'O que a cegueira
oferece à arte': a experiência de conhecer obras com sentidos além da visão
Se você colocar
suas mãos numa peça exposta em um museu ou
galeria,
provavelmente será repreendido ou expulso do local.
No entanto, como
pessoa com deficiência visual, a escritora
Georgina Kleege tem o raro privilégio de tocar obras de arte como parte das
chamadas visitas táteis oferecidas a ela:
Começo pelos olhos
porque quero saber como o escultor mostra que ela é cega. Ao tocá-los, percebo
que estão fechados. As pálpebras superiores e inferiores se encontram em uma
linha horizontal pouco abaixo da metade do seu globo ocular. Isso me surpreende
porque quando fecho meus olhos as pálpebras se encontram na parte inferior da
cavidade do olho. Agora, toco as mãos. A mão direita segura uma vareta longa. Eu
suponho que isso seja algo que ela usa para se orientar espacialmente, como uma
pessoa cega hoje usaria uma bengala. No começo, é difícil identificar a vareta
porque grande parte dela está envolta nas dobras do vestido. Essa escultura foi
ricamente talhada, meus dedos passeiam por uma infinidade de detalhes.
O objetivo desta
reportagem, no entanto, não é contar que as visitas táteis existem e, sim,
convidar você a descobrir outros jeitos de desfrutar da arte.
Se você enxerga,
feche os olhos por alguns minutos - e abra os ouvidos.
Vamos te levar ao
Metropolitan Museum of Art, em Nova York, morada de uma escultura
intitulada Nydia, the Blind Flower Girl of Pompeii (em tradução
livre, Nydia, a Menina Florista Cega de Pompeia), de Randolph Rogers.
Nossa cicerone
nesse passeio será Kleege, especialista em composição literária e deficiência e
autora do livro More Than Meets the Eye - What Blindness Brings to
Art (em tradução livre, Além do Olhar - O Que a Cegueira Oferece à Arte).
Kleege nunca viu
Nydia com os olhos.
Por enquanto, aqui,
você também não vai vê-la.
O que realmente
chama a atenção na composição da escultura é a forma como seu braço esquerdo
cruza o torso para que a mão esquerda forme uma concha em torno do ouvido
direito, a palma virada para trás. Isso é tão incomum, demora um pouco para eu
entender o que ela está fazendo. Se ela faz concha sobre o ouvido para ouvir
melhor, seria mais natural colocar a mão esquerda sobre o ouvido esquerdo com a
palma voltada para a frente.
Cega desde os dez
anos de idade, Kleege passou horas "olhando" Nydia com as mãos.
Com base em
explorações táteis desta e de diversas outras obras, ela desenvolveu técnicas
para tocar objetos de arte e compilou ainda um catálogo de sensações que as
obras despertam.
Kleege conta que
descreve a experiência de tocar as obras como forma de retribuir esse
privilégio, e também para "dar uma mãozinha" ao público vidente,
compartilhando com quem enxerga outros jeitos possíveis e prazerosos de
vivenciarmos a arte.
O trabalho de
Kleege se baseia em ideias que viram de ponta-cabeça conceitos como cegueira e
deficiência.
Ser ou ficar cego é
ganhar um jeito novo de perceber e estar no mundo, diz. Essa experiência é
valiosa, e pode beneficiar toda a sociedade.
Inspirados nesse
pensamento, pesquisadores britânicos querem revolucionar a forma como museus e
galerias apresentam obras ao público, rompendo a supremacia do olhar e
oferecendo a visitantes uma experiência multissensorial. A chave, dizem, é um
recurso de acessibilidade chamado audiodescrição. Ou descrição, simplesmente,
em áudio ou texto.
Parece pouca coisa,
mas estudos preliminares sugerem que descrições verbais do que vemos, tocamos
ou ouvimos produzem grande impacto na nossa memória - naquilo que fica conosco
após aquela experiência.
Há evidências
também de que nossa experiência com uma obra de arte pode ser aprofundada se
pudermos acessá-la simultaneamente por múltiplos canais da percepção, como
audição, tato e olfato, por exemplo.
