segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025

Pesquisa aponta que voluntariado reduz a solidão em idosos

A solidão é um desafio cada vez mais presente na vida de muitas pessoas, especialmente entre os idosos. Em um período onde o distanciamento social se tornou uma realidade comum, muitos encontram dificuldades em manter suas conexões emocionais e sociais. Mas há uma luz no fim do túnel: o voluntariado.

Estudos recentes têm mostrado que dedicar um pouco do tempo para ajudar o próximo pode ser uma forma poderosa de combater a solidão, trazendo benefícios tanto emocionais quanto sociais para aqueles que se envolvem com atividades voluntárias.

Uma pesquisa recente realizado em Hong Kong revelou que, ao se engajar em programas estruturados de voluntariado, os idosos não apenas melhoraram o apoio social ao seu redor, mas também experimentaram um aumento significativo no bem-estar mental e na satisfação com a vida.

Essas descobertas mostram que, ao doar um pouco do seu tempo para outras pessoas, os idosos podem redescobrir o propósito e o prazer de se conectar, quebrando o ciclo da solidão.

Hoje, aqui no SaúdeLAB, vamos ver os resultados desse estudo e entender como o voluntariado pode transformar a vida dos idosos, oferecendo mais do que apenas apoio aos outros – mas também a si mesmos.

<><> Como o Voluntariado Pode Ajudar a Combater a Solidão na Melhor Idade

A solidão é um problema crescente entre os idosos, especialmente em tempos de pandemia e distanciamento social. No entanto, um estudo recente publicado na revista The Lancet mostrou que o voluntariado estruturado pode ser uma poderosa ferramenta para combater esse sentimento de isolamento.

O estudo, realizado em Hong Kong, envolveu 375 idosos com idades entre 50 e 70 anos, todos com um nível significativo de solidão no início da pesquisa. Durante seis meses, os participantes do estudo foram treinados para realizar atividades de voluntariado, como suporte emocional por telefone, e passavam pelo menos duas horas por semana ajudando outras pessoas.

Os resultados indicaram uma melhora significativa nos aspectos emocionais e sociais da solidão nos participantes que se engajaram no voluntariado.

Ao final de seis meses, aqueles que participaram do programa de voluntariado apresentaram um aumento no apoio social, maior bem-estar mental e uma redução do estresse, além de estarem mais satisfeitos com a vida.

Essa mudança positiva foi atribuída às novas habilidades adquiridas durante o treinamento, como práticas de mindfulness e intervenções de apoio comportamental.

<><> Benefícios do Voluntariado para os Idosos

Ser voluntário significa dedicar parte do seu tempo para ajudar os outros, sem esperar recompensa financeira. A prática de voluntariado tem mostrado benefícios tanto de curto quanto de longo prazo para os idosos.

Estudos anteriores já haviam indicado que atividades de voluntariado estruturadas oferecem mais vantagens do que aquelas sem uma organização clara.

Por exemplo, um estudo nos Estados Unidos revelou que idosos que se voluntariavam por 100 horas ou mais por ano tinham menos limitações físicas e uma chance menor de falecer do que aqueles que não se envolviam em atividades voluntárias.

Além disso, o voluntariado pode ajudar a manter a mente ativa e oferecer um sentido de propósito e pertencimento, elementos fundamentais para o bem-estar emocional dos idosos. No entanto, faltavam estudos com evidências claras sobre os benefícios de longo prazo do voluntariado, o que foi abordado pelo estudo recente.

<><> Como Funciona o Voluntariado Estruturado?

O estudo conduzido em Hong Kong foi um ensaio clínico controlado, no qual 375 idosos que viviam sozinhos e sentiam-se solitários foram divididos em dois grupos: um que praticaria o voluntariado e outro que não faria.

Todos os participantes receberam treinamento específico para realizar atividades voluntárias por telefone, com uma carga mínima de duas horas semanais. Durante o treinamento, os participantes aprenderam a praticar mindfulness (atenção plena), ativação comportamental e intervenções focadas na comunicação.

Os voluntários receberam apoio contínuo durante os seis meses de participação, enquanto o grupo controle não recebeu qualquer tipo de intervenção.

