sexta-feira, 29 de agosto de 2025

'The Economist' retrata Bolsonaro como extremista e diz que seu  julgamento  é 'lição de democracia' para os EUA

O ex-presidente do Brasil Jair Bolsonaro está na capa da revista britânica "The Economist" desta semana.

A publicação, que chega às bancas nesta quinta-feira (28), dá destaque ao julgamento do brasileiro, que começa na terça-feira que vem, no dia 2 de setembro, e ao divulgar a nova edição nas redes sociais, afirma:

"O Brasil oferece uma lição de democracia para uma América que está se tornando mais corrupta, protecionista e autoritária".

Prestes a ser julgado por tentativa de golpe de Estado, Bolsonaro, que está em prisão domiciliar, foi retratado com o rosto pintado com as cores do Brasil e com um chapéu igual ao que usava o "viking do Capitólio", um dos apoiadores extremistas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante a invasão ao Congresso americano em 2021.

Chamado de "polarizador" e "Trump dos trópicos", segundo a revista, o ex-presidente brasileiro e "seus aliados, provavelmente, serão considerados culpados" pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A "The Economist" ainda afirma que "o golpe fracassou por incompetência, e não por intenção".

"Isso torna o Brasil um caso de teste para a recuperação de países de uma febre populista", diz a reportagem, enumerando exemplos de outros países como os EUA, Reino Unido e Polônia.

Lula critica ações da família Bolsonaro: uma das maiores traições

Entre os argumentos apresentados para justificar a manchete – "O que o Brasil pode ensinar para a América" –, a revista enumera ações recentes do governo Donald Trump.

Além das medidas tomadas contra o Brasil em defesa de Bolsonaro, como a imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros e a aplicação da Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes, a "The Economist" destaca, por exemplo, a tentativa de interferência no Fed e as ameaças a cidades controladas por adversários democratas.

"Isso nos remete a uma era sombria e passada, em que os Estados Unidos, habitualmente, desestabilizavam os países latino-americanos. Felizmente, a interferência do Sr. Trump provavelmente sairá pela culatra. (...) Ao contrário de seus pares nos Estados Unidos, muitos dos políticos tradicionais do Brasil, de todos os partidos, querem seguir as regras e progredir por meio de reformas. Essas são as marcas da maturidade política. Pelo menos temporariamente, o papel do adulto democrático do hemisfério ocidental se deslocou para o sul", diz a reportagem.

•        Bolsonaro recebe visita de Valdemar Costa Neto para discutir eleições de 2026

Jair Bolsonaro, em prisão domiciliar desde 2023, recebeu nesta quinta-feira, 28 de agosto de 2025, a visita de Valdemar Costa Neto, presidente nacional do Partido Liberal (PL), para uma conversa sobre o planejamento eleitoral de 2026. O encontro, realizado na residência do ex-presidente em Brasília, tratou de candidaturas para o Senado e da articulação política para fortalecer a oposição ao Supremo Tribunal Federal (STF), além de discutir as possibilidades para a disputa presidencial.

A reunião também abordou as perspectivas de diversos membros da família Bolsonaro nas próximas eleições. Segundo fontes próximas ao encontro, a intenção de Bolsonaro é garantir o apoio de aliados para a Câmara Alta do Congresso, com o objetivo de montar uma bancada forte para enfrentar decisões do STF e, caso necessário, viabilizar um eventual impeachment de ministros da Corte. Entre as estratégias discutidas estava a reeleição de Flávio Bolsonaro, que concorrerá ao Senado pelo Rio de Janeiro, e a possível candidatura de Michelle Bolsonaro pelo Distrito Federal. No entanto, o foco recaiu principalmente sobre os filhos do ex-presidente.

Carlos Bolsonaro, vereador no Rio de Janeiro, pode disputar uma vaga em um dos três estados em que o PL considera viável sua candidatura: Santa Catarina, Espírito Santo ou Roraima. A escolha do estado, no entanto, enfrenta resistência. Em Santa Catarina, o partido já conta com os nomes consolidados de Júlia Zanatta e Carol de Toni. No Espírito Santo, a disputa também é acirrada com a candidatura de Magda Malta, filha do ex-senador Magno Malta, e Evair de Melo. A alternativa mais viável para Carlos seria em Roraima, onde o cenário ainda está aberto.

