Donald Trump, trucagens e
truculências
Quando pensava em escrever este artigo vieram à
lembrança duas situações hollywoodianas: um filme de Charles Chaplin (1940) e
uma postura de John Wayne (1973). Tomo a liberdade de anteceder ao tema desse
texto comentando essas duas referências.
·
Charlie Chaplin e o poder da arte
Recordei uma cena específica, uma das sequências mais icônicas e
memoráveis de O grande ditador, dirigido por Charlie Chaplin: a
célebre “Dança do Globo”. Nesta cena, Chaplin dá vida a Adenoid Hynkel, uma
sátira de Adolf Hitler, em seu luxuoso escritório. A sequência se inicia com
Hynkel, trajando um uniforme militar, subindo ao palco de sua grandiosa sala.
As paredes estão adornadas com símbolos de autoridade e opressão, enquanto a
iluminação confere uma aura quase divina ao redor do ditador.
Na mesa de Hynkel repousa um globo terrestre inflável que representa sua
ambição de dominar o mundo. Com um sorriso maníaco e uma expressão de plena
satisfação, Hynkel começa a brincar com o globo, chutando-o, lançando-o para o
alto e equilibrando-o com uma leveza quase poética. A trilha sonora traz uma
composição clássica que harmoniza perfeitamente com os movimentos graciosos e
sutis do ditador. Cada contato com o globo carrega um simbolismo forte,
refletindo tanto seu poder quanto a fragilidade de suas aspirações.
A coreografia é cuidadosamente ensaiada, com Hynkel girando e dançando
junto ao globo como se estivesse em transe. Em certos momentos, ele se ajoelha
e envolve o globo em um abraço terno, como se estivesse apaixonado pelo mundo
que deseja controlar. Em outros instantes, ele o lança para cima com desdém,
evidenciando sua arrogância e desprezo por tudo ao seu redor. Conforme a dança
prossegue, as expressões faciais de Hynkel variam entre alegria e raiva,
revelando a dualidade de sua personalidade: um homem fascinado por seu próprio
poder, mas igualmente consumido pela paranoia.
O clímax da cena acontece quando, em um gesto mais brusco, o globo
estoura, deixando Hynkel atordoado e confuso. Essa sequência serve como uma
crítica contundente ao totalitarismo e ao ego exagerado dos ditadores,
ilustrando como suas grandiosas ambições são essencialmente frágeis e
ilusórias. Por meio da união entre humor e profundidade, Chaplin consegue
transmitir uma mensagem significativa sobre a essência do poder e a
vulnerabilidade dos tiranos.
Também imagino que até caberia como epígrafe desse artigo uma
contundente expressão de Charlie Chaplin a propósito do assunto de seu filme:
“O caminho da vida pode ser livre e belo, mas nos perdemos. A ganância envenenou
a alma dos homens, ergueu no mundo as muralhas do ódio, nos fez marchar a passo
de ganso para a miséria e o derramamento de sangue”.
·
John Wayne e a supremacia branca
Em 27 de março de 1973, na 45ª cerimônia do Oscar, Marlon Brando
recebeu o prêmio de Melhor Ator por seu desempenho em O poderoso chefão.
No entanto, Marlon Brando decidiu recusar o prêmio como forma de protesto
contra a maneira como os nativos americanos eram tratados pela indústria
cinematográfica. Para isso, enviou a ativista indígena Sacheen Littlefeather
para declinar o prêmio e ler um discurso em seu nome.
Sacheen Littlefeather apresentou-se no palco com vestimentas
tradicionais e esclareceu que Marlon Brando não poderia aceitar a honraria
devido ao tratamento dispensado aos índios americanos pela indústria
cinematográfica e às recentes ocorrências em Wounded Knee. Durante sua fala,
ela experimentou tanto vaias quanto aplausos, enquanto alguns dos
apresentadores da noite dirigiram piadas ao seu protesto. Nos bastidores, o
ator John Wayne, notório por suas opiniões racistas, necessitou ser detido por
seis seguranças para evitar uma possível agressão física contra Littlefeather.
John Wayne era um defensor explícito da supremacia branca e nutria
preconceitos significativos contra povos indígenas e afrodescendentes. A reação
de John Wayne e as respostas do público evidenciaram o racismo e a
discriminação enraizados naquele período histórico. Após o evento, Sacheen
Littlefeather enfrentou inúmeras adversidades; foi alvo de hostilidade e ignorada
pela indústria do entretenimento. No entanto, sua bravura e dignidade ao
representar Marlon Brando e ao protestar contra injustiças
deixaram um legado significativo na luta pelos direitos dos nativos americanos.
