86%
dos argentinos consideram o governo de Milei corrupto
Um
estudo realizado em plataformas digitais revelou que a grande maioria dos
usuários percebe o governo do presidente argentino
Javier Milei como corrupto, após o vazamento de uma gravação de áudio que vincula
os termos “família presidencial”, “medicamentos” e supostas irregularidades.
A gravação, que envolve Karina Milei,
irmã do presidente, e seus primos Martín e Luule Menem, gerou uma onda de
reações nas redes sociais. Segundo o relatório de análise emocional elaborado
pela consultoria Horus, 86% dos comentários no Instagram e no Facebook
descrevem o governo como corrupto.
Em
contrapartida, 11% dos usuários defendem o partido no poder, atribuindo o
escândalo a uma manobra do kirchnerismo, amplificada pela
mídia e pelos jornalistas que — segundo essa visão — buscam explorar o caso
para fins eleitorais.
Apesar
da gravidade das acusações, os processos não prosperaram na Justiça por falta
de provas concretas. Isso reforçou a narrativa entre os apoiadores de Milei de que
se trata de uma estratégia para enfraquecer sua imagem antes
das eleições legislativas.
Nesse
contexto, a manipulação do debate digital ganhou destaque. Diversos analistas
apontam que trolls financiados pelo Estado — ou usuários agindo organicamente —
intervêm para desviar a atenção do público , polarizando a conversa e desviando
o foco da informação.
No
entanto, desde que o áudio foi divulgado, esses atores digitais têm se mantido
discretos , assim como a maioria das autoridades e a própria Karina Milei, que apareceu em
eventos públicos sem
se referir ao assunto.
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Imprensa vaza novos áudios de esquema envolvendo a irmã
de Milei
A
imprensa da Argentina divulgou nesta
quarta-feira (27) novos áudios que reforçam denúncias de corrupção na Agência
Nacional de Deficiência (ANDIS), envolvendo nomes próximos ao presidente Javier Milei, inclusive a irmã dele, Karina Milei.
As
gravações são atribuídas a Diego Spagnuolo, ex-diretor do órgão, e citam também
Eduardo “Lule” Menem, subsecretário de Gestão Institucional do governo. O caso
veio a público na semana passada, após a Justiça realizar buscas em meio à
investigação de um suposto esquema de propina ligado à compra de medicamentos.
Spagnuolo,
demitido do cargo um dia antes da operação, acusa Karina e Menem de se
beneficiarem dos desvios. Ele afirma que os pagamentos chegavam a até 8% de
cada contrato, algo entre US$ 500 mil e US$ 800 mil por mês, e que Karina
recebia cerca de 3%.
Segundo
o jornal Clarín, nos novos áudios, Spagnuolo descreve um suposto esquema de
“repartição” de contratos na área de deficiência, no qual uma distribuidora
farmacêutica teria participado do pagamento de propinas.
Nas
gravações, Spagnuolo acusa Menem de controlar diretamente a operação e afirma
que Karina teria poder decisivo nos bastidores.
Sem
citar nomes, o ex-diretor afirmou: "Eles roubaram todo mundo, não só a
mim. Eles têm frentes de conflito em todos os lugares".
O
ex-funcionário também ironizou o porta-voz presidencial, Manuel Adorni, por ter
exibido em coletiva de imprensa uma radiografia de cachorro para falar de
suposta fraude em pensões durante o governo Kirchner.
"Veja
a comunicação, você tem aquele idiota do Adorni, a quem demos todas as
informações. Nós dissemos a ele que essa pensão não foi concedida, aquela sobre
o raio-X do cachorro", afirmou. "E eu tenho que ficar explicando que
essa pensão não foi concedida."
Nos
áudios, Spagnuolo ainda elogia a vice-presidente Victoria Villarruel, que
rompeu com Milei, dizendo que ela "não rouba".
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O caso
No dia
22 de agosto, a Justiça realizou buscas como parte da investigação sobre um
suposto esquema de propina que envolve funcionários de alto escalão do governo
e a própria irmã do presidente, Karina Milei.
O
escândalo começou após a divulgação de áudios que teriam sido gravados por
Diego Spagnuolo, demitido pelo governo em 21 de agosto.
Os
áudios fazem menções a subornos e citam Karina Milei e Eduardo "Lule"
Menem como beneficiários das supostas propinas na compra de medicamentos.
