Câncer de
pâncreas tem a menor taxa de sobrevida em cinco anos
O câncer de pâncreas é uma das formas mais agressivas de câncer, com uma taxa de
sobrevivência em cinco anos de apenas 12,8%, segundo o levantamento SEER
(Surveillance, Epidemiology, and End Results Program) do National Cancer Institute, dos Estados Unidos. No entanto, quando diagnosticado em estágios
iniciais, antes da metástase, a taxa de sobrevivência sobe para 44%. Se a
doença já se espalhou para outros órgãos, a sobrevida reduz drasticamente para
3%.
Responsável por cerca de 1%
de todos os tipos de câncer diagnosticados e por 5% do total de mortes causadas
pela doença no Brasil, o câncer de pâncreas é também o sétimo câncer mais letal
no país. Isso acontece porque a maioria dos pacientes inicia o tratamento nos
estágios mais avançados da doença. No início, o câncer no pâncreas apresenta
sintomas inespecíficos (que podem ser confundidos com os de outras doenças)
como fraqueza, perda de peso, falta de apetite, dor abdominal, urina escura,
olhos e pele de cor amarela, náuseas e dores nas costas.
·
Atenção aos fatores de risco
Não há um método efetivo de
rastreamento, que visaria o diagnóstico em fase mais precoce e, por conta
disso, a melhor estratégia é ter atenção aos fatores de risco, evitando-os,
entre eles o tabagismo. Para as pessoas que apresentam alto risco, como aquelas
com histórico familiar de câncer de pâncreas ou síndrome de pancreatite
hereditária, os médicos podem solicitar exames de triagem para detectar o
câncer. “Outras avaliações que podem ser incluídas são exames de imagem, como
tomografia computadorizada e ressonância magnética ou testes de sangue. Embora a
relação com o diabetes não esteja completamente esclarecida, há um ponto a se
prestar a atenção: pacientes que iniciam quadro de diabetes súbito em idades
mais avançadas ou que tem seu quadro de diabetes descompensado sem outra causa
aparente devem realizar exames para descartar a presença da neoplasia”, explica
o cirurgião oncológico Rodrigo Nascimento Pinheiro, presidente da Sociedade
Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO).
O especialista reforça a
importância de prevenir a doença. “Por não existir nenhum método eficaz de
diagnóstico precoce de rotina, o que a população precisa fazer é ter atenção
aos fatores de risco, como a idade avançada (a doença é mais frequente a partir
dos 50 anos), não fumar, evitar bebidas alcoólicas, além de praticar exercícios
e ter boa alimentação para reduzir o risco de obesidade. Também se recomenda
procurar um especialista em caso de histórico familiar. Se uma pessoa
apresentar um ou mais desses fatores de risco e apresentar sintomas vagos e
inespecíficos, é importante que ela consulte um médico para avaliação”, explica
Pinheiro.
·
Como é o tratamento?
Em relação ao tratamento, é
necessário fazer uma análise criteriosa sobre o estágio da doença, da
localização do tumor, da saúde geral do paciente e de outros fatores
biológicos. “A cirurgia costuma ser o tratamento mais eficaz. Existem dois
tipos de abordagens possíveis para o pâncreas: a cirurgia potencialmente
curativa, realizada em estágios iniciais, indicada em cerca de 20% dos casos e
a cirurgia paliativa, realizada quando a doença está disseminada, com o
objetivo de aliviar os sintomas e prevenir complicações.”, explica Rodrigo
Nascimento Pinheiro. Além disso, outros tratamentos não-cirúrgicos, indicados
caso a caso, também contribuem para aumentar a sobrevida dos pacientes, como a
quimioterapia, radioterapia.
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Estudo do IESS identifica crescimento de 80,3% de casos
de câncer colorretal
Os casos de câncer colorretal, o terceiro mais letal dessa doença, apresentam crescimento
de 80,3% no Brasil no período de 2015 a 2023, conforme uma análise realizada
pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) com base nos dados de diagnóstico e atendimentos realizados pelos
planos de saúde. Cerca de 25% da população brasileira, ou 51,5 milhões de
pessoas, contavam com plano de saúde em novembro de 2024. Ao identificar o
aumento da incidência da doença na base de beneficiários, o trabalho do IESS
lança um alerta sobre a necessidade de campanhas de conscientização e programas
de rastreamento para reduzir a incidência e mortalidade por câncer colorretal
entre os brasileiros.
O estudo, intitulado “Câncer Colorretal Na Saúde Suplementar, Tendências E
Desafios”, apresenta dados importantes:
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Em 2015, foram registrados 1.954 casos da doença
entre beneficiários de planos de saúde;
·
Em 2023, foram 4.465 casos, uma alta de 80,3%;
·
Considerando a incidência a cada 100 mil
beneficiários, o número saltou de 5, em 2015, para 8,8, em 2023;
·
A maior prevalência da doença está entre pessoas de
60 anos ou mais, mas o estudo identifica o crescimento significativo entre os
mais jovens, nos grupos de 20 a 39 anos e de 40 a 59 anos;
·
Em números absolutos, há maior incidência da doença
sobre as mulheres; quando analisados os casos a cada 100 mil beneficiários, há
maior prevalência entre os homens.
