quinta-feira, 28 de agosto de 2025

Bolsonaro tentou escapar para um terceiro país além dos EUA e Argentina

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que a Polícia Federal intensifique a vigilância sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A medida busca impedir que o ex-mandatário deixe o país para escapar de uma provável condenação no julgamento por tentativa de golpe de Estado, previsto para começar na próxima semana.

O temor de fuga não é infundado. Além de ter passado uma temporada nos Estados Unidos e de já ter esboçado um pedido de asilo ao presidente argentino Javier Milei, Bolsonaro também se refugiou por duas noites na embaixada da Hungria, em Brasília, após ter o passaporte apreendido. À época, estava pronto para pedir proteção ao primeiro-ministro Viktor Orbán, seu aliado político na Europa.

Em ofício encaminhado ao STF, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, considerou “de bom alvitre” o reforço no monitoramento de Bolsonaro. Moraes classificou a proposta como “adequada e necessária” para garantir a aplicação da lei penal.

<><> As tentaitvas da defesa

Enquanto isso, a defesa de Bolsonaro vem tentando, sem sucesso, adiar ou transferir o julgamento. Primeiro, pediu a retirada do caso da competência do Supremo. Depois, tentou deslocar a análise da Primeira Turma para o plenário. Ambas as tentativas foram rejeitadas.

Apesar das evidências, Bolsonaro nega a intenção de deixar o país. Atualmente, cumpre prisão domiciliar a poucos minutos do setor das embaixadas na capital federal. No dia em que recebeu a tornozeleira eletrônica, chegou a ironizar: “Sair do Brasil é a coisa mais fácil que tem”.

•        Carlos Bolsonaro tem chilique nas redes com pedido da PF para vigiar o pai

Após a decisão da Polícia Federal (PL) de reforçar a vigilância ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) foi às redes sociais para reagir com chiliques e com ataques à PF, acusações ao governo de usar a lei “para eliminar desafetos políticos” e disse que Brasil estaria se submetendo a interesses estrangeiros, nesta terça-feira (27).

Enquanto avançam as investigações sobre Jair Bolsonaro e seus aliados, às vésperas do julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), episódios como esse mostram a tentativa da família de deslocar o debate público para o campo ideológico, agitando fantasmas de “entreguismo” e “ameaça externa” como cortina de fumaça.

“Hoje surge mais um exemplo: soberania nacional sempre foi somente um pretexto para enganar inocentes e eliminar desafetos políticos”, escreveu o vereador nas redes sociais, na tentativa de associar o caso.

O discurso bolsonarista estrategiza a retórica de vitimização, reforçando a ideia de que o ex-presidente e sua família seriam perseguidos por motivos políticos, ao mesmo tempo em que tentam se reposicionar como defensores da “independência nacional”. Ele usa a associação de temas desconexos, da vigilância policial à venda de ativos de mineração, para tal.

Ele cita o caro da operação da Anglo American, que em agosto deste ano vendeu seus complexos de níquel em Goiás, Pará e Mato Grosso para a estatal chinesa China Minmetals, por meio da MMG Limited, por US$ 500 milhões. Carlos Bolsonaro destacou que a oferta foi inferior à feita pela turca Corex Holding, de US$ 900 milhões, e que, mesmo assim, o governo teria permitido a transação — o que ele classifica como “entrega da soberania nacional”.

Em sua versão, o episódio comprovaria que o Brasil estaria sendo “saqueado” por governos estrangeiros, ao mesmo tempo em que seu pai é alvo de perseguição interna.

•        Cerco a Bolsonaro se fecha e Centrão avança sobre nome para 2026

Alvo de ações no Supremo Tribunal Federal (STF), às vésperas de ser julgado pela trama golpista, e com restrições judiciais para articular e conversar livremente com aliados mais próximos, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tem enfrentado isolamento forçado. Isso acontece no mesmo momento em que o chamado Centrão avança com articulações para definição de um candidato competitivo para o Palácio do Planalto em 2026.

Nessa terça-feira (26/8), o ministro Alexandre de Moraes, do STF, determinou o reforço no policiamento nas imediações da residência do ex-presidente, em Brasília. A decisão veio após manifestação da Procuradoria-Geral da República (PGR) com base em pedido feito pelo líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias. A justificativa: o risco de fuga de Bolsonaro, que está em prisão domiciliar e monitorado por tornozeleira eletrônica.

Ainda na terça, a PF pediu a Moraes que determine que a vigilância policial de Bolsonaro seja feita 24 horas dentro da residência do ex-presidente. O ministro ainda não se manifestou sobre este pedido.

Na semana passada, a Polícia Federal (PF) pediu indiciamento de Bolsonaro e do filho Eduardo por coação e tentativa de dificultar o andamento do processo da trama golpista. Entre trechos de conversas e documentos divulgados pela PF, constava minuta de pedido de asilo do ex-presidente ao presidente da Argentina, Javier Milei.

