéreo e sobrevoaram a capital Seul por várias horas.

No domingo (13), o Ministério da Defesa da Coreia do Norte disse que os drones, que segundo ele foram detectados sobre Pyongyang três dias no início deste mês, eram do tipo que exigia um lançador especial ou uma pista e era impossível que um grupo civil pudesse lançá-los.

¨      Países do BRICS participarão de exercício de pesquisa ligado a emergências na zona ártica da Rússia

Observadores dos países do BRICS, incluindo equipes de resgate dos Emirados Árabes Unidos (EAU), foram convidados a participar dos exercícios de pesquisa experimental Safe Arctic 2025.

A atividade acontece no âmbito do desenvolvimento de relações na área de resposta a emergências, disse à Sputnik o diretor do Departamento de Política de Informação do Ministério Russo de Situações de Emergência, Roman Okhotenko.

"Todos os Estados do BRICS receberam um convite para o exercício de resposta de emergência Safe Arctic 2025. Ele começará em janeiro na [cidade russa de] Arkhangelsk e será conduzido em dez regiões da Rússia. Como parte deste exercício, expedições estão planejadas no distrito autônomo de Chukotka", disse Okhotenko.

Os exercícios de pesquisa experimental Safe Arctic 2025 estão programados para 29 a 31 de janeiro de 2025. A agenda inclui treinamento prático, conferência científica, expedição de pesquisa e atividades em instituições educacionais.

O Ministério de Emergências da Rússia se esforçará para manter um alto nível de interação com os departamentos de emergência de outros Estados do BRICS, dando atenção especial a eventos práticos, como exercícios e treinamento na coordenação de ações dos centros de comando durante emergências, acrescentou a autoridade.

Ao mesmo tempo, Okhotenko informou que os membros do grupo também estão convidados para os exercícios organizados pelo ministério em Noginsk, região de Moscou, programados para maio de 2025, enquanto a delegação russa será esperada na Cúpula Mundial de Gestão de Crises e Emergências de 2025 em Abu Dhabi.

Em 2025, Moscou planeja se concentrar no desenvolvimento de sistemas de monitoramento de desastres naturais, sistemas de alerta de desastres naturais, uso de inteligência artificial e criação de destacamentos de resgate que atendam aos padrões do Grupo Consultivo Internacional de Busca e Resgate (INSARAG, na sigla em inglês), acrescentando que a Rússia já tem três destacamentos desse tipo.

¨      Biden pede para livrar o mundo das armas nucleares, sem citar reforço da tríade nuclear dos EUA

O presidente dos EUA, Joe Biden, afirmou em uma declaração que o mundo precisava se esforçar para a eliminação completa do arsenal nuclear, mantendo silêncio sobre os gastos significativos de seu governo no desenvolvimento e fortalecimento de sua própria tríade nuclear.

"Devemos continuar progredindo em direção ao dia em que poderemos finalmente e para sempre livrar o mundo das armas nucleares. Os Estados Unidos estão prontos para se envolver em negociações com a Rússia, China e Coreia do Norte sem pré-condições para reduzir a ameaça nuclear", disse o líder dos EUA em uma declaração.

Biden enfatizou que não havia benefício para esses países ou para o mundo como um todo "em impedir o progresso na redução dos arsenais nucleares". A declaração de Biden foi publicada em conexão com a concessão do Prêmio Nobel da Paz à organização japonesa de sobreviventes dos bombardeios de Hiroshima e Nagasaki, Nihon Hidankyo.

No entanto, em suas congratulações, o chefe da Casa Branca também ignorou completamente o fato de que foram os Estados Unidos os responsáveis pelos bombardeios nucleares das cidades japonesas.

No ano fiscal de 2025, que começou nos Estados Unidos em 1º de outubro deste ano, está planejado gastar mais de US$ 49 bilhões (cerca de R$ 276,4 bilhões) do orçamento federal no desenvolvimento de forças de dissuasão estratégicas. Além disso, de acordo com cálculos do Escritório de Orçamento do Congresso dos EUA, os gastos com forças nucleares dos EUA no período de 2023 a 2032 estão estimados em US$ 756 bilhões (aproximadamente R$ 4,2 trilhões).