Outro ponto crucial da reunião foi a situação do deputado federal Eduardo Bolsonaro, considerado favorito para a disputa em São Paulo. Atualmente nos Estados Unidos, Eduardo corre o risco de perder o mandato por não comparecer às sessões da Câmara desde março de 2025. Além disso, ele enfrenta investigações por possíveis articulações contra autoridades brasileiras. Durante a conversa, Valdemar Costa Neto sugeriu que a candidatura de Eduardo seria difícil, uma vez que seu retorno ao Brasil poderia resultar em prisão, devido às investigações em curso. Por isso, o PL está avaliando lançar Marcos Pollon, deputado federal por Mato Grosso do Sul, como substituto de Eduardo na corrida por São Paulo.

Com a prisão domiciliar de Bolsonaro, a cúpula do PL segue empenhada em manter sua liderança no cenário eleitoral de 2026. Apesar de sua inelegibilidade por decisões do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Bolsonaro continua exercendo grande influência nas articulações partidárias. Nas últimas semanas, outros membros do PL, como Altineu Cortes, também se reuniram com o ex-presidente, reforçando a importância do diálogo constante entre o partido e sua liderança.

A eleição presidencial de 2026 ainda não foi discutida detalhadamente, mas fontes indicam que o nome de Tarcísio de Freitas, atual governador de São Paulo, surge como um possível substituto de Bolsonaro na disputa pela presidência. Caso se confirme sua candidatura, Tarcísio teria que se filiar ao PL, partido comandado por Valdemar Costa Neto, uma aliança que pode alterar a dinâmica política no estado e fortalecer a base de apoio a Bolsonaro. A articulação visa alinhar as candidaturas estaduais com as chapas proporcionais, minimizando disputas internas e criando um cenário eleitoral coeso para o PL.

•        ‘Bolsonaro não tinha preparo para governar o país', afirma general Santos Cruz

“O ex-presidente Bolsonaro, ele ganhou a eleição, mas, infelizmente, pela minha convivência, ele não estava preparado e não tinha conhecimento para para função”, disse o general Santos Cruz, que foi chefe da Secretaria de Governo entre janeiro e junho de 2019.

General da reserva, Santos Cruz disse durante o programa 20 MINUTOS desta quarta-feira (27/08) que a gestão de Jair Bolsonaro foi um “desperdício”.

“Ele é uma pessoa que se dedicou mais a coisas espetaculares, com declarações bombásticas, brigas e atritos com a imprensa. Não é assim que se governa. Ele não estava preparado e não tinha conhecimento para a função. Você tem que manter a tranquilidade social, a união do país e um bom ambiente de trabalho com empresariado. Você não pode ficar brigando com a imprensa. Mas essa coisa espetacular, ela cativa um bocado de gente e ele aproveitou essa oportunidade para governar”, explicou ao jornalista e fundador de Opera Mundi, Breno Altman.

O general foi afastado do cargo por Bolsonaro ao ser alvo da chamada ala ideológica do então governo direitista. Desde então, ele é crítico em relação à gestão, ao ex-presidente e até das Forças Armadas serem utilizadas para fins políticos.

Nesse sentido, afirmou que Bolsonaro deveria ter reconhecido a derrota em 2022 e liderar a oposição para se candidatar na próxima eleição e tentar ganhar. “Você não tinha planejamento mirabolante, acampamento na frente do quartel, você não tinha 8 de janeiro, você não tinha nada. Ele é o grande responsável, o presidente da República não pode tolerar a bagunça social”.

“Quando teve a reeleição, o Bolsonaro perdeu e perdeu mesmo. Isso é claro. Até a pessoa mais bolsonarista sabe que foi ele quem fez besteira e perdeu. Você não pode ter um presidente em que num momento de crise que morre um monte de gente dizer que ‘eu não sou coveiro’. É obrigação do presidente manter a paz social”, disse Santos Cruz.

Para ele, as falas do ex-presidente sobre fraude eleitoral não se sustenta, já que “não houve providência nenhuma, dessa forma, é preciso ter a prova ou responder o inquérito”.

<><> Artigo 142 da Constituição

Ao ser questionado sobre ser favorável ou não à reforma do Artigo 142 da Constituição brasileira, para deixar claro que o único papel das Forças Armadas é a defesa do país, o general disse ser contra, pois, para ele, “não tem problema nenhum do jeito que está”.

A Carta Magna estabelece: “as Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem”.

Questionado se o artigo permite a possibilidade das Forças Armadas intervirem na vida política do país, o general disse que não: “teve gente que chegou a dizer que era poder moderador. Da onde? Não é poder moderador coisa nenhuma, o artigo não tem problema nenhum, o problema são as interpretações”. Apesar da necessidade de mudança para evitar problemas de interpretação, Santos Cruz afirmou que “não é necessário”.

