O verdadeiro 'plano de vitória' para a
Ucrânia foi elaborado na Rússia
O real "plano de
vitória" para a Ucrânia foi desenvolvido na Rússia, disse o jornalista
irlandês Chay Bowes na rede social X.
"Enquanto todos
se riem do 'plano de vitória' do ditador delirante Zelensky, eis o verdadeiro
plano para a vitória da Ucrânia. O único problema para Zelensky e a OTAN é que
ele foi elaborado pelos russos", escreveu Bowes, comentando as palavras do
ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, que lembrou as
condições propostas para o fim do conflito pelo chefe de Estado, Vladimir
Putin.
Zelensky apresentou na
quarta-feira (16) ao parlamento ucraniano o chamado "plano de
vitória". O documento inclui cinco pontos e três anexos secretos.
Em particular, o
primeiro ponto implica convidar a Ucrânia para a OTAN com posterior adesão, o
segundo – levantar as restrições aos ataques com armas de longo alcance em
território russo e o terceiro – colocar na Ucrânia um "pacote abrangente
de dissuasão não nuclear" da Rússia. Zelensky sublinhou que a
implementação do plano "depende dos parceiros".
Em 14 de junho, o
presidente russo Vladimir Putin indicou os seguintes pré-requisitos para a
solução do conflito ucraniano:
1.Retirada completa do
Exército ucraniano das Repúblicas Populares de Donetsk e Luhansk (RPD e RPL) e
das regiões de Zaporozhie e Kherson;
2.Reconhecimento das
realidades territoriais consagradas na constituição russa;
3.Status neutro, não
alinhado e não nuclear da Ucrânia;
4.Desmilitarização e
desnazificação da Ucrânia;
5.Garantia dos
direitos, liberdades e interesses dos cidadãos ucranianos de língua russa;
6.Cancelamento de
todas as sanções antirrussas.
<> Biden:
'Não há consenso' no governo para permitir que Kiev lance ataques em território
russo
O presidente dos
Estados Unidos, Joe Biden, declarou que não há consenso em seu governo sobre a
possibilidade de levantar restrições ao uso de armas de longo alcance
fornecidas à Ucrânia para ataques em território russo.
A declaração foi dada
durante coletiva de imprensa antes da partida de Biden de Berlim, na Alemanha.
Biden afirmou: "Neste momento, não há consenso sobre as armas de longo
alcance."
Essa declaração vem na
sequência de um diálogo recente entre o secretário de Estado dos EUA, Antony
Blinken, e Vladimir Zelensky, em que a questão do uso de mísseis de longo
alcance contra alvos russos foi discutida.
A conversa ocorreu em
um contexto de crescente tensão, especialmente após um aviso do presidente
russo, Vladimir Putin, à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).
Putin alertou que
ataques ucranianos com armas fornecidas pela aliança em território russo
significariam que os países da OTAN estariam, de fato, em guerra com a Rússia.
A Ucrânia é apoiada
militarmente pela OTAN, o bloco militar liderado pelos Estados Unidos e
composto pela maioria dos países da União Europeia (UE).
A situação ressalta a
delicada balança que os Estados Unidos devem manter em sua política externa,
enquanto buscam apoiar a Ucrânia em meio ao conflito, sem escalonar ainda mais
as tensões com Moscou. A falta de consenso no governo Biden reflete as divisões
de como proceder neste cenário complexo.
Desde 24 de fevereiro
de 2022, a Rússia executa uma operação militar especial na Ucrânia, a fim de
proteger a população de um genocídio por parte do regime de Kiev e atacar os
riscos de segurança nacional que representam o avanço da Aliança Atlântica.
¨ 'Independentemente do resultado nos EUA, Rússia seguirá sendo um
oponente', diz MRE russo
A eleição presidencial
dos Estados Unidos será realizada em 5 de novembro. O Partido Democrata será
representado pela vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, e o Partido
Republicano, pelo ex-presidente Donald Trump.
No entanto, a Rússia
continuará sendo uma adversária, se não uma inimiga, de Washington,
independentemente dos resultados das próximas eleições presidenciais, disse o
ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, neste sábado (19).