E a guisa de uma segunda epígrafe, convém citar um trecho do discurso de
Marlon Brando, publicado na íntegra posteriormente. Em suas palavras, uma
espécie de confissão que os Estados Unidos deveriam assumir pelo que cometeram
contra os povos originários: “We turned them into beggars on a continent
that gave life for as long as life can remember. And by any interpretation
of history, however twisted, we did not do right”. (Nós os transformamos em
mendigos em um continente que deu vida desde que a vida pode se lembrar. E por
qualquer interpretação da história, por mais distorcida que seja, não fizemos o
certo.)
·
Donald Trump
Em 2024 na campanha para a presidência da República dos Estados Unidos,
Donald Trump foi o astro parecido com Hynkel e John Wayne, levando muitos
especialistas a duvidarem de sua saúde mental.
Em sua performance política, Donald Trump configura-se como alguém que
gera divisões acentuadas, e seu comportamento tem sido objeto de ampla análise
e críticas. Ele frequentemente atribui responsabilidade a outros por ações das
quais ele mesmo é responsável, como evidenciado quando criticou Hillary Clinton
por utilizar um servidor de e-mail pessoal durante seu período como Secretária
de Estado, enquanto posteriormente foi revelado que ele também fazia uso de um
celular pessoal inseguro durante o exercício de suas funções.
Sua retórica tem se tornado progressivamente mais agressiva ao longo do
tempo, frequentemente empregando termos associados à violência para descrever
imigrantes e outras pessoas que considera como ameaças. Existe uma crescente
preocupação em relação a possíveis declínios cognitivos de Trump, com
especialistas apontando alterações em sua fala, linguagem e raciocínio. Em um
comício recente, suas declarações apresentaram confusão e desvios tangenciais,
levando alguns a conjecturar sobre a possibilidade de ele estar enfrentando
algum tipo de enfermidade cerebral.
Recentemente, Donald Trump lançou uma moeda meme, suscitando
questionamentos acerca da legalidade e ética envolvidas no fato de um
presidente obter benefícios financeiros enquanto exerce o cargo. Essa ação foi
interpretada como uma maneira pela qual Donald Trump estaria utilizando sua
posição política para ganhos pessoais. Esses exemplos demonstram como o
comportamento de Trump é amplamente considerado problemático e controverso por
diversas pessoas.
·
Primeiras decisões
Donald Trump implementou uma série de decisões polêmicas ao assumir pela
segunda vez em 2025 a presidência dos Estados Unidos. Dentre essas,
sobressaem-se a retirada do país do Acordo de Paris, a declaração de emergência
na fronteira com o México e a concessão de perdão presidencial a mais de 1.500
indivíduos envolvidos na invasão ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021. Uma das
decisões mais severas foi a declaração de emergência na fronteira com o México.
Tal medida tinha como objetivo conter a imigração ilegal, possibilitando o
deslocamento de tropas e a alocação de recursos para fortalecer a segurança na
área.
Entretanto, essa decisão resultou em uma crise humanitária na fronteira,
com milhares de imigrantes sendo detidos em condições inadequadas e ocorrendo
separações familiares, incluindo crianças sendo afastadas de seus pais. A
política rígida contra imigrantes afetou negativamente a imagem dos EUA no
contexto internacional, sendo percebida como uma abordagem isolacionista e
contrária aos direitos humanos.
Diante de tantas sandices, fica muito difícil crer que “Durante sua
cerimônia de posse em 20 de janeiro de 2025, Donald Trump dirigiu uma mensagem
clara às comunidades negras e latinas, comprometendo-se a transformar o sonho
de Martin Luther King Jr. em realidade. Ele expressou gratidão pelo apoio e
pelos votos recebidos dessas comunidades, ressaltando que prestou atenção às
suas vozes ao longo da campanha e que pretende colaborar com elas nos anos
vindouros. Contudo, críticos observam que suas políticas e propostas divergem
dos princípios defendidos por Martin Luther King Jr.”
A situação de desemprego e falta dos direitos sobre o trabalho induziram
a união dos pretos, pardos e dos brancos contra Joe Biden, ainda que a economia
do país estivesse bem. O slogan “Make America Great Again” (MAGA) de
Donald Trump é baseado em uma série de políticas e projetos que visam
fortalecer a economia dos EUA, aumentar a segurança nacional e promover uma
postura mais isolacionista nas relações internacionais. Trump pretende
impulsionar a economia americana através da redução de regulamentações,
incentivo à produção de combustíveis fósseis e retirada dos EUA do Acordo de
Paris. Ele acredita que essas medidas tornarão a América mais independente e
próspera.