Em outro momento, ele também declarou que as Forças Armadas não devem pedir desculpas ao povo brasileiro por conta do golpe militar de 1964. “Eu acho que não. Eu acho que que existia um ambiente internacional, e foi normal naquela época um encanto de algumas pessoas por pelo movimento internacional. A ideia era de que através da luta você poderia tomar o poder e corrigir  algumas coisas sociais. Então, houve conflito histórico. Esse negócio de pedir desculpa, eu acho que não é o caso que desculpa. Não acho impossível também”, conclui.

<><> Política externa brasileira

Em relação à articulação do bolsonarismo com o governo republicano de Donald Trump, Santos Cruz considera “absurdo” a interferência da Casa Branca no judiciário brasileiro. “Você vai para outro país para conseguir alterar uma decisão judiciária. Se o juiz disser que tá certo ou que tá errado, vamos fazer a nossa briga por aqui, né? Faz o que bem entender, mas não solicita uma interferência dessas”.

E acrescentou: “o problema é você aceitar uma vinculação de problema tarifário com uma decisão pessoal. Isso aí não é da justiça, é um negócio inaceitável. Então, o que nós estamos assistindo é um absurdo, simplesmente absurdo”.

•        Grave! Bolsonaro ordenou que Mauro Cid distribuísse remédio ineficaz na pandemia

Um novo conjunto de mensagens extraídas pela Polícia Federal do celular de Mauro Cid, ajudante de ordens de Jair Bolsonaro durante a pandemia, revela que o então presidente determinou a distribuição de comprimidos de proxalutamida a aliados políticos, religiosos e empresariais. O conteúdo foi divulgado pelo Estadão e reforça a estratégia paralela adotada pelo governo no enfrentamento da covid-19.

<><> O que é a proxalutamida

Trata-se de um antiandrogênio não esteroidal, desenvolvido na China para pesquisas sobre câncer.

Em 2021, foi defendida por apoiadores de Bolsonaro como “tratamento” contra a covid-19, sem comprovação científica.

Anvisa autorizou inicialmente testes clínicos, mas suspendeu a importação após encontrar irregularidades, como entrada de lotes acima do permitido.

Órgãos reguladores como a FDA (EUA) e a EMA (Europa) nunca autorizaram seu uso.

<><> Conversas que ligam Bolsonaro à entrega

As mensagens revelam o envolvimento direto do então presidente:

Em junho de 2021, diante da internação do pastor R. R. Soares, Cid consultou Bolsonaro sobre o envio. A resposta foi: “Aguarde”. Dias depois, Bolsonaro autorizou.

Em outra ocasião, ao ser questionado, foi direto: “Mande a proxalutamida”.

Aliados que receberam o medicamento, segundo registros:

Familiares do ex-deputado Luciano Bivar;

O empresário sertanejo Uugton Batista;

Parentes do cantor Amado Batista.

Bivar confirmou a entrega, mas disse que o remédio não foi usado.

<><> O papel de Eduardo Pazuello

Mesmo fora do Ministério da Saúde, o general Eduardo Pazuello continuou participando das tratativas:

Sugeriu que Bolsonaro falasse sobre a proxalutamida em suas lives semanais;

Recebeu informações de que Mauro Cid havia obtido 280 comprimidos;

Pediu a elaboração de um protocolo de uso da droga, apesar da ausência de base científica.

<><> “Levanta defunto” e pedidos militares

Em áudios, Cid descreveu a proxalutamida como um “meio levanta defunto”, mesmo sem comprovação. Militares próximos ao Planalto também solicitaram o medicamento para pacientes graves.

<><> Pesquisas irregulares e investigação da PF

O médico Flávio Cadegiani, responsável por estudos clínicos no Brasil, também aparece nas mensagens. Ele negou ter autorizado uso fora do ambiente científico.

Em 2022, a PF deflagrou a Operação Duplo Cego, investigando contrabando e falsidade ideológica envolvendo a droga.

O Ministério Público Federal segue apurando possíveis desvios e importações ilegais.

<><> Riscos jurídicos

Juristas afirmam que a conduta pode se enquadrar no artigo 273 do Código Penal, que prevê 10 a 15 anos de prisão para quem distribui medicamentos sem registro. Até agora, contudo, as mensagens reveladas não foram formalmente incluídas no inquérito principal.

<><> Contexto político

O episódio reforça o padrão de Bolsonaro durante a pandemia: priorizar remédios sem eficácia (como cloroquina e proxalutamida) e ignorar recomendações científicas, em uma estratégia paralela ao sistema oficial de saúde.

 

Fonte: Brasil 247/g1/Opera Mundi/O Cafezinho

 

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