terça-feira, 22 de outubro de 2024

Halloween: fantasias, história e mitos

Até hoje, a mistura de festas, sustos, brincadeiras e doces está longe das origens antigas do Halloween. Durante séculos, esta noite misteriosa sofreu muitas mudanças derivadas da mistura de tradições e culturas dos países ocidentais, que fazem da Noite das Bruxas uma celebração muito especial e repleta de tradições que se transformaram em resultado de sua história. Fazemos uma viagem ao longo dos anos para encontrar as origens desta celebração assustadora.

<><> Origem pagã e trajes celtas

As origens do Halloween se remontam a mais de 3000 anos, de acordo com a Universidade de Oxford, quando os povos celtas da Europa comemoraram seu ano novo, chamado Samhain, no que hoje é o dia 1º de novembro. Na véspera deste festival da colheita gaélica, acreditava-se que os espíritos do Samhain – o que conhecemos como Halloween – andavam pela Terra enquanto viajavam para a vida após a morte, junto com outras criaturas, como fadas, druidas e demônios. Este ritual servia para despedir-se de Lugh, o deus do Sol, e dar as boas-vindas às noites curtas e frias que o outono trazia.

De acordo com o American Folklife Center, da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos, além de sacrificar animais aos deuses e se reunir em torno de fogueiras, os celtas usavam fantasias – provavelmente peles de animais – para confundir os espíritos, ou talvez para evitar que eles os possuíssem.

Fotogaleria, Halloween há cem anos:

Acredita-se também que com as máscaras ou rostos enegrecidos que usavam durante esta celebração, as pessoas personificavam os mortos, e muitas culturas permitiam que os jovens se vestissem de mulheres e vice-versa, quebrando assim o estabelecimento social.

Em uma forma primitiva do costuma de “doces ou travessuras”, acredita-se que os celtas disfarçados de espíritos iam de casa em casa fazendo coisas bobas em troca de comida e bebida. Essa prática pode vir do costume de deixar comida e bebida nas portas das casas como oferendas a seres sobrenaturais.

<><> A influência cristã na festa de Halloween

Samhain foi transformado quando as autoridades cristãs se apropriaram e mudaram as festividades pagãs. Com a conquista do território celta pelo Império Romano, esta festa misturou-se com outras de origem romana, como a Festa da Colheita. No século 7, o Papa Bonifácio 4º decretou o Dia de Todos os Santos em 1º de novembro para homenagear em um único dia todos os mártires que deram a vida por sua fé.

Assim, na noite anterior, véspera do Samhain, continuou a ser comemorado com fogueiras, fantasias e desfiles, mas passou a ser chamado de "Véspera de Todos os Santos", em inglês All Hallow's Eve, o que acabou levando ao "Halloween". As tradições de Halloween diferem em diferentes pontos do mapa, mas geralmente há o famoso “doces ou travessuras”, fantasias assustadoras, esculpir abóboras, acender fogueiras, pregar peças, visitar atrações assombradas, contar histórias assustadoras ou assistir a filmes de terror.

Desde que a Igreja surgiu, importantes celebrações cristãs, como Natal, Páscoa e Pentecostes, têm vigílias que começam na noite anterior. Por isso, em muitas partes do mundo, nas celebrações cristãs da véspera de Todos os Santos, ainda é tradição acender velas nas sepulturas. Na história, alguns cristãos se abstiveram de comer carne neste dia de vigília, e daí o costume de comer maçãs, panquecas e bolos pode ter chegado aos nossos dias.

<><> Halloween chega aos Estados Unidos e Canadá

Em 1840, imigrantes europeus transmitiram suas versões da tradição para a América do Norte durante a Grande Fome Irlandesa. Foram eles que espalharam o costume de esculpir  jack-o'-lanterns, esculpir gigantescas abóboras ocas com uma vela dentro, inspiradas na lenda de "Jack, o Mesquinho". Mesmo assim, esse feriado estava enraizado nos Estados Unidos e no Canadá, mas não começou a ser celebrado massivamente até 1921, quando o primeiro desfile de Halloween foi realizado em Minnesota.

Em 1920, a cidade começou a realizar um desfile e acender uma enorme fogueira para comemorar este dia. Alguns historiadores afirmam que a celebração poderia ter sido uma tentativa de acabar com as brincadeiras de Halloween.

Por fim, a internacionalização do Halloween ocorreu no final dos anos 1970 e início dos anos 1980 graças aos filmes e séries de televisão, quando em 1979  foi lançado John Carpenter 's Halloween, filme ambientado na véspera de Todos os Santos que era referência para filmes de terror.

A pressão também veio do fato de que mais de um terço dos norte-americanos dizem acreditar em fantasmas, de acordo com uma pesquisa da AP-Ipsos realizada pouco antes do Halloween de 2007. 23% disseram ter visto um fantasma ou sentido um fantasma. De acordo com a pesquisa, cerca de uma em cada cinco pessoas acredita que feitiços ou feitiçarias são reais.

<><> Você acredita em magia?

Mais de um terço dos norte-americanos afirma acreditar em fantasmas, segundo uma pesquisa de opinião da AP-Ipsos conduzida antes do Dia das Bruxas de 2007. Vinte e três por cento alegou já ter visto um fantasma ou sentido a presença de um.

Cerca de uma a cada cinco pessoas acredita que bruxaria ou feitiços são reais, de acordo com a pesquisa.

<><> As lendas urbanas de Halloween

Algumas histórias de terror nunca morrem, embora haja pouca base por trás desse terror. Por exemplo, se diz que cultos satânicos – muito mais comuns na ficção do que na realidade – sacrificam gatos pretos no Halloween.

Mas, de acordo com especialistas, não há muita evidência para esses medos, e os poucos incidentes isolados em que gatos pretos foram abusados foram obra de adolescentes.

Outra farsa de Halloween é o doce envenenado ou que contém agulhas e lâminas. No entanto, o sociólogo Joel Best explicou, em 2010, que esses rumores de doces perigosos podem ser manifestações de medos e preocupações com o futuro, em um mundo de tantas ameaças – terrorismo, guerras, crises econômicas, dentre outros.

Best conduziu um estudo de supostos incidentes de doces envenenados. “Não consegui encontrar nenhum relato substanciado de uma criança sendo morta ou gravemente ferida devido a um deleite adulterado obtido durante o truque ou travessura”, escreveu ele.

 

•        Noite de Halloween, Dia de Todos os Santos e Dia dos Mortos: o que eles têm em comum?

Todos os anos, à medida que 31 de outubro se aproxima, cidades ao redor do mundo são enfeitadas com caveiras, teias de aranha e abóboras, que decoram cada canto ao ritmo de risadas malignas e gritos de gelar o sangue: a noite de Halloween está chegando.

Ano após ano, essas tradições se misturam às culturas dos países ocidentais nos últimos dias de outubro e início de novembro. A globalização que o século 21 misturou bolinhos fritos com doces, abóboras ou pão dos mortos. Mas, qual foi realmente a origem de todas essas festividades?

Dia das Bruxas: Halloween

Muitas pessoas associam os Estados Unidos com a origem da noite de Halloween. No entanto, seu início remonta muito mais longe no tempo: há mais de 3000 anos, segundo a Universidade de Oxford. No final do outono, os antigos povos celtas comemoravam o fim da colheita com uma grande cerimônia que coincidia com o final do ano celta.

Essa festa, batizada de Samhain – cujo significado é o fim do verão –, servia para despedir-se de Lugh, o deus do Sol, e dar as boas-vindas ao outono. A queda das folhas nesta estação sinalizava o início de um ciclo e o fim de tudo o que havia antes, e os rituais de caráter purificador eram típicos de despedida do ano.

Esta data também marcou o momento em que os dias começaram a ficar mais curtos e as noites mais longas, mas como acontecia em muitas culturas pré-hispânicas, também se acreditava que os espíritos dos mortos saíam dos cemitérios e caminhavam pelas ruas naquela noite especial.

Era costume deixar oferendas nas portas das casas, como doces ou bebidas, e acender velas para ajudar as almas errantes a encontrar o caminho de volta ao seu mundo, à luz.