A política de segurança nacional de Donald Trump inclui a construção de
um muro na fronteira com o México, a reinstalação da política “Remain in
Mexico” e a intensificação da deportação de imigrantes ilegais. Ele também
planeja designar cartéis de drogas como organizações terroristas e usar a Lei
de Inimigos Estrangeiros para removê-los. Donald Trump adota uma postura mais
isolacionista, retirando os EUA de acordos internacionais e focando em
políticas de “América Primeiro”.
Isso inclui a suspensão temporária de programas de assistência externa e
a revisão de tratados para garantir que estejam alinhados com os objetivos de
sua administração. Essas políticas refletem a visão de Donald Trump de uma
América forte, independente e focada em seus próprios interesses, muitas vezes
em detrimento da cooperação internacional e dos direitos humanos. Dentre estas
medidas a que mostra com clareza a paixão de Donald Trump por John Wayne sem
dúvida é a “Remain in Mexico”.
Do que se trata… A campanha “Remain in Mexico“, formalmente
conhecida como Protocolos de Proteção ao Migrante (MPP), foi implementada pela
primeira vez durante a administração anterior de Donald Trump em janeiro de
2019. Esta política exigia que os solicitantes de asilo da maioria dos países
da América Latina fossem enviados de volta ao México enquanto seus casos eram
processados nos tribunais de imigração dos EUA. A política foi altamente
controversa, pois muitos críticos argumentaram que ela colocava os migrantes em
condições precárias e perigosas, deixando-os vulneráveis a pressões de cartéis
de drogas na região da fronteira.
A administração de Joe Biden tentou encerrar o programa, mas enfrentou
obstáculos legais que impediram sua suspensão completa. Em janeiro de 2025, a
administração de Trump anunciou a reinstalação do programa, alegando que ele
ajudaria a dissuadir reivindicações de asilo fraudulentas.
·
As guerras necessárias ao
capitalismo
Em relações às necessárias guerras atuais, relevantes para continuar a
acumulação de capital, Donald Trump usou a diplomacia da força. Ele implementou
diversas políticas polêmicas em relação a conflitos globais, como a guerra
entre Rússia e Ucrânia, o genocídio em Gaza e os confrontos no continente
africano. No contexto da Rússia e Ucrânia, Donald Trump adotou uma perspectiva
transacional, pressionando Kiev para que negociasse com Moscou e ameaçando
cortar a assistência militar caso o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky não
colaborasse.
Além disso, ele sinalizou a possibilidade de impor sanções rigorosas à
Rússia se Vladimir Putin não aceitasse dialogar. Donald Trump percebia o
conflito como um reflexo do legado da política externa de Joe Biden e se
mostrava decidido a resolvê-lo rapidamente.
A situação do cessar-fogo e da assistência humanitária em Gaza apresenta
um panorama complexo. Recentemente, foi implementado um cessar-fogo entre
Israel e o Hamas, oferecendo um alívio temporário após 15 meses de intensos
conflitos. Este acordo estabelece a liberação gradual de reféns e prisioneiros,
bem como a retirada das tropas israelenses da região de Gaza. Contudo, a
realidade humanitária permanece crítica. Centenas de caminhões carregados com
suprimentos humanitários, incluindo alimentos e combustíveis, têm chegado a
Gaza; no entanto, a distribuição desses recursos ainda enfrenta sérias
dificuldades devido à desorganização e à devastação resultante dos bombardeios.
Organizações como a ONU e outras entidades internacionais estão
empenhadas em fornecer assistência alimentar, reabastecer hospitais e restaurar
infraestruturas essenciais. Entretanto, as condições continuam alarmantes, com
uma iminente crise de fome e um sistema de saúde em colapso. A expectativa é
que o cessar-fogo possibilite uma melhoria gradual nas condições de vida da
população de Gaza.
Concernente aos conflitos na África, Donald Trump assinou várias ordens
executivas que afetaram negativamente o continente, incluindo a suspensão de
programas de assistência externa e reavaliação de acordos comerciais. Sua
abordagem transacional complicou a resolução das crises no continente e
enfraqueceu as relações bilaterais com os países africanos. Essas políticas
expressam a visão de Trump sobre uma América robusta e centrada em seus
próprios interesses, frequentemente em detrimento da cooperação internacional e
dos direitos humanos.
