sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025

Mais de 55 milhões de pessoas em todo o mundo vivem com demência. Qual o papel do cuidador?

A demência, um conjunto de sintomas que afetam funções cognitivas como memória, linguagem, raciocínio e comportamento, afeta mais de 55 milhões de pessoas no mundo. Não é uma doença única, mas sim um termo abrangente que inclui condições como a Doença de Alzheimer, demência vascular, entre outras. Neste contexto, qual é o papel do cuidador? Responde, Camila Nóbrega, Médica Neurologista CNS - Campus Neurológico.

Estas doenças têm impacto na forma como as pessoas se relacionam com o mundo, na sua capacidade de autodeterminação e autonomia, pelo que o papel dos cuidadores é absolutamente essencial para a manutenção da qualidade de vida das pessoas afetadas. São também doenças progressivas, em que as necessidades dos doentes mudam com o tempo, determinando dependência a diferentes níveis e exigindo adaptação constante por parte dos cuidadores.

Os cuidadores, que podem ser familiares, amigos ou profissionais, enfrentam uma série de questões práticas e emocionais ao desempenharem essa função, que podem ser minoradas se estiverem bem informados sobre o que é expectável na doença, as suas diferentes fases, quais os sinais de alarme para situações de risco, e sobre as diversas estratégias e recursos existentes para lidar com os sintomas e necessidades de apoio crescentes.

Ao longo do processo de doença, além das tarefas práticas, os cuidadores desempenham um papel crucial na promoção do bem-estar emocional das pessoas com demência. Um cuidador informado e atento deve promover a participação em atividades físicas e ocupacionais, prevenir o isolamento, proporcionar conforto e segurança, ajudando o doente a sentir-se valorizado e respeitado, mesmo diante das limitações causadas pela doença.

Contudo, tudo isto lhes é exigido, em simultâneo com todo o sofrimento emocional que, assistir à degradação do estado de saúde de um ente querido, desencadeia. Para além disso, o cuidador pode ter de lidar com períodos de agitação, insónia e até mesmo agressividade; pode estar fisicamente exausto por ter de ajudar a mover, vestir, trocar a fralda, alimentar; pode não ter qualquer sinal de reconhecimento do seu esforço.

Naturalmente, sentimentos de culpa, frustração e tristeza são comuns entre os cuidadores, que muitas vezes têm dificuldade em lidar com suas próprias emoções enquanto priorizam o bem-estar do outro. Acresce o isolamento social determinado pela dificuldade em manter interações sociais, e a solidão causada pela falta de compreensão de outras pessoas sobre a complexidade de cuidar de alguém com demência.

Dado o impacto multifacetado do ato de cuidar de pessoas com demência, é essencial que os cuidadores recebam apoio adequado, seja na forma de atividades educativas, apoio psicológico ou partilha de cuidados com outros familiares ou profissionais.

Os cuidadores devem garantir a sua própria saúde física e mental. Isso inclui garantir que tenham tempo para descanso e lazer, sem se sentirem culpados por também terem tempo para cuidar deles próprios. O cuidar de si não é egoísmo, é uma necessidade, para que o cuidador seja capaz de providenciar o melhor cuidado possível ao seu familiar.

Ser cuidador de uma pessoa com demência é uma experiência desafiadora, mas também profundamente gratificante. Apesar das dificuldades, muitos cuidadores sentem-se realizados por saber que estão a proporcionar conforto e dignidade ao seu familiar. É neste grupo que queremos incluir os cuidadores que nos procuram. Para tal, oferecemos diferentes modalidades para responder às necessidades que são distintas entre cuidadores: a consulta do cuidador (individual), o curso para cuidadores formais e informais com carácter mais educativo e, mais recentemente, um grupo de cuidadores com componente de educação, mas também de partilha e apoio.

¨      Consumo excessivo de carne vermelha está associado a um risco acrescido de demência e declínio cognitivo

O consumo de grandes quantidades de carne vermelha pode estar associado a um risco acrescido de demência e declínio cognitivo, segundo um novo estudo.

