sexta-feira, 29 de agosto de 2025

Extrema direita atacou fiscalização do Pix para proteger lavagem de dinheiro Faria Lima-PCC. Entendeu agora?

 A onda de desinformação propagada por políticos de extrema-direita que teve como alvo o Pix colaborou com a manutenção do esquema de lavagem de dinheiro que envolvia a facção criminosa PCC e fintechs, desmantelado por uma megaoperação policial nesta quinta-feira (28).  A operação revelou que o crime organizado se beneficiou da falta de regulamentação para lavar recursos ilegais por meio dessas instituições.

A origem desse embate remonta a setembro do ano passado, quando a Receita Federal publicou a Instrução Normativa (IN) 2219/24. O objetivo era atualizar as regras para incluir as fintechs nas mesmas exigências que já se aplicavam aos bancos tradicionais. A medida determinava que movimentações financeiras superiores a R$ 5 mil, feitas por meio de Pix ou outros meios de pagamento como TED e cartões de débito, fossem informadas à Receita.

No entanto, a reação foi rápida e negativa, com a disseminação de fake news que distorceram o real propósito da normativa, acusando o governo de tentar taxar o Pix e invadir o sigilo dos pequenos negócios.

A onda de desinformação causou grande alarde entre a população, especialmente entre trabalhadores autônomos e microempresários, que temiam ser atingidos por uma possível "malha fina". A Receita Federal negou que o objetivo fosse punir os pequenos negócios, mas o governo, temeroso com o impacto político, decidiu revogar a IN, contrariando a posição da equipe econômica que defendia o fortalecimento do controle sobre as movimentações digitais.

Em janeiro, o governo ainda editou uma Medida Provisória (MP) para proibir os comerciantes de cobrarem taxas adicionais sobre pagamentos via Pix. Embora isso fosse contrário à prática comum do mercado, a medida não foi votada e perdeu a validade em junho. A revogação da IN, porém, gerou consequências mais profundas. Em comunicado, a Receita Federal apontou que a falta de regulamentação adequada das fintechs permite que organizações criminosas utilizem essas plataformas para ocultar o rastreamento de suas transações ilegais.

O cenário se agravou com a circulação de vídeos e mensagens, como o do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), que sugeriu que o governo poderia taxar o Pix no futuro. O conteúdo, que alcançou mais de 100 milhões de visualizações, aumentou a pressão sobre o Palácio do Planalto. Preocupado com o desgaste político e a reação popular, o governo convocou uma série de reuniões para tentar reverter a situação. Durante esse processo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, acompanhado de sua equipe de ministros, decidiu revisar a estratégia de comunicação do governo, escalando o publicitário Sidônio Palmeira para coordenar a resposta oficial.

•        Haddad diz que 'crime organizado requer resposta organizada' e afirma que operação desta quinta 'desmantela refinaria do crime'

Em uma coletiva de imprensa realizada nesta quinta-feira, 28 de agosto, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ressaltou a importância da ação integrada entre diversas forças de segurança no combate ao crime organizado no Brasil. A operação, que faz parte de um esforço nacional de combate ao PCC e seus tentáculos no mercado de combustíveis, foi elogiada por sua coordenação e sofisticação.

"Contra o crime organizado, é necessário uma resposta organizada. O crime se sofisticou, e, para enfrentá-lo, o Estado precisa responder de maneira igualmente sofisticada", afirmou Haddad. Ele destacou o papel essencial da Receita Federal na fiscalização e investigação das fraudes financeiras utilizadas pelo crime organizado, enfatizando a necessidade de inteligência fiscal para entender o complexo caminho do dinheiro ilícito.

A operação, que envolveu mais de mil agentes da Polícia Federal, Receita Federal, Ministério Público e outros órgãos de segurança, teve como foco desarticular a infiltração do PCC em setores estratégicos da economia, especialmente o mercado de combustíveis. Segundo o ministro, a ação identificou e bloqueou fraudes que envolviam desde adulteração de combustíveis até a utilização de fundos financeiros complexos para lavar dinheiro.