A seguir, vamos
olhar esses estudos mais de perto e conhecer, com a ajuda de Kleege, uma
dimensão praticamente inexplorada das artes - que surpreendeu até curadores do
Met em Nova York.
Finalmente, para
termos uma ideia de como seria um museu multissensorial, ouviremos, ao longo
dessa reportagem, trechos da audiodescrição da escultura Nydia que Georgina
Kleege compôs especialmente para a BBC Brasil.
Façamos juntos um
experimento: Quanto da história de Nydia vai ficar guardada com você depois que
tiver ouvido essa reportagem?
Voltemos ao Met
Museum, em Nova York.
·
Audiodescrição
e memória
A pose é
incrivelmente dinâmica. Essa jovem está definitivamente indo para algum lugar.
Diferentemente do homem cego no quadro de Picasso, imóvel e triste, ela é ativa
e corajosa. E tão jovem! No romance, ela é com frequência chamada de menina, ou
criança. Eu sinto essa juventude na maciez arredondada dos seus braços e
pernas. Até seus joelhos e cotovelos são redondos, sem protuberâncias. Seus pés
não têm calosidades, percebo apenas duas linhas suaves na sola esquerda. Tremo
só em pensar no que está por baixo desses pés descalços, queimando e cortando.
Seu rosto também me
parece jovem, livre de rugas, as bochechas redondas. Na testa, linhas suaves
sugerem tensão. A boca está entreaberta. Talvez ela esteja ofegante. Ou talvez
esteja chamando por Glaucous.
Talhada em 1859,
Nydia é inspirada em uma personagem do romance de 1834 Os Últimos Dias de
Pompeia, de Edward Bulwer-Lytton, que culmina na erupção do Monte Vesúvio no
ano 79 DC. A mais popular escultura americana do século 19, ela está exposta na
Galeria 700 do Metropolitan Museum 5a Avenida, em Nova York.
O Met oferece um
amplo programa de acessibilidade ao público com deficiência, incluindo visitas
táteis.
Tradicionalmente,
no entanto, museus são tidos como lugares onde as pessoas vão para olhar
objetos.
Isso precisa mudar,
dizem as psicólogas Alison Eardley e Rachel Huthinson, da University of
Westminster, em Londres.
As duas integram o
projeto "The Sensational Museum", para a criação de museus
multissensoriais. E são autoras de pequenos estudos que tentaram medir o efeito
da audiodescrição sobre a memória do público.
Em um deles,
publicado em 2021, 148 voluntários videntes (ou seja, sem deficiência visual)
foram convidados a olhar nove fotografias do acervo do Museum of London.
Um grupo apenas
olhou as fotos. Um segundo grupo olhou as fotos enquanto ouvia informações
básicas sobre elas (como título e autor, por exemplo). E o terceiro olhou as
imagens enquanto ouvia uma descrição detalhada (AD) do que estava vendo.
Um mês mais tarde,
participantes que tinham ouvido a descrição das fotos tinham mais lembranças da
experiência do que os outros.
Para as autoras,
esses resultados, ainda que preliminares, sugerem que o viés
"ocular-cêntrico" prevalente em museus e galerias pode estar
reduzindo o impacto da experiência da arte sobre o visitante.
"Quem enxerga
pode ver o que está à sua frente, mas isso não quer dizer que essa pessoa sabe
o que fazer com os olhos, como interpretar aquela experiência, como olhar ou
onde olhar", diz Alison Eardley à BBC Brasil.
O caminho para uma
maior qualidade dessa experiência é oferecer ao visitante um "olhar
guiado", ela diz. Eardley está falando da audiodescrição.
"A
audiodescrição dirige sua atenção em torno da peça, te oferece uma narrativa
que começa em um lugar e te leva para outro, destacando aspectos importantes
que o descritor identificou. O objetivo é te dar uma noção do que é a
obra."
(Para quem não
enxerga, a audiodescrição pode guiar a exploração tátil do objeto. Quem não
ouve pode ter seu olhar guiado por um texto descritivo. E assim por diante.)
Até aqui nessa
reportagem, queríamos que você conhecesse Nydia sem seus olhos - exclusivamente
pela audiodescrição criada por Georgina Kleege. Agora, vamos acrescentar uma
via extra de acesso. Se você enxerga, abra seus olhos agora. E procure na tela
uma foto de Nydia.
