ONU afirma que palestinos em Gaza estão
sendo 'empurrados ao limite' com possível retirada da ONU
A alta funcionária
da Agência das Nações Unidas para os Refugiados da Palestina no Oriente Médio
(UNRWA na sigla em inglês), Louise Wateridge, alertou neste domingo (5) que a
saída da agência da Faixa de Gaza trará consequências negativas para a ordem
social do enclave palestino.
Em uma entrevista
ao jornal britânico The Guardian, após ter retornado de Gaza, ela destacou que
os dois projetos de lei aprovados pelo parlamento israelense, que
bloqueiam a cooperação com a agência, impossibilitarão a distribuição de ajuda
na Faixa de Gaza.
"Se essa
agência for eliminada, elimina-se esse amortecedor. Fico surpresa de o
ordenamento social não ter desmoronado mais do que já desmoronou. As pessoas
[em Gaza] estão sendo empurradas ao limite", afirmou a porta-voz.
"Se a UNRWA
não funcionar mais, simplesmente não haverá nenhuma outra agência que possa
intervir", disse Wateridge.
A trabalhadora
humanitária admitiu não estar ciente de qualquer plano B sobre como continuar
operando em Gaza caso Israel bloqueie o trabalho da agência, como o governo de
Benjamin Netanyahu planeja fazer no final de janeiro.
Em outubro passado,
o parlamento israelense aprovou dois projetos de lei para proibir a UNRWA
de realizar "qualquer atividade" em Gaza e declarou a
agência como um grupo terrorista.
Isso ocorreu após
acusações do Governo de Israel, desmentidas pelos trabalhadores da agência, de
que membros do pessoal da UNRWA em território palestino estiveram
envolvidos nos ataques do Hamas em 7 de outubro de 2003, que causaram a
morte de mais de 1,2 mil israelenses e o sequestro de centenas de outros.
Wateridge disse ao
jornal que a ameaça à operação da UNRWA ocorre em um momento em que o consenso
geral em Gaza é o de que foram abandonados pela comunidade internacional.
"Se você falar
com qualquer pessoa, qualquer civil, a sensação é de desespero absoluto",
disse ela, referindo-se aos residentes da Faixa de Gaza. "Aparece um
quadricóptero, depois um drone, [e o tempo todo] você tem que desviar para não
ser morto. E, ao mesmo tempo, você tem que conseguir água e comida para sua
família e se manter aquecido."
Enquanto isso, a
porta-voz alertou que a ordem civil estava se desmoronando em partes do enclave:
"Há áreas em
que há anarquia absoluta. Não há outra maneira de descrevê-lo. Aqui operam
famílias criminosas locais. Mataram nossos motoristas, o que é absolutamente
horrível, e então toda a ajuda foi saqueada".
A funcionária
acrescentou que as ações das Forças de Defesa de Israel em
Gaza estavam tornando as condições de vida "absolutamente miseráveis
em todos os sentidos".
"Os
bombardeios e os ataques são uma parte, e a outra grande parte é a vida
indigna. Simplesmente, todos os aspectos da vida em sociedade
desapareceram", concluiu.
¨ Israel anuncia recrutamento da 1ª brigada de soldados
ultraortodoxos
As Forças de Defesa
de Israel (FDI) anunciaram o recrutamento da primeira brigada de soldados
ultraortodoxos "Hahashmonaim"; 50 pessoas já foram alistadas no
núcleo e outras 100 se juntarão à reserva.
"Cerca de 50
recrutas ultraortodoxos iniciais já foram alistados e formarão o núcleo da
primeira companhia da brigada. Além disso, cerca de mais 100 cidadãos
ultraortodoxos serão alistados no serviço de reserva", disse o Exército em um comunicado em seu
canal do Telegram.
Os recrutas
começarão seis meses de treinamento de infantaria, e a brigada é considerada um
marco significativo na expansão do setor ultraortodoxo (Haredi) nas FDI.
Para os círculos
ultrarreligiosos judaicos, esses jovens cumprem com seu dever público ao
estudar os textos sagrados, contribuindo dessa forma para a estabilidade e a
inviolabilidade do Estado hebraico.
Até então existia
apenas um batalhão composto de judeus haredi voluntários, o 97º Netzah
Yehuda, ou Nahal Haredi como também é conhecido. Estabelecido em 1999, o
batalhão conta com adaptações especiais para acomodar os estudiosos,
como restrição do contato entre homens e mulheres que não são suas esposas e
tempo dedicado de leitura da Torá.