A atual administração dos EUA, liderada pelo presidente Joe Biden e pela vice-presidente e agora candidata presidencial Kamala Harris, declarou repetida e publicamente seu desejo de estender o Tratado de Redução de Armas Estratégicas Rússia-EUA (Novo START), que expira formalmente em fevereiro de 2026.

No final de setembro, à margem da Assembleia Geral da ONU (AGNU) em Nova York, o coordenador de comunicações estratégicas do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, disse à Sputnik que os EUA estavam prontos para retomar o diálogo com a Rússia sobre um novo tratado e aguardavam uma decisão do presidente russo Vladimir Putin.

Essa diplomacia pública ocorre simultaneamente com a ajuda militar contínua a Kiev e o desejo de infligir uma derrota estratégica à Federação da Rússia, como alegam as autoridades dos EUA. Além disso, os EUA continuam a fortalecer sua presença militar na Europa, fornecendo mísseis de longo alcance para a região, que estão sendo transferidos para as Forças Armadas ucranianas, e também pretendem implantar novos sistemas de longo alcance, incluindo armas supersônicas, na Alemanha.

O Ministério das Relações Exteriores da Rússia declarou diretamente que Moscou não estava pronta para retomar as negociações sobre o Novo Tratado START sem mudanças na linha hostil antirrussa dos Estados Unidos. Em outubro, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, declarou que as negociações sobre estabilidade estratégica devem ser construídas com uma compreensão das condições alteradas. Ele também destacou que era praticamente impossível discutir armas ofensivas estratégicas sem levar em conta a infraestrutura nuclear militar na Europa, sem incluir os Estados europeus no processo de negociação e sem tocar em outros elementos de segurança estratégica.

<><> Israel sofre de escassez de mísseis de defesa antiaérea, diz mídia

Em um cenário de escassez iminente de mísseis antiaéreos de Israel, Washington está se aproximando de um momento em que não vai poder ajudar simultaneamente a Ucrânia e Israel com a mesma força, segundo o jornal Financial Times.

O Exército israelense está enfrentando uma falta de mísseis interceptadores enquanto tenta reforçar seu sistema de defesa aérea para se proteger de possíveis ataques do Irã, cita o artigo suas fontes entre oficiais e analistas.

A ex-funcionária sênior da Defesa dos EUA responsável pelo Oriente Médio, Dana Stroul, reconheceu que "a questão das munições de Israel é séria", acrescentando que os estoques norte-americanos têm limites.

"Se o Irã responder a um ataque de Israel [com uma campanha maciça de ataques aéreos] e o Hezbollah também se juntar, as defesas aéreas de Israel vão ficar sobrecarregadas. Os EUA não conseguem continuar abastecendo a Ucrânia e Israel no mesmo ritmo. Estamos chegando a um ponto crítico", disse ela.

Boaz Levy, executivo-chefe da companhia estatal Indústrias Aeroespaciais de Israel, afirmou que a fábrica opera em três turnos e algumas linhas 24 horas por dia para atingir os volumes de produção necessários.

Contudo, o Hezbollah não revela sua capacidade plena de lançar foguetes contra Israel, usando apenas um décimo da capacidade estimada antes da guerra com "centenas de foguetes por dia, em vez de até 2.000", acredita o ex-general de brigada israelense e chefe de estratégia das Forças de Defesa de Israel, Assaf Orion.

Em 1º de outubro, o Irã lançou uma enorme quantidade de foguetes contra Israel, chamando-o de um ato de autodefesa.

O Exército israelense disse que cerca de 180 mísseis balísticos foram disparados.

De acordo com Israel, não houve vítimas entre os cidadãos israelenses. A mídia noticiou a morte, presumivelmente, de um palestino da Faixa de Gaza na Cisjordânia.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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