Pesquisa
aponta que voluntariado reduz a solidão em idosos
A solidão é um desafio
cada vez mais presente na vida de muitas pessoas, especialmente entre os
idosos. Em um período onde o distanciamento social se tornou uma realidade
comum, muitos encontram dificuldades em manter suas conexões emocionais e
sociais. Mas há uma luz no fim do túnel: o voluntariado.
Estudos recentes têm
mostrado que dedicar um pouco do tempo para ajudar o próximo pode ser uma forma
poderosa de combater a solidão, trazendo benefícios tanto emocionais quanto
sociais para aqueles que se envolvem com atividades voluntárias.
Uma pesquisa recente
realizado em Hong Kong revelou que, ao se engajar em programas estruturados de
voluntariado, os idosos não apenas melhoraram o apoio social ao seu redor, mas
também experimentaram um aumento significativo no bem-estar mental e na satisfação com a vida.
Essas descobertas
mostram que, ao doar um pouco do seu tempo para outras pessoas, os idosos podem
redescobrir o propósito e o prazer de se conectar, quebrando o ciclo da
solidão.
Hoje, aqui no SaúdeLAB, vamos ver os resultados desse estudo e entender como o
voluntariado pode transformar a vida dos idosos, oferecendo mais do que apenas
apoio aos outros – mas também a si mesmos.
<><> Como o
Voluntariado Pode Ajudar a Combater a Solidão na Melhor Idade
A solidão é um problema
crescente entre os idosos, especialmente em tempos de pandemia e distanciamento
social. No entanto, um estudo recente publicado
na revista The Lancet mostrou que o voluntariado estruturado pode ser uma
poderosa ferramenta para combater esse sentimento de isolamento.
O estudo, realizado em
Hong Kong, envolveu 375 idosos com idades entre 50 e 70 anos, todos com um
nível significativo de solidão no início da pesquisa. Durante seis meses, os
participantes do estudo foram treinados para realizar atividades de
voluntariado, como suporte emocional por telefone, e passavam pelo menos duas
horas por semana ajudando outras pessoas.
Os resultados indicaram
uma melhora significativa nos aspectos emocionais e sociais da solidão nos
participantes que se engajaram no voluntariado.
Ao final de seis meses,
aqueles que participaram do programa de voluntariado apresentaram um aumento no
apoio social, maior bem-estar mental e uma redução do estresse, além de estarem
mais satisfeitos com a vida.
Essa mudança positiva
foi atribuída às novas habilidades adquiridas durante o treinamento, como
práticas de mindfulness e intervenções de apoio comportamental.
<><>
Benefícios do Voluntariado para os Idosos
Ser voluntário
significa dedicar parte do seu tempo para ajudar os outros, sem esperar
recompensa financeira. A prática de voluntariado tem mostrado benefícios tanto
de curto quanto de longo prazo para os idosos.
Estudos anteriores já
haviam indicado que atividades de voluntariado estruturadas oferecem mais vantagens
do que aquelas sem uma organização clara.
Por exemplo, um estudo
nos Estados Unidos revelou que idosos que se voluntariavam por 100 horas ou
mais por ano tinham menos limitações físicas e uma chance menor de falecer do
que aqueles que não se envolviam em atividades voluntárias.
Além disso, o
voluntariado pode ajudar a manter a mente ativa e oferecer um sentido de
propósito e pertencimento, elementos fundamentais para o bem-estar emocional
dos idosos. No entanto, faltavam estudos com evidências claras sobre os
benefícios de longo prazo do voluntariado, o que foi abordado pelo estudo
recente.
<><> Como
Funciona o Voluntariado Estruturado?
O estudo conduzido em
Hong Kong foi um ensaio clínico controlado, no qual 375 idosos que viviam
sozinhos e sentiam-se solitários foram divididos em dois grupos: um que
praticaria o voluntariado e outro que não faria.
Todos os participantes
receberam treinamento específico para realizar atividades voluntárias por
telefone, com uma carga mínima de duas horas semanais. Durante o treinamento,
os participantes aprenderam a praticar mindfulness (atenção plena), ativação
comportamental e intervenções focadas na comunicação.
Os voluntários
receberam apoio contínuo durante os seis meses de participação, enquanto o
grupo controle não recebeu qualquer tipo de intervenção.
