Bolsonaro
tentou escapar para um terceiro país além dos EUA e Argentina
O
ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que
a Polícia Federal intensifique a vigilância sobre o ex-presidente Jair
Bolsonaro (PL). A medida busca impedir que o ex-mandatário deixe o país para
escapar de uma provável condenação no julgamento por tentativa de golpe de
Estado, previsto para começar na próxima semana.
O temor
de fuga não é infundado. Além de ter passado uma temporada nos Estados Unidos e
de já ter esboçado um pedido de asilo ao presidente argentino Javier Milei,
Bolsonaro também se refugiou por duas noites na embaixada da Hungria, em
Brasília, após ter o passaporte apreendido. À época, estava pronto para pedir
proteção ao primeiro-ministro Viktor Orbán, seu aliado político na Europa.
Em
ofício encaminhado ao STF, o procurador-geral da República, Paulo Gonet,
considerou “de bom alvitre” o reforço no monitoramento de Bolsonaro. Moraes
classificou a proposta como “adequada e necessária” para garantir a aplicação
da lei penal.
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As tentaitvas da defesa
Enquanto
isso, a defesa de Bolsonaro vem tentando, sem sucesso, adiar ou transferir o
julgamento. Primeiro, pediu a retirada do caso da competência do Supremo.
Depois, tentou deslocar a análise da Primeira Turma para o plenário. Ambas as
tentativas foram rejeitadas.
Apesar
das evidências, Bolsonaro nega a intenção de deixar o país. Atualmente, cumpre
prisão domiciliar a poucos minutos do setor das embaixadas na capital federal.
No dia em que recebeu a tornozeleira eletrônica, chegou a ironizar: “Sair do
Brasil é a coisa mais fácil que tem”.
• Carlos Bolsonaro tem chilique nas redes
com pedido da PF para vigiar o pai
Após a
decisão da Polícia Federal (PL) de reforçar a vigilância ao ex-presidente Jair
Bolsonaro (PL), o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) foi às redes sociais para
reagir com chiliques e com ataques à PF, acusações ao governo de usar a lei
“para eliminar desafetos políticos” e disse que Brasil estaria se submetendo a
interesses estrangeiros, nesta terça-feira (27).
Enquanto
avançam as investigações sobre Jair Bolsonaro e seus aliados, às vésperas do
julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), episódios como esse mostram a
tentativa da família de deslocar o debate público para o campo ideológico,
agitando fantasmas de “entreguismo” e “ameaça externa” como cortina de fumaça.
“Hoje
surge mais um exemplo: soberania nacional sempre foi somente um pretexto para
enganar inocentes e eliminar desafetos políticos”, escreveu o vereador nas
redes sociais, na tentativa de associar o caso.
O
discurso bolsonarista estrategiza a retórica de vitimização, reforçando a ideia
de que o ex-presidente e sua família seriam perseguidos por motivos políticos,
ao mesmo tempo em que tentam se reposicionar como defensores da “independência
nacional”. Ele usa a associação de temas desconexos, da vigilância policial à
venda de ativos de mineração, para tal.
Ele
cita o caro da operação da Anglo American, que em agosto deste ano vendeu seus
complexos de níquel em Goiás, Pará e Mato Grosso para a estatal chinesa China
Minmetals, por meio da MMG Limited, por US$ 500 milhões. Carlos Bolsonaro
destacou que a oferta foi inferior à feita pela turca Corex Holding, de US$ 900
milhões, e que, mesmo assim, o governo teria permitido a transação — o que ele
classifica como “entrega da soberania nacional”.
Em sua
versão, o episódio comprovaria que o Brasil estaria sendo “saqueado” por
governos estrangeiros, ao mesmo tempo em que seu pai é alvo de perseguição
interna.
• Cerco a Bolsonaro se fecha e Centrão
avança sobre nome para 2026
Alvo de
ações no Supremo Tribunal Federal (STF), às vésperas de ser julgado pela trama
golpista, e com restrições judiciais para articular e conversar livremente com
aliados mais próximos, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tem enfrentado
isolamento forçado. Isso acontece no mesmo momento em que o chamado Centrão
avança com articulações para definição de um candidato competitivo para o
Palácio do Planalto em 2026.
Nessa
terça-feira (26/8), o ministro Alexandre de Moraes, do STF, determinou o
reforço no policiamento nas imediações da residência do ex-presidente, em
Brasília. A decisão veio após manifestação da Procuradoria-Geral da República
(PGR) com base em pedido feito pelo líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias. A
justificativa: o risco de fuga de Bolsonaro, que está em prisão domiciliar e
monitorado por tornozeleira eletrônica.
Ainda
na terça, a PF pediu a Moraes que determine que a vigilância policial de
Bolsonaro seja feita 24 horas dentro da residência do ex-presidente. O ministro
ainda não se manifestou sobre este pedido.
Na
semana passada, a Polícia Federal (PF) pediu indiciamento de Bolsonaro e do
filho Eduardo por coação e tentativa de dificultar o andamento do processo da
trama golpista. Entre trechos de conversas e documentos divulgados pela PF,
constava minuta de pedido de asilo do ex-presidente ao presidente da Argentina,
Javier Milei.
