terça-feira, 22 de outubro de 2024

Cérebro humano pode reter 10 vezes mais informações do que imaginado

Uma equipe de cientistas da Universidade da Califórnia, San Diego, em parceria com o Instituto Salk, desenvolveu uma técnica extremamente precisa para medir a força das sinapses no cérebro de ratos. As sinapses são os pontos de conexão onde as células nervosas se comunicam entre si e armazenam informações, desempenhando um papel vital nos processos de aprendizado e memória.

Ao investigar como essas redes neuronais se tornam mais fortes ou mais fracas, os pesquisadores buscam determinar com exatidão a capacidade de armazenamento de informações nessas estruturas. No cérebro humano, há mais de 100 trilhões de sinapses, que são responsáveis por transmitir informações através de mensageiros químicos.

Conforme aprendemos algo novo, certas sinapses se fortalecem, o que nos permite armazenar novos conhecimentos, uma característica conhecida como plasticidade sináptica, que é fundamental para a nossa capacidade de adaptação e aprendizagem.

No passado, acreditava-se que as sinapses no cérebro humano possuíam tamanhos e forças bastante limitadas. Contudo, estudos recentes apontam uma realidade diferente. Essas pesquisas revelaram que as sinapses, antes vistas como estruturas com poucas variações possíveis, são, na verdade, muito mais complexas do que se imaginava.

Essa descoberta sugere que a capacidade do cérebro humano de armazenar informações pode ser quase dez vezes superior às estimativas anteriores, abrindo novas perspectivas sobre o potencial de memória e processamento do cérebro. Os resultados da pesquisa foram publicados na revista Neural Computation.

<><> O cérebro humano pode armazenar um petabyte de dados

É possível comparar o armazenamento de memória do cérebro humano ao dos computadores, medindo-o em “bits”. A quantidade de bits que o cérebro pode armazenar está ligada ao número e à intensidade de suas sinapses.

Contudo, é essencial lembrar que o cérebro funciona de maneira analógica. Isso significa que ele processa informações continuamente e de forma simultânea, diferente de um computador, que trabalha em intervalos discretos.

Por isso, o conceito de “bit” não representa exatamente como o cérebro guarda dados, mas serve como uma forma simplificada de estimar esse processo.

Desse modo, quando os neurônios se comunicam, fazem isso com diferentes níveis de intensidade. Alguns enviam sinais de forma mais sutil, como se estivessem sussurrando, enquanto outros emitem sinais mais fortes, quase como gritos. A força dessa comunicação, ou a intensidade sináptica, está sempre mudando, tanto no curto quanto no longo prazo.

Com o passar dos anos, e com o surgimento de doenças neurológicas como o Alzheimer, as sinapses podem perder força, levando à redução das capacidades cognitivas. Isso torna os estudos sobre o cérebro ainda mais valiosos, pois eles podem levar à criação de tratamentos inovadores para prevenir ou curar doenças neurodegenerativas, que impactam milhões de pessoas no mundo.

<><> Teoria da Informação

Os pesquisadores estudaram pares de sinapses localizadas no hipocampo de ratos, uma área do cérebro que está fortemente ligada ao aprendizado e à memória. Utilizando uma abordagem baseada na teoria da informação, eles conseguem quantificar a quantidade de dados que essas sinapses podem armazenar e transmitir.

Eles observaram que esses pares de sinapses responderiam de maneira semelhante aos mesmos sinais diretos, ajustando sua força de comunicação. Uma análise revelou que essas sinapses eram capazes de armazenar entre 4,1 e 4,6 bits de informação, um número muito superior ao estimado anteriormente, quando se acreditava que cada sinapse poderia armazenar apenas um bit.

Isso sugere que o cérebro humano pode conter até dez vezes mais informações do que foi planejado, alcançando aproximadamente um petabyte de capacidade — o equivalente a cerca de 500 bilhões de DVDs ou a todos os filmes em alta definição já produzidos.

Embora o estudo tenha focado em uma região específica do cérebro de ratos, pesquisas futuras podem investigar como a capacidade de armazenamento varia entre diferentes áreas do cérebro e entre espécies.

Além disso, essa nova técnica pode ser usada para comparar cérebros saudáveis com aqueles afetados por doenças, oferecendo novas perspectivas sobre condições que prejudicam as funções cognitivas.