Donald Trump implementou diversas políticas polêmicas em relação à
América Latina. Ele destacou a necessidade de reprimir a imigração, incluindo
deportações em massa, e propôs a imposição de tarifas sobre o comércio transfronteiriço
com o México. Trump também ameaçou estabelecer tarifas de 100% ao México,
independentemente do acordo comercial conhecido como USMCA. Ademais, outros
tratados comerciais, como o CAFTA-DR e os acordos bilaterais com Colômbia,
Chile e Panamá, provavelmente passarão por uma revisão sob a ótica da política
de “América Primeiro”.
A retórica de Trump frequentemente envolve afirmações acerca da
contaminação do “pool genético” americano por imigrantes, uma posição que gerou
críticas e inquietações. Contudo, líderes como Nayib Bukele de El Salvador e
Javier Milei da Argentina podem vir a se tornar aliados próximos de Trump,
sendo convidados para visitar a Casa Branca. Essas políticas refletem a
concepção de Donald Trump já referida: uma América robusta e centrada em seus
próprios interesses, muitas vezes em detrimento da cooperação internacional e
dos direitos humanos.
·
BRICS
Donald Trump adotou uma posição bastante crítica em relação ao BRICS, o
bloco econômico formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Ele
manifestou inquietações acerca do impacto do BRICS na economia dos Estados
Unidos e ameaçou implementar tarifas de 100% sobre produtos oriundos desses
países, caso estes decidissem substituir o dólar em suas transações comerciais.
Donald Trump também teceu críticas aos acordos comerciais dos EUA com os
países que compõem o BRICS, afirmando que os Estados Unidos registram déficits
comerciais com quase todos eles. Ademais, Trump demonstrou certo
desconhecimento ao mencionar incorretamente que a Espanha integrava o BRICS,
gerando confusão e apreensão em Madrid. Sua abordagem reativa e de confronto em
relação ao BRICS reflete sua visão protecionista e unilateral das relações
internacionais.
Essas políticas e declarações de Donald Trump evidenciam uma tentativa
de salvaguardar a economia americana, mas também revelam uma falta de
compreensão acerca da interdependência econômica global e da importância de
parcerias estratégicas com nações emergentes. O episódio da deportação dos
imigrantes ilegais para o Brasil. Novamente com a truculência conhecida,
atingiu a todos os brasileiros. Porém, o ocorrido prestou-se a servir de
mensagem aos BRICS.
Donald Trump mais do que força, mostrou sua vulnerabilidade, como Hynkel
interpretado por Chaplin: o medo de que o dólar deixe de ser a moeda mundial. O
país já tem sérios problemas em administrar sua dívida interna. O dólar que
garante a estabilidade, apesar da dívida poderia deixar de entrar no país de
John Wayne, complicando a situação do ditador.
A dívida pública dos Estados Unidos reveste-se de grande significado. No
presente momento, a dívida nacional dos EUA superou a marca de US$ 34 trilhões
(cerca de R$ 167,2 trilhões), o que representa aproximadamente 98% do seu
Produto Interno Bruto (PIB). Nos últimos anos, a dívida pública norte-americana
experimentou um crescimento acelerado, em grande parte em decorrência da
expansão dos gastos governamentais e da diminuição da receita tributária.
Donald Trump implementou diversas políticas que afetam diretamente o
Brasil. Durante seu segundo mandato, ele emitiu uma série de ordens executivas,
incluindo a retirada dos Estados Unidos do Acordo de Paris e a declaração de
estado de emergência na fronteira com o México. Essas ações evidenciam uma
retórica protecionista e imperialista, suscitando preocupações em múltiplos
setores. As repercussões dessas decisões para o Brasil abrangem áreas como
comércio, migração e questões ambientais.
O agronegócio, que desempenha um papel crucial na economia brasileira,
enfrenta uma combinação de oportunidades e desafios diante das novas diretrizes
americanas. Por exemplo, a imposição de tarifas mais elevadas sobre importações
por parte dos EUA pode prejudicar as exportações brasileiras para o mercado
norte-americano, especialmente nos setores de aço e alumínio. Adicionalmente, a
saída dos EUA do Acordo de Paris pode comprometer os esforços globais no
combate às mudanças climáticas, impactando negativamente o Brasil, que já é
suscetível a eventos climáticos extremos.
As políticas migratórias mais rigorosas adotadas por Donald Trump também
podem complicar as condições para estudantes e profissionais brasileiros que
buscam oportunidades nos Estados Unidos. Essas políticas manifestam (novamente
repito, para enfatizar) a visão de Trump em promover uma América robusta e
centrada em seus próprios interesses, frequentemente à custa da cooperação
internacional e dos direitos humanos.