Além das ações enfrentadas por Bolsonaro no Judiciário, as mensagens trocadas entre o ex-presidente e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), divulgadas pela Polícia Federal (PF) na semana passada, demonstraram que a família Bolsonaro enfrenta dificuldades para definir quem será o herdeiro político do ex-presidente.

<><> Cerco judicial a Jair Bolsonaro

•        Em novembro de 2024, a Polícia Federal (PF) indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativas de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

•        Já em fevereiro de 2025, a Procuradoria-Geral da República (PGR) ofereceu ao Supremo Tribunal Federal (STF) denúncia contra Jair Bolsonaro por tentativa de golpe, organização criminosa, deterioração de patrimônio tombado e outros crimes.

•        Jair Bolsonaro viraria réu pelos crimes pelos quais foi denunciado em março, quando a Primeira Turma do STF recebeu a denúncia contra o ex-presidente e outros setes acusados por integrar o núcleo central da trama golpista.

•        Em julho, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, determinou medidas cautelares contra Jair Bolsonaro coação, obstrução e atentado à soberania nacional. A decisão, no entanto, ocorre em um processo diferente da trama golpista, onde a PF apontou que Bolsonaro e Eduardo têm trabalhado junto a autoridades dos Estados Unidos contra agentes públicos do Brasil.

•        Já no começo de agosto, Moraes determinou a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro por descumprir as medidas cautelares. Segundo o ministro, houve a publicação nas redes sociais de declarações de Bolsonaro durante manifestação realizada por apoiadores.

 Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tornou o ex-presidente inelegível em duas ações, sendo uma delas por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação. Assim, a família Bolsonaro tinha a expectativa de que um dos filhos do político, ou a ex-primeira-dama, fosse o seu herdeiro direto. No entanto, a indicação não é bem recebida por outros caciques da direita.

Trinca de governadores

Na última semana, durante a festa do Peão de Barretos, em São Paulo, os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), e de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), apareceram juntos em tom amistoso. O político goiano chegou até a afirmar que um deles “ocupará o Palácio do Planalto”.

Enquanto isso, em prisão domiciliar, Bolsonaro está impedido de participar de eventos como esse, articular com aliados e falar aos eleitores.

•        PGR vai analisar em até 5 dias o indiciamento de Bolsonaro e Eduardo

A Procuradoria-Geral da República (PGR) tem até a próxima segunda-feira, dia 1° de setembro, para se manifestar sobre o relatório da Polícia Federal (PF) que indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro e seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), no inquérito do tarifaço do Estados Unidos contra o Brasil.

O prazo também vale para a procuradoria avaliar a manutenção da prisão domiciliar de Bolsonaro e os argumentos apresentados pelos advogados para negar o descumprimento das medidas cautelares que proíbem o ex-presidente de acessar suas redes sociais e perfis de terceiros, além das explicações sobre o pedido de asilo político à Argentina encontrado no celular de Bolsonaro durante uma busca e apreensão da Polícia Federal (PF).

O período para manifestação da PGR terminaria na manhã desta quarta-feira (27), mas foi ampliado pelo ministro. Dessa forma, a procuradoria tem mais cinco dias para emitir o parecer sobre as questões.

A ampliação do prazo foi definida na decisão na qual Moraes determinou que a Polícia Penal do Distrito Federal realize a vigilância integral da casa do ex-presidente.

O monitoramento foi autorizado após o ministro receber uma cópia do pedido inicial, que foi protocolado pelo deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ). Segundo o parlamentar, o aumento da vigilância é necessário para garantir a “aplicação da lei penal” e evitar fuga.

<><> Eduardo manda recado a aliados às vésperas do julgamento de Bolsonaro

Às vésperas do julgamento de Jair Bolsonaro no STF por tentativa de golpe de Estado, o deputado Eduardo Bolsonaro mandou um recado a aliados que defendem a saída do ex-presidente da corrida eleitoral de 2026. Em suas redes sociais, Eduardo afirmou que esses aliados “não serão percebidos como apoiadores”.

Para o deputado, que mora nos Estados Unidos desde fevereiro, o julgamento pelo Supremo Tribunal Federal representa uma tentativa de forçar Bolsonaro a se retirar da disputa.

“Há uma curiosidade no ar: quanto mais próximo do julgamento do meu pai, mais pessoas têm falado sobre substituí-lo na corrida presidencial. E, de maneira descarada, essas mesmas pessoas ainda dizem que é para o bem de Bolsonaro, porque o apoiam. Se houver necessidade de substituir JB, isso não será feito pela força nem com base em chantagem”, escreveu.