"Estão
roubando, você pode fingir que não sabe, mas não joguem esse problema para mim,
tenho todos os WhatsApps de Karina", diz um dos áudios atribuídos a
Spagnuolo e divulgados pela imprensa local.
Spagnuolo
afirmou que o valor desviado é de até 8% de cada contrato, em torno de US$ 500
mil a US$ 800 mil por mês, e que Karina recebe cerca de 3%.
Em
outro trecho, o ex-dirigente afirma que chegou a conversar com o presidente
Javier Milei sobre os desvios. "Eles não consertaram nada", completa.
A
veracidade das gravações, no entanto, ainda não foi comprovada pela Justiça,
que até o momento não ordenou prisões nem apresentou acusações formais no
âmbito do sigilo judicial.
Na
operação de busca e apreensão, as autoridades apreenderam carros, celulares,
uma máquina de contagem de dinheiro e US$ 266 mil (R$ 1,5 milhão, na cotação
atual) em espécie.
Nesta
quarta-feira, Milei disse, que as acusações de corrupção contra a irmã dele são
"mentirosas".
"Tudo
o que ele diz é mentira, vamos levá-lo à Justiça e provar que mentiu",
disse Milei ao canal argentino "C5N", referindo-se ao ex-aliado
Spagnuolo.
Milei
deu a declaração antes de ser atacado por pedras e
garrafas durante uma carreata na cidade de Lomas de Zamora, ao sul da
Grande Buenos Aires. Ele precisou ser retirado às pressas do local.
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Entenda acusações contra irmã de Milei
Um
escândalo vem atingindo a alta cúpula do governo da Argentina desde a semana passada. Um áudio
gravado por um ex-aliado do presidente Javier Milei acusando de corrupção a irmã do
presidente, Karina, vazou para a imprensa e agora está sendo investigado pela
Justiça.
Braço
direito do irmão, Karina Milei é secretária-geral da Presidência na
Argentina. Segundo a denúncia feita por Diego Spagnuolo, ex-chefe da
Agência Nacional para a Deficiência (Andis) —demitido um dia depois da
divulgação do caso—, ela e o subsecretário de gestão institucional do governo,
Eduardo "Lule" Menem, estariam cobrando propina de indústrias
farmacêuticas para compra de medicamentos para a rede pública.
"Estão
roubando. Você pode fingir que não sabe, mas não joguem esse problema para mim,
tenho todos os WhatsApp de
Karina", diz Spagnuolo na mensagem.
A polêmica tem potencial de impactar
a governabilidade de Milei, porque expõe o presidente a duas semanas das eleições
para a província de Buenos Aires e a dois meses das eleições legislativas na
Argentina. O chefe do Executivo pode sair enfraquecido caso as urnas reflitam a
queda de aprovação de seu governo nas últimas semanas.
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A seguir, entenda o caso:
🔍 Quais são as
acusações?
- Diego Spagnuolo
afirma que havia uma rede de cobrança de propinas na Andis, com exigência
de até 8% sobre o faturamento das farmacêuticas para garantir contratos
com o governo – o negócio renderia até US$ 800 mil mensais (cerca de R$
4,3 milhões).
- Segundo ele,
Karina Milei recebia a maior fatia do faturamento, entre 3% e 4% do valor
arrecadado.
- Eduardo “Lule”
Menem é apontado como o principal operador do esquema, com apoio de
empresários ligados à distribuidora Suizo Argentina.
📅 Quando o escândalo
começou?
- O caso veio à
tona com o vazamento dos áudios na quarta-feira passada (20), provocando
uma crise inesperada no governo Milei.
- A repercussão
foi imediata, com a Justiça argentina abrindo investigação e realizando
buscas na sede da Andis e na empresa Suizo Argentina.
- Na quinta-feira
(21), Diego Spagnuolo foi demitido de seu cargo.
- A queixa foi
apresentada por Gregorio Dalbón, um dos advogados de Cristina Kirchner, e
ocorre no momento em que o Congresso acaba de anular o veto de Milei a uma
lei que declarava emergência para pessoas com deficiência e fornecia mais
financiamento para o setor. Ele fala em uma "matriz de
corrupção".
👥 Quem são os
envolvidos?