Além de fazer sacrifícios aos deuses e se reunir em torno de fogueiras, os celtas usavam fantasias de pele de animal para confundir os espíritos, de acordo com o American Folklife Center da Biblioteca do Congresso dos EUA. Já as máscaras poderiam ter o objetivo de personificar os mortos.

<><> Do Samhain ao Halloween

Hoje em dia, as casas e outros edifícios são adornados com todo o tipo de decorações assustadoras, e nas escolas é a desculpa perfeita para criar todo o tipo de temas misteriosos como vampiros, bruxas, lobisomens e zumbis. Ao cair da noite, as crianças saem às ruas fantasiadas para brincar pelo bairro recitando o famoso “Doçuras ou travessuras?”.

Na antiguidade, acredita-se que tenha surgido dos celtas que, disfarçados de espíritos, iam de casa em casa pedindo comida e bebida. Com a conquista do território celta pelo Império Romano, o Samhain misturou-se a outras festas de origem romana, como a Festa da Colheita.

Porém, com a ascensão do catolicismo, essa festa pagã passou a ser chamada de “Véspera de Todos os Santos”, em inglês “All Hallow’s Eve”, o que acabou levando ao “Halloween” como o conhecemos hoje.

A tradição chegou aos Estados Unidos e Canadá das mãos de imigrantes irlandeses em 1840, mas só em 1970 ganhou um caráter internacional devido ao cinema e à televisão.

<><> O dia de Todos os Santos

À medida que os feriados pagãos diminuíam e as celebrações cristãs aumentavam, o Dia de Todos os Santos surgiu em 1º de novembro. Sua origem mais remota se encontra em Antioquia (Turquia), no domingo anterior às festividades de Pentecostes, quando a Igreja decretou um dia comum para homenagear todos os mártires.

Frequentemente, os mártires morriam em grupos, o que levou a nomear um dia como uma celebração comum, especialmente após a chamada Grande Perseguição, a última e talvez a mais sangrenta perseguição aos cristãos pelo Império Romano.

Posteriormente, o Papa Gregório 3º mudou o festival para 1º de novembro como uma resposta à celebração pagã do Ano Novo Celta, para que os novos crentes abandonassem suas antigas crenças. Várias tradições são celebradas em todo o mundo no Dia de Todos os Santos, e uma das mais marcantes é levar flores aos entes queridos nos cemitérios.

<><> O Dia dos Mortos

No próprio Dia de Todos os Santos, costuma começar a celebração do Dia dos Mortos,  cuja origem é anterior à influência do catolicismo, embora hoje todas as festividades misturem tradições católicas com, neste caso, indígenas. O colorido esqueleto mexicano, o famoso Catrina, circulou o globo por semanas antes da noite de Halloween, mas sua origem remonta aos festivais astecas que adoravam deuses como a "dama dos mortos".

Esta festa é celebrada desde os tempos pré-hispânicos no México, embora também fosse costume homenagear os falecidos em outras épocas do ano, quando a colheita terminava nas diferentes áreas da sociedade asteca. Naquela época, a mitologia mexicana acreditava em um Senhor da Morte, chamado "Mictlantecuhtli", que habitava o submundo, o "Mictlán". Com a chegada dos espanhóis, a festa se espalhou e também se misturou aos costumes católicos; surgiram novos significados, como a cruz de flores, que hoje homenageia os ancestrais.

Embora cada um dos lugares lhe dê um significado diferente, geralmente há em comum o significado alegre para homenagear o falecido. Compartilhar histórias de outrora, comer, beber e até dançar em homenagem aos nossos ancestrais enche as ruas durante o dia, em uma tradição que, há décadas, atravessa as fronteiras de sua origem mexicana e atinge o mundo inteiro. Seja qual for o costume de cada lugar, o importante é que este dia honre todas as almas que mudaram o mundo terreno pelo dos espíritos. Seja com pão de osso, maracas e balões de caveira, as cidades latinas desfilam disfarçadas ao som de poemas que nos lembram que todos, quem quer que sejamos na vida, retornarão à terra. 

 

Fonte: National Geographic Brasil

 

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