Apesar de
consistirem uma boa parcela da população israelense, a maioria dos haredi
se declara não-sionista. Dessa forma, o batalhão concentra uma minoria mais
extremista, tendo sido acusado de crimes de guerra contra palestinos que vão
desde a morte de civis à tortura e estupros. Por conta disso, o governo dos
Estados Unidos consideraram no ano passado sancionar seus membros, mas abandonou a
ideia.
Anteriormente, o
Ministro da Defesa israelense, Israel Katz, apresentou ao Comitê de
Relações Exteriores e Segurança do Knesset, parlamento unicameral de Israel,
novas diretrizes dentro da estrutura da lei sobre serviço militar, dentro da
qual cerca de 50% dos jovens ultraortodoxos estão sujeitos ao recrutamento.
A manobra foi
criticada por seu predecessor no cargo, Yoav Gallant, que renunciou a seu
cargo de parlamentar em protesto.
Por décadas os
jovens haredi estudantes das escolas religiosas (Yeshivá) estiveram isentos de
servir no Exército israelense. No entanto, em 2017 a Suprema Corte de Israel
(Bagatz) considerou isso uma violação da igualdade entre os cidadãos
e anulou a lei.
Desde então,
o governo israelense
tem continuamente adiado o processo de regularização do fardo militar. Em
junho deste ano, a Bagatz decidiu por unanimidade que o Estado não pode mais
isentar os alunos das escolas religiosas judaicas o serviço militar devido à
falta de uma estrutura legal.
O painel de nove juízes
também decidiu que o governo não pode mais fornecer suporte financeiro aos
alunos de yeshivás que não receberam dispensa do serviço nas FDI.
¨ Chanceler iraniano adverte Israel sobre possibilidade
de 'guerra em larga escala'
Israel corre o
risco de desencadear uma guerra em larga escala se lançar outro ataque contra
Teerã, disse o ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, em
entrevista à Televisão Central da China (CCTV).
O conflito
encoberto dissimulado de longa data entre Israel e o Irã tem passado a
confrontos diretos no ano passado, que poderiam potencialmente ficar fora do
controle a menos que a diplomacia prevaleça, disse o chanceler iraniano durante
a entrevista transmitida no sábado
(4).
"Estamos
totalmente preparados para a possibilidade de novos ataques por Israel",
observou ele. "Espero que Israel se abstenha de tomar tais ações
imprudentes, pois isso poderia levar a uma guerra em larga
escala",
advertiu.
"Acreditamos
que a razão acabará por prevalecer e evitar ações que poderiam ter sérias
consequências", acrescentou, ressaltando o compromisso do Irã de se
envolver com aliados regionais e
internacionais,
incluindo a China, para amenizar tensões e buscar a paz.
Em meados de
outubro, o general Amir Ali Hajizadeh, comandante das Forças espaciais
militares do Corpo de Guardiões da Revolução Islâmica (IRGC, na sigla em
inglês), disse que forças estão prontas para dar uma resposta dura aos inimigos do Irã se eles
cometerem qualquer erro.
¨ Hamas diz que aprovou com Israel uma lista de reféns
para possível cessar-fogo; Netanyahu nega
O movimento
palestino Hamas aprovou uma lista de 34 reféns mantidos pelo movimento na Faixa
de Gaza que serão trocados como parte de um acordo de cessar-fogo no enclave
com Israel, relata a Reuters, citando um oficial não identificado do movimento.
O oficial também
acrescentou à agência que qualquer acordo entre o Hamas e Israel depende de se
chegar a um acordo sobre a retirada das tropas israelenses da Faixa de Gaza e um cessar-fogo
permanente. Ele
diz que não houve progresso do lado israelense a esse respeito.
Por sua vez, o
gabinete do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu diz que o
Hamas não forneceu essa lista "até o momento".
Segundo o jornal
Times of Israel, a nação hebraica teria enviado uma lista de
34 reféns vivos que devem ser libertados no início de qualquer acordo. O Hamas,
na semana passada, teria concordado com 22 nomes, que seriam mulheres, idosos e
doentes, mas se recusado a libertar os demais, supostamente homens em idade
militar.
