segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

O que se sabe da decisão judicial, que deixou Pablo Marçal inelegível por 8 anos

Candidato derrotado na 0pkl para a prefeitura de São Paulo (SP) no ano passado, o influenciador digital e empresário Pablo Marçal (PRTB) está inelegível por 8 anos, segundo decisão judicial desta sexta-feira (21/02).

Marçal foi punido por abuso de poder político, de poder econômico, uso indevido de meios de comunicação e captação ilícita de recursos na campanha eleitoral de 2024, por conta de um vídeo em que prometeu apoio a candidatos a vereador que fizessem doações de R$ 5 mil para sua campanha.

A decisão ocorreu na primeira instância da Justiça eleitoral — portanto, Marçal, que já manifestou diversas vezes sua intenção de concorrer à presidência em 2026, pode recorrer.

Sua assessoria de imprensa divulgou nota afirmando que sua defesa vai apresentar recurso.

"Gravei milhares de vídeos de apoio político para candidatos a prefeito e vereadores em todo o país e estou em paz por não ter feito nenhum vídeo em troca de apoio financeiro, conforme demonstrado na prestação de contas apresentada à Justiça Eleitoral. Continuo acreditando na Justiça e tenho certeza de que tudo será esclarecido durante o processo de recurso", afirma a nota.

A condenação dessa sexta-feira ocorre em resposta a ações abertas pelos partidos PSB e PSOL, siglas respectivamente dos ex-candidatos à prefeitura Tabata Amaral e Guilherme Boulos. As ações foram julgadas conjuntamente

O vídeo em que Marçal ofereceu apoio mediante doações em Pix de R$ 5 mil foi publicado em setembro de 2024.

"Quero te fazer uma pergunta: você conhece alguém que quer ser vereador e é candidato, que não seja de esquerda, tá? De esquerda não precisa avisar. Se essa pessoa é do bem e quer um vídeo meu para ajudar a impulsionar a campanha dela, você vai mandar esse vídeo e falar 'mano, olha que oportunidade'. Essa pessoa vai fazer o quê? Ela vai mandar um um pix pra minha campanha, de doação. Pix de R$ 5 mil. Fez essa doação, eu mando o vídeo", disse.

A condenação foi determinada pelo juiz da 1ª Zona Eleitoral de São Paulo, Antonio Maria Patiño Zorz. Sobre as infrações, o juiz argumentou:

# Abuso de poder político: 

- Marçal teria usado as redes sociais para divulgar notícias falsas sobre o fundo partidário e para realizar propaganda negativa contra os adversários

# Abuso de poder midiático:

- Para o juiz, o candidato teria usado sua relevância e aptidão para distorcer "gravemente" o eleitorado, colocando-se como vítima

# Captação ilícita de recursos:

- O influenciador teria simulado que as doações seriam algo simples, lícito e sem encargos — em vez de venda de apoio político, o que é vedado pela legislação eleitoral

·        Outras ações contra Marçal

Segundo o jornal Valor Econômico, Marçal é alvo de cinco ações na Justiça Eleitoral. Uma delas trata dos "cortes" de vídeos. Com eles, usuários que editassem e divulgassem trechos que conquistassem grande engajamento eram remunerados.

Outra ação diz respeito a um laudo falso divulgado pelo candidato do PRTB, o que fez com que sua conta no Instagram fosse suspensa na véspera do primeiro turno.

Na ocasião, a campanha de Boulos entrou com uma ação pedindo a prisão de Marçal por ter publicado um laudo falso — o que foi comprovado por perícia da Polícia Civil — alegando que o candidato do PSOL teria procurado ajuda médica após consumir cocaína.

Em novembro daquele ano, Marçal foi indiciado pela Polícia Federal (PF) por conta do laudo.

No primeiro turno da eleição municipal em 2024, Marçal ficou em terceiro lugar, com 28,14% dos votos — portanto, não passando para o segundo turno.

A eleição foi vencida por Ricardo Nunes (MDB), que derrotou Guilherme Boulos e conseguiu se reeleger.

Marçal não teve tempo no horário eleitoral gratuito porque seu partido, o nanico PRTB, não cumpria os requisitos da legislação para tal. A maioria da receita da campanha do influenciador veio de doações.

Na campanha, uma das cenas mais marcantes o envolvendo foi quando se tornou alvo de uma cadeirada do candidato do PSDB José Luiz Datena, durante um debate.

A agressão ocorreu depois que o influenciador citou uma denúncia de assédio sexual contra Datena — que saiu de onde estava e lançou uma cadeira contra Marçal.

Após a derrota no primeiro turno, Marçal declarou que 2026 estava "logo ali".

"Eu prometo ser combativo na política brasileira nos próximos 12 anos. Foi o tempo que eu decidi no meu coração para servir à política", disse a jornalistas.

Marçal declarou à Justiça eleitoral um patrimônio de R$ 169 milhões — o maior dentre os candidatos ao pleito em São Paulo.

Na época, ele e sua holding (empresa controladora de participações em outras companhias) figuravam como sócio ou administrador de pelo menos 26 empresas, de ramos variados.

¨      "Aqui se faz, aqui se paga", diz Boulos sobre condenação de Pablo Marçal

O ex-candidato a prefeito de São Paulo Pablo Marçal foi condenado a oito anos de inelegibilidade por abuso de poder político e econômico, uso indevido de meios de comunicação social e captação ilícita de recursos. A decisão foi proferida pela primeira instância da Justiça Eleitoral de São Paulo e publicada nesta sexta-feira (21). O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) ainda pode revisar o caso, uma vez que cabe recurso.