A inclinação
extrema da espinha sugere que a figura se move rapidamente para a frente. A
perna direita está na dianteira, o pé esquerdo, atrás, prestes a sair do chão.
Eu repouso uma mão
na escultura enquanto me movo em torno dela. Assim, consigo sentir o que
chamaria de linha de energia que começa no pé esquerdo e depois sobe circulando
o corpo até a altura dos ombros. Ao mesmo tempo, as fartas dobras de tecido do
vestido da jovem se movem em espiral na direção oposta, colando-se ao seu corpo
e depois esvoaçando à sua frente. A ventania deve ser grande. Tanto por conta
do seu movimento rápido, quanto pela erupção do vulcão.
Isso é o que
Eardley quer dizer quando fala em "olhar guiado".
Mas nossa memória
também é ajudada por estímulos não verbais, diz a pesquisadora. Por exemplo,
ela prossegue, ver a foto de um cachorro enquanto, simultaneamente, ouvimos o
som do seu latido aumentará o impacto daquele estímulo sensorial (a visão da
foto).
Com base nesse
princípio, as pesquisadoras testaram em participantes cegos e videntes um tipo
de audiodescrição que incluía efeitos sonoros relacionados ao conteúdo das
imagens. Por exemplo, o som de passos ressoando no chão.
Outro ponto
importante na entrevista de Eardley tem a ver com a noção prevalente de que a
visão teria supremacia entre todas as outras vias de acesso às artes.
"Pesquisas na
Psicologia confirmam que não existe uma experiência perceptiva objetiva",
diz Eardley.
"Não existe
uma única forma de focarmos nossa atenção sobre algo. E se é assim, então toda
interpretação é subjetiva, toda audiodescrição é subjetiva."
A pesquisadora
conclui: "Se (toda descrição) é subjetiva, então a descrição feita por uma
pessoa vidente não tem mais valor ou significância do que a descrição feita por
uma pessoa com visão parcial."
Se essa ideia te
parece absurda, lembremos que, desde o início dessa reportagem, uma pessoa cega
vem descrevendo, para nós, a escultura Nydia.
'Senti ternura e
compaixão' ao tocar o rosto de mármore
Falando à BBC
Brasil, Georgina Kleege diz que rompeu um pouco as regras quando compôs a
audiodescrição de Nydia.
"Me inspirei
tanto no romance quanto na escultura", ela conta. "Mas tive momentos
muito agradáveis com Nydia."
A escritora
explica, no entanto, que ao contrário do que muitos pensam, tocar uma obra de
arte não é um jogo de adivinhar.
"Muitos acham
que a pessoa cega toca a escultura e de repente uma imagem aparece em seu
cérebro. Não é nada disso", ela diz. "Sou cega desde os dez anos de
idade, não faço imagens mentais, não é assim que eu penso." Para Kleege,
perceber a forma não é nem de longe o mais interessante nesse processo.
"No caso de
Nydia, por exemplo. Não é o fato de termos uma mulher correndo. É o meio, a
pedra, o metal ou o que seja. É a forma como o artista lidou com o material, a
forma como o objeto praticamente diz a você como ele deve ser tocado",
conta.
·
Então,
como deve ser tocada uma escultura?
"Pois é, quem
nunca tocou não sabe como fazer. Por ser cega, tenho esse privilégio, fiz
muitas visitas táteis e venho sistematicamente criando técnicas e examinando
minhas sensações ao tocar para poder comunicar isso a outras pessoas."
"Se o objetivo
é simplesmente reconhecer o formato daquilo, você pode usar a ponta dos dedos.
Mas para apreciar o todo da obra, você talvez precise pegar nela, apertar,
puxar, dar umas batidinhas e beliscar. Se estender, se abaixar, andar em volta
dela", explica Kleege.
Segundo Kleege, é
sempre uma experiência profunda tocar onde o artista tocou, às vezes, séculos
atrás.
Ela comenta que, em
seu encontro com Nydia, sentiu duas emoções que a surpreenderam.