Durante várias
rodadas de negociações Netanyahu insistiu que Israel não finalizará sua
campanha contra o Hamas e que a luta contra o movimento palestino será
mantida dentro de qualquer acordo alcançado.
As negociações estão em
andamento em Doha, no Catar, sobre um possível acordo de cessar-fogo e troca de
cativos. A informação já havia sido adiantada à Sputnik por Dmitry
Gendelman, um conselheiro do gabinete do primeiro-ministro.
Frente a retomada
das negociações, Israel aumentou o número de bombardeios realizados
contra o enclave palestino. Nos últimos três dias foram mais de 100 ataques do
tipo, deixando mais de 200 palestinos mortos, em sua maioria
mulheres e crianças.
O movimento xiita
Ansar Allah, governante do norte do Iêmen, anunciou o seu primeiro ataque com
mísseis contra a usina elétrica de Orot Rabin, localizada perto de Haifa, no
norte de Israel.
Anteriormente, os
houthis tentaram atacar usinas elétricas perto de Tel Aviv e
Jerusalém depois de Israel ter
bombardeado centrais
elétricas na capital do Iêmen, Sanaa, e na cidade ocidental de Hodeida.
"As Forças
Armadas do Iêmen atacaram a usina Orot Rabin ao sul de Haifa, nos territórios
palestinos ocupados, usando um míssil balístico hipersônico Palestine 2,
atingindo o alvo com sucesso", comentou o porta-voz militar houthi, Yahya
Saria, em comunicado à TV Al Masirah.
Ele observou que
"a operação foi realizada em apoio à Faixa de
Gaza da
Palestina" e que as suas "capacidades militares estão em constante
evolução".
Em dezembro
passado, o líder do Ansar Allah anunciou que as suas forças utilizaram
1.147 mísseis e drones desde novembro de 2023 para atacar Israel.
Em novembro de
2023, o movimento Ansar Allah, que controla parte do
Iêmen e
tem o apoio do Irã, iniciou uma campanha de ataques a navios mercantes
alegadamente relacionados com Israel para impedi-los de transitar pelos
mares Arábico e Vermelho até que a Faixa de Gaza receba os alimentos e
remédios de que precisa.
Perante o perigo de
ataques em uma área fundamental para o comércio mundial e, em
particular, para o petróleo, várias companhias marítimas optaram por
enviar os seus navios para contornar a África, o que atrasa e encarece o
transporte.
Desde meados de
dezembro de 2023, os EUA e os seus aliados têm levado a cabo uma operação nesta
área que inclui bombardeios em solo iemenita para dissuadir os
houthis de ataques a navios mercantes e garantir a liberdade de
navegação.
Altos funcionários
do Ansar Allah afirmaram em mais de uma ocasião que continuarão realizando as
suas operações militares até que
Israel cesse "a agressão contra o povo palestino".
¨ Soldado israelense de férias no Brasil deixa o país
após ser investigado por crimes de guerra
De férias no
Brasil, o soldado das Forças de Defesa de Israel Yuval Vagdani retornou ao seu
país mais cedo após a Justiça brasileira determinar a abertura de um inquérito
por crimes de guerra cometidos na Faixa de Gaza.
No última
segunda-feira, 30 de dezembro, a juíza federal da Seção Judiciária do Distrito
Federal, Raquel Soares Charelli, emitiu uma determinação para que a
Polícia Federal abrisse uma investigação contra Yuval Vagdani, com
despachos de material enviados ainda no dia 3 de janeiro.
Segundo noticia o site
Metrópoles, contudo, horas após o processo ser aberto Vagdani saiu do país.
Familiares do acusado relataram ao Times of
Israel que um amigo, que viajava junto do militar, recebeu uma mensagem da
representação diplomática de Israel informando a existência de um mandato
de prisão contra ele.
Yuval Vagdani
estava de férias em Morro de São Paulo, na Bahia, mas foi identificado
pela Fundação Hind Rajab (HRF). A instituição atua internacionalmente denunciando crimes
praticados contra palestinos.
Em imagens e vídeos
publicados em suas próprias redes sociais, Vagdani aparece no corredor
Netzarim, faixa de terra usada por Israel para dividir as populações da Faixa
de Gaza e como base de ações. Na legenda, Vagdani afirma:
"Que possamos
continuar destruindo e esmagando este lugar imundo, sem pausa, até os seus
alicerces."
Em outro vídeo,
publicado no perfil de outros soldado, Vagdani posa em frente aos escombro de
imóveis palestinos enquanto
explosivos eram instalados para demoli-los. Conforme explica a HRF, as imagens
tratam da demolição do bairro residencial fora da situação de
combate.
O pedido de investigação
foi feito por meio de uma notícia-crime escrita pelos advogados Maira Machado
Frota Pinheiro e Caio Patrício de Almeida. Segundo os juristas, o Brasil como
signatário de tratados internacionais como o Estatuto de Roma e a
Convenção de Genebra tem o dever de processar tais crimes, mesmo se não forem
cometidos em solo brasileiro.
A denúncia primeiro
tramitou no estado da Bahia, mas a legislação brasileira estabelece que crimes
cometidos foram do território nacional devem ser processados na capital da
República se o acusado nunca tiver residido no Brasil.
<><>
Ministro israelense e Eduardo Bolsonaro culpam Lula por processo contra soldado
que estava no Brasil
O ministro de
Assuntos da Diáspora de Israel, Amichai Chikli (Likud), e o deputado federal
Eduardo Bolsonaro (PL-SP), se juntaram para criticar o inquérito aberto contra
Yuval Vagdani, soldado das Forças de Defesa de Israel (FDI) que estava de
férias no Brasil.
Em uma carta
oficial enviada pelo ministro israelense ao deputado federal, Amichai
Chikli acusa a Justiça brasileira, "com apoio do presidente
Lula", de consentir com as visões "extremistas" dos fundadores
da Fundação Hind Rajab (HRF), nomeada em homenagem a uma menina
de cinco anos morta pelas Forças de Defesa de Israel.
Rajab estava em um
veículo com sua família quando foi bombardeada por um tanque israelense.
A menina sobreviveu aos ataques e conseguiu discar um celular para os
serviços de emergência e ficou três horas na chamada enquanto os paramédicos
tentavam chegar ao local para resgatá-la. No entanto, a menina e os
paramédicos foram encontrados mortos.
Em seu perfil no
X, Eduardo Bolsonaro demonstrou orgulho de
ser contatado pelo ministro, afirmando que a carta vai decorar a parede do seu
gabinete no Congresso ao lado de comunicações do serviço de inteligência
estrangeira de Israel, o Mossad, do ex-presidente do Parlamento e atual ministro da Justiça,
Yariv Levin,
e do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.
Nem Levin, nem
Netanyahu comentaram o caso do soldado acusado pelas cortes brasileiras. O
líder da oposição e ex-membro do gabinete de crise, Yair Lapid, no
entanto culpou o governo israelense, afirmando que a situação é "um
enorme fracasso político de um governo irresponsável que simplesmente não sabe
governar", informa o portal
Times of Israel.
A Fundação Hind
Rajab atua internacionalmente denunciando crimes de guerra
cometidos por soldados israelenses contra palestinos, com foco naqueles
que possuam dupla cidadania.
Segundo fontes
diplomáticas ouvidas pelo portal
israelense Kan, a organização já realizou diversas denúncias do tipo
ao redor do mundo, mas ainda não obtiveram sucesso em conseguir emitir um
mandato de prisão contra um militar israelense.
<><> Conflito
no Oriente Médio
Em 7 de outubro de
2023, um ataque coordenado pelo Hamas, a partir da Faixa de Gaza, contra mais
de 20 comunidades israelenses resultou em cerca de 1,1 mil mortos,
aproximadamente 5,5 mil feridos e 253 reféns, dos quais cerca de 100 foram
posteriormente libertados em trocas de prisioneiros.
Em resposta, Israel
declarou guerra ao Hamas e lançou uma série de bombardeios sobre a Faixa de
Gaza. O número total de palestinos mortos devido à ofensiva israelense,
iniciada há mais de um ano, ultrapassa os 45,5 mil, com mais de 108.100
feridos. Segundo as autoridades de saúde de
Gaza, mulheres e crianças são boa parte das vítimas. Já as FDI afirmam ter
matado pelo menos 20 mil combatentes do Hamas.
Países como Rússia
e Brasil pedem a Israel e ao Hamas que estabeleçam um cessar-fogo e defendem
uma solução de dois Estados, aprovada pela Organização das
Nações Unidas (ONU) em
1947, como a única via possível para alcançar uma paz duradoura na região.
Fonte: Sputnik
Brasil
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