A condenação de Marçal repercutiu entre seus adversários políticos. Pelas redes sociais, Guilherme Boulos celebrou a decisão: "Aqui se faz, aqui se paga". A deputada Tabata Amaral também comentou: "Marçal fez na disputa pela prefeitura de São Paulo o que fez ao longo de toda a sua vida: mentiu, fraudou e se valeu de dinheiro sujo. E nós SEMPRE, mais do que qualquer outro candidato, denunciamos de todas as formas possíveis: nas redes, nos debates e na Justiça, onde agora ele irá responder pelos seus crimes. Aliás, abuso de poder econômico, ou seja, compra de apoio político, foi apenas um dos crimes do Pablo e essa é uma das muitas ações que protocolamos. Hoje, a Justiça Eleitoral acatou nossa ação e decidiu que Marçal está inelegível por 8 anos. Seguiremos combatendo o bom combate!"

A condenação decorre de duas ações movidas pelo PSOL, partido de Guilherme Boulos, e pelo PSB, de Tabata Amaral, adversários de Marçal na eleição de 2024. As siglas questionaram um vídeo publicado em 29 de setembro do ano passado, poucos dias antes do primeiro turno, no qual Marçal oferecia apoio a candidatos a vereador "que não sejam de esquerda" em troca de doações via Pix de R$ 5 mil para sua campanha. A Justiça considerou que a prática configurou compra de apoio político, violando as normas eleitorais brasileiras.

Na sentença, o juiz destacou que o ex-candidato usou suas redes sociais para emprestar apoio público a políticos em troca de dinheiro, comprometendo-se a enviar vídeos de apoio a quem efetuasse pagamentos. "Ficou demonstrado que o réu Pablo Marçal ofereceu apoio político por meio de vídeo para impulsionar campanha eleitoral de candidatos a vereador (que não estivessem em partidos de esquerda) em troca de doação do valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) para sua campanha eleitoral. Referido fato ficou incontroverso considerando-se que não foi refutado pelos réus, além de ter confirmado o recebimento de doações decorrentes do referido vídeo, bem como violou as normas que regem as eleições brasileiras, pois sua conduta configura fraude à lei que caracteriza abuso de poder", diz a decisão.

Durante uma transmissão nas redes, Pablo Marçal foi fustigado por uma seguidora. "Só entrei para dizer inelegível". 

¨      'Condenação carece de prova', afirma Pablo Marçal após se tornar inelegível por 8 anos

Após se tornar inelegível por oito anos, o influenciador digital e empresário Pablo Marçal (PRTB) afirmou durante live nas redes sociais, na noite de sexta-feira (21), que a condenação "carece de provas" e que será "revertida".

Marçal foi condenado pela Justiça Eleitoral de São Paulo por abuso de poder político e econômico, uso indevido de meios de comunicação social e captação ilícita na campanha eleitoral de 2024 à Prefeitura de São Paulo. Cabe recurso ao TRE-SP.

O juiz Antonio Maria Patiño Zorz, da primeira Zona Eleitoral da capital, tornou o ex-candidato a prefeito inelegível por oito anos, a contar de 2024. 

Durante a live de 20 minutos, o influenciador digital explicou que, no período eleitoral, gravou um vídeo falando que se algum candidato enviasse uma doação para a sua campanha, ele gravaria em troca um vídeo de apoio.

"Na hora que eu gravei minha equipe jurídica já travou e não cheguei a materializar [o plano]. Eu gravei milhares de vídeos para todo mundo, mas não chegou a materializar. Isso porque eu fui barrado pelo pela equipe jurídica", disse Marçal.

"Fui condenado por abuso de poder econômico, sendo que a minha campanha foi a mais barata da história, a que teve a maior quantidade de pessoas doando na nossa campanha", completou.

<><> Entenda condenação

O magistrado analisou em conjunto duas ações, ajuizadas pela coligação encabeçada pelo PSOL, partido do então candidato à prefeitura Guilherme Boulos, e pelo PSB.

Na ação movida pelo PSB, foi apurada a venda do apoio de Marçal a candidatos a vereador em troca de doação para sua campanha na forma de Pix no valor de R$ 5.000, conforme divulgado em vídeos na rede social Instagram.

Já na ação encabeçada pelo PSOL, foi acrescentado trecho de vídeo de Marçal em que era divulgado um link para um formulário de cadastro de doação para compra de apoio.

Segundo a sentença do magistrado, o abuso de poder político foi consumado, entre outros motivos, pelo uso de rede social para disseminar desinformação sobre o sistema de arrecadação eleitoral baseada no Fundo Partidário e para realizar propaganda eleitoral negativa dos adversários.

Em nota, Marçal informou que gravou "milhares de vídeos de apoio político para candidatos a prefeito e vereadores em todo o país e estou em paz por não ter feito nenhum vídeo em troca de apoio financeiro, conforme demonstrado na prestação de contas apresentada à Justiça Eleitoral. Continuo acreditando na justiça e tenho certeza de que tudo será esclarecido durante o processo de recurso. Farei uma live hoje às 22h para falar disso”.

O coordenador da campanha de Marçal, Paulo Hamilton Siqueira Jr., disse, em comunicado, que "o conteúdo probatório produzido nas ações não são suficientes para a procedência da AIJE. Não há nenhuma doação ilícita. Em breve será apresentado recurso ao TRE-SP com os argumentos necessários para a reforma da decisão".

Também em nota, Leonardo Avalanche, presidente nacional do PRTB, informou que "manifesta sua plena confiança no Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) e acredita que a decisão de primeiro grau, a qual condenou Pablo Marçal de forma desproporcional a inelegibilidade por 8 anos, será reformada".

“Entendemos que a interpretação adotada na decisão inicial não reflete a realidade dos fatos nem a razoabilidade merecida em questão.”

 

Fonte: BBC News Brasil/g1/Brasil 247

 

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