Após o período, os voluntários apresentaram uma redução significativa da solidão, com maiores melhorias nos aspectos emocionais e sociais, como o aumento do apoio social e redução do estresse.

No entanto, esses benefícios não se mantiveram ao longo do tempo, especialmente quando o período de 12 meses foi atingido, e os efeitos do voluntariado foram prejudicados por fatores externos, como a pandemia de COVID-19.

<><> O Impacto do Voluntariado na Solidão: Resultados de Longo Prazo

Apesar de os benefícios do voluntariado para a solidão dos idosos serem evidentes a curto prazo, o estudo também observou que esses efeitos não foram sustentados após 12 meses.

Após o período inicial de seis meses, o grupo de voluntários não obteve mais benefícios contínuos em relação ao suporte social e bem-estar mental. De fato, ao longo de 12 meses, o grupo controle (aqueles que não se envolveram no voluntariado) relatou maiores melhorias em termos de apoio social e bem-estar mental.

Esses resultados podem ser parcialmente explicados pelas restrições impostas pela pandemia de COVID-19, que afetaram o envolvimento dos voluntários nas atividades programadas, limitando o contato social e as interações.

Isso mostra a importância de manter a continuidade no voluntariado e a necessidade de ajustes nos programas para garantir que os benefícios não sejam perdidos ao longo do tempo.

<><> O Futuro do Voluntariado: Como Manter os Benefícios

Embora o estudo tenha mostrado que o impacto do voluntariado pode diminuir com o tempo, é importante ressaltar que o engajamento contínuo é fundamental para preservar os benefícios emocionais e sociais do voluntariado.

Quando os participantes continuaram a se envolver com o voluntariado após os seis meses, cerca de 37% dos voluntários e 22% do grupo controle mantiveram uma média de duas horas semanais de atividades.

Isso sugere que a continuidade no envolvimento é uma chave para garantir que os benefícios do voluntariado, como a redução da solidão e o aumento do bem-estar, sejam sustentados a longo prazo.

O voluntariado é uma excelente maneira de combater a solidão entre os idosos, oferecendo não apenas uma ocupação produtiva, mas também promovendo benefícios sociais e emocionais.

Programas de voluntariado estruturados podem melhorar significativamente o bem-estar e reduzir a solidão a curto prazo, mas é essencial garantir que esses programas permaneçam acessíveis e continuem ao longo do tempo.

O futuro do voluntariado entre os idosos dependerá da capacidade de manter o engajamento a longo prazo e adaptar as atividades às necessidades dos participantes, para que possam continuar a desfrutar dos benefícios dessa prática por muito mais tempo.

 

¨      Ômega-3 pode retardar envelhecimento biológico em humanos, mostra novo estudo

A suplementação com 1 grama de ômega-3 pode retardar o envelhecimento biológico em humanos.

Isso é o que mostra uma pesquisa recém-publicada na revista "Nature Aging", que analisou dados de um ensaio clínico com mais de 700 idosos ao longo de três anos.

Estudos anteriores já sugeriam que a restrição calórica poderia ter esse efeito. Outros trabalhos em animais e ensaios menores também indicavam benefícios de substâncias como vitamina D e ômega-3, mas a eficácia em humanos ainda era incerta.

Agora, segundo o estudo, há fortes evidências de que a ingestão de 1 grama de ômega-3 por dia é suficiente para modular positivamente o envelhecimento biológico.

Para chegar a essa nova conclusão, os pesquisadores utilizaram ferramentas de biologia molecular conhecidas como relógios epigenéticos para medir os impactos da suplementação. O ensaio envolveu 777 participantes com 70 anos ou mais na Suíça, que foram divididos em oito grupos.

Durante três anos, eles receberam doses diárias de 2.000 unidades internacionais (UI) de vitamina D, 1 grama de ômega-3 e praticaram exercícios físicos por 30 minutos, três vezes por semana.

Com isso, a análise do sangue desses pacientes revelou que o ômega-3 desacelerou o envelhecimento biológico em até quatro meses, independentemente de fatores como idade, sexo ou índice de massa corporal.