A investigação já associou o consumo de carne vermelha a um risco acrescido de doenças como as doenças cardiovasculares e a diabetes tipo 2.

Para o novo estudo, cientistas do Mass General Brigham, da Universidade de Harvard e do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos EUA, analisaram dados de milhares de pacientes entre 1980 e 2018.

Descobriram que o envelhecimento cognitivo era acelerado em cerca de 1,6 anos por dose média de carne vermelha transformada, sendo uma dose de cerca de 85 g.

A substituição de uma porção de carne processada por frutos secos e legumes também foi associada a um risco 19% menor de demência e a um risco 21% menor de declínio cognitivo auto-relatado, estimaram os investigadores.

As conclusões foram publicadas na revista Neurology.

"As orientações dietéticas tendem a centrar-se na redução dos riscos de doenças crónicas como as doenças cardíacas e a diabetes, enquanto a saúde cognitiva é menos frequentemente discutida, apesar de estar associada a estas doenças", afirmou Daniel Wang, professor assistente de nutrição em Harvard e autor correspondente do estudo, num comunicado.

"Esperamos que os nossos resultados encorajem uma maior consideração da ligação entre a dieta e a saúde do cérebro", acrescentou.

Embora a metodologia do estudo seja bastante forte, continua a ser observacional.

"Nunca é possível ter certezas sobre o que está a causar o quê a partir de estudos observacionais isolados, por muito grandes e bem conduzidos que sejam", disse à Euronews Health Kevin McConway, professor emérito de estatística aplicada na The Open University, no Reino Unido, que não participou no estudo.

<><> Reduzir o consumo de carne vermelha

O novo estudo comparou as taxas de demência num grupo de pessoas que comiam carne vermelha processada com outras que eram semelhantes ao primeiro grupo, mas que comiam menos uma dose por dia de carne vermelha processada e mais uma dose de outras fontes de proteínas, explicou McConway.

"Estas estimativas não nos dizem diretamente o que aconteceria a um grupo de pessoas que alterasse a sua dieta para comer menos carne vermelha transformada e mais aves ou frutos secos. O efeito dessa mudança poderia ser semelhante ao das estimativas do estudo, mas poderia ser diferente", acrescentou.

Um resumo da organização sem fins lucrativos EAT, que reúne provas científicas para fornecer diretrizes alimentares, e a revista Lancet aconselha as pessoas a não consumir mais de 98 g de carne vermelha (porco, vaca ou borrego) por semana, por razões ecológicas e de saúde.

"As recomendações alimentares existentes sobre a carne vermelha já sugerem, normalmente, a redução do seu consumo e a sua substituição por outros alimentos, embora as razões apresentadas para essa recomendação envolvam outras associações entre o consumo de carne vermelha e resultados adversos para a saúde", afirmou McConway, referindo-se às ligações entre o consumo de carne vermelha e o risco de cancro do intestino e/ou de doenças cardiovasculares.

Tanto os autores do estudo como McConway sublinharam que é necessária mais investigação.

"Continuamos a juntar as peças desta história para compreender os mecanismos que causam a demência e o declínio cognitivo", afirmou Wang.

 

¨      Cientistas italianos descobrem mutação genética rara que pode estar na origem da doença de Alzheimer

Uma família italiana duramente afetada pela doença de Alzheimer oferece pistas sobre uma potencial causa genética da doença neurodegenerativa, segundo um novo estudo.

Numa família de 15 pessoas do norte de Itália, seis desenvolveram a doença de Alzheimer de início tardio - e quando os investigadores fizeram testes genéticos, todos os seis tinham uma mutação rara num gene codificador de proteínas conhecido como GRIN2C, que está envolvido na aprendizagem e na formação da memória.

Nenhuma das nove pessoas saudáveis tinha a mutação.

O estudo, publicado na revistaAlzheimer's Research & Therapy, é o primeiro a identificar a mutação GRIN2C como um provável fator de desenvolvimento da doença de Alzheimer.

"É uma prova genética muito forte, porque se trata de uma família", disse à Euronews Health Peter Giese, professor de neurobiologia da saúde mental no King's College de Londres, que não esteve envolvido no estudo.