Um pouco da emoção
é revelada nesse trecho da audiodescrição:
A sensação de
movimento rápido torna difícil para mim seguir as técnicas de tocar esculturas
que sistematizei.
Minhas mãos se
movem desordenadamente, por toda parte. Para lembrar a mim mesma de que estou
tocando uma escultura e não habitando o romance, uso uma das minhas técnicas de
toque. Tento duplicar a pose da jovem com o meu próprio corpo. Mas quando
inclino minhas costas no mesmo ângulo, e quando coloco minha perna direita
adiante, como ela faz, caio para a frente. De repente, me vejo querendo
interromper esse movimento. Quero segurá-la por trás, pela cintura, e mover meu
corpo na direção oposta, com energia suficiente para fazer com que ela pare.
Porque eu sei o que acontece agora nessa história.
A emoção de Kleege
se explica, em parte, pela história da personagem Nydia no livro Os últimos
dias de Pompeia.
A escultura captura
o momento dramático em que, em meio à erupção do Vesúvio, Nydia guia Glaucous e
Iona, as estrelas da história, para o porto. Ela conhece Pompeia como a palma
da mão e não se abate com a falta de visibilidade.
Nydia, uma
ex-escrava, ama Glaucous, que por sua vez ama Iona, com quem se casará. Mais
tarde, todos em segurança no barco, a jovem se joga ao mar e morre afogada.
Kleege é crítica ao
tratamento dado à personagem.
"Esse é um
clichê em representações literárias da deficiência", diz. "Nesse
caso, a ideia é, sou cega, vou ser um peso para os outros, então vou me jogar
no mar. E isso é entendido como um gesto nobre. Como se não existisse lugar no
mundo para pessoas com deficiência."
Clichê ou não, a
história de Nydia estava ali, dando significados àquele objeto de pedra que Kleege
tocou no Metropolitan Museum. Mas as emoções da escritora também resultaram do
seu encontro físico com a escultura.
"Senti ternura
e compaixão. Esses sentimentos foram despertados quando peguei o rosto da
escultura entre as mãos. Quando você coloca suas duas mãos em torno do rosto de
alguém, você está cuidando - mesmo que seja um rosto de mármore, o gesto
desperta esse sentimento de cuidado, de compaixão, de preocupação", conta
Kleege.
"A outra
sensação que tive tem a ver com a postura extrema da figura, capturada em
movimento para a frente, com a espinha inclinada em ângulo agudo. E como eu sei
o que acontece com a personagem no romance, senti um desejo de segurá-la pela
cintura e mover meu corpo para trás, na direção oposta. Como se eu estivesse dizendo,
não, não vá. Foram emoções que eu não esperava sentir de forma tão forte",
conta a escritora.
Graças a Nydia, os
três vão embarcar em segurança um navio rumo a Atenas. Mas quando todos
estiverem dormindo, a jovem vai acordar e perceber que, para ela, não existe
futuro. E que a única casa e vida que conheceu foram destruídas para sempre.
Então, ela vai se lançar ao mar e morrer afogada.
Mas no momento
capturado pelo escultor, Nydia não sabe do destino que a aguarda. Tudo o que
ela sabe é que tem de salvar o homem que ama. Ela segue às pressas, a mão em
concha sobre o ouvido para ouvir a voz de Glaucous.
E por conhecer a
história, não consigo separar a emoção que sinto do que estou sentindo com
minhas mãos. Quero protegê-la do que vem vindo. Quero segurar seu rosto e
implorar a ela salve a si mesma. Porque o homem que ela ama ama outra, e nunca
a amará como ela merece ser amada.
Mas não posso,
claro. E mesmo que pudesse, não faria a menor diferença.
Essa outra dimensão
da arte, que permaneceria inexplorada sem a experiência do toque, deixa
encantadas plateias que participam de oficinas oferecidas por Kleege em museus
e galerias.
·
'Ativando
a obra de arte'
Em raras ocasiões,
Kleege oferece visitas táteis a pessoas videntes, inclusive especialistas, como
os próprios funcionários do Met.
"Eles ficaram
muito animados em poder tocar uma (escultura de) mármore", conta Kleege.