Além
das ações enfrentadas por Bolsonaro no Judiciário, as mensagens trocadas entre
o ex-presidente e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), divulgadas pela
Polícia Federal (PF) na semana passada, demonstraram que a família Bolsonaro
enfrenta dificuldades para definir quem será o herdeiro político do
ex-presidente.
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Cerco judicial a Jair Bolsonaro
• Em novembro de 2024, a Polícia Federal
(PF) indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativas de golpe de Estado
e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
• Já em fevereiro de 2025, a
Procuradoria-Geral da República (PGR) ofereceu ao Supremo Tribunal Federal
(STF) denúncia contra Jair Bolsonaro por tentativa de golpe, organização
criminosa, deterioração de patrimônio tombado e outros crimes.
• Jair Bolsonaro viraria réu pelos crimes
pelos quais foi denunciado em março, quando a Primeira Turma do STF recebeu a
denúncia contra o ex-presidente e outros setes acusados por integrar o núcleo
central da trama golpista.
• Em julho, o ministro Alexandre de
Moraes, do STF, determinou medidas cautelares contra Jair Bolsonaro coação,
obstrução e atentado à soberania nacional. A decisão, no entanto, ocorre em um
processo diferente da trama golpista, onde a PF apontou que Bolsonaro e Eduardo
têm trabalhado junto a autoridades dos Estados Unidos contra agentes públicos
do Brasil.
• Já no começo de agosto, Moraes
determinou a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro por descumprir as medidas
cautelares. Segundo o ministro, houve a publicação nas redes sociais de
declarações de Bolsonaro durante manifestação realizada por apoiadores.
Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tornou o
ex-presidente inelegível em duas ações, sendo uma delas por abuso de poder
político e uso indevido dos meios de comunicação. Assim, a família Bolsonaro
tinha a expectativa de que um dos filhos do político, ou a ex-primeira-dama,
fosse o seu herdeiro direto. No entanto, a indicação não é bem recebida por
outros caciques da direita.
Trinca
de governadores
Na
última semana, durante a festa do Peão de Barretos, em São Paulo, os
governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), de Goiás,
Ronaldo Caiado (União Brasil), e de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), apareceram
juntos em tom amistoso. O político goiano chegou até a afirmar que um deles
“ocupará o Palácio do Planalto”.
Enquanto
isso, em prisão domiciliar, Bolsonaro está impedido de participar de eventos
como esse, articular com aliados e falar aos eleitores.
• PGR vai analisar em até 5 dias o
indiciamento de Bolsonaro e Eduardo
A
Procuradoria-Geral da República (PGR) tem até a próxima segunda-feira, dia 1°
de setembro, para se manifestar sobre o relatório da Polícia Federal (PF) que
indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro e seu filho, o deputado federal Eduardo
Bolsonaro (PL-SP), no inquérito do tarifaço do Estados Unidos contra o Brasil.
O prazo
também vale para a procuradoria avaliar a manutenção da prisão domiciliar de
Bolsonaro e os argumentos apresentados pelos advogados para negar o
descumprimento das medidas cautelares que proíbem o ex-presidente de acessar
suas redes sociais e perfis de terceiros, além das explicações sobre o pedido
de asilo político à Argentina encontrado no celular de Bolsonaro durante uma
busca e apreensão da Polícia Federal (PF).
O
período para manifestação da PGR terminaria na manhã desta quarta-feira (27),
mas foi ampliado pelo ministro. Dessa forma, a procuradoria tem mais cinco dias
para emitir o parecer sobre as questões.
A
ampliação do prazo foi definida na decisão na qual Moraes determinou que a
Polícia Penal do Distrito Federal realize a vigilância integral da casa do
ex-presidente.
O
monitoramento foi autorizado após o ministro receber uma cópia do pedido
inicial, que foi protocolado pelo deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ).
Segundo o parlamentar, o aumento da vigilância é necessário para garantir a
“aplicação da lei penal” e evitar fuga.
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Eduardo manda recado a aliados às vésperas do julgamento de Bolsonaro
Às
vésperas do julgamento de Jair Bolsonaro no STF por tentativa de golpe de
Estado, o deputado Eduardo Bolsonaro mandou um recado a aliados que defendem a
saída do ex-presidente da corrida eleitoral de 2026. Em suas redes sociais,
Eduardo afirmou que esses aliados “não serão percebidos como apoiadores”.
Para o
deputado, que mora nos Estados Unidos desde fevereiro, o julgamento pelo
Supremo Tribunal Federal representa uma tentativa de forçar Bolsonaro a se
retirar da disputa.
“Há uma
curiosidade no ar: quanto mais próximo do julgamento do meu pai, mais pessoas
têm falado sobre substituí-lo na corrida presidencial. E, de maneira descarada,
essas mesmas pessoas ainda dizem que é para o bem de Bolsonaro, porque o
apoiam. Se houver necessidade de substituir JB, isso não será feito pela força
nem com base em chantagem”, escreveu.