“Acho que já deixei claro que não me submeto a chantagens. Qualquer decisão política será tomada por nós. Não adianta vir com o papo de ‘única salvação’, porque não iremos nos submeter. Não há ganho estratégico em fazer esse anúncio agora, a poucos dias do seu injusto julgamento”, avaliou o deputado.

<><> “Faca no pescoço”

Eduardo Bolsonaro alegou ainda que não pretende “desunir a direita” e disse considerar que o julgamento pelo STF é a “faca no pescoço” de Bolsonaro para afastá-lo das eleições de 2026.

“O julgamento é a faca no pescoço de JB, é o ‘meio de pressão eficaz’ para forçar Bolsonaro a tomar uma decisão da qual não possa mais voltar atrás. Quem compactua com essa nojeira pode repetir mil vezes que é pró-Bolsonaro, mas não será percebido como apoiador e muito menos como merecedor dos votos bolsonaristas”, avisou.

“São com atitudes – e não com palavras – que mostramos quem somos. Antes de mais nada, caminhar com Bolsonaro significa ter princípios, coerência e valores. Aviso desde já, para depois não virem com a ladainha de que eu estou desunindo a direita ou sendo radical: na base da chantagem vocês não irão levar nada”, concluiu Eduardo.

•        Michelle se manifesta após Moraes ordenar monitoramento de Bolsonaro

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro fez uma postagem em uma das redes sociais dela, nesta terça-feira (26/8), na qual afirma que tem passado por um desafio “enorme” para “resistir à perseguição” e “suportar as humilhações”. A declaração de Michelle foi feita horas após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinar que a Polícia Penal do Distrito Federal realize monitoramento em tempo integral nas imediações da casa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

“Sabe… a cada dia que passa, o desafio tem sido enorme: resitir à perseguição, lidar com as incertezas e suportar as humilhações”, postou a ex-primeira dama no Instagram.

Ainda na publicação, Michelle diz: “Nós vamos vencer”. Ela afirma na declaração que há uma “promessa” de Deus e que o ama independentemente dos “dias ruins”.

“Mas não tem nada, não. Nós vamos vencer. Deus é bom o tempo todo, e nós temos uma promessa. Pai, eu Te amo, independente dos dias ruins (sic). Eu Te louvo de todo o meu coração. O Senhor não perdeu o controle de absolutamente nada. Hoje eu declaro: o Brasil pertence ao Senhor Jesus!”, encerra a manifestação.

Jair Bolsonaro reside em um condomínio no Setor Habitacional Jardim Botânico, em Brasília. Desde o dia 4 de agosto deste ano, ele cumpre prisão domiciliar por ordem de Moraes. O ministro do STF considerou que o ex-presidente descumpriu medidas cautelares que haviam sido impostas a ele.

Moraes determinou, nesta terça, em concordância com uma manifestação da Procuradoria-Geral da República (PGR), o monitoramento integral de Bolsonaro. A PGR entendeu haver risco de fuga do ex-presidente e se pronunciou favorável à vigilância extra, após uma provocação do líder do Partido dos Trabalhadores (PT) na Câmara, deputado Lindbergh Farias.

O deputado enviou ofício à Polícia Federal (PF) pedindo por um monitoramento maior de Bolsonaro, entendendo existir risco de fuga do ex-presidente para a Argentina. Lindbergh fundamentou o pedido de monitoramento no fato de a PF ter encontrado um documento no celular do ex-presidente que indicaria a intenção de solicitar asilo político no país vizinho.

<><> Dentro de casa

Após Moraes determinar a realização do reforço policial na vigilância de Bolsonaro, a PF encaminhou, nesta terça, um ofício ao ministro do STF para que o trabalho de monitoramento “integral das atividades” do ex-presidente seja realizado dentro da residência dele, e não na imediações apenas.

O pedido da PF para o monitoramento dentro da residência de Bolsonaro e Michelle foi encaminhado por Moraes para a PGR, que deve emitir um parecer a respeito da demanda. O despacho não cita prazo para resposta.

<><> O processo

A determinação da prisão domiciliar e do reforço no monitoramento de Bolsonaro foram tomadas no âmbito do inquérito 4.995. A apuração visa esclarecer a suspeita de atuação de Bolsonaro e do filho Eduardo Bolsonaro (PL-SP) na coação no curso do processo.

A coação seria para atrapalhar o andamento da ação penal nº 2.668, que trata da suposta tentativa de golpe para manter Bolsonaro no poder, mesmo após a eleição do presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2022. O julgamento da referida ação penal começa na próxima terça-feira (2/9).

Pai e filho foram indiciados pela suposta prática do crime de coação. Eduardo segue nos Estados Unidos, desde fevereiro deste ano.

 

Fonte: Fórum/Metrópoles

 

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