 

•        Microplásticos são detectados em cérebros humanos

O mundo moderno é feito de plástico. O material é onipresente: está em nossas roupas, celulares, garrafas, recipientes de comida, embalagens e muito mais. Embora o plástico possua uma utilidade valiosa, como na área da medicina, ele tem se tornado um verdadeiro problema ambiental há muito tempo em discussão, e agora, uma preocupação crescente para a saúde das pessoas.

Nesse contexto, cientistas dos Estados Unidos fizeram uma descoberta inédita e preocupante: pela primeira vez, microplásticos foram encontrados em cérebros humanos. Essa revelação, que ainda necessita de confirmação por meio de estudos independentes conduzidos por outros especialistas, foi amplamente destacada na mídia como uma notícia perturbadora, chocante e profundamente alarmante.

No entanto, essa descoberta levanta algumas questões importantes: o que exatamente são microplásticos? Como eles podem afetar nossa saúde de maneira significativa? Devemos estar verdadeiramente preocupados com essa nova ameaça emergente? Saiba mais.

<><> O que são os microplásticos

Com frequência, é possível ver os itens de plástico como materiais praticamente indestrutíveis. No entanto, o plástico, ao longo do tempo, se fragmenta em partículas menores. Ainda que existam diferentes definições, os microplásticos geralmente são classificados como partículas com menos de cinco milímetros de tamanho.

Devido a esse tamanho reduzido, muitos microplásticos são tão pequenos que não podem ser vistos a olho nu. Por isso, muitas das imagens utilizadas pela mídia para ilustrar artigos sobre microplásticos podem ser enganosas, já que frequentemente mostram pedaços de plástico muito maiores e claramente visíveis.

Desse modo, os microplásticos têm sido encontrados em diversas fontes de água potável e em alimentos que consumimos diariamente. Isso significa que estamos constantemente expostos a essas partículas em nossa dieta, muitas vezes sem sequer nos darmos conta.

Essa exposição constante e prolongada aos microplásticos levanta preocupações sérias sobre os possíveis impactos na saúde humana. As pesquisas sobre os riscos potenciais que os microplásticos podem representar para nossa saúde ainda são limitadas, mas o interesse e os estudos nessa área estão crescendo de forma significativa – e com razão.

<><> Novo estudo encontra quantidade maior de microplásticos em amostras de cérebro

O estudo analisou microplásticos em 51 amostras de tecidos de homens e mulheres, coletadas durante autópsias de rotina em Albuquerque, Novo México. Os cientistas examinaram amostras do fígado, rins e cérebro.

Devido ao tamanho extremamente pequeno dessas partículas, estudá-las diretamente é um desafio, mesmo com o uso de microscópios poderosos. Para superar essa dificuldade, os pesquisadores têm recorrido a instrumentos avançados que identificam a composição química dos microplásticos nas amostras.

Os resultados foram surpreendentes: os pesquisadores identificaram até 30 vezes mais microplásticos no cérebro em comparação com o fígado e os rins. Eles sugeriram algumas possíveis explicações para essa diferença. Uma teoria é que o cérebro, por receber um fluxo sanguíneo intenso, pode estar acumulando mais microplásticos.

Outra hipótese é que o fígado e os rins, sendo órgãos especializados na filtragem e eliminação de toxinas, sejam mais eficazes na remoção dessas partículas. Além disso, como o cérebro não passa por renovação celular tão frequentemente quanto outros órgãos, os microplásticos poderiam se acumular ali por mais tempo.

Outra descoberta preocupante foi o aumento significativo da quantidade de microplásticos nas amostras de cérebro, que cresceu cerca de 50% entre 2016 e 2024. Esse crescimento pode refletir tanto o aumento da poluição ambiental por plásticos quanto a maior exposição humana a esses contaminantes ao longo dos anos.

<><> Como diminuir a exposição aos microplásticos

Os microplásticos estão presentes em praticamente todos os lugares ao nosso redor, tornando quase impossível evitá-los completamente. Os pesquisadores ainda estão nos primeiros passos para compreender os possíveis impactos desses minúsculos fragmentos em nossa saúde.

Enquanto as pesquisas avançam, a melhor abordagem popular é tentar diminuir a nossa exposição aos plásticos sempre que possível e reduzir a quantidade de resíduos plásticos que geramos, evitando assim que mais dessas partículas contaminem o ambiente.

Uma maneira simples de começar é optando por alimentos e bebidas que não estejam embalados em plásticos descartáveis ou evitando aquecer alimentos em recipientes de plástico. Outra medida importante é reduzir o uso de fibras sintéticas em nossas roupas e em nossa casa, contribuindo para um ambiente mais saudável.

 

Fonte: Só Cientifica

 

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