- Karina Milei: irmã do
presidente e secretária-geral da Presidência, acusada de receber parte das
propinas. Ela tem uma influência fundamental na hora de decidir quem tem
acesso ao presidente e quem não tem e, com poucas exceções, sempre o
acompanha em suas viagens e aparições públicas.
- Eduardo “Lule”
Menem: braço
direito de Karina, é um dos principais agentes políticos do governo
argentino. Ele é apontado como um dos principais líderes da suposta rede
de corrupção.
- Diego Spagnuolo: ex-chefe
da Andis, autor dos áudios e agora investigado. É advogado e, até
quinta-feira, era frequentador assíduo da Casa Rosada e confidente próximo
de Milei.
- Emmanuel e
Jonathan Kovalivker: empresários da Suizo Argentina, empresa
intermediária na venda de medicamentos ao Estado. Emmanuel foi encontrado
com US$ 266 mil em espécie e Jonathan está foragido.
- Daniel
Garbellini: diretor da Andis, também afastado. Era o elo entre a
agência e os irmãos Kovalivker. Spagnuolo o chama de "criminoso"
em uma das gravações de áudio vazadas: "Me designaram um cara que
cuida de tudo relacionado aos meus cofres".
⚖️ Como estão as investigações?
- A Justiça
argentina realizou pelo menos 16 buscas na sexta-feira (22).
- Nessa operação,
foram apreendidos celulares, máquinas de contar dinheiro e centenas de
milhares de dólares em espécie: US$ 266 mil - R$ 1,5 milhão, na cotação
atual.
- Spagnuolo é um
dos cinco réus até o momento no processo que investiga os supostos
subornos, acusações de corrupção, administração fraudulenta e violações à
ética pública.
- O juiz federal
Sebastián Casanello, que está cuidando do caso, proibiu a saída dos
investigados do país como medida cautelar.
- A veracidade dos
áudios ainda não foi comprovada pela Justiça.
- Quatro celulares
apreendidos durante os mandados de busca, incluindo o de Diego Spagnuolo,
ex-chefe da Andis e autor dos áudios que deram origem ao caso, estão sendo
analisados pela perícia e são considerados provas-chave para confirmar ou
refutar as acusações de corrupção.
🗣️ O que o governo
falou?
- Javier Milei
ainda não se pronunciou diretamente sobre o caso. A saída de Spagnuolo foi
anunciada por um porta-voz, junto com a intervenção da Andis e a promessa
de uma auditoria.
- Nesta
segunda-feira (25), ele demonstrou apoio à irmã e
posou sorridente ao seu lado em 1ª aparição pública após as denúncias, mas não falou
diretamente das acusações. Criticou o Congresso e a imprensa.
- O chefe de
gabinete, Guillermo Francos, afirmou que o presidente está
"tranquilo" e sugeriu que se trata de uma perseguição política
em meio à campanha eleitoral.
- Martín Menem,
presidente da Câmara dos Deputados e primo de Lule, defendeu os acusados:
“Ponho as mãos no fogo por Lule Menem e Karina Milei", disse,
classificando os áudios como uma “monumental operação política”.
⚠️ Caso pode impactar Milei?
- O caso tem
potencial de impactar aliados de Milei nas eleições legislativas de
outubro e na disputa para o governo da província da capital, Buenos Aires,
que ocorre daqui a duas semanas.
- O Parlamento
estuda abrir uma CPI para investigar as denúncias contra a irmã de Milei,
o que aumentaria o desgaste político.
- Caso Karina seja
considerada culpada, o presidente argentino perde potencialmente seu braço
direito e também arranha o discurso anticorrupção que o levou ao
poder, avaliou a colunista do g1 Sandra
Cohen.
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Em meio a escândalo de corrupção, Milei é alvo de
pedradas na Argentina
O presidente da Argentina, Javier
Milei,
foi atacado com pedras e garrafas por manifestantes durante uma carreata
organizada por seu partido, La Libertad Avanza, na cidade de Lomas de Zamora,
ao sul da capital Buenos Aires.
De
acordo com o jornal argentino Pagina12, o evento foi realizado “na
tentativa de chamar a atenção para a campanha [eleitoral] de Buenos Aires e
tirar dos holofotes o escândalo dos pagamentos de
propina na Agência Nacional para a Deficiência (ANDIS)”.
