sábado, 30 de agosto de 2025

Cirurgia cerebral pode tratar depressão resistente; entenda como funciona

Uma equipe médica brasileira realizou recentemente uma cirurgia para tratar depressão resistente relacionada à dor crônica em uma paciente jovem, segundo apurou a CNN. O procedimento marca um avanço recente da medicina no tratamento da doença psiquiátrica.

O procedimento consistiu na estimulação cerebral profunda (DBS), técnica já usada há décadas no tratamento de doenças neurológicas como Parkinson, distonias e tremores essenciais. Neste caso, a estimulação foi aplicada em dois alvos específicos: a substância cinzenta periaquedutal e o feixe prosencefálico medial, áreas envolvidas tanto na percepção da dor quanto na resposta emocional ao sofrimento.

O objetivo do procedimento foi modular simultaneamente os aspectos físicos e emocionais da dor crônica, oferecendo uma chance de melhora funcional e qualidade de vida à paciente.

A estimulação cerebral profunda, que já demonstrou eficácia em várias doenças neurológicas, pode abrir novas portas também na psiquiatria. Embora a técnica ainda esteja em fase de estudos para casos de depressão resistente, sua aplicação crescente simboliza uma convergência entre ciência, tecnologia e medicina em prol de pacientes que, até hoje, viviam sem alternativas viáveis.

<><> Técnica semelhante já foi realizada anteriormente na Colômbia

Em abril, uma mulher colombiana se tornou a primeira paciente do mundo a se submeter a uma DBS para tratar depressão crônica resistente. O procedimento foi realizado em Bogotá, na Colômbia, pelo neurocirurgião colombiano William Contreras.

Em entrevista ao G1, o neurocirurgião explicou que a estimulação cerebral profunda é indicada para casos em que o tratamento convencional para a depressão já foi testado e falhou. Segundo ele, o procedimento oferece modulação contínua e reversível dos circuitos cerebrais ligados ao humor e à motivação, e o objetivo é ajustar a atividade elétrica dessas áreas para aliviar os sintomas.

Neste caso, o procedimento consistiu na implantação de quatro eletrodos milimétricos em áreas estratégicas do cérebro, conectados a um neuroestimulador no tórax, semelhante a um marca-passo, responsável por enviar impulsos elétricos contínuos com o objetivo de reequilibrar a atividade cerebral.

Os médicos alertam que o efeito terapêutico pleno do DBS costuma ser gradual e pode levar meses, sendo necessário ajustar continuamente os parâmetros da estimulação elétrica. Em entrevista ao G1, Lorena Rodríguez, que passou pela cirurgia, afirmou que os ajustes no neuroestimulador têm proporcionado momentos inéditos de estabilidade.

<><> Tratamento da depressão tem várias abordagens

Abordagens como o uso de quetamina, lítio, estimulação magnética transcraniana, eletroconvulsoterapia, psicoterapia estruturada e até mudanças de estilo de vida, como a prática regular de exercícios físicos, continuam sendo pilares fundamentais no tratamento da depressão.

Além disso, após a cirurgia, o acompanhamento psiquiátrico permanece indispensável. Segundo especialistas, o paciente pode precisar de tratamento complementar e monitoramento contínuo, tanto para ajustar a estimulação elétrica quanto para detectar sinais de recaída.

•        Barulho de trânsito aumenta risco de depressão e ansiedade, mostra estudo

Um novo estudo, liderado pela Universidade de Oulu, na Finlândia, mostrou que a poluição sonora, especificamente proveniente do barulho de trânsito, pode aumentar o risco de transtornos mentais como depressão e ansiedade. O trabalho foi publicado na edição de novembro da revista Environmental Research.

Os pesquisadores analisaram dados de 114.353 pessoas nascidas na Finlândia entre 1987 e 1998, residentes na região metropolitana de Helsinque em 2007, utilizando informações de registros finlandeses disponíveis. Eles acompanharam os dados dos indivíduos por até dez anos, dos oito aos 21 anos, acompanhando a evolução de sua saúde.

Para determinar a exposição a altos níveis de ruído, os pesquisadores modelaram o ruído médio anual do tráfego rodoviário e ferroviário no endereço residencial dos participantes. Posteriormente, eles cruzaram essas informações com dados sobre diagnóstico de depressão e/ou ansiedade. A partir disso, foi possível construir um panorama sobre a relação entre a exposição a ruídos e a saúde mental das pessoas analisadas pelo estudo.

Em geral, a Organização Mundial da Saúde (OMS) define 53 decibéis (dB) como o nível de segurança recomendado quanto ao ruído do trânsito. O trabalho confirmou que, quando o barulho chegava a esse limite ou o ultrapassava, havia um aumento significativo no risco de desenvolver depressão e ansiedade na população jovem.

"Nossa análise mostrou que o risco de ansiedade é menor quando o ruído do trânsito está em torno de 45 a 50 dB na parte mais silenciosa da residência, mas aumenta significativamente após 53 a 55 dB. Acima de 53 dB, o ruído se torna um estressor psicológico significativo para os jovens, independentemente de dormirem na parte mais silenciosa ou mais barulhenta da residência", afirma Anna Pulakka, autora sênior do estudo.

A associação com ansiedade foi mais forte em homens e indivíduos cujos pais não tinham transtornos de saúde mental.

"Nossas descobertas corroboram ações futuras para reduzir a exposição ao ruído do trânsito. Para formuladores de políticas e planejadores urbanos, isso deve incluir medidas como garantir que os quartos estejam na parte mais silenciosa da casa e garantir que haja espaços verdes nas proximidades. Para o transporte, pneus mais silenciosos ou limites de velocidade reduzidos também devem ser considerados", sugere Yiyan He, principal autor do estudo.

 

Fonte: CNN Brasil

 

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