"Independentemente
do resultado da eleição, continuaremos sendo para os Estados Unidos, se não um
inimigo, então definitivamente um oponente. Em qualquer caso, um
competidor", declarou Lavrov.
Comentando sobre as
negociações de redução de armas nucleares propostas por Joe Biden, o chanceler
russo disse que o atual presidente está tentando aumentar as chances de vitória
eleitoral de Kamala Harris.
Anteriormente, Biden
afirmou que o mundo precisa lutar pela eliminação completa do arsenal nuclear,
e também confirmou a disponibilidade dos EUA para negociar com a Rússia, China
e Coreia do Norte neste sentido, mas manteve silêncio sobre as despesas significativas
do governo norte-americano no desenvolvimento e fortalecimento da sua própria
tríade nuclear.
"Trata-se de uma
vontade de ganhar pontos pré-eleitorais para a candidata do Partido
Democrata", disse o ministro.
Também neste sábado
(19), o chefe do segundo departamento do Ministério das Relações Exteriores da
Rússia para os países da Comunidade de Estados Independentes, Aleksei
Polishchuk, declarou que se a Ucrânia aderir à OTAN, Kiev eliminará as
possibilidades de uma solução política e diplomática para o conflito na Ucrânia
e tornará inevitável o envolvimento direto da aliança em operações militares
contra a Rússia.
"Nós alertamos
constantemente sobre a ameaça da adesão da Ucrânia à OTAN. A possível adesão da
Ucrânia à aliança vai colocar fim às possibilidades de um acordo político e
diplomático, tornará inevitável que a aliança se envolva diretamente em hostilidades
contra a Rússia e levará a uma escalada descontrolada", disse a
autoridade.
¨ Moscou adverte sobre conflito direto entre OTAN e Rússia se a
Ucrânia se juntar à aliança
A adesão de Kiev à
OTAN nas condições atuais colocará o fim às possibilidades de uma solução
político-diplomática do conflito na Ucrânia, declarou à Sputnik Aleksei
Polischuk, chefe do Segundo Departamento do Ministério das Relações Exteriores
da Rússia para os países da Comunidade de Estados Independentes (CEI).
Foi assim que ele
comentou as declarações do ministro das Relações Exteriores húngaro, Peter
Szijjarto. No início desta semana, ele afirmou que a admissão da Ucrânia na
OTAN nas circunstâncias atuais significaria o início de uma Terceira Guerra
Mundial.
"Estamos
constantemente alertando sobre o perigo da adesão da Ucrânia à OTAN",
disse Polischuk.
O diplomata
acrescentou que tal passo "poria fim às possibilidades de um acordo
político-diplomático, tornaria inevitável o envolvimento direto da Aliança no
combate contra a Rússia e levaria a uma escalada descontrolada, a
responsabilidade pela qual recairá inteiramente sobre os patrocinadores
ocidentais do regime de Kiev".
Ele expressou
esperança de que haja políticos sensatos na liderança deste bloco, conscientes
das consequências devastadoras que um convite à Ucrânia para entrar na OTAN
poderia ter.
Anteriormente, o
presidente russo Vladimir Putin havia observado que a possível adesão da
Ucrânia à OTAN é uma ameaça à segurança da Rússia, que foi um dos motivos para
lançar a operação militar especial.
¨ Coletiva evidencia um Putin 'realista' e um Ocidente 'reativo',
dizem especialistas
O presidente da
Rússia, Vladimir Putin, concedeu uma entrevista a jornalistas dos
países-membros do BRICS em virtude da 16ª cúpula do grupo, que acontece em
Kazan entre os dias 22 e 24 de outubro. À Sputnik Brasil, especialistas
descreveram as respostas de Putin como equilibradas e sensatas, o oposto do que
costuma noticiar o Ocidente.
Durante a conferência,
a Sputnik esteve representada por Dmitry Kiselev, diretor-geral do grupo
midiático Rossiya Segodnya. O Brasil também esteve presente com Daniel Rittner,
diretor editorial da CNN Brasil.