"Hoje, conseguimos desmantelar uma verdadeira refinaria do crime", disse Haddad, referindo-se à descoberta de um esquema criminoso que operava de forma capilar, com mais de mil postos de gasolina, quatro refinarias e centenas de caminhões envolvidos no transporte de combustíveis adulterados. O esquema, segundo as autoridades, também incluía importação fraudulenta de metanol e outros insumos, além de manipulação do mercado financeiro através de fundos de investimento e fintechs.

O ministro destacou ainda que a operação foi possível graças à criação, em 2023, de uma equipe dedicada exclusivamente ao combate a fraudes estruturadas, no âmbito da Receita Federal. "Com essa equipe especializada, conseguimos desvendar mecanismos financeiros sofisticados usados pelo crime organizado", afirmou. Ele detalhou que, ao longo dos últimos quatro anos, mais de R$ 52 bilhões transitados por fundos criminosos foram investigados, e que os bloqueios de ativos já somam mais de R$ 1,4 bilhão.

Além disso, Haddad enfatizou a importância de um esforço coordenado entre os estados e o governo federal para alcançar resultados mais eficazes. "O sucesso dessa operação é fruto de um trabalho conjunto, que envolveu mais de 350 auditores fiscais da Receita Federal, além de policiais federais, civis e militares", explicou. Ele também destacou a relevância da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) da Segurança, que visa institucionalizar essa coordenação no combate ao crime organizado, tornando-a uma política de Estado permanente.

A operação "Carbono Oculto", como foi chamada, envolveu investigações e mandados de busca e apreensão em oito estados, além de ações direcionadas a desmantelar a rede criminosa que controla o setor de combustíveis. Os alvos foram mais de 350 pessoas e empresas suspeitas de fraudes que violavam a ordem econômica e prejudicavam o consumidor, como o uso de bombas adulteradas em postos de combustíveis.

Haddad concluiu sua fala afirmando que esta operação representa um novo modelo de combate ao crime organizado no Brasil, com ações coordenadas que envolvem diversos órgãos governamentais e que visam atingir as camadas mais altas do sistema criminoso. "Estamos criando um modelo de trabalho que pode trazer esperança para o povo brasileiro, pois a resposta contra o crime organizado será cada vez mais forte e eficaz", finalizou o ministro.

A operação, considerada uma das maiores do país em termos de cooperação institucional, também é vista como um passo importante para intensificar o combate ao crime em um nível nacional, quebrando o ciclo de impunidade e dificultando a atuação de facções criminosas no Brasil.

•        A Faria Lima conseguiu:  infiltrou-se no crime organizado. Por Moisés Mendes

Os jornais destacaram em manchetes os aplausos que o ministro André Mendonça recebeu de empresários e altos executivos, em palestra no Fórum Econômico do Lide, na semana passada no Rio.

Não há o nome de nenhum empresário que tenha se assumido como aplaudidor do recado de Mendonça a Alexandre de Moraes, para que seu colega de STF se dedique à autocontenção na condução dos processos contra os golpistas.

Por que não há nomes? Porque a elite empresarial anticomunista e antilulista, que já teve Mario Amato e Antonio Ermirio de Moraes como figuras célebres por suas posições públicas, hoje tem empresários e executivos com posições ocultas.

São da velha direita agora engajada ao fascismo, cada vez mais terrivelmente antilulista, mas não mostram a cara. Seus aplausos são manifestações genéricas, que os jornalões registram como se fossem coisa de torcida em estádio de futebol. Algo coletivo, de grupos, sem nome.

O extremismo empresarial brasileiro esconde o rosto e raramente irá assumir publicamente que aplaude o cerco do bolsonarismo a Moraes. Que deseja Tarcísio de Freitas como sucedâneo do chefe do golpe. E que se articula para ser golpista de novo, se tudo der errado mais uma vez para eles em 2026.

