Cirurgia
cerebral pode tratar depressão resistente; entenda como funciona
Uma
equipe médica brasileira realizou recentemente uma cirurgia para tratar
depressão resistente relacionada à dor crônica em uma paciente jovem, segundo
apurou a CNN. O procedimento marca um avanço recente da medicina no tratamento
da doença psiquiátrica.
O
procedimento consistiu na estimulação cerebral profunda (DBS), técnica já usada
há décadas no tratamento de doenças neurológicas como Parkinson, distonias e
tremores essenciais. Neste caso, a estimulação foi aplicada em dois alvos
específicos: a substância cinzenta periaquedutal e o feixe prosencefálico
medial, áreas envolvidas tanto na percepção da dor quanto na resposta emocional
ao sofrimento.
O
objetivo do procedimento foi modular simultaneamente os aspectos físicos e
emocionais da dor crônica, oferecendo uma chance de melhora funcional e
qualidade de vida à paciente.
A
estimulação cerebral profunda, que já demonstrou eficácia em várias doenças
neurológicas, pode abrir novas portas também na psiquiatria. Embora a técnica
ainda esteja em fase de estudos para casos de depressão resistente, sua
aplicação crescente simboliza uma convergência entre ciência, tecnologia e
medicina em prol de pacientes que, até hoje, viviam sem alternativas viáveis.
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Técnica semelhante já foi realizada anteriormente na Colômbia
Em
abril, uma mulher colombiana se tornou a primeira paciente do mundo a se
submeter a uma DBS para tratar depressão crônica resistente. O procedimento foi
realizado em Bogotá, na Colômbia, pelo neurocirurgião colombiano William
Contreras.
Em
entrevista ao G1, o neurocirurgião explicou que a estimulação cerebral profunda
é indicada para casos em que o tratamento convencional para a depressão já foi
testado e falhou. Segundo ele, o procedimento oferece modulação contínua e
reversível dos circuitos cerebrais ligados ao humor e à motivação, e o objetivo
é ajustar a atividade elétrica dessas áreas para aliviar os sintomas.
Neste
caso, o procedimento consistiu na implantação de quatro eletrodos milimétricos
em áreas estratégicas do cérebro, conectados a um neuroestimulador no tórax,
semelhante a um marca-passo, responsável por enviar impulsos elétricos
contínuos com o objetivo de reequilibrar a atividade cerebral.
Os
médicos alertam que o efeito terapêutico pleno do DBS costuma ser gradual e
pode levar meses, sendo necessário ajustar continuamente os parâmetros da
estimulação elétrica. Em entrevista ao G1, Lorena Rodríguez, que passou pela
cirurgia, afirmou que os ajustes no neuroestimulador têm proporcionado momentos
inéditos de estabilidade.
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Tratamento da depressão tem várias abordagens
Abordagens
como o uso de quetamina, lítio, estimulação magnética transcraniana,
eletroconvulsoterapia, psicoterapia estruturada e até mudanças de estilo de
vida, como a prática regular de exercícios físicos, continuam sendo pilares
fundamentais no tratamento da depressão.
Além
disso, após a cirurgia, o acompanhamento psiquiátrico permanece indispensável.
Segundo especialistas, o paciente pode precisar de tratamento complementar e
monitoramento contínuo, tanto para ajustar a estimulação elétrica quanto para
detectar sinais de recaída.
• Barulho de trânsito aumenta risco de
depressão e ansiedade, mostra estudo
Um novo
estudo, liderado pela Universidade de Oulu, na Finlândia, mostrou que a
poluição sonora, especificamente proveniente do barulho de trânsito, pode
aumentar o risco de transtornos mentais como depressão e ansiedade. O trabalho
foi publicado na edição de novembro da revista Environmental Research.
Os
pesquisadores analisaram dados de 114.353 pessoas nascidas na Finlândia entre
1987 e 1998, residentes na região metropolitana de Helsinque em 2007,
utilizando informações de registros finlandeses disponíveis. Eles acompanharam
os dados dos indivíduos por até dez anos, dos oito aos 21 anos, acompanhando a
evolução de sua saúde.
Para
determinar a exposição a altos níveis de ruído, os pesquisadores modelaram o
ruído médio anual do tráfego rodoviário e ferroviário no endereço residencial
dos participantes. Posteriormente, eles cruzaram essas informações com dados
sobre diagnóstico de depressão e/ou ansiedade. A partir disso, foi possível
construir um panorama sobre a relação entre a exposição a ruídos e a saúde
mental das pessoas analisadas pelo estudo.
Em
geral, a Organização Mundial da Saúde (OMS) define 53 decibéis (dB) como o
nível de segurança recomendado quanto ao ruído do trânsito. O trabalho
confirmou que, quando o barulho chegava a esse limite ou o ultrapassava, havia
um aumento significativo no risco de desenvolver depressão e ansiedade na
população jovem.
"Nossa
análise mostrou que o risco de ansiedade é menor quando o ruído do trânsito
está em torno de 45 a 50 dB na parte mais silenciosa da residência, mas aumenta
significativamente após 53 a 55 dB. Acima de 53 dB, o ruído se torna um
estressor psicológico significativo para os jovens, independentemente de
dormirem na parte mais silenciosa ou mais barulhenta da residência",
afirma Anna Pulakka, autora sênior do estudo.
A
associação com ansiedade foi mais forte em homens e indivíduos cujos pais não
tinham transtornos de saúde mental.
"Nossas
descobertas corroboram ações futuras para reduzir a exposição ao ruído do
trânsito. Para formuladores de políticas e planejadores urbanos, isso deve
incluir medidas como garantir que os quartos estejam na parte mais silenciosa
da casa e garantir que haja espaços verdes nas proximidades. Para o transporte,
pneus mais silenciosos ou limites de velocidade reduzidos também devem ser
considerados", sugere Yiyan He, principal autor do estudo.
Fonte:
CNN Brasil

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