A Rittner Vladimir
Putin afirmou que não virá ao Brasil para a cúpula do G20, uma vez que mesmo
que a Federação da Rússia não reconheça a jurisdição do Tribunal Penal
Internacional (TPI) e, portanto, não se preocupe com o mandado emitido pelo
organismo, o líder russo não quer que sua presença roube o foco do evento.
"Nós entendemos o
que está acontecendo em torno da Rússia. Eu também entendo. O presidente Lula e
eu temos uma relação de amizade maravilhosa. Eu iria lá especificamente para
atrapalhar o trabalho normal deste fórum?"
Além de Kiselev e
Rittner, integraram a coletiva de imprensa Admasu Damtew Belete (Etiópia),
diretor-geral da agência de notícias FANA; Salahaldin Maghauri (Egito),
editor-chefe adjunto da Agência de Notícias do Oriente Médio (MENA); Nadeem
Koteich (Emirados Árabes Unidos), diretor-geral da Sky News Arabia; Faizal
Abbas (Arábia Saudita), editor-chefe do jornal Arab News; Iqbal Surve (África
do Sul), presidente executivo da holding de mídia Independent Media; Sudhakar
Nair (Índia), editor executivo da agência de notícias PTI; e Fan Yan (China),
diretor e editor-chefe da rede de televisão CGTN e editor-chefe adjunto da
China Media Corporation.
Aos jornalistas, Putin
entrou em temas como a ascensão do BRICS, o conflito na Ucrânia e o uso de
sanções para prejudicar a economia russa.
<><> Paz
na Ucrânia
Entre as falas sobre o
conflito na Ucrânia, nas quais sublinhou que a Organização do Tratado do
Atlântico Norte (OTAN) utiliza Kiev como ponta de lança em seu objetivo de
derrotar a Rússia, Putin elogiou a formulação de paz sino-brasileira,
destacando que não possuía conhecimento da iniciativa e foi pego de surpresa.
Para Vinicius Modolo
Teixeira, professor de geopolítica da Universidade do Estado de Mato Grosso
(Unemat) e especialista em organizações de tratados militares, o Brasil e a
China acertaram ao não consultar Moscou quanto à sua iniciativa. Dessa forma,
diz, os atores, que já são parceiros no BRICS, evitam acusações de parcialidade
e constroem um plano propositivo e autêntico.
À reportagem, o
professor de história e pesquisador do Núcleo de Estudos das Américas
(Nucleas), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), João Cláudio
Pitillo explica que a chamada proposta sino-brasileira na verdade não é uma
proposta de paz bem-delineada, mas sim um "conjunto de teses que podem
nortear esse processo de paz".
No entanto, em sua
fala Putin criticou a postura ucraniana. "O lado ucraniano não considera
possível realizar qualquer tipo de negociação. Ele apenas formula suas
demandas, e isso é tudo. Isso não é negociação", disse.
Segundo Pitillo, o
líder russo tem motivos para estar cético com a diplomacia de Kiev. O regime de
Zelensky não só cortou todos os canais diplomáticos e proibiu, através de um
decreto, qualquer tipo de negociação com representantes russos, como abandonou
a mesa de negociações de 2022 a mando dos líderes euro-atlânticos.
"Na ausência do
debate da diplomacia, só sobrou o campo de batalha e a guerra. Ao romper esse
acordo e encerrar os canais com Moscou, há dúvida sobre se isso não era um
desejo da OTAN, e não um desejo de Kiev. Então o presidente Putin tem muita
razão em estar desconfiado disso."
Mais do que suspeito
da chancelaria ucraniana, as declarações de Putin são um reflexo da
"realidade dos últimos meses do conflito", afirma Modolo, que
sublinha o recente "Plano da Vitória" anunciado por Zelensky.
"Isso coloca a Ucrânia em uma situação bastante complicada, de não querer
negociar", afirma.
<><> Ascensão
do BRICS
Outro ponto de destaque
da coletiva de imprensa de Putin foram suas falas sobre a reorganização
mundial, liderada pela ascensão do BRICS. Para o presidente da Federação da
Rússia, a prosperidade do grupo de países ocorre de maneira natural.