É nesse cenário que ficamos sabendo que a Faria Lima conseguiu finalmente o que deve ter tentado por muito tempo. Infiltrou-se no crime organizado e trabalha agora para o PCC.

Não é, como muitos pensam, o contrário. Não foi o PCC que conseguiu se infiltrar na Faria Lima. Temos, no reduto do dinheiro, a complementação de atividades criminosas que já envolviam figuras desse meio em negócios com ouro da garimpagem ilegal e com a grilagem de terras.

Teremos agora, como reação previsível, a tentativa de separar os puros dos contaminados. Vão tentar separar o que seria a legítima Faria Lima, que tem apenas o dinheiro do rentismo como vício, do resto que lida com qualquer forma de bandidagem que dê dinheiro.

Mario Amato, Antonio Ermírio e outros daquela geração, que acionavam o anticomunismo pós-ditadura com algum recato e certos limites, ficariam assombrados com o que vissem hoje.

A Faria Lima esquenta dinheiro de traficantes do crime organizado, enquanto prega moralidades fiscais e patrulha o governo Lula em nome de bom senso e da racionalidade do mercado.

Chega a ser divertido ver a abordagem dos jornalões sobre a operação policial dessa quarta-feira. A Folha, por exemplo, informa o seguinte em manchete: “Força-tarefa realiza megaoperação contra atuação do PCC nos combustíveis e na Faria Lima”

Seria o PCC agindo na Faria Lima, e não a Faria Lima como parte do esquema do PCC. A Faria Lima é apresentada quase como vítima, e não como sócia do crime organizado.

A Operação Carbono Oculto vai mostrar a face de muitos dos que aplaudiram Mendonça de Barros e que preferiam o conforto do bolsonarismo oculto. E não tentem empurrar tudo apenas para o colo das fintechs.

Pode não mudar muita coisa, mas agora sabemos que traficantes e operadores do mercado financeiro não são diferentes mais nem na vestimenta.

A extrema direita financista acumpliciada com o PCC desmanchou até o nó da gravata dos bacanas da Faria Lima.

•        O necessário combate ao PCC. Por Eduardo Appio

As organizações criminosas têm se fortalecido no Brasil ao longo dos últimos trinta anos. O PCC  Paulista e o Comando Vermelho no Rio de Janeiro detêm uma capacidade financeira sem precedentes na América Latina. Estes recursos lhes permitem interferir nas eleições e financiar campanhas políticas. O PCC se especializou no roubo a bancos desde o início dos anos 90, enquanto o Comando Vermelho atuava fortemente no tráfico de armas e entorpecentes desde os anos 80.

A Lei de Organizações Criminosas – Lei 12.850 de 2013 – estabeleceu o conceito de organização criminosa de forma muito ampla. Esta amplitude em matéria penal levou à banalização do conceito. Basta que se reúnam mais de quatro pessoas para o cometimento de crimes graves para que sejam considerados uma organização criminosa. Esta banalização acaba por tornar ineficaz um sistema jurídico criado para tratar de um gravíssimo problema. Não é segredo que PCC e Comando Vermelho dominam as principais penitenciárias estaduais no Brasil. Trabalhei diretamente com processos envolvendo líderes do PCC e recebi, como juiz federal, a segurança e carro blindado solicitados junto ao TRF4. Considero que as policias estaduais não estão preparadas para investigar o PCC e o Comando Vermelho. Apesar das boas intenções dos estados, todos sabemos que somente uma agência federal poderia atuar, com eficiência, na investigação das duas maiores organizações criminosas do Brasil. Estas investigações demandam um contato frequente com o COAF, Banco Central e a Receita Federal, além de juízes e Procuradores treinados para estas funções e com as garantias de segurança indispensáveis à função. A Polícia Federal precisa receber os recursos necessários para ampliar as investigações e eficiência dos serviços de inteligência, centralizando se em Brasília, junto ao Ministério da Justiça, o combate ao PCC e ao Comando Vermelho.

Ainda que a experiência com a criação de varas federais especializadas em lavagem de dinheiro tenha se mostrado mal sucedida – especialmente em Curitiba e no Rio de Janeiro, por conta de ilegal politização dos juízes – a ideia de uma ou mais varas federais centralizadas em Brasília  seria uma alternativa importante para os casos envolvendo as investigações destas duas grandes organizações.

Não se pode confundir, todavia, organizações criminosas com organizações terroristas. Temos, hoje, problemas de terrorismo doméstico e político que podem ser investigados e prevenidos pela ABIN. A polícia federal,  por  outro lado, atua na investigação e combate do PCC e Comando Vermelho, buscando sinergia com a administração das penitenciárias estaduais.

Somente através de um grande pacto nacional contra o crime organizado, o qual demanda cooperação entre os secretários estaduais de justiça e o Ministério da Justiça em Brasília, será possível resistir ou mesmo retardar o avanço do PCC e Comando Vermelho nas próximas eleições.

A política partidária  deve ser deixada de lado em nome de uma política mais eficiente e centralizada em Brasília.

<><> Combate ao crime organizado no setor de combustíveis: um marco histórico para o Brasil. Por Jean Paul Prates

O Brasil testemunhou hoje um marco decisivo no enfrentamento ao crime organizado e na reinauguração da legalidade na distribuição de combustíveis. A megaoperação deflagrada pela Polícia Federal, em cooperação com o Ministério da Justiça, o Ministério da Fazenda e diversas entidades do Estado brasileiro, atingiu em cheio um esquema bilionário que vinha sendo estruturado por facções criminosas no setor.

O impacto desta ação é monumental. Estima-se que o setor de combustíveis perdesse cerca de R$ 29 bilhões por ano em razão de fraudes sistemáticas, adulterações, lavagem de dinheiro e sonegação, conforme dados do Instituto Combustível Legal. Trata-se do maior golpe já desferido contra o crime organizado nessa área, desmontando estruturas que iam “do poço ao posto”, envolvendo magnatas que se colocavam a serviço de facções e corrompiam a concorrência leal.

A resposta firme e articulada do Estadorepresentada pelo Ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, pelo Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e pelo Diretor-Geral da Polícia Federal, Andrei Rodriguesdeve ser celebrada como um ponto de inflexão na história do setor. Ela mostra que o Brasil não aceitará mais conviver com redes criminosas que exploram um dos pilares da economia nacional e prejudicam consumidores, empresas idôneas e a arrecadação pública.

O reflexo imediato da operação já se fez sentir no mercado. As ações das principais distribuidoras de combustível registraram alta, revelando a confiança do setor de que este é o início de uma nova etapa, marcada pela transparência, previsibilidade e segurança jurídica. Entidades representativas da cadeia de combustíveis e bioenergia também se manifestaram em apoio à iniciativa, destacando que o combate às irregularidades abre espaço para a concorrência saudável, para investimentos e para a construção de um ambiente econômico mais justo.

Este não é apenas um episódio policial, mas um marco civilizatório. É a demonstração de que, quando o Estado age de forma coordenada e determinada, a sociedade inteira colhe os frutos.

Ao combater o crime organizado, o Brasil reafirma sua soberania, protege os trabalhadores honestos e fortalece a confiança no setor energético como base para o desenvolvimento sustentável.

Fica aqui o nosso reconhecimento e agradecimento a todos os agentes públicos envolvidos nesta operação históricaministros, forças policiais, equipes de investigação e as diversas instâncias da administração pública que atuaram de maneira exemplar. Que esta seja apenas a primeira de muitas vitórias contra aqueles que insistem em corroer, pelas sombras, o futuro do país.

 

Fonte: Brasil 247

 

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