O câncer colorretal é
amplamente prevenível por meio de medidas relacionadas ao estilo de vida e à
realização de exames regulares. A origem é multifatorial, envolvendo uma
combinação de fatores genéticos, ambientais e comportamentais.
A adoção de uma dieta
equilibrada rica em fibras e pobre em gorduras saturadas é fundamental na
prevenção desse tipo de câncer. O consumo abundante de frutas, legumes,
verduras e grãos integrais auxilia na manutenção da saúde intestinal. Além
disso, a redução do consumo de alimentos ultraprocessados e carnes vermelhas
processadas pode diminuir significativamente o risco de desenvolvimento de
pólipos que podem evoluir para câncer. A prática regular de atividade física
também desempenha um papel crucial na prevenção do câncer colorretal.
O crescimento da incidência
de câncer colorretal no Brasil segue uma tendência mundial. Segundo dados da
Rede Global do Fundo Mundial de Pesquisa contra o Câncer (WCRF, sigla em
inglês), o mundo registrou, em 2022, 1,92 milhão de casos, sendo que o Brasil
ocupou a sétima posição global, com 60,11 mil novos casos naquele ano. A taxa
padronizada por idade (ASR, sigla em inglês) ficou em 19,8 por 100 mil
habitantes no Brasil, e, globalmente, a taxa ASR foi de 18,4.
O estudo do IESS aponta que
“as projeções para os próximos anos indicam que o câncer colorretal continuará
sendo uma preocupação significativa de saúde pública”. A Agência Internacional
para Pesquisa em Câncer (IARC) estima que, até 2040, o número de novos casos anuais de câncer
colorretal alcance cerca de 3,2 milhões globalmente, um crescimento acima de
50% em relação aos padrões atuais.
O tratamento varia conforme
as características e dependendo do estágio da doença no momento do diagnóstico.
As opções incluem cirurgia para remoção do tumor, quimioterapia, radioterapia
e, em alguns casos, terapias direcionadas ou imunoterapia. Os avanços na
medicina têm proporcionado tratamentos mais eficazes e menos invasivos,
melhorando a qualidade de vida e a sobrevida dos pacientes. A detecção precoce
continua sendo o fator mais importante para o sucesso do tratamento do câncer
colorretal. Quando diagnosticado nos estágios iniciais, as taxas de cura são
significativamente mais altas, o que reforça, segundo o estudo do IESS, a
conscientização sobre os sintomas, fatores de risco e a importância dos exames preventivos,
como colonoscopia e detecção de sangue oculto nas fezes.
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Termografia pode tornar mais acessível identificar o
câncer de mama
Com o objetivo de oferecer
um exame clínico mais acessível, capaz de auxiliar a detectar câncer de mama, o Instituto de Computação da Universidade Federal Fluminense (UFF) e o Laboratório de Ergonomia (LABER) do Instituto Nacional de
Tecnologia (INT/MCTI) estão realizando um projeto voltado à digitalização da mama que
utiliza câmera térmica, escâner e impressão 3D, intitulado “Uso da
digitalização 3D e impressão 3D para a avaliação de alterações na superfície da
mama para investigação do câncer de mama”. O projeto é coordenado pelas
pesquisadoras Aura Conci (UFF) e Flávia Pastura (INT) e conta com apoio da
Faperj desde 2020, pelo Programa de Apoio a Projetos Temáticos no Estado do Rio
de Janeiro.
Na etapa concluída da
pesquisa, o LABER recebeu 30 voluntárias para testarem as tecnologias. O exame
acontece com a voluntária parada com as mãos pousadas sobre a cabeça, enquanto
a câmera térmica gira ao seu redor, capturando termografias. Em seguida, cada
pixel da imagem termográfica é analisado por algoritmos, que são capazes de
identificar (baseados nas assimetrias térmicas entre as mamas) alterações ainda
no início da multiplicação celular do câncer, diferentemente de outros exames
que só fazem isso quando já há células suficientes para constituir uma massa.
Esse processo ampara o
diagnóstico do câncer de mama de uma forma mais acessível à população. “A
termografia é uma tecnologia mais barata, portátil, e que pode ser levada para
locais em que as pessoas não têm acesso a um hospital ou a uma clínica, bem
como pode antecipar a indicação para exames mais complexos”, explica Flávia.
Além disso, pode ser muito útil para mulheres que não podem ser submetidas a
outros exames. “A termografia pode ser usada por mulheres em qualquer idade,
por gestantes, por meninas no início da puberdade e mulheres na menopausa”,
ressalta Aura.
Em uma paciente saudável, a
temperatura das mamas esquerda e direta tende a ser similar e não muito quente,
pois a maior parte é composta por gordura, um material isolante. O tumor é
geralmente muito vascularizado, ele tende a ficar mais quente. Então, se você
vê uma área de calor na imagem, não quer dizer que ali tem um câncer, mas pode
ser um indicativo de que há algo e merece ser investigado.
Além da termografia, o
formato da mama é escaneado para a construção de um modelo tridimensional
digital e outro físico. Esses recursos têm como objetivo auxiliar na formação
de médicos e no planejamento das cirurgias de reconstrução mamária, oferecendo
referências mais realistas. “A gente consegue reconstruir as mamas, a partir do
escaneamento, produzindo modelos 3D virtuais da superfície, e agora estamos
também trabalhando em reproduzir as partes internas”, completa Flávia.
Fonte: Medicinasa
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