Já a combinação com vitamina D e exercício mostrou um efeito ainda mais significativo, reduzindo o risco de câncer e fragilidade.

Os pesquisadores sugerem que a interação entre esses três fatores potencializa seus efeitos, reforçando a importância de uma abordagem integrada para promover a longevidade saudável.

"Uma das grandes questões no campo do rejuvenescimento é se existe um tratamento capaz de rejuvenescer seres humanos, e não apenas camundongos", conta ao g1 a professora Heike Bischoff-Ferrari, médica e doutora em saúde pública, da Universidade de Zurique, e principal autora do estudo.

"Para responder a essa pergunta fundamental, realizamos um rigoroso ensaio clínico utilizando os relógios epigenéticos mais modernos e validados", acrescenta.

<><> Relógio do nosso DNA

Heike explica que esses mecanismos biológicos funcionam como uma espécie de "marcador do tempo" das células, ou seja, são formas de medir quão envelhecido está o organismo de uma pessoa em relação à sua idade cronológica.

Isso é feito por meio de alterações químicas no DNA, chamadas de metilação.

Em outras palavras, esses "relógios" conseguem indicar se o corpo está envelhecendo mais rápido ou mais devagar do que o esperado.

E vários modelos foram desenvolvidos para avaliar esse processo, sendo alguns deles focados no risco de mortalidade e outros no ritmo do envelhecimento.

A pesquisa, contudo, mostrou que o consumo de ômega-3 desacelerou esse processo em três dos quatro modelos analisados.

Ao g1, a pesquisadora reconhece, no entanto, que ainda não existe um padrão universal para medir o envelhecimento biológico. Além disso, ela destaca que o estudo foi realizado apenas com idosos suíços, o que pode limitar sua aplicação global.

Isso acontece porque outros fatores como genética, hábitos alimentares e acesso à saúde podem influenciar os resultados quando aplicados a diferentes populações.

Provavelmente, tivemos um viés conservador, já que, [no estudo], os participantes suíços eram os mais saudáveis, com mais de 50% atendendo à definição inicial de envelhecimento saudável, sem grandes doenças e com boa funcionalidade. Como próximo passo, queremos expandir essas análises para todos os participantes, incluindo aqueles da Alemanha, França, Áustria e Portugal, que apresentam maior diversidade genética e de estilo de vida — Heike Bischoff-Ferrari, médica e doutora em saúde pública, da Universidade de Zurique.

Já na visão da nutricionista funcional Gisele Haiek, que não participou da pesquisa, o estudo reforça a importância de uma abordagem integrativa e personalizada para a longevidade: "O estudo foi feito com participantes suíços, então muito provavelmente os resultados podem ser diferentes se usássemos pessoas com dietas e estilo de vida diferentes. Mas penso que os resultados poderiam ser ainda mais promissores aqui no Brasil".

Haiek chama atenção também para o fato de que na Suíça, muitos idosos têm acesso a um dos melhores sistemas de saúde do mundo, enquanto no Brasil há desafios estruturais que podem influenciar diretamente na saúde na terceira idade, como a deficiência na ingestão de proteínas.

Por isso, ela sugere que, ao corrigir essas deficiências básicas e incluir os elementos estudados, os efeitos positivos poderiam ser, de fato, mais pronunciados.

Outro fator importante é a BAIXA ingestão de ômega-3 na dieta ocidental, o que pode comprometer seus benefícios.

Entre as causas que contribuem para essa deficiência estão a redução do consumo de peixes ricos nessa substância, como salmão, sardinha e arenque, e a prevalência de peixes de cativeiro, alimentados com ração artificial que compromete seu teor nutricional. — Gisele Haiek, nutricionista funcional.

Para conter essas lacunas, Heike explica que o próximo passo da sua pesquisa será reunir cientistas e empresas para criar uma plataforma focada na longevidade saudável.

A meta é aplicar tecnologias que permitam medir o envelhecimento dos órgãos e detectar problemas de saúde mais cedo, com soluções que possam ser utilizadas em vários países.

 

Fonte: Saúde Lab/g1

 

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