terça-feira, 21 de janeiro de 2025

Condromalácia patelar: porque é mais comum em mulheres e como evitar

O joelho é uma articulação que sofre mais do que outras com a sobrecarga do nosso peso. Não só no esporte, mas em atividades corriqueiras como ficar muito tempo em pé, uso excessivo de escadas, muito tempo de salto alto e até passar muito tempo sentados, pode ser prejudicial para os joelhos.

Isso porque a principal função dos joelhos não é fazer a extensão da perna, como para chutar uma bola, e sim absorver o impacto de nosso corpo em contato com o solo. Junto com a contração dos músculos da parte da frente da coxa, que chamamos de quadríceps, é capaz de absorver a energia de quando estamos nos movimentando, como em uma caminhada, e desaceleramos quando tocamos o solo. 

A condromalácia patelar é uma condição caracterizada pelo amolecimento e degeneração da cartilagem na superfície entre a patela e o fêmur, resultando em dor na região anterior do joelho. Em alguns casos a degeneração pode levar à destruição completa desta cartilagem. Frequentemente está associada a anormalidades biomecânicas, como desalinhamento da articulação, que pode aumentar o estresse na cartilagem patelar.

As mulheres têm maior probabilidade de desenvolverem condromalácia patelar do que os homens, em função de fatores anatômicos, hormonais e até por alguns hábitos diários. Dentre estes fatores destacam-se:

  • Estrutura corporal: a largura da pelve feminina faz com que os joelhos se projetem para dentro durante o movimento, formando um aspecto em X, chamado de valgo dinâmico, o que pode sobrecarregar a articulação patelofemoral.
  • Ativação muscular: em algumas atividades, os músculos quadríceps e glúteos das mulheres ativam-se mais tarde do que os dos homens, o que pode impactar mais as articulações. A diferença de força entre estes grupos musculares também pode ser importante.
  • Hormonais: o perfil hormonal das mulheres torna seus ligamentos e articulações mais frouxos. Essa diferença é de extrema importância para o alargamento da pelve que ocorre na gestação e no parto, mas pode gerar instabilidade em outras articulações.
  • Hábitos diários: o uso frequente de salto alto pode sobrecarregar os joelhos.

Os principais sintomas associados à condromalácia patelar em mulheres incluem dor na região anterior do joelho, que é frequentemente exacerbada por atividades que aumentam o estresse na articulação, como subir escadas, agachar ou ficar sentado por longos períodos com os joelhos dobrados. A dor pode ser acompanhada por crepitação ou sensação de estalos durante o movimento do joelho. Mas como podemos prevenir ou evitar as dores relacionadas à condromalácia patelar?

A fisioterapia é recomendada para corrigir desequilíbrios musculares e melhorar a biomecânica do joelho. Inclui técnicas de reeducação do movimento e fortalecimento neuromuscular, além de muito útil no controle das dores associadas a quadros mais agudos. 

A modificação das atividades, evitando aquelas que exacerbam a dor, é uma estratégia importante para prevenir a progressão da condição, e também devem ser orientadas por um fisioterapeuta.

O fortalecimento muscular, especialmente dos músculos do quadril e do quadríceps, é essencial no processo, pois ajuda a melhorar o alinhamento patelofemoral e a reduzir o estresse na articulação. Deve ser propriamente orientado por um profissional de educação física, capaz de corrigir movimentos que possam ser prejudiciais e priorizar exercícios que trarão mais estabilidade para a articulação. 

A reeducação da técnica de corrida, também pode reduzir o risco de dor patelofemoral. Complicações como a condromalácia que são prevenidas quando indicamos o fortalecimento muscular através da musculação para um atleta de corrida, por exemplo.

Essas intervenções devem ser personalizadas de acordo com as características individuais de cada pessoa, levando em consideração fatores anatômicos e biomecânicos específicos, além das necessidades diárias ou da modalidade esportiva praticada. Em caso de dores no joelho consulte um ortopedista, que fará o correto diagnóstico e as orientações quanto à melhor forma de acompanhamento e tratamento.

 

¨         Superando barreiras: lesões esportivas em mulheres e seus métodos de prevenção

As lesões esportivas mais comuns em atletas femininas variam conforme o esporte, mas há um consenso na literatura médica sobre algumas das lesões mais frequentes. 

<><> Entorses de tornozelo

Pelos exemplos citados acima, podemos imaginar que os entorses de tornozelo estão entre as mais comuns. São mais frequentes em esportes com saltos e mudanças rápidas de direção como basquete, vôlei, futebol e atletismo. As lesões ocorrem principalmente nos ligamentos laterais do tornozelo.

<><> Traumas na cabeça

Concussões cerebrais é o nome que usamos para os traumas na cabeça durante a prática esportiva. Mais comum em esportes de contato como futebol e basquete. Podem ser leves e não terem consequência alguma, ou podem ser mais graves, com perda da consciência, amnésia, alterações de humor e outras sequelas neurológicas.

<>< Lesões no joelho

As lesões do ligamento cruzado anterior (LCA) do joelho, assim como as lesões de menisco e cartilagens do joelho, que podem acontecer de formas semelhantes, são frequentemente observadas em esportes que envolvem torções e impactos no joelho, além é claro, das mudanças bruscas de direção, como futebol, basquete e judô. 

<><> Distensões musculares

Distensão de músculos como os isquiotibiais, que ficam na parte de trás da coxa, e do quadríceps, que são os músculos da parte da frente da coxa, são comuns em esportes que exigem sprints e movimentos explosivos, como futebol, atletismo, vôlei, basquete e outros.

<><> As lesões mais comuns em mulheres

As lesões do ligamento cruzado anterior (LCA) e os entorses de tornozelo são mais comuns em mulheres devido a uma combinação de fatores anatômicos, biomecânicos, hormonais e neuromusculares. A combinação destes fatores faz com que as mulheres tenham menos rigidez nas articulações, além de uma ativação muscular diferente, que pode levar a um desequilíbrio das forças que incidem em determinada articulação. Um bom exemplo disso é a coxa, onde os músculos da parte anterior muitas vezes podem ser desproporcionalmente mais fortes que os da parte posterior.

Com exceção das concussões cerebrais, que são acidentes que dependem muito mais do acaso do que de algum preparo específico, existem algumas medidas que podem ajudar a prevenir as lesões citadas e outras.

<><> Formas de prevenir lesões esportivas

Um programa de treinamento que inclua componentes de força, equilíbrio e agilidade, que são essenciais para melhorar o controle neuromuscular, irá reduzir o risco de lesões. Um estudo realizado com atletas jovens do sexo feminino demonstrou diminuição em 64% da incidência de lesões do ligamento cruzado anterior com programas de treinamento desse tipo.

Da mesma forma, programas de aquecimento bem estruturados se mostraram eficazes para diminuir a chance de lesão em determinadas modalidades, principalmente em esportes coletivos.

Adaptando o que sabemos ser benéfico para atletas em geral, um programa de treinamento com essas características também é capaz de reduzir o risco de lesões mesmo em atividades do dia-a-dia. 

Nos Estados Unidos, as quedas são a principal causa de morte por lesões não intencionais entre adultos com 65 anos ou mais. Em 2021, 38.742 idosos morreram como resultado de quedas não intencionais. E sabemos que além do equilíbrio, a força muscular é importante não só para se manter em pé ou evitar uma queda, mas também para conseguir se levantar sozinho.

De qualquer forma, apesar das motivações e níveis serem muito diferentes, todos precisamos nos manter fisicamente ativos, seja para uma final olímpica ou simplesmente para brincarmos com nossos filhos e netos no chão, e conseguirmos levantar no final.

 

Fonte: IstoÉ Bem-estar

 

Nenhum comentário: