sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025

Donald Trump, trucagens e truculências

Quando pensava em escrever este artigo vieram à lembrança duas situações hollywoodianas: um filme de Charles Chaplin (1940) e uma postura de John Wayne (1973). Tomo a liberdade de anteceder ao tema desse texto comentando essas duas referências.

·        Charlie Chaplin e o poder da arte

Recordei uma cena específica, uma das sequências mais icônicas e memoráveis de O grande ditador, dirigido por Charlie Chaplin: a célebre “Dança do Globo”. Nesta cena, Chaplin dá vida a Adenoid Hynkel, uma sátira de Adolf Hitler, em seu luxuoso escritório. A sequência se inicia com Hynkel, trajando um uniforme militar, subindo ao palco de sua grandiosa sala. As paredes estão adornadas com símbolos de autoridade e opressão, enquanto a iluminação confere uma aura quase divina ao redor do ditador.

Na mesa de Hynkel repousa um globo terrestre inflável que representa sua ambição de dominar o mundo. Com um sorriso maníaco e uma expressão de plena satisfação, Hynkel começa a brincar com o globo, chutando-o, lançando-o para o alto e equilibrando-o com uma leveza quase poética. A trilha sonora traz uma composição clássica que harmoniza perfeitamente com os movimentos graciosos e sutis do ditador. Cada contato com o globo carrega um simbolismo forte, refletindo tanto seu poder quanto a fragilidade de suas aspirações.

A coreografia é cuidadosamente ensaiada, com Hynkel girando e dançando junto ao globo como se estivesse em transe. Em certos momentos, ele se ajoelha e envolve o globo em um abraço terno, como se estivesse apaixonado pelo mundo que deseja controlar. Em outros instantes, ele o lança para cima com desdém, evidenciando sua arrogância e desprezo por tudo ao seu redor. Conforme a dança prossegue, as expressões faciais de Hynkel variam entre alegria e raiva, revelando a dualidade de sua personalidade: um homem fascinado por seu próprio poder, mas igualmente consumido pela paranoia.

O clímax da cena acontece quando, em um gesto mais brusco, o globo estoura, deixando Hynkel atordoado e confuso. Essa sequência serve como uma crítica contundente ao totalitarismo e ao ego exagerado dos ditadores, ilustrando como suas grandiosas ambições são essencialmente frágeis e ilusórias. Por meio da união entre humor e profundidade, Chaplin consegue transmitir uma mensagem significativa sobre a essência do poder e a vulnerabilidade dos tiranos.

Também imagino que até caberia como epígrafe desse artigo uma contundente expressão de Charlie Chaplin a propósito do assunto de seu filme: “O caminho da vida pode ser livre e belo, mas nos perdemos. A ganância envenenou a alma dos homens, ergueu no mundo as muralhas do ódio, nos fez marchar a passo de ganso para a miséria e o derramamento de sangue”.

·        John Wayne e a supremacia branca

Em 27 de março de 1973, na 45ª cerimônia do Oscar, Marlon Brando recebeu o prêmio de Melhor Ator por seu desempenho em O poderoso chefão. No entanto, Marlon Brando decidiu recusar o prêmio como forma de protesto contra a maneira como os nativos americanos eram tratados pela indústria cinematográfica. Para isso, enviou a ativista indígena Sacheen Littlefeather para declinar o prêmio e ler um discurso em seu nome.

Sacheen Littlefeather apresentou-se no palco com vestimentas tradicionais e esclareceu que Marlon Brando não poderia aceitar a honraria devido ao tratamento dispensado aos índios americanos pela indústria cinematográfica e às recentes ocorrências em Wounded Knee. Durante sua fala, ela experimentou tanto vaias quanto aplausos, enquanto alguns dos apresentadores da noite dirigiram piadas ao seu protesto. Nos bastidores, o ator John Wayne, notório por suas opiniões racistas, necessitou ser detido por seis seguranças para evitar uma possível agressão física contra Littlefeather.

John Wayne era um defensor explícito da supremacia branca e nutria preconceitos significativos contra povos indígenas e afrodescendentes. A reação de John Wayne e as respostas do público evidenciaram o racismo e a discriminação enraizados naquele período histórico. Após o evento, Sacheen Littlefeather enfrentou inúmeras adversidades; foi alvo de hostilidade e ignorada pela indústria do entretenimento. No entanto, sua bravura e dignidade ao representar Marlon Brando e ao protestar contra injustiças deixaram um legado significativo na luta pelos direitos dos nativos americanos.

E a guisa de uma segunda epígrafe, convém citar um trecho do discurso de Marlon Brando, publicado na íntegra posteriormente. Em suas palavras, uma espécie de confissão que os Estados Unidos deveriam assumir pelo que cometeram contra os povos originários: “We turned them into beggars on a continent that gave life for as long as life can remember. And by any interpretation of history, however twisted, we did not do right”. (Nós os transformamos em mendigos em um continente que deu vida desde que a vida pode se lembrar. E por qualquer interpretação da história, por mais distorcida que seja, não fizemos o certo.)

·        Donald Trump

Em 2024 na campanha para a presidência da República dos Estados Unidos, Donald Trump foi o astro parecido com Hynkel e John Wayne, levando muitos especialistas a duvidarem de sua saúde mental.

Em sua performance política, Donald Trump configura-se como alguém que gera divisões acentuadas, e seu comportamento tem sido objeto de ampla análise e críticas. Ele frequentemente atribui responsabilidade a outros por ações das quais ele mesmo é responsável, como evidenciado quando criticou Hillary Clinton por utilizar um servidor de e-mail pessoal durante seu período como Secretária de Estado, enquanto posteriormente foi revelado que ele também fazia uso de um celular pessoal inseguro durante o exercício de suas funções.

Sua retórica tem se tornado progressivamente mais agressiva ao longo do tempo, frequentemente empregando termos associados à violência para descrever imigrantes e outras pessoas que considera como ameaças. Existe uma crescente preocupação em relação a possíveis declínios cognitivos de Trump, com especialistas apontando alterações em sua fala, linguagem e raciocínio. Em um comício recente, suas declarações apresentaram confusão e desvios tangenciais, levando alguns a conjecturar sobre a possibilidade de ele estar enfrentando algum tipo de enfermidade cerebral.

Recentemente, Donald Trump lançou uma moeda meme, suscitando questionamentos acerca da legalidade e ética envolvidas no fato de um presidente obter benefícios financeiros enquanto exerce o cargo. Essa ação foi interpretada como uma maneira pela qual Donald Trump estaria utilizando sua posição política para ganhos pessoais. Esses exemplos demonstram como o comportamento de Trump é amplamente considerado problemático e controverso por diversas pessoas.

·        Primeiras decisões

Donald Trump implementou uma série de decisões polêmicas ao assumir pela segunda vez em 2025 a presidência dos Estados Unidos. Dentre essas, sobressaem-se a retirada do país do Acordo de Paris, a declaração de emergência na fronteira com o México e a concessão de perdão presidencial a mais de 1.500 indivíduos envolvidos na invasão ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021. Uma das decisões mais severas foi a declaração de emergência na fronteira com o México. Tal medida tinha como objetivo conter a imigração ilegal, possibilitando o deslocamento de tropas e a alocação de recursos para fortalecer a segurança na área.

Entretanto, essa decisão resultou em uma crise humanitária na fronteira, com milhares de imigrantes sendo detidos em condições inadequadas e ocorrendo separações familiares, incluindo crianças sendo afastadas de seus pais. A política rígida contra imigrantes afetou negativamente a imagem dos EUA no contexto internacional, sendo percebida como uma abordagem isolacionista e contrária aos direitos humanos.

Diante de tantas sandices, fica muito difícil crer que “Durante sua cerimônia de posse em 20 de janeiro de 2025, Donald Trump dirigiu uma mensagem clara às comunidades negras e latinas, comprometendo-se a transformar o sonho de Martin Luther King Jr. em realidade. Ele expressou gratidão pelo apoio e pelos votos recebidos dessas comunidades, ressaltando que prestou atenção às suas vozes ao longo da campanha e que pretende colaborar com elas nos anos vindouros. Contudo, críticos observam que suas políticas e propostas divergem dos princípios defendidos por Martin Luther King Jr.”

A situação de desemprego e falta dos direitos sobre o trabalho induziram a união dos pretos, pardos e dos brancos contra Joe Biden, ainda que a economia do país estivesse bem. O slogan “Make America Great Again” (MAGA) de Donald Trump é baseado em uma série de políticas e projetos que visam fortalecer a economia dos EUA, aumentar a segurança nacional e promover uma postura mais isolacionista nas relações internacionais. Trump pretende impulsionar a economia americana através da redução de regulamentações, incentivo à produção de combustíveis fósseis e retirada dos EUA do Acordo de Paris. Ele acredita que essas medidas tornarão a América mais independente e próspera.

A política de segurança nacional de Donald Trump inclui a construção de um muro na fronteira com o México, a reinstalação da política “Remain in Mexico” e a intensificação da deportação de imigrantes ilegais. Ele também planeja designar cartéis de drogas como organizações terroristas e usar a Lei de Inimigos Estrangeiros para removê-los. Donald Trump adota uma postura mais isolacionista, retirando os EUA de acordos internacionais e focando em políticas de “América Primeiro”.

Isso inclui a suspensão temporária de programas de assistência externa e a revisão de tratados para garantir que estejam alinhados com os objetivos de sua administração. Essas políticas refletem a visão de Donald Trump de uma América forte, independente e focada em seus próprios interesses, muitas vezes em detrimento da cooperação internacional e dos direitos humanos. Dentre estas medidas a que mostra com clareza a paixão de Donald Trump por John Wayne sem dúvida é a “Remain in Mexico”.

Do que se trata… A campanha “Remain in Mexico“, formalmente conhecida como Protocolos de Proteção ao Migrante (MPP), foi implementada pela primeira vez durante a administração anterior de Donald Trump em janeiro de 2019. Esta política exigia que os solicitantes de asilo da maioria dos países da América Latina fossem enviados de volta ao México enquanto seus casos eram processados nos tribunais de imigração dos EUA. A política foi altamente controversa, pois muitos críticos argumentaram que ela colocava os migrantes em condições precárias e perigosas, deixando-os vulneráveis a pressões de cartéis de drogas na região da fronteira.

A administração de Joe Biden tentou encerrar o programa, mas enfrentou obstáculos legais que impediram sua suspensão completa. Em janeiro de 2025, a administração de Trump anunciou a reinstalação do programa, alegando que ele ajudaria a dissuadir reivindicações de asilo fraudulentas.

·        As guerras necessárias ao capitalismo

Em relações às necessárias guerras atuais, relevantes para continuar a acumulação de capital, Donald Trump usou a diplomacia da força. Ele implementou diversas políticas polêmicas em relação a conflitos globais, como a guerra entre Rússia e Ucrânia, o genocídio em Gaza e os confrontos no continente africano. No contexto da Rússia e Ucrânia, Donald Trump adotou uma perspectiva transacional, pressionando Kiev para que negociasse com Moscou e ameaçando cortar a assistência militar caso o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky não colaborasse.

Além disso, ele sinalizou a possibilidade de impor sanções rigorosas à Rússia se Vladimir Putin não aceitasse dialogar. Donald Trump percebia o conflito como um reflexo do legado da política externa de Joe Biden e se mostrava decidido a resolvê-lo rapidamente.

A situação do cessar-fogo e da assistência humanitária em Gaza apresenta um panorama complexo. Recentemente, foi implementado um cessar-fogo entre Israel e o Hamas, oferecendo um alívio temporário após 15 meses de intensos conflitos. Este acordo estabelece a liberação gradual de reféns e prisioneiros, bem como a retirada das tropas israelenses da região de Gaza. Contudo, a realidade humanitária permanece crítica. Centenas de caminhões carregados com suprimentos humanitários, incluindo alimentos e combustíveis, têm chegado a Gaza; no entanto, a distribuição desses recursos ainda enfrenta sérias dificuldades devido à desorganização e à devastação resultante dos bombardeios.

Organizações como a ONU e outras entidades internacionais estão empenhadas em fornecer assistência alimentar, reabastecer hospitais e restaurar infraestruturas essenciais. Entretanto, as condições continuam alarmantes, com uma iminente crise de fome e um sistema de saúde em colapso. A expectativa é que o cessar-fogo possibilite uma melhoria gradual nas condições de vida da população de Gaza.

Concernente aos conflitos na África, Donald Trump assinou várias ordens executivas que afetaram negativamente o continente, incluindo a suspensão de programas de assistência externa e reavaliação de acordos comerciais. Sua abordagem transacional complicou a resolução das crises no continente e enfraqueceu as relações bilaterais com os países africanos. Essas políticas expressam a visão de Trump sobre uma América robusta e centrada em seus próprios interesses, frequentemente em detrimento da cooperação internacional e dos direitos humanos.

Donald Trump implementou diversas políticas polêmicas em relação à América Latina. Ele destacou a necessidade de reprimir a imigração, incluindo deportações em massa, e propôs a imposição de tarifas sobre o comércio transfronteiriço com o México. Trump também ameaçou estabelecer tarifas de 100% ao México, independentemente do acordo comercial conhecido como USMCA. Ademais, outros tratados comerciais, como o CAFTA-DR e os acordos bilaterais com Colômbia, Chile e Panamá, provavelmente passarão por uma revisão sob a ótica da política de “América Primeiro”.

A retórica de Trump frequentemente envolve afirmações acerca da contaminação do “pool genético” americano por imigrantes, uma posição que gerou críticas e inquietações. Contudo, líderes como Nayib Bukele de El Salvador e Javier Milei da Argentina podem vir a se tornar aliados próximos de Trump, sendo convidados para visitar a Casa Branca. Essas políticas refletem a concepção de Donald Trump já referida: uma América robusta e centrada em seus próprios interesses, muitas vezes em detrimento da cooperação internacional e dos direitos humanos.

·        BRICS

Donald Trump adotou uma posição bastante crítica em relação ao BRICS, o bloco econômico formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Ele manifestou inquietações acerca do impacto do BRICS na economia dos Estados Unidos e ameaçou implementar tarifas de 100% sobre produtos oriundos desses países, caso estes decidissem substituir o dólar em suas transações comerciais.

Donald Trump também teceu críticas aos acordos comerciais dos EUA com os países que compõem o BRICS, afirmando que os Estados Unidos registram déficits comerciais com quase todos eles. Ademais, Trump demonstrou certo desconhecimento ao mencionar incorretamente que a Espanha integrava o BRICS, gerando confusão e apreensão em Madrid. Sua abordagem reativa e de confronto em relação ao BRICS reflete sua visão protecionista e unilateral das relações internacionais.

Essas políticas e declarações de Donald Trump evidenciam uma tentativa de salvaguardar a economia americana, mas também revelam uma falta de compreensão acerca da interdependência econômica global e da importância de parcerias estratégicas com nações emergentes. O episódio da deportação dos imigrantes ilegais para o Brasil. Novamente com a truculência conhecida, atingiu a todos os brasileiros. Porém, o ocorrido prestou-se a servir de mensagem aos BRICS.

Donald Trump mais do que força, mostrou sua vulnerabilidade, como Hynkel interpretado por Chaplin: o medo de que o dólar deixe de ser a moeda mundial. O país já tem sérios problemas em administrar sua dívida interna. O dólar que garante a estabilidade, apesar da dívida poderia deixar de entrar no país de John Wayne, complicando a situação do ditador.

A dívida pública dos Estados Unidos reveste-se de grande significado. No presente momento, a dívida nacional dos EUA superou a marca de US$ 34 trilhões (cerca de R$ 167,2 trilhões), o que representa aproximadamente 98% do seu Produto Interno Bruto (PIB). Nos últimos anos, a dívida pública norte-americana experimentou um crescimento acelerado, em grande parte em decorrência da expansão dos gastos governamentais e da diminuição da receita tributária.

Donald Trump implementou diversas políticas que afetam diretamente o Brasil. Durante seu segundo mandato, ele emitiu uma série de ordens executivas, incluindo a retirada dos Estados Unidos do Acordo de Paris e a declaração de estado de emergência na fronteira com o México. Essas ações evidenciam uma retórica protecionista e imperialista, suscitando preocupações em múltiplos setores. As repercussões dessas decisões para o Brasil abrangem áreas como comércio, migração e questões ambientais.

O agronegócio, que desempenha um papel crucial na economia brasileira, enfrenta uma combinação de oportunidades e desafios diante das novas diretrizes americanas. Por exemplo, a imposição de tarifas mais elevadas sobre importações por parte dos EUA pode prejudicar as exportações brasileiras para o mercado norte-americano, especialmente nos setores de aço e alumínio. Adicionalmente, a saída dos EUA do Acordo de Paris pode comprometer os esforços globais no combate às mudanças climáticas, impactando negativamente o Brasil, que já é suscetível a eventos climáticos extremos.

As políticas migratórias mais rigorosas adotadas por Donald Trump também podem complicar as condições para estudantes e profissionais brasileiros que buscam oportunidades nos Estados Unidos. Essas políticas manifestam (novamente repito, para enfatizar) a visão de Trump em promover uma América robusta e centrada em seus próprios interesses, frequentemente à custa da cooperação internacional e dos direitos humanos.

A posição de Donald Trump em relação ao Brasil parece estampada no recado que mandou para o Brasil. Quando a jornalista Raquel Krähenbühl indagou a Trump sobre a relação com o Brasil, mais uma vez se notou que Trump é Trump (com sua trucagem e truculência) ao responder à jornalista: “eles precisam de nós, muito mais do que nós precisamos deles”. Adicionalmente, ele levantou questionamentos sobre a participação do Brasil em discussões relacionadas às negociações entre Rússia e Ucrânia, expressando surpresa quanto ao envolvimento brasileiro.

·        O indulto de Donald Trump e o enfraquecimentos do Judiciário

O indulto concedido por Donald Trump a prisioneiros relacionados aos acontecimentos de 6 de janeiro de 2021 em Washington pode, de fato, afetar o processo de responsabilização pelos ataques que ocorreram em 8 de janeiro em Brasília. Donald Trump ofereceu clemência a mais de 1.500 participantes da invasão ao Capitólio, incluindo líderes de grupos extremistas e pessoas condenadas por crimes violentos. Essa decisão foi interpretada como uma tentativa de reescrever a narrativa dos eventos e minar os esforços do Departamento de Justiça em responsabilizar os envolvidos.

A escolha de Donald Trump gerou críticas e levantou preocupações sobre suas repercussões na aplicação da lei e na percepção pública sobre a justiça. Muitos temem que o indulto possa diminuir a confiança no sistema judiciário e encorajar comportamentos semelhantes no futuro. Ademais, essa ação pode dificultar os esforços para responsabilizar aqueles que participaram de outros ataques, como os realizados em 8 de janeiro em Brasília, ao estabelecer um precedente de impunidade para ações de violência política.

·        Resumo da ópera

Diante das limitações naturais e sociais que o capitalismo enfrenta no mundo, surgem algumas oportunidades para sua ampliação, tanto em termos geográficos quanto de inovação. Com a globalização praticamente completada, o próximo passo pode envolver a colonização do espaço. As missões a Marte e a exploração de outros corpos celestes são vistas por alguns como uma nova fronteira para a expansão capitalista, com a mineração de asteroides e o estabelecimento de colônias espaciais representando formas de criar novos mercados e recursos.

Outra área de expansão se encontra na inovação tecnológica. A revolução digital e a inteligência artificial trazem novas possibilidades para o crescimento econômico. A automação, as cidades inteligentes e a internet das coisas (IoT) exemplificam como a tecnologia pode gerar mercados e transformar setores tradicionais. A biotecnologia e a engenharia genética também oferecem promessas de avanços que podem resultar em lucros significativos e novas indústrias.

Ademais, o capitalismo pode buscar seu crescimento por meio da sustentabilidade e da economia verde. À medida que os recursos naturais se tornam limitados, a economia circular e as energias renováveis apresentam caminhos para um desenvolvimento econômico mais sustentável. Empresas que apostam em tecnologias limpas e práticas ambientalmente responsáveis podem descobrir novas oportunidades no mercado e aumentar sua competitividade.

Entretanto, essas expansões também trazem desafios éticos, sociais e ambientais. A exploração espacial levanta questões sobre propriedade e governança de novos territórios, enquanto a revolução tecnológica pode acentuar as desigualdades sociais e econômicas. A busca pela sustentabilidade requer uma mudança de paradigma que transcenda o lucro imediato, levando em conta o bem-estar das futuras gerações e a proteção do meio ambiente.

Assim sendo, a expansão necessária ao capitalismo envolve explorar novas fronteiras, sejam elas espaciais, tecnológicas ou sustentáveis. Contudo, é fundamental que essa expansão seja acompanhada por uma reflexão ética e por políticas que assegurem inclusão, justiça social e proteção do planeta.

No âmbito do capitalismo não há lugar para as minorias, os imigrantes, tampouco “inclusão, justiça social e proteção do planeta”. Neste momento as evidências indicam que apenas a destruição projeta a acumulação do capital e a reprodução do capitalismo. Neste modo de produção não é possível um equilíbrio entre crescimento econômico, bem-estar social e sustentabilidade ambiental.

Reitero: parece que hoje no Planeta somente cabe a destruição para a acumulação. Tanto é assim que o presidente da Colômbia Gustavo Petro escreveu uma carta precisa e poética proclamando aos quatro ventos: “Pode tentar me derrubar, presidente [Trump], mas as Américas e a humanidade responderão”.

 

Fonte: Por João dos Reis Silva Júnior, em A Terra é Redonda

 

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