Após o período, os
voluntários apresentaram uma redução significativa da solidão, com maiores
melhorias nos aspectos emocionais e sociais, como o aumento do apoio social e
redução do estresse.
No entanto, esses benefícios
não se mantiveram ao longo do tempo, especialmente quando o período de 12 meses
foi atingido, e os efeitos do voluntariado foram prejudicados por fatores
externos, como a pandemia de COVID-19.
<><> O
Impacto do Voluntariado na Solidão: Resultados de Longo Prazo
Apesar de os benefícios
do voluntariado para a solidão dos idosos serem evidentes a curto prazo, o
estudo também observou que esses efeitos não foram sustentados após 12 meses.
Após o período inicial
de seis meses, o grupo de voluntários não obteve mais benefícios contínuos em
relação ao suporte social e bem-estar mental. De fato, ao longo de 12 meses, o
grupo controle (aqueles que não se envolveram no voluntariado) relatou maiores
melhorias em termos de apoio social e bem-estar mental.
Esses resultados podem
ser parcialmente explicados pelas restrições impostas pela pandemia de
COVID-19, que afetaram o envolvimento dos voluntários nas atividades
programadas, limitando o contato social e as interações.
Isso mostra a
importância de manter a continuidade no voluntariado e a necessidade de ajustes
nos programas para garantir que os benefícios não sejam perdidos ao longo do
tempo.
<><> O
Futuro do Voluntariado: Como Manter os Benefícios
Embora o estudo tenha
mostrado que o impacto do voluntariado pode diminuir com o tempo, é importante
ressaltar que o engajamento contínuo é fundamental para preservar os benefícios
emocionais e sociais do voluntariado.
Quando os participantes
continuaram a se envolver com o voluntariado após os seis meses, cerca de 37%
dos voluntários e 22% do grupo controle mantiveram uma média de duas horas
semanais de atividades.
Isso sugere que a
continuidade no envolvimento é uma chave para garantir que os benefícios do
voluntariado, como a redução da solidão e o aumento do bem-estar, sejam
sustentados a longo prazo.
O voluntariado é uma
excelente maneira de combater a solidão entre os idosos, oferecendo não apenas
uma ocupação produtiva, mas também promovendo benefícios sociais e emocionais.
Programas de
voluntariado estruturados podem melhorar significativamente o bem-estar e
reduzir a solidão a curto prazo, mas é essencial garantir que esses programas
permaneçam acessíveis e continuem ao longo do tempo.
O futuro do
voluntariado entre os idosos dependerá da capacidade de manter o engajamento a
longo prazo e adaptar as atividades às necessidades dos participantes, para que
possam continuar a desfrutar dos benefícios dessa prática por muito mais tempo.
¨
Ômega-3 pode retardar
envelhecimento biológico em humanos, mostra novo estudo
A suplementação com 1 grama de ômega-3 pode
retardar o envelhecimento biológico
em humanos.
Isso é o que mostra uma pesquisa
recém-publicada na revista "Nature Aging", que analisou dados de um ensaio clínico
com mais de 700 idosos ao longo de três anos.
Estudos anteriores já sugeriam que a restrição
calórica poderia ter esse efeito. Outros trabalhos em
animais e ensaios menores também indicavam benefícios de substâncias como
vitamina D e ômega-3, mas a eficácia em humanos ainda era incerta.
➡️ Agora, segundo o estudo, há fortes evidências
de que a ingestão de 1
grama de ômega-3 por dia é suficiente para modular
positivamente o envelhecimento biológico.
Para chegar a essa nova conclusão, os
pesquisadores utilizaram ferramentas de biologia molecular conhecidas como relógios epigenéticos para
medir os impactos da suplementação. O ensaio envolveu 777 participantes com
70 anos ou mais na Suíça,
que foram divididos em oito grupos.
Durante três anos, eles receberam doses diárias
de 2.000 unidades
internacionais (UI) de vitamina D, 1 grama de ômega-3 e
praticaram exercícios físicos por 30 minutos, três vezes por semana.
⏰ ️Com isso, a análise do sangue desses pacientes
revelou que o ômega-3 desacelerou
o envelhecimento biológico em até quatro meses, independentemente
de fatores como idade, sexo ou índice de massa corporal.