Pouco
antes do ataque, da caçamba de uma picape, Milei declarou
“tudo o que estão dizendo é mentira” e que “tudo o que ele [Diego Spagnuolo,
ex-diretor da ANDIS] diz é mentira” e por isso ele será “levado à justiça para
provar que mentiu”, referindo-se ao vazamento das gravações que teriam revelado
o esquema de corrupção.
Segundo
o G1, imagens que circulam nas redes sociais mostram o mandatário
argentino acenando para as pessoas quando começa um tumulto. Após a confusão,
ele foi retirado às pressas da carreata — que não foi completada.
O
presidente estava acompanhado de sua irmã e secretária-geral da Presidência,
Karina Milei, e do deputado José Luis Espert, um dos principais candidatos às
eleições legislativas de outubro na Argentina. Outros vídeos registraram Espert
deixando o local em uma moto, sem capacete.
De
acordo com um porta-voz do governo Milei, não houve feridos. Segundo o
Pagina12, duas pessoas foram presas.
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Ataque ocorreu em meio a denúncia de esquema de corrupção
O
ultradireitista vive um momento de crise após denúncias sobre um suposto caso
de corrupção entre a Agência Nacional de Deficiência (ANDIS) e o governo de
Javier Milei, que teria sido descoberto após um vazamento de gravações de áudio
atribuídas a Diego Spagnuolo, ex-diretor da ANDIS.
As
gravações, que analistas e opositores atribuem ao então funcionário, revelam
uma suposta rede de corrupção e exigências de propina de provedores de serviços
de assistência a pessoas com deficiência.
O
dinheiro, segundo as gravações de áudio, era destinado à secretária-geral da
Presidência, Karina Milei — irmã do presidente — e sua equipe. Spagnuolo falou
de quantias significativas de dinheiro, afirmando que “Karina recebe 3% e 1%
vai para a operação”.
O
suposto mecanismo envolvia a farmácia Suizo Argentina, ligada a Eduardo “Lule”
Menem (primo do presidente da Câmara dos Deputados, Martín Menem), mencionada
como beneficiária e protetora do esquema. Spagnuolo chegou a afirmar ter
alertado o presidente Javier Milei sobre o roubo.
A
resposta do governo incluiu a demissão de Spagnuolo e a nomeação de Alejandro
Vilches como auditor da ANDIS, encarregado de conduzir uma auditoria completa
na agência.
O
advogado Gregorio Dalbón, defensor da ex-presidente Cristina Kirchner, entrou
com uma queixa criminal contra Milei, Karina Milei, Eduardo “Lule” Menem, o
próprio Spagnuolo e o dono da Farmácia Suizo Argentina, Eduardo Kovalivker, por
crimes como fraude, estelionato, associação criminosa e suborno.
Operações
de busca e apreensão ordenadas pela Justiça argentina apreenderam
aproximadamente US$ 200 mil de Kovalivker, além de dois celulares e uma máquina
de contagem de notas de Spagnuolo.
Além
das gravações de áudio, investigações jornalísticas revelaram que a Farmácia
Suizo Argentina fechou acordos multimilionários com ministérios como Segurança
e Defesa e ganhou um contrato de mais de 15 bilhões de pesos para o Hospital
Posadas, que apresentava inúmeras irregularidades.
Além
das denúncias sobre corrupção, as eleições de meio de mandato em outubro são
tidas como uma espécie de referendo sobre a agenda do governo Milei, que, nos
últimos meses, acumulou derrotas no Congresso e chegou a romper com a própria
vice-presidente, Victoria Villarruel, que também é presidente do Senado.
A
campanha para as eleições de meio de mandato na Argentina também começou nesta
quarta-feira (27/08). No próximo domingo (31/08) ocorrem as eleições na cidade
de Corrientes, para legislativo e executivo. O governo e todas as cadeiras da
Câmara Baixa e Alta estão em disputa.
No
domingo seguinte, 7 de setembro, a eleição vai ocorrer na província de Buenos
Aires, para o legislativo. E em 26 de outubro ocorrem as eleições nacionais de
meio de mandato, em que serão eleitos parte dos deputados das câmaras alta e
baixa do Congresso: 24 dos 72 senadores e 127 dos 257 deputados.
Fonte:
Opera Mundi/g1

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