À Sputnik Brasil,
Késsio Lemos, doutor em relações internacionais e pesquisador do Instituto
Sul-Americano de Política e Estratégia (ISAPE), sublinha que a qualificação de
Putin ressoa "positivamente para muitos países do Sul Global, que há muito
tempo buscam uma maior representação nas instituições internacionais e nas
tomadas de decisão globais".
O líder russo destacou
ainda uma fala do premiê indiano, Narendra Modi, de que os países do BRICS não
compõem um grupo antiocidental; apenas são países não ocidentais.
A resposta de Putin
também destaca um aspecto muito importante que não permite que o grupo seja
qualificado como antiocidental. "O BRICS não se furta de ter um comércio
franco com países do capitalismo central", diz Pitillo. "O problema é
que esses países constituíram uma ordem hegemônica que visa impedir os países
do BRICS de se desenvolverem."
"Realmente",
diz o professor da Unemat, "o BRICS simboliza em grande medida essa
mudança da ordem mundial por conta da representatividade econômica",
enquanto o Ocidente — descrito como o eixo euro-atlântico —, "tem perdido
a sua representatividade a nível mundial, mas ainda é muito poderoso".
Contudo, Modolo
destaca que em vez de pensar em uma nova estratégia de mediação de relações a
nível mundial, as potências ocidentais têm sido "reativas, tentando frear
a ascensão desses polos de poder".
"A realidade que
se impõe hoje no mundo não é mais a realidade que o Ocidente gostaria de ter no
século XXI, de ver seu poder consolidado e não corroído."
<><> Sanções
à Rússia
Uma das formas com que
o Ocidente, liderado pelos Estados Unidos, mina o desenvolvimento dos
considerados inimigos é através das sanções. Esse método foi feito com Cuba,
Iraque, Coreia do Norte, Irã e China.
Após o início da
operação especial, em 2022, a Rússia se tornou uma das maiores vítimas dessa
política, sendo impedida de usar o dólar para transacionar. Só que, ao
contrário do que esperavam as nações euro-atlânticas, a economia russa não
colapsou, mas conseguiu se reorganizar e apresenta um bom crescimento.
"Agora 95% de
todo o comércio exterior da Rússia é feito com nossos parceiros em moedas
nacionais", como o rublo e o yuan, destacou Putin.
De fato, ressalta
Lemos, "a capacidade da Rússia de redirecionar seu comércio para parceiros
como a China e a Índia tem mitigado alguns dos impactos esperados".
Por outro lado, os
países da Europa passam por uma grande crise econômica com a perda de acesso às
importações russas, em especial do gás natural.
"O efeito
bumerangue sobre as economias ocidentais também deve ser considerado, uma vez
que trouxe consequências econômicas custosas para os países
sancionadores."
De acordo com Getúlio
Alves de Almeida Neto, doutorando do programa de pós-graduação em relações
internacionais San Tiago Dantas e integrante do Centro de Investigação em
Rússia, Eurásia e Espaço Pós-Soviético (CIRE), a resiliência econômica russa, "estabelecida
enquanto projeto político há mais de uma década, […] se tornou um exemplo de
que o cenário mundial é composto pela emergência de novos mercados e mecanismos
financeiros alternativos ao dólar."
Nesse sentido, Almeida
Neto concorda com o presidente russo de que o uso do dólar como ferramenta de
coerção política provocou uma diminuição da confiança em relação à moeda
estadunidense.
Já Lemos afirma que o
uso de moedas alternativas, estratégia encontrada para contornar os sistemas
ocidentais, "indica uma tendência de desdolarização em certas esferas
econômicas".
Entretanto, ambos os
especialistas afirmam que o dólar norte-americano ainda segue como principal
moeda do comércio internacional. Mas a curto prazo, destaca Pitillo.
"A médio e longo
prazo, o dólar está fadado ao fracasso enquanto uma moeda que servia para
sequestrar as economias dos países em desenvolvimento."
Fonte: Sputnik Brasil
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