A posição de Donald Trump em relação ao Brasil parece estampada no
recado que mandou para o Brasil. Quando a jornalista Raquel Krähenbühl indagou
a Trump sobre a relação com o Brasil, mais uma vez se notou que Trump é Trump
(com sua trucagem e truculência) ao responder à jornalista: “eles precisam de
nós, muito mais do que nós precisamos deles”. Adicionalmente, ele levantou
questionamentos sobre a participação do Brasil em discussões relacionadas às
negociações entre Rússia e Ucrânia, expressando surpresa quanto ao envolvimento
brasileiro.
·
O indulto de Donald Trump e
o enfraquecimentos do Judiciário
O indulto concedido por Donald Trump a prisioneiros relacionados aos
acontecimentos de 6 de janeiro de 2021 em Washington pode, de fato, afetar o
processo de responsabilização pelos ataques que ocorreram em 8 de janeiro em
Brasília. Donald Trump ofereceu clemência a mais de 1.500 participantes da
invasão ao Capitólio, incluindo líderes de grupos extremistas e pessoas
condenadas por crimes violentos. Essa decisão foi interpretada como uma
tentativa de reescrever a narrativa dos eventos e minar os esforços do
Departamento de Justiça em responsabilizar os envolvidos.
A escolha de Donald Trump gerou críticas e levantou preocupações sobre
suas repercussões na aplicação da lei e na percepção pública sobre a justiça.
Muitos temem que o indulto possa diminuir a confiança no sistema judiciário e
encorajar comportamentos semelhantes no futuro. Ademais, essa ação pode
dificultar os esforços para responsabilizar aqueles que participaram de outros
ataques, como os realizados em 8 de janeiro em Brasília, ao estabelecer um
precedente de impunidade para ações de violência política.
·
Resumo da ópera
Diante das limitações naturais e sociais que o capitalismo enfrenta no
mundo, surgem algumas oportunidades para sua ampliação, tanto em termos
geográficos quanto de inovação. Com a globalização praticamente completada, o
próximo passo pode envolver a colonização do espaço. As missões a Marte e a
exploração de outros corpos celestes são vistas por alguns como uma nova
fronteira para a expansão capitalista, com a mineração de asteroides e o
estabelecimento de colônias espaciais representando formas de criar novos
mercados e recursos.
Outra área de expansão se encontra na inovação tecnológica. A revolução
digital e a inteligência artificial trazem novas possibilidades para o
crescimento econômico. A automação, as cidades inteligentes e a internet das
coisas (IoT) exemplificam como a tecnologia pode gerar mercados e transformar
setores tradicionais. A biotecnologia e a engenharia genética também oferecem
promessas de avanços que podem resultar em lucros significativos e novas
indústrias.
Ademais, o capitalismo pode buscar seu crescimento por meio da
sustentabilidade e da economia verde. À medida que os recursos naturais se
tornam limitados, a economia circular e as energias renováveis apresentam
caminhos para um desenvolvimento econômico mais sustentável. Empresas que
apostam em tecnologias limpas e práticas ambientalmente responsáveis podem
descobrir novas oportunidades no mercado e aumentar sua competitividade.
Entretanto, essas expansões também trazem desafios éticos, sociais e
ambientais. A exploração espacial levanta questões sobre propriedade e
governança de novos territórios, enquanto a revolução tecnológica pode acentuar
as desigualdades sociais e econômicas. A busca pela sustentabilidade requer uma
mudança de paradigma que transcenda o lucro imediato, levando em conta o
bem-estar das futuras gerações e a proteção do meio ambiente.
Assim sendo, a expansão necessária ao capitalismo envolve explorar novas
fronteiras, sejam elas espaciais, tecnológicas ou sustentáveis. Contudo, é
fundamental que essa expansão seja acompanhada por uma reflexão ética e por
políticas que assegurem inclusão, justiça social e proteção do planeta.
No âmbito do capitalismo não há lugar para as minorias, os imigrantes,
tampouco “inclusão, justiça social e proteção do planeta”. Neste momento as
evidências indicam que apenas a destruição projeta a acumulação do capital e a
reprodução do capitalismo. Neste modo de produção não é possível um equilíbrio
entre crescimento econômico, bem-estar social e sustentabilidade ambiental.
Reitero: parece que hoje no Planeta somente cabe a destruição para a
acumulação. Tanto é assim que o presidente da Colômbia Gustavo Petro escreveu
uma carta precisa e poética proclamando aos quatro ventos: “Pode tentar me
derrubar, presidente [Trump], mas as Américas e a humanidade responderão”.
Fonte: Por João dos
Reis Silva Júnior, em A Terra é Redonda
Nenhum comentário:
Postar um comentário