"Aproveitaram muito, descobriram coisas que não tinham notado antes sobre
aquela peça. Tivemos conversas muito interessantes."
"Você presume que,
por serem curadores, essas pessoas já sabem tudo, passaram anos estudando essas
obras", comenta Kleege.
Em outras oficinas,
Kleege apenas relata sua própria experiência de toque - e expande a percepção
dos participantes.
"O pessoal dos
museus diz que, quando descrevo minha experiência de tocar uma escultura, eu
estou 'ativando' a obra de arte", conta Kleege.
"Eu gosto
dessa palavra, ativação, porque ela subentende que olhar para uma escultura é
um ato passivo, mas uma vez que você coloca suas mãos nela, ela se torna ativa
e interativa. Estou interagindo com a escultura e, de certa forma, com o
escultor."
Esse é um dos
benefícios de termos uma pessoa cega na sala, diz Kleege.
"Você toca e
percebe uma coisa, você olha e percebe outra. Não é interessante juntarmos tudo
isso?", ela pergunta.
Esse desafio, de
juntar as várias experiências humanas da arte e oferecê-las ao público, foi
abraçado por um grupo de pesquisadores britânicos liderados pela inglesa Hannah
Thompson.
·
Imaginando
um museu multissensorial
O projeto "The
Sensational Museum" para a criação de museus multissensoriais reúne
acadêmicos, pesquisadores e entidades como a Associação Nacional de Museus do
Reino Unido.
Entre os museus
participantes estão o Shakespeare Birthplace Trust, o Roman Baths e o National
Paralympic Heritage Trust.
O museu
multissensorial é um lugar onde cada visitante interage com o acervo usando o
sentido que quiser, diz Thompson, professora de Estudos da Deficiência na Royal
Holloway University of London, em entrevista à BBC News Brasil.
"Queremos nos
afastar da ideia de que museus são lugares onde as pessoas vão para
olhar", ela explica. E oferece alguns exemplos.
"Na semana
passada, segurei nas mãos algumas moedas romanas antigas. Elas tinham um cheiro
forte, e quando se chocavam umas contra as outras faziam um barulhinho
evocativo", conta.
"Então, mesmo
que as pessoas não tenham permissão de tocar nas moedas, você pode gravar o som
delas. O som de uma pessoa chacoalhando as moedas, ou o som das moedas caindo
no chão."
O áudio adicionaria
essa outra dimensão à dimensão preferencial, que é a visual, ela diz.
Você também poderia
oferecer réplicas feitas com material não precioso, mas que produzissem a mesma
sensação ao toque, com o mesmo peso e cheiro semelhante, propõe a pesquisadora.
"Dessa forma,
a pessoa pode ter a sensação de como teria sido segurar essas moedas em um
passado longínquo", diz Thompson.
A descrição verbal
das obras - em áudio e texto - teria papel de destaque no museu que Thompson
quer criar.
Digamos que você tenha
uma escultura, propõe.
"O museu
multissensorial exibiria a escultura de maneira bastante tradicional porque
muita gente gosta de entrar em um museu e ser confrontada por um tipo de beleza
inatingível", diz Thompson.
O visitante talvez
tivesse acesso a uma réplica feita com o mesmo material da obra original para
ser tocada. Crucialmente, estariam disponíveis também descrições detalhadas, em
áudio e texto.
"Aliás,
poderia haver várias descrições", ela prossegue. "Uma feita por um
escultor, outra, por um restaurador que sabe como tocar a peça de um jeito
específico. Também poderia haver uma descrição feita por uma pessoa cega que
teve permissão de tocar a escultura. Assim, você soma várias descrições com
interpretações diferentes daquela peça."
Depois de ouvir
sobre o encontro emocionante de Georgina Kleege com a menina de mármore Nydia -
e imaginar com Hannah Thompson esse museu do futuro, a ideia do museu "só
para olhar" pode parecer um pouco sem brilho.
Mas talvez você já
possa começar a aprofundar sua experiência com a arte. Lembre-se de que muitas
galerias e museus já oferecem audiodescrição a visitantes. Informe-se. E
desfrute desse recurso.
Fonte: BBC News
Nenhum comentário:
Postar um comentário