Já a combinação com vitamina D e exercício
mostrou um efeito ainda mais significativo, reduzindo o risco de
câncer e fragilidade.
Os pesquisadores sugerem que a interação entre
esses três fatores potencializa seus efeitos, reforçando a importância de
uma abordagem integrada para
promover a longevidade saudável.
"Uma das grandes questões no campo do
rejuvenescimento é se existe um tratamento capaz de rejuvenescer seres humanos,
e não apenas camundongos", conta ao g1 a professora Heike Bischoff-Ferrari, médica e
doutora em saúde pública, da Universidade de Zurique, e principal autora do
estudo.
"Para responder a essa pergunta
fundamental, realizamos um rigoroso ensaio clínico utilizando os relógios
epigenéticos mais modernos e validados", acrescenta.
<><> Relógio do nosso DNA
Heike explica que esses mecanismos biológicos
funcionam como uma espécie de "marcador do tempo" das células, ou
seja, são
formas de medir quão envelhecido está o organismo de uma pessoa em relação à
sua idade cronológica.
Isso é feito por meio de alterações químicas no
DNA, chamadas de metilação.
➡️ Em outras palavras, esses "relógios"
conseguem indicar se o corpo está envelhecendo mais rápido ou mais devagar do
que o esperado.
E vários modelos foram desenvolvidos para
avaliar esse processo, sendo alguns deles focados no risco de mortalidade e
outros no ritmo do envelhecimento.
A pesquisa, contudo, mostrou que o consumo de
ômega-3 desacelerou esse processo em três dos quatro modelos analisados.
Ao g1,
a pesquisadora reconhece, no entanto, que ainda não existe um padrão universal
para medir o envelhecimento biológico. Além disso, ela destaca que o estudo foi
realizado apenas com idosos suíços, o que pode limitar sua aplicação global.
Isso acontece porque outros fatores como
genética, hábitos
alimentares e acesso à saúde podem influenciar os resultados quando aplicados a
diferentes populações.
Provavelmente, tivemos um viés conservador, já
que, [no estudo], os participantes suíços eram os mais saudáveis, com mais de
50% atendendo à definição inicial de envelhecimento saudável, sem grandes
doenças e com boa funcionalidade. Como próximo passo, queremos expandir essas
análises para todos os participantes, incluindo aqueles da Alemanha, França,
Áustria e Portugal, que apresentam maior diversidade genética e de estilo de
vida — Heike Bischoff-Ferrari,
médica e doutora em saúde pública, da Universidade de Zurique.
Já na visão da nutricionista funcional Gisele
Haiek, que não participou da pesquisa, o estudo reforça a importância de uma abordagem
integrativa e personalizada para a longevidade: "O estudo foi feito com participantes suíços, então muito
provavelmente os resultados podem ser diferentes se usássemos pessoas com
dietas e estilo de vida diferentes. Mas penso que os resultados poderiam ser
ainda mais promissores aqui no Brasil".
Haiek chama atenção também para o fato de que na Suíça, muitos
idosos têm acesso a um dos melhores sistemas de saúde do mundo, enquanto no Brasil há desafios estruturais que podem influenciar
diretamente na saúde na terceira idade, como a deficiência na ingestão de proteínas.
Por
isso, ela sugere que, ao corrigir essas deficiências básicas e incluir os
elementos estudados, os efeitos positivos poderiam ser, de fato, mais pronunciados.
➡️ Outro fator importante é a BAIXA ingestão de
ômega-3 na dieta ocidental, o que pode comprometer seus benefícios.
Entre as causas que contribuem para essa
deficiência estão a redução do consumo de peixes ricos nessa substância, como
salmão, sardinha e arenque, e a prevalência de peixes de cativeiro, alimentados
com ração artificial que compromete seu teor nutricional. — Gisele Haiek, nutricionista funcional.
Para conter essas lacunas, Heike explica que o
próximo passo da sua pesquisa será reunir cientistas e empresas para criar uma
plataforma focada na longevidade
saudável.
A meta é aplicar tecnologias que permitam medir
o envelhecimento dos órgãos e detectar problemas de saúde mais cedo,
com soluções que possam ser utilizadas em vários países.
Fonte: Saúde Lab/g1
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