“Acho
que já deixei claro que não me submeto a chantagens. Qualquer decisão política
será tomada por nós. Não adianta vir com o papo de ‘única salvação’, porque não
iremos nos submeter. Não há ganho estratégico em fazer esse anúncio agora, a
poucos dias do seu injusto julgamento”, avaliou o deputado.
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“Faca no pescoço”
Eduardo
Bolsonaro alegou ainda que não pretende “desunir a direita” e disse considerar
que o julgamento pelo STF é a “faca no pescoço” de Bolsonaro para afastá-lo das
eleições de 2026.
“O
julgamento é a faca no pescoço de JB, é o ‘meio de pressão eficaz’ para forçar
Bolsonaro a tomar uma decisão da qual não possa mais voltar atrás. Quem
compactua com essa nojeira pode repetir mil vezes que é pró-Bolsonaro, mas não
será percebido como apoiador e muito menos como merecedor dos votos
bolsonaristas”, avisou.
“São
com atitudes – e não com palavras – que mostramos quem somos. Antes de mais
nada, caminhar com Bolsonaro significa ter princípios, coerência e valores.
Aviso desde já, para depois não virem com a ladainha de que eu estou desunindo
a direita ou sendo radical: na base da chantagem vocês não irão levar nada”,
concluiu Eduardo.
• Michelle se manifesta após Moraes
ordenar monitoramento de Bolsonaro
A
ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro fez uma postagem em uma das redes sociais
dela, nesta terça-feira (26/8), na qual afirma que tem passado por um desafio
“enorme” para “resistir à perseguição” e “suportar as humilhações”. A
declaração de Michelle foi feita horas após o ministro Alexandre de Moraes, do
Supremo Tribunal Federal (STF), determinar que a Polícia Penal do Distrito
Federal realize monitoramento em tempo integral nas imediações da casa do
ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Sabe…
a cada dia que passa, o desafio tem sido enorme: resitir à perseguição, lidar
com as incertezas e suportar as humilhações”, postou a ex-primeira dama no
Instagram.
Ainda
na publicação, Michelle diz: “Nós vamos vencer”. Ela afirma na declaração que
há uma “promessa” de Deus e que o ama independentemente dos “dias ruins”.
“Mas
não tem nada, não. Nós vamos vencer. Deus é bom o tempo todo, e nós temos uma
promessa. Pai, eu Te amo, independente dos dias ruins (sic). Eu Te louvo de
todo o meu coração. O Senhor não perdeu o controle de absolutamente nada. Hoje
eu declaro: o Brasil pertence ao Senhor Jesus!”, encerra a manifestação.
Jair
Bolsonaro reside em um condomínio no Setor Habitacional Jardim Botânico, em
Brasília. Desde o dia 4 de agosto deste ano, ele cumpre prisão domiciliar por
ordem de Moraes. O ministro do STF considerou que o ex-presidente descumpriu
medidas cautelares que haviam sido impostas a ele.
Moraes
determinou, nesta terça, em concordância com uma manifestação da
Procuradoria-Geral da República (PGR), o monitoramento integral de Bolsonaro. A
PGR entendeu haver risco de fuga do ex-presidente e se pronunciou favorável à
vigilância extra, após uma provocação do líder do Partido dos Trabalhadores
(PT) na Câmara, deputado Lindbergh Farias.
O
deputado enviou ofício à Polícia Federal (PF) pedindo por um monitoramento
maior de Bolsonaro, entendendo existir risco de fuga do ex-presidente para a
Argentina. Lindbergh fundamentou o pedido de monitoramento no fato de a PF ter
encontrado um documento no celular do ex-presidente que indicaria a intenção de
solicitar asilo político no país vizinho.
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Dentro de casa
Após
Moraes determinar a realização do reforço policial na vigilância de Bolsonaro,
a PF encaminhou, nesta terça, um ofício ao ministro do STF para que o trabalho
de monitoramento “integral das atividades” do ex-presidente seja realizado
dentro da residência dele, e não na imediações apenas.
O
pedido da PF para o monitoramento dentro da residência de Bolsonaro e Michelle
foi encaminhado por Moraes para a PGR, que deve emitir um parecer a respeito da
demanda. O despacho não cita prazo para resposta.
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O processo
A
determinação da prisão domiciliar e do reforço no monitoramento de Bolsonaro
foram tomadas no âmbito do inquérito 4.995. A apuração visa esclarecer a
suspeita de atuação de Bolsonaro e do filho Eduardo Bolsonaro (PL-SP) na coação
no curso do processo.
A
coação seria para atrapalhar o andamento da ação penal nº 2.668, que trata da
suposta tentativa de golpe para manter Bolsonaro no poder, mesmo após a eleição
do presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2022. O
julgamento da referida ação penal começa na próxima terça-feira (2/9).
Pai e
filho foram indiciados pela suposta prática do crime de coação. Eduardo segue
nos Estados Unidos, desde fevereiro deste ano.
Fonte:
Fórum/Metrópoles

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