A doença de Alzheimer é a forma mais comum de demência, afetando cerca de 7 milhões de pessoas na Europa. Ocorre quando as células nervosas do cérebro morrem, causando problemas de memória, pensamento e comportamento, e tende a agravar-se com o tempo.

<><> São necessários mais testes

Os investigadores acreditam que a doença de Alzheimer é causada por uma combinação de vários fatores genéticos,de estilo de vida e ambientais. As mutações de outros genes podem aumentar o risco de contrair a doença de Alzheimer, mas não a causam necessariamente.

Apenas algumas mutações genéticas raras são conhecidas como causadoras da doença de Alzheimer - e a mutação GRIN2C pode ser uma delas, disse Giese.

No estudo italiano, os investigadores excluíram 77 outras mutações genéticas associadas a doenças neurodegenerativas.

"O problema geral da doença de Alzheimer é que temos uma compreensão muito limitada do que está a acontecer exatamente", disse Giese. "Estes casos genéticos são muito úteis para ter uma ideia mais clara do que pode ter corrido mal".

O próximo passo deverá ser testar a mutação genética em animais ou em estudos de laboratório, acrescentou, para determinar como afeta exatamente o cérebro e se os medicamentos existentes podem contrariar o impacto.

O estudo, disse, "dá-nos uma ideia melhor do tipo de tratamento que podemos ter de conceber para combater a doença".

¨      Alzheimer: gás anestésico pode ajudar no combate à doença, descobrem cientistas

Cientistas descobriram que um gás anestésico já conhecido, Xenon, pode ajudar no combate ao Alzheimer e isso traz nova esperança para pacientes e familiares.

Segundo os pesquisadores das universidades Mass General Brigham e Washington University School of Medicine em St. Louis, Estados Unidos, em testes, o produto reduziu a atrofia cerebral e melhorou a cognição do cérebro.

“É emocionante que em ambos os modelos animais [camundongos] com diferentes aspectos da doença de Alzheimer, patologia amilóide em um modelo e patologia tau em outro modelo, o Xenon teve efeitos protetores em ambas situações”, disse o autor sênior da Universidade de Washington, David M. Holtzman.

<><> Resultados animadores

Na medicina, o produto já é utilizado como anestésico e neuroprotetor em casos de lesões cerebrais. Mas o estudo, publicado na Science Translational Medicina, mostrou que ele pode fazer mais.

Testado em camundongos, o Xenon reduziu a inflamação no cérebro, minimizou a atrofia e melhorou o comportamento dos bichinhos. Além disso, o gás também aumentou a capacidade da microglia de remover as placas amiloides.

“Uma das principais limitações no campo da pesquisa e tratamento da doença de Alzheimer é que é extremamente difícil projetar medicamentos que possam passar pela barreira hematoencefálica — mas o gás xenônio consegue. Estamos ansiosos para ver essa nova abordagem testada em humanos”, disse Oleg Butovsky, membro fundador do sistema de saúde Mass General Brigham.

<><> Como age

Cientistas já sabe que a doença de Alzheimer é causada pelo acúmulo de proteínas no cérebro, que afetam a comunicação entre os neurônios.

Segundo o grupo, a chave para combater a enfermidade pode estar no sistema imunológico do próprio cérebro.

E o gás Xenon consegue regular as células microgliais, que atuam como “faxineiras”. Em bom funcionamento, elas agem para eliminar as placas de proteínas prejudiciais.

Teste em humanos

O próximo passo é testar o tratamento em humanos.

O ensaio clínico já está marcado para ocorrer no Brigham and Women ‘s Hospital.

Se os resultados forem positivos, o Xenon vai ser testado em pacientes com Alzheimer e outras doenças neurológicas.

“Se o ensaio clínico for bem, as oportunidades para o uso do gás Xenon são grandes. Isso pode abrir as portas para novos tratamentos para ajudar pacientes neurológicos”, finalizou Howard Weiner, codiretor do Ann Romney Center for Neurologic Diseases.

 

Fonte: SapoLifestyle/Euronews/Só Notícia Boa

 

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