sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025

Juliana Bezerra: Desigualdade Social no Brasil

A Desigualdade Social no Brasil é um problema que afeta grande parte da população brasileira, embora nos últimos anos ela tem diminuído.

As regiões mais afetadas pelos problemas sociais são o Norte e o Nordeste do país, os quais apresentam os piores IDH's (Índice de Desenvolvimento Humano) do Brasil.

Resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD-2011) e do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), apontam a diminuição da pobreza e, consequentemente, da desigualdade social.

Assim, nos últimos anos 28 milhões de brasileiros saíram da pobreza absoluta e 36 milhões entraram na classe média.

Entretanto, estima-se que 16 milhões de pessoas ainda permanecem na pobreza extrema.

Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), as transferências do Programa Bolsa Família são responsáveis por 13% da redução da desigualdade no país.

·        Causas e Consequências

Embora o Brasil esteja entre os dez países com o PIB mais alto, é o oitavo país com o maior índice de desigualdade social e econômica do mundo.

Segundo relatório de ONU (2010) as principais causas da desigualdade social são:

·        Falta de acesso à educação de qualidade;

·        Política fiscal injusta;

·        Baixos salários;

·        Dificuldade de acesso aos serviços básicos: saúde, transporte público e saneamento básico.

Decorrente, essencialmente, da má distribuição de renda, as consequências da desigualdade social no Brasil são observadas pela:

·        favelização;

·        pobreza;

·        miséria;

·        desemprego;

·        desnutrição;

·        marginalização;

·        violência.

Estudiosos propõem soluções para o problema, dentre eles: aliar democracia com eficiência econômica e justiça social.

·        Coeficiente de Gini

O Coeficiente de Gini foi desenvolvido pelo demógrafo, estatístico e sociólogo italiano Corrado Gini (1884-1965) no ano de 1912.

O Coeficiente ou Índice de Gini mede as desigualdades de uma sociedade, por exemplo, de renda, de riqueza e de educação.

No Brasil, em 2011, o índice de Gini na área social foi de 0,527, demonstrando o menor número desde 1960 (0,535). Na lógica do sistema de Gini, quanto mais próximo de zero, menor é a desigualdade.

No entanto, segundo o coeficente de Gini, a desigualdade social no Brasil teve um aumento considerável em 2017 decorrente da crise econômica.

Ou seja, em 22 anos ela cresceu pela primeira vez, sendo o desemprego um dos maiores responsáveis. Dados atuais afirmam que a taxa de desemprego está em 12,3%, o que afeta 12,6 milhões de pessoas.

·        Cadastro Único

Também conhecido por "CadÚnico", o "Cadastro Único para Programas Sociais" foi criado durante o governo do Fernando Henrique Cardoso, em 2001.

O Cadastro é um instrumento responsável pela coleta de dados e informações a fim de identificar todas as famílias de baixa renda existentes no Brasil. Ele objetiva a inclusão por meio de programas de assistência social e redistribuição de renda.

·        Plano Brasil Sem Miséria (BSM)

Plano Brasil Sem Miséria, criado em 2011, tem como principal objetivo desenhar o mapa da pobreza do Brasil.

Para isso, o plano propõe o rompimento de barreiras sociais, políticas, econômicas e culturais que segregam pessoas e regiões.

Ele objetiva, no campo e na cidade, identificar e inscrever as pessoas de baixa renda que, por algum motivo, não recebem auxílios.

No campo, onde está concentrada a maior parcela, ou seja, 47 % do público do plano, as estratégias para o meio rural, focadas na produção do agricultor são:

·        Assistência Técnica;

·        Fomento e Sementes;

·        Programa Água para Todos;

·        Acesso aos Mercados (Programa de Aquisição de Alimentos - PAA);

·        Compra da Produção.

Já na cidade, o foco está nas oportunidades de trabalho para os mais pobres. Dentre as estratégias propostas pelo Plano estão:

·        Mapa de Oportunidades;

·        Qualificação de Mão de Obra;

·        Intermediação Pública de Mão de Obra;

·        Ampliação da Política de Microcrédito;

·        Incentivo à Economia Popular e Solidária.

O Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) é responsável por coordenar a oferta de vagas dos cursos de formação inicial e continuada com ênfase na qualificação profissional. Ele conta com a parceria do Ministério da Educação (MEC) e do Plano Brasil Sem Miséria (BSM).

Para tanto, a meta do Plano Brasil Sem Miséria prevê a capacitação de um milhão de pessoas inscritas no "Cadastro Único" até 2014.

<>< Outros Programas Públicos Sociais do Brasil que podemos destacar são:

·        Bolsa Família

·        Previdência Rural

·        Brasil Alfabetizado

·        Saúde da Família

·        Brasil Sorridente

·        Mais Educação

·        Rede Cegonha

<><> Curiosidades

·        Segundo o Fórum Econômico Mundial (2013), a principal causa das manifestações ocorridas no Brasil em 2013 foi a desigualdade social.

·        O Data Social é o banco de dados e de indicadores que permite visualizar o panorama social, perfil econômico e estrutura demográfica de municípios e estados brasileiros.

·        A Identificação de Localidades e Famílias em Situação de Vulnerabilidade (IDV) é uma ferramenta de construção de mapas que apresenta dados, indicadores de pobreza, situações de vulnerabilidade, bem como grupos populacionais específicos ao nível de estados, municípios e setores censitários do Brasil.

¨      Os maiores exemplos de desigualdade social no Brasil

A desigualdade social no Brasil, marcada pela distribuição desigual de renda, é evidente. Basta uma simples observação sobre a sociedade em que vivemos:

1. Favelização

O cenário habitacional é um forte indício da condição de desigualdade. O aglomerado de casas, em grande parte construídas nos morros, contrasta com as mansões e as casas em condomínios fechados.

Muitas vezes localizam-se muito próximas umas às outras, o que torna o contraste ainda mais chocante.

As favelas não passam por qualquer tipo de planejamento e as casas tendem a aumentar à medida que as famílias crescem.

Por outro lado, isso não acontece com as casas nobres, as quais são cuidadosamente projetadas.

2. Desigualdade alimentar

Há pessoas que não têm condições para comer o mínimo necessário. Muitos passam fome, decorrendo daí quadros de desnutrição e muitos casos de mortalidade infantil.

Acresce que a prioridade na hora de comprar os alimentos é dada aqueles que sustentam mais, embora nem sempre sejam os mais saudáveis.

Por outro lado, existe uma fatia da sociedade cuja quantidade e, especialmente, a qualidade dos alimentos, é garantida diariamente.

3. Falta de saneamento básico

A realidade da falta de esgoto sanitário, do tratamento de distribuição de água, entre outros, infelizmente ainda faz parte do cotidiano de milhares de brasileiros.

Sujeitas a uma série de doenças, a falta de saneamento básico pode levar pessoas à morte. Esse é um problema presente nas periferias e mais evidente na região norte do Brasil, mas que passa ao lado da classe alta brasileira, em cujos locais habitados e frequentados estão garantidos o tratamento dos esgotos e a coleta do lixo.

4. Ensino de baixa qualidade

O acesso às escolas públicas é usufruído pelos que têm menos possibilidades. Isso porque quem pode dispensa o ensino oferecido pelo Estado, cuja condições são muitas vezes precárias, e investe nas escolas pagas.

A diferença é marcada pelos salários dos professores, muito superior na rede particular, o que se traduz no incentivo para dar aula. Além disso, a infraestrutura e os materiais disponibilizados nas escolas privadas reforçam as diferenças entre ambas as situações.

5. Menos formação

Além da diferença na qualidade do ensino, quem tem mais poder aquisitivo pode completar a educação acadêmica aderindo a cursos, muitas vezes de valor elevado.

Os cursos de aperfeiçoamento, bem como as experiências no exterior, são práticas comuns entre os mais favorecidos socialmente. Dos intercâmbios, eles também levam a oportunidade aprender uma segunda língua.

Melhor preparados, os mais favorecidos ultrapassam o nível dos que têm menos oportunidades, o que é mais uma prova de desigualdade social.

6. Desemprego

Depois de usufruir de um ensino melhor, os candidatos mais qualificados também podem aproveitar um leque de oportunidades de trabalho mais abrangente.

Apesar de não ser garantia para conseguir uma vaga no mercado de trabalho, quando não há muitas vagas, o diferencial é o fator de desempate.

Além das possibilidades aumentarem, é possível que o valor das remunerações para os mais qualificados também seja superior.

Enquanto isso, os menos qualificados fazem “bicos” para conseguir arcar com as despesas diárias.

7. Precariedade na saúde pública

Os mais pobres recorrem aos hospitais públicos, deparando com a falta de profissionais e outros.

A carência financeira pode ser tão grande que a falta de materiais e de medicamentos se torna uma realidade para as pessoas atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Enquanto isso, os mais ricos recorrem aos hospitais privados ou clínicas. Neles a gestão de recursos geralmente é mais eficaz e há tecnologia para assistir a necessidade dos seus pacientes.

8. Precariedade no transporte público

Os meios de transporte também fazem a diferença na vida das pessoas com mais ou menos renda.

A alternativa dos mais carenciados é a utilização de transporte coletivo, muitas vezes, superlotado. Na maior parte do Brasil esse é um serviço ineficiente, principalmente porque não garante acesso a toda a população.

Os mais favorecidos recorrem ao seu próprio meio de transporte. Apesar do estresse do trânsito, eles podem planejar de forma mais independente os seus horários e percursos.

Garantem também o benefício de poder transportar suas coisas e ir sempre sentado, entre outros.

9. Falta de acesso à cultura

A população mais favorecida tem mais oportunidade para usufruir de uma variedade alargada de atividades. São exemplos viagens, concertos e visitas a museus e exposições.

Esses acessos, infelizmente, são restringidos a uma grande parte da população brasileira. Isso porque certas atividades têm um grande peso no orçamento de uma família e, assim, entram na lista das prioridades menores, que acabam não sendo usufruídas.

Acontece que essas atividades aumentam a qualidade de vida das pessoas, além de que alarga o seu nível cultural.

 

Fonte: Toda